Que alívio saber que os senhores são contra a violência, pois nos últimos dias foi assustador ler pela internet relatos até mesmo de pessoas que eu julgava sensatas advogando pela justiça privada e fazendo malabarismos éticos para sustentá-la, não diferindo em nada dos bolsonetes que apregoam que bandido bom é bandido morto.
Sim, concordo que repressão por meio de violência só pode gerar um efeito mola, vitimizando o agressor lhe dando razão para agir em reação que, certamente, também será violenta. A depender da forma como se reage com um nazista, por mais que suas ideias sejam repudiáveis ele pode acabar se tornando um mártir, além de que não há motivos racionais para se atacar uma pessoa fisicamente sem que ela esteja oferecendo perigo à integridade física de outrem (ou até a sim mesma) naquele momento.
O desejo de vingança é natural no ser humano, é o que leva a defender linchamentos e até mesmo a pena de morte, mas como nem tudo que é natural é bom ou moral, esse instinto deve ser reprimido.
Entretanto, também vi algumas pessoas defendendo o nazista não pelas razões que expus acima, e sim em nome da defesa da liberdade de expressão irrestrita, e disso eu discordo completamente.
Sim, a liberdade de expressão é um dos pilares da democracia e o diálogo na sociedade deve ser estimulado, mas assim como qualquer direito ela acaba no momento em que começa o direito do outro, de forma que as pessoas são livres para se expressarem desde que não estejam atentando contra a dignidade e os direitos dos outros. E um discurso sobre supremacia branca é um discurso claramente racista e, portanto, atentatório aos direitos humanos; racismo é crime e como tal deve ser tratado nos rigores da lei, até porque, normalmente, quem prega discurso de ódio não quer dialogar/argumentar, quer tão somente se impor na marra. (também me surpreendi com a postagem do Buckaroo, sobre o nazi recuperado, é algo bem raro de acontecer)
Resta, portanto, estarmos abertos ao diálogo com quem quer que seja, mas é preciso também punir os excessos da liberdade de expressão quando esta deixa de ser simplesmente a livre manifestação do pensamento para fazer apologia a crimes repudiáveis por toda a humanidade. O problema que fica, como muito bem levantou o Entropia, é definir objetivamente algo que pode ser muito subjetivo: o que seria um "discurso de ódio"? Em algumas situações, como essa, o discurso está bem definidos e de fácil identificação, mas existem situações que habitam a zona grise e, a depender da utilização desse conceito, o "discurso de ódio" pode servir de pretexto para autoritarismo e censura.