Se um cético não puder ser cético sobre as definições do que é ser cético, ele está sendo dogmático.
Um cético não poder ser cético é uma contradição por si só. Mas caso um individuo não seja cético, ele não necessariamente é um dogmático. Segundo Sexto Empírico , "O resultado natural de qualquer investigação é que aquele que investiga ou bem encontra aquilo que busca, ou bem nega que seja encontrável e confessa ser isto inapreensível, ou ainda, persiste em sua busca. O mesmo ocorre com as investigações filosóficas, e é provavelmente por isso que alguns afirmaram ter descoberto a verdade, outros que a verdade não pode ser apreendida, enquanto outros continuam buscando. Aqueles que afirmam ter descoberto a verdade são os "dogmáticos", assim são chamados especialmente Aristóteles, por exemplo, Epicuro, os estoicos e alguns outros. Clitômaco, Carnéades e outros acadêmicos consideram a verdade inapreensível, e os céticos continuam buscando. Portanto, parece razoável manter que há três tipos de filosofia: a dogmática, a acadêmica e a cética." (Cf. SEXTO EMPÍRICO. Hipotiposes Pirrônicas. Livro I, tradução de Danilo Marcondes, Revista O que nos faz pensar, nº 12, 1997).
Se um cético continua buscando, sendo o cético aquele que examina e investiga vários pontos de vista, sem no entanto aderir a qualquer um deles. O cético em essência nada aceita e nada rejeita, mas tudo observa, examina e dúvida onde por fim suspende o juízo, o que o leva a alcançar assim a completa ausência de pertubações mentais., sua busca é desprovida de sentido.
Ele busca a verdade, mas não admite nem rejeita a ideia de que seja possível alcança-la, diferente do dogmático, que diz que ela é apreensível (e que ele a alcançou), ou do acadêmico, que afirma que ela é inapreensível.
Se for verdade que um cético continua buscando, sendo o cético aquele que examina e investiga vários pontos de vista, sem no entanto aderir a qualquer um deles. O cético em essência nada aceita e nada rejeita, mas tudo observa, examina e dúvida onde por fim suspende o juízo, isso é um dogma, se não for, então é uma inverdade, ou mentira. Em ambos os casos não pode existir um cético nessas condições.
Segundo Smith, em
Ceticismo bem brasileiro, por Fábio de Castro, "dogma" vem do grego "δόγμα", e significa 'acreditar'. O dogmático acredita que o que diz é a verdade. O cético apenas descreve as impressões que tem, segundo como lhe parecem, sem atestar para tais, o titulo de verdades. É você quem diz que uma afirmação só pode ser ou verdadeira, ou falsa, já o cético não dá assentimento a nenhuma das duas opções, como dito, ele continua a buscar.
Isso não basta, uma teoria pode partir de premissas falsas e mesmo contraditórias, mas apresentar uma conclusão verdadeira.
Você complica demais as coisas. Círculos quadrados não existem, ponto final.
Você é que não considera todas as possibilidades:
Sobre os raciocínios válidos
Uma vez que o que importa para a lógica é a forma do raciocínio, nada impede que um raciocínio válido contenha premissas falsas. Por exemplo,
- Todos cães são vegetarianos.
- Dálmatas são cães.
- Logo, dálmatas são vegetarianos.
Apesar da primeira premissa e da conclusão serem absurdas, o raciocínio é válido, pois tem uma forma na qual, caso todas as premissas fossem verdadeiras, a conclusão também seria verdadeira. Basta substituir todas as ocorrências de “são vegetarianos” por “comem carne”, que teremos um raciocínio com premissas verdadeiras e uma conclusão verdadeira:
- Todos cães comem carne.
- Dálmatas são cães.
- Logo, dálmatas comem carne.
Engana-se quem pensa que todo raciocínio válido que contenha premissas falsas terá uma conclusão necessariamente falsa. Tomemos o raciocínio válido logo acima, e vamos substituir todas as ocorrências de “carnívoros” por “peixes” e “dálmatas” por “tubarões”:
- Todos cães são peixes.
- Tubarões são cães.
- Logo, tubarões são peixes.
Ou seja, um raciocínio válido, com premissas falsas e uma conclusão verdadeira. (Cf. Wikibooks, Lógica/Introdução, Sobre os raciocínios válidos)
ou seja algo físicamente impossível.

Oh, me desculpe. Vou reconsiderar a existência de Motos perpétuos e aproveitar queimar os livros de termodinâmica.
Porque a partir do momento em que se nega/rejeita algo, o ônus da prova se direciona a você, sendo necessário demonstrar a veracidade da sua negação/rejeição para que ela seja considerada válida. Quando um Ateu diz: "Deus não existe" ele emite uma afirmação negativa, e cabe a ele prova-la. Agora, quando um cético afirma não conhecer evidências empíricas sobre a existência de Deus, cabe ao teísta que defenda a existência de Deus apresenta-las.
Abraços!
Só por curiosidade, como se prova a inexistência de alguma coisa?
Pelo que eu saiba, não se prova. Mais um motivo para manter-se neutro ao invés de manifestar uma opinião negativa.
Não se prova, se evidencia. Como no caso de uma caixa fechada em que não haveria algo dentro. Como se "prova" a inexistência de algo dentro da caixa? Abrindo a caixa!
Se prova pode ser reduzida a evidência, e evidência é aquilo que aparece, não existe, segundo a inferência a partir das premissas, evidência de não-existência, pois algo que não existe, não aparece, logo, o que se pode afirmar é que não se tem evidências que provem a existência do dado objeto de investigação.
Porque a partir do momento em que se nega/rejeita algo, o ônus da prova se direciona a você, sendo necessário demonstrar a veracidade da sua negação/rejeição para que ela seja considerada válida. Quando um Ateu diz: "Deus não existe" ele emite uma afirmação negativa, e cabe a ele prova-la. Agora, quando um cético afirma não conhecer evidências empíricas sobre a existência de Deus, cabe ao teísta que defenda a existência de Deus apresenta-las.
Abraços!
Só por curiosidade, como se prova a inexistência de alguma coisa?
Pelo que eu saiba, não se prova. Mais um motivo para manter-se neutro ao invés de manifestar uma opinião negativa.
Então pela lógica o ônus da prova não pode recair sobre o ateu no caso dos deuses. O ônus só pode ser de quem faz uma afirmativa sobre a existência de algo.
E a vida segue...
Deixa eu ser mais claro desta vez, pois eu deixei tudo muito confuso no ultimo comentário. Digamos que um religioso afirme a existência de Deus, e então um ateu pede-lhe uma prova. O teísta afirma que uma prova de que Deus existe, é a de que quando ele estava com câncer, a beira da morte, os médicos disseram que mais nada podia ser feito. Mas ele manteve a única esperança que lhe restou, a fé em Deus, e milagrosamente ele se curou, apesar das desesperanças dos médicos. Então ele diz que está é uma prova de que Deus existe. E o ateu afirma que ele não se curou por causa de Deus, mas por causa do tratamento que ele vinha recebendo. Agora o ônus da prova cabe ao ateu, que deve provar que de fato fora o tratamento que curou o paciente, apesar da cura do paciente ter ficado sem explicação cientifica até o momento. O ateu acaba de aparentemente chamar para si, uma responsabilidade que ele provavelmente não será capaz de atender.
É o mesmo problema alegado por Marcello Truzzi no caso de críticos de anomalias, que tentam explicar um evento até então sem explicação cientifica conhecida, com uma explicação cientifica conhecida, mas que na verdade não é capaz de explicar satisfatoriamente o evento em questão.
Um exemplo disso são as alegações de casos anômalos de pessoas que morreram ao terem seus corpos carbonizados através de uma suposta combustão humana espontânea. Tal teoria não possui comprovação cientifica. Os críticos de anomalias logo rejeitam tal explicação como possível, e tentam encontrar uma explicação cientifica conhecida para os casos em questão, como por exemplo, o efeito pavio. No entanto, as evidências coletadas não sustentam a teoria do efeito pavio, e por apresenta-las, o ônus da prova cai sobre os ombros do crítico de anomalias que a fez.
Porque estes críticos não podem serem chamados de céticos? Porque eles ao invés de se posicionarem de forma neutra sobre a questão, eles rejeitaram/negaram a alegação não-cientifica de imediato e fizeram uma afirmação de que o evento tem uma explicação cientifica conhecida.
Outro exemplo de falácia é afirmar a inexistência de deus(es) simplesmente por não haver evidências conhecidas sobre a existência de deus(es). E por qual motivo isso é uma falácia? Pelo motivo de ausência de evidência não ser evidência de inexistência.
Neste caso, a inversão do ônus da prova, e a afirmação da inexistência de algo com base na falta de evidência, ambos se configuram como uma falácia de apelo a ignorância.
Abraços!