Com relação aos lobbies, pelo contrário, isso é bastante mencionado sim. Já li vários textos e vídeos que tratam desse assunto.
As pessoas sempre buscam satisfazer seus próprios interesses. E é lógico que um cenário sem competição é ideal pra qualquer empresário. O que é irônico é que os estatistas defendem a existência do governo afim de combater monopólios, mas é justamente a existência do governo a principal causa de monopólios. Primeiro porque o governo em si já é uma entidade monopolista, segundo que, como você falou, o ambiente político é propício pra existência desses lobbies, afinal, quem vai financiar a campanha do camarada é aquele empresário pra quem ele concedeu certos favores. Isso explica a existência de diversas leis que visam dificultar a competição. Tal coisa não existiria num cenário de livre mercado.
É mais complicado que "o estado é a causa dos monopólios". Sim, pode ser cúmplice. Mas não significa que não existiram monopólios sem estado, só haveria "garantia" de que não haveria recursos legais para lidar com/dissolver monopólios, cartéis e etc.
Sim, não posso afirmar com 100% de certeza que sem a existência do Estado não haveria monopólios e cartéis, mas acredito que num cenário de livre mercado, sem intervenção estatal, a existência de coisas assim é praticamente impossível.
Monopólios : basta pensar em quantos monopólios existem hoje em dia. Não me vem nenhum na cabeça, além dos que são criados pelo Estado. Qualquer mercado que eu penso sempre existem provedores competindo. Computadores, alimentação, entretenimento, telefonia. Os monopólios que existem são transporte, por exemplo, que só pode ser oferecido por entidades reguladas pelo Estado, petróleo etc. Você conhece algum exemplo de mercado em que exista monopólios? Se com a presença do Estado não temos monopólios, apenas os estatais, não há motivos pra imaginar que na sua ausência, num cenário de livre iniciativa e livre mercado, isso iria acontecer.
Cartéis : acho muito, muito difícil a existência de cartéis na ausência de um poder estatal. Ainda mais hoje em dia, com a economia globalizada. Você não está mais restrito ao mercado da sua cidade, nem mesmo das cidades vizinhas. Hoje em dia você consegue comprar até da China através da Internet. Sem essas tarifas ridículas de importação, você teria o mundo inteiro de opções pra adquirir produtos e serviços. Qual a probabilidade de que todos os fornecedores de determinado produto, do mundo inteiro, entrassem em acordo pra fixar um preço de um produto, formando um cartel? Além da probabilidade ser ínfima, sempre vão existir dissidentes, que sabem que vão abocanhar o mercado inteiro se não entrarem nesse pacto ou desistirem dele, abaixando o preço de seus produtos, ou novos empreendedores que vão ver uma oportunidade de investir num mercado e faturar muito, com preços menores do que aqueles praticados pelo suposto cartel. Como no exemplo dos monopólios, o que favorece os cartéis é o Estado. Essas medidas protecionistas só favorecem os empresários daqui a poderem praticar o preço que quiserem nos produtos, porque sabem que os custos de importação são altos. O Estado mete lá 60% de taxa num notebook. Eu comprando lá fora um notebook de $600,00, convertendo pra Real fica na faixa dos R$ 1.380,00 (com a cotação atual), e mete mais 60% em cima disso aí, no final pago R$ 2.200,00 pela parada. Mesmo que o custo de fabricar um notebook parecido por aqui seja baixo, porque o cara vai cobrar menos do que esse valor aí, se não existe concorrência de fora?
E a respeito de ser raro um discurso a respeito da criminalização do lucro, pode até ter ficado meio melodramático a maneira que falei, mas não acho que isso é raro não. Acho que a maioria das pessoas com as quais já conversei a respeito disso sempre assumem a posição de que 'a culpa das mazelas sociais é daquele que quer lucrar.
Mas isso é diferente de "criminalizar o lucro". Todo bandido/criminoso, quer lucrar. Isso é fato. O problema não é querer lucrar, mas a falta de escrúpulos com que uns agem com essa motivação. Dando prioridade ao lucro pessoal em detrimento do mal que possa estar causando colateral ou diretamente*. Se não forem comunistas de carteirinha ou algo muito próximo disso, o que soar como criminalização do lucro provavelmente será isso, uma condenação ao ato de colocar o lucro acima de tudo, e que danem-se os outros.
* geralmente não coisas triviais como simplesmente produzir um tênis caro, lucrando pelo apelo da marca.
Mas certamente existem também os extremos. Sempre existem. Um usando o outro para se justificar. Não lembro de "criminalizem o lucro", letra por letra, mas algo razoavelmente próxino, ideologicamente, foi a proposta de criminalizarem a "ostentação."
Olhando a realidade atual do Brasil, eu não acho que seja necessário ser extremista pra ter essas idéias anti-capitalistas.
Eu vi um vídeo interessante, de um médico, se não me engano, em que ele falava a respeito dessa política de ódio à elite que permeou o governo Lula. Sempre que tinha a oportunidade, Lula falava que a culpa do Brasil estar como está, era "da elite", sem nunca especificar bem quem é a elite. Nós, que temos um emprego bom ou razoável, um plano de saúde e uma casa, podemos pensar nas elites como os banqueiros, os empresários, mas quem está "abaixo" de nós, que totaliza a maioria dos cidadãos, pensam que nós é que somos a elite, a tal da "classe média". Ele usou esse argumento pra exemplificar como a população ficou contra os médicos com esse lance dos cubanos. De uma hora pra outra os médicos viraram os riquinhos, playboyzinhos que estavam se lixando pros pobres, que não queriam ir pro interior nem queria que ninguém fosse. E isso porque eles são "a elite", porque ganham bem.
A partir do momento que você incute ódio contra aqueles que supostamente ganham bem, nós, da classe média, entramos nessa dança também.