Autor Tópico: Se diz cético, mas . . .  (Lida 15335 vezes)

0 Membros e 1 Visitante estão vendo este tópico.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #100 Online: 18 de Março de 2014, 20:34:27 »
pelo meus cálculos seu espectro de cor ia ser rosa.
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #101 Online: 18 de Março de 2014, 21:01:11 »
Por que rosa?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Moro

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 20.984
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #102 Online: 18 de Março de 2014, 21:07:16 »
a cor cética alegre :P
“If an ideology is peaceful, we will see its extremists and literalists as the most peaceful people on earth, that's called common sense.”

Faisal Saeed Al Mutar


"To claim that someone is not motivated by what they say is motivating them, means you know what motivates them better than they do."

Peter Boghossian

Sacred cows make the best hamburgers

I'm not convinced that faith can move mountains, but I've seen what it can do to skyscrapers."  --William Gascoyne

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #103 Online: 18 de Março de 2014, 21:14:30 »
Cor cética alegre? A "alegria" da cor é um quali. Não foi você que decretou que o qualia não existe?
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Jurubeba

  • Nível 31
  • *
  • Mensagens: 2.071
  • Sexo: Masculino
  • CHAMEM OS ANARQUISTAS!!!
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #104 Online: 18 de Março de 2014, 21:43:30 »
Cuidado que o Cientista vai te pegar...

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #105 Online: 18 de Março de 2014, 22:40:25 »
Cor rosa...pegar...ôpa...aonde vocês estão querendo chegar? Nada contra, mas não sou desse time não.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Skeptikós

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.125
  • Sexo: Masculino
  • Séxtos Empeirikós
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #106 Online: 19 de Março de 2014, 13:26:11 »
Como cético devo questionar este sistema sugerido; Quem julgaria o nível de ceticismo dos membros para que tivessem mérito de receber uma pontuação e identificação que o levaria a uma posição hierarquica mais alta como cético dentro do CC, e com que critérios, e por qual motivo estas pessoas e critérios devam ser os responsáveis por esclher os mais céticos do grupo?

Fora de tópico: Além disso acho que o rosa combina bem com o Gigaview, hehe.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.125
  • Sexo: Masculino
  • Séxtos Empeirikós
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #107 Online: 23 de Maio de 2014, 13:02:21 »
Sobre o Pseudo-ceticismo

Marcello Truzzi, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987
Via:

Ao longo dos anos, tenho condenado o mau uso do termo "cético" quando usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias. Infelizmente o termo tem sido abusado desta forma tanto por proponentes quanto por críticos do paranormal. Às vezes os usuários do termo distinguem entre os assim chamados céticos "leves" [soft] contra os céticos "duros" [hard], e eu reavivei em parte o termo "zetético" por causa deste mau uso. Mas agora penso que os problemas criados vão além de mera terminologia e a situação precisa ser passada a limpo. Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo.
Em ciência, o ônus da prova recai no alegador; e quanto mais extraordinária uma alegação, mais pesado é o ônus da prova exigido. O verdadeiro cético toma uma posição agnóstica, uma que diz que a alegação não está provada em lugar de desprovada. Ele afirma que o alegador não sustentou o ônus da prova e que a ciência deve continuar construindo seu mapa cognitivo da realidade sem incorporar a alegação extraordinária como um "fato" novo. Considerando que o verdadeiro cético não faz uma alegação, ele não tem nenhum ônus para provar qualquer coisa. Ele apenas continua usando as teorias estabelecidas da "ciência convencional" como sempre. Mas se um crítico afirma que há evidência para refutação, que ele tem uma hipótese negativa — dizendo, por exemplo, que um aparente resultado psi era de fato devido a uma falha nos processos de controle ou análise [artifact] — ele está fazendo uma alegação e então também tem que lidar com o ônus da prova. Às vezes, tais alegações negativas por críticos também são bastante extraordinárias — por exemplo, que um OVNI era de fato um plasma gigantesco, ou que alguém em uma experiência psi obtinha pistas por uma habilidade anormal de ouvir tons altos que outros com ouvidos normais não notariam. Em tais casos o alegador negativo também deve ter que lidar com um ônus de prova mais pesado que o normalmente esperado.

Críticos que fazem alegações negativas, mas que erradamente se chamam "céticos", freqüentemente agem como se não tivessem absolutamente nenhum ônus da prova sobre eles, ainda que tal posição só seria apropriada para o cético agnóstico ou verdadeiro. Um resultado disto é que muitos críticos parecem sentir que só é necessário apresentar um caso para sua contra-alegação fundado em plausibilidade em lugar de evidência empírica. Assim, se pode ser demonstrado que um indivíduo em uma experiência psi teve uma oportunidade para fraudar, muitos críticos parecem assumir não somente que ele provavelmente fraudou, mas que deve ter fraudado, apesar do que pode ser uma ausência completa de evidência de que ele realmente fraudou e algumas vezes até mesmo ignorando evidência da reputação passada do indivíduo de honestidade. Similarmente, às vezes procedimentos de randomização impróprios são assumidos como sendo a causa de indicadores psi altos de um indivíduo, embora tudo que tenha sido estabelecido seja a possibilidade de que tal efeito tenha sido a causa real. É claro, o peso evidencial da experiência está muito reduzido quando nós descobrimos uma falha em seu projeto que permitiria que um efeito confundisse os resultados. Descobrir uma oportunidade de erro deveria fazer tais experimentos menos evidenciais e normalmente não convincentes. Isso normalmente contesta a alegação de que a experiência era "à prova de erro", mas não contesta a alegação de anomalia.

Mostrar que uma evidência não é convincente não é suficiente para descartá-la completamente. Se um crítico afirma que o resultado era devido à falha X, esse crítico tem então o ônus da prova de demonstrar que a falha X pode e provavelmente produziu tal resultado sob tais circunstâncias. É verdade que em alguns casos a atração pela mera plausibilidade de que uma falha produziu o resultado pode ser tão grande que quase todos aceitariam o argumento; por exemplo, quando nós descobrimos que alguém que fraudou no passado teve uma oportunidade de fraudar neste caso, poderíamos concluir razoavelmente que ele provavelmente também fraudou desta vez. Mas em muitos casos o crítico que faz um argumento meramente plausível para uma falha fecha a porta em pesquisas futuras quando a ciência apropriada exige que sua hipótese de uma falha também deveria ser testada. Desafortunadamente, a maioria dos críticos parece feliz em sentar em suas poltronas produzindo explicações post hoc. Seja que lado termine com a história verdadeira, a ciência progride melhor através de investigações em laboratório.

Por outro lado, proponentes de uma alegação de anomalia que reconhecem a falácia anterior podem ir muito longe na outra direção. Alguns argumentam, como Lombroso quando ele defendeu a mediunidade de Palladino, que a presença de peruca não nega a existência de cabelo de verdade. Todos nós temos que nos lembrar de que a ciência pode nos contar o que é empiricamente improvável, mas não o que é empiricamente impossível. Evidência em ciência sempre é uma questão de grau e raramente é, se é que é alguma vez, absolutamente conclusiva. Alguns proponentes de alegações de anomalias, como alguns críticos, parecem pouco dispostos em considerar evidências em termos probabilísticos, agarrando-se a qualquer fio solto como se o crítico tivesse que contestar toda a evidência avançada para uma alegação particular. Tanto críticos quanto proponentes precisam aprender a pensar em adjudicação na ciência mais como a encontrada nos tribunais de lei, imperfeita e com graus variados de prova e evidência. Verdade absoluta, como justiça absoluta, raramente é alcançável. Nós podemos apenas fazer o melhor que podemos para nos aproximar delas.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #108 Online: 09 de Junho de 2014, 20:31:30 »
E ele ainda esta procurando o escocês de verdade.....
Este caso não se trada de uma falácia do escocês de verdade.

Para uma nomeação se enquadrar num rótulo especifico, é preciso que tal nomeação respeite alguns critérios específicos. Para que uma pessoa seja classificada escocesa, esta deve ter nascido na Escócia, e este é o critério em questão, que faz de uma pessoa ser classificada como escocesa. Assim como para que uma pessoa seja classificada como cética, esta tenha que aderir e praticar os três princípios fundamentais do ceticismo; Antilogia, Epoché e Ataraxia.

E qual lei universal diz que pra ser considerado cético é obrigatório cumprir esses tres princípios?Tem ai o número do artigo?
Ceticismo Filosófico - Descrição Simples

Hehe, Pirro é o patrono do ceticismo, talvez sem ele o ceticismo como o conhecemos hoje, seja o filosófico ou o cientifico do filosófico derivado, simplesmente não existiriam.

Ou seja, em questão de importância histórica, de legado, e mesmo de criação, entre Sagan e Pirro, Pirro é fundamentalmente o mais importante, pois sem ele, hoje nada relacionado ao ceticismo existiria.

Se não fosse por Pirro, o próprio clube cético não existiria e a própria ciência poderia ter tomado rumos muito diferentes dos quais estamos hoje.
Você tem razão. O pirronismo é de fundamental importância para o desenvolvimento do pensamento, assim como toda a filosofia dele derivada, que certamente contribuiu para o desenvolvimento científico, mas temos atualmente ferramentas mais eficientes, de raciocínio inclusive, que incentivam e, consequentemente, geram conhecimento prático. Sabemos hoje que o ideal pirronico de suspensão de juizo, apesar de sua importância histórica, é utópico. Não faz sentido prender-se religiosamente a um dogmatismo filosófico pré científico com a ciência moderna ao seu dispor. Isso é falta de raciocínio crítico.
Não se trata de dogmatismo, mas o oposto disso, que é a dúvida, já que dogma vem do grego dógma, que significa acreditar, opinião. Em essência, aceitar uma proposição como verdadeira. Por tanto o dogmático é aquele que acreditar ter encontrado a verdade, logo, ao aceitar uma proposição como verdadeira, seja esta cientifica ou filosófica, deixa-se de ser cético e torna-se dogmático. Logo, seria o cientista que afirma verdades um dogmático, e não o cético que permanece na dúvida.

Entenda que dogmático aqui não se refere ao seu significado ligado ao sentido religioso de verdades irrefutáveis, mas simplesmente o significado de afirmar verdades, mesmo que essas estejam abertas a contestação, como acontece no caso da ciência.

Além disso o cético filosófico pode ser cientista sem necessariamente afirmar que suas teorias representam a realidade ou verdades factuais, mesmo quando essas são corroboradas por evidências empíricas, o que o tornaria dogmático no sentido original da palavra. Pode-se ainda nesta situação se manter cético mesmo se utilizando da utilidade prática da ciência, basta por exemplo trocar a perspectiva de realismo cientifico normalmente adotada pelos cientistas dogmáticos sobre as proposições da ciência, para uma perspectiva de instrumentalismo, como idealizada por John Dewey e muito bem demonstrada por Popper em Realismo Científico e Instrumentalismo por Karl Popper, num trecho do seu famoso livro A Lógica da Pesquisa Científica.

Hehe, Pirro é o patrono do ceticismo, talvez sem ele o ceticismo como o conhecemos hoje, seja o filosófico ou o cientifico do filosófico derivado, simplesmente não existiriam.

Ou seja, em questão de importância histórica, de legado, e mesmo de criação, entre Sagan e Pirro, Pirro é fundamentalmente o mais importante, pois sem ele, hoje nada relacionado ao ceticismo existiria.

Se não fosse por Pirro, o próprio clube cético não existiria e a própria ciência poderia ter tomado rumos muito diferentes dos quais estamos hoje.
Permita-me discordar.

Uma característica humana não passa a existir porque alguém descreveu e empacotou e em sistema filosófico.

Admito que como definidor de uma escola filosófica ele é o pioneiro e patrono, mas se ele não tivesse existido, ainda assim, teríamos Céticos. Mesmo que se usasse outro nome pasta adjetivá-los (ao menos ceticismo científico).
Ele lançou as bases do pensamento cético e foi o primeiro a sistematizar este pensamento. Evidentemente já existiam pessoas que se comportavam em algumas situações de forma a atender alguns requisitos de uma postura cética, mas antes de Pirró, não existia algo sistematizado sobre o ceticismo como existe hoje.

E não se pode negar a contribuição pioneira de um pensador em uma determinada área, como o ceticismo, o empirismo, o positivismo e etc, doutrinas que influenciaram drasticamente os métodos científicos atuais de investigação e comprovação cientifica. Se não fosses esses homens, responsáveis por lançar as bases de um modo de pensar e sistematizar tal sistema de pensamento, a ciência provavelmente não seria o que hoje é, sem as contribuições dos pioneiros do passado, na qual ela baseou suas principais descobertas e métodos de investigação cientifica.

Ah não, muita regra, desisto de ser cético. Vou agora mesmo procurar uma igreja, esperar o papai noel, procurar uma cartomante, um astrólogo e um centro espírita. Dá menos trabalho.

E eu que achei que era só duvidar, questionar... 
Verdade, duvidar e questionar é um passo do pensamento cético, mas a partir do momento que você deixar de duvidar, e passa a afirmar categoricamente uma negação ou aceitação sobre a validade de uma teoria qualquer, você deixou de duvidar, e passou a ter convicção de uma verdade, logo tornou-se dogmático e deixou-se de ser cético.

O cético permanece na dúvida e incapaz de chegar a uma conclusão final, suspende o juízo. Adotando dai por diante uma postura prática diante dos problemas e desafios da vida. O instrumentalismo cairia bem neste estágio e casaria bem com a postura prática adotada pelo cético após a suspensão do juízo.

Ah não, muita regra, desisto de ser cético. Vou agora mesmo procurar uma igreja, esperar o papai noel, procurar uma cartomante, um astrólogo e um centro espírita. Dá menos trabalho.

E eu que achei que era só duvidar, questionar... 

Pois é, eu não sabia que tinha que seguir uma receita pré-estabelecida, estou decepcionado. :(
Sim meu querido, o ceticismo é uma doutrina com princípios básicos que se seguidos o caracterizara como cético, assim como o ateísmo e o cientificismo necessitam de uma postura especifica diante de uma situação especifica.

O cético permanece na dúvida, suspende o juízo e alcança um estado mental de ausência de pertubações. O ateu ao menos rejeita a existência de Deus, e por consequência, manifestações sobrenaturais a ele relacionadas. O cientificista considera a ciência a única forma de investigação capaz de produzir conhecimento válido e confiável, afirmando a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade, (religião, filosofia metafísica etc.).

Então sim, as palavras possuem significado bem específicos, para rotularem experiências também, bem especificas. Uma posição ou atitude racional como a do cético, deve respeitar alguns critérios. Assim como um escocês precisa ter nascido na Escócia para ser classificado como escocês. Um cético precisa ser um examinador que usa a dúvida como instrumento de investigação, lança de meios como a antilogia para aprofundar esta investigação, e chega a suspensão do juízo seguida a ataraxia por falta de uma conclusão absoluta da realidade.

Ah não, muita regra, desisto de ser cético. Vou agora mesmo procurar uma igreja, esperar o papai noel, procurar uma cartomante, um astrólogo e um centro espírita. Dá menos trabalho.

E eu que achei que era só duvidar, questionar...

As pessoas não confiam em nada que seja tão simples. Parece fácil demais. Tem que sofisticar para dar aspecto de coisa importante, difícil, só acessível a uns poucos privilegiados. Gente tem necessidade de ser especial.
A dúvida é muito simples realmente de se entender, e isso representa uma atitude cética de fato, mas como disse antes, deixa-se de duvidar, e por isso de ser cético, quando passamos a afirmar com convicção a falsidade ou validade de uma ideia. A convicção é o oposto da dúvida, realmente uma distinção muito simples.


Excelentes explicações e esclarecimentos. Considerando a forma como vários supostos céticos se expressam, eu acho que o mais adequado é defini-los como cientificistas.  Aqui mesmo eu diria que tem vários cientificistas.  Vários aqui não gostaram de se descobrirem como pseudocéticos ou cientificistas,  pois certamente já estão acostumados com a classificação de céticos,  parece que criaram um certo apego a palavra e ao que ela supostamente representava.  Daí  algumas  reações meio zombeteiras da parte de alguns.




.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #109 Online: 09 de Junho de 2014, 20:43:21 »
Não estamos mais na época de Newton também, mas porque será que ainda nos baseamos em suas leis para interpretar o mundo e realizar inferências?



E usam em várias engenharias, pois a mecânica relativística de Einsten não é necessária para fenômenos de baixa velocidade ( V<< C ) e em campos gravitacionais "normais" como o da superfície da Terra.  E nem por isso a gente sai por aí dizendo que vários engenheiros estão no séc. 18 ou 17.


.
« Última modificação: 09 de Junho de 2014, 21:03:04 por JJ »

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #110 Online: 09 de Junho de 2014, 20:52:45 »
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Os foristas mais presentes e que mais contribuem (não é meu caso) não me parecem ter esse perfil. Quando o SnowRaptor, Angelo Melo, Dr. Manhattan criticam a apropriação indevida de termos da física, como energia, ou "cura quântica", não estão se embasando apenas em matérias superficiais da internet ou de revistas populares de ciência, em que consta o nome de alguma "autoridade", mas se baseiam no conhecimento formado a partir do estudo. ../forum/topic=17462.0.html

Do mesmo modo, qualquer um pode notar que o Gigaview estudou pra poder desconstruir  :stunned: os argumentos espiritoides (veja-se tópicos onde ele discute com o Leafar.).

Idem para a contra-argumentação da proposição da terra jovem e criacionismo feita pelo Geotecton baseada em evidências geológicas: ../forum/topic=22647.0.html

Sobre filosofia da ciência, veja o tópico que o DDV indicou (../forum/topic=25397.50.html) , principalmente os tópicos dele e os do Feynmann, e veja que não se pode generalizar sobre a tal posição cientificista dos foristas.
Estou no fórum a pouco tempo e não pude acompanhar uma quantidade de postagens suficientes destes membros para realizar um julgamento mais preciso sobre eles.

O que percebi é que em geral as postagens que acompanhei estavam repletas não de dúvidas e contestações, mas de certezas que levavam a negações veementes das formas de conhecimento não cientificas. (Nota: abordo o termo ciência aqui não pelo equivalente inglês que se restringe as ciências naturais apenas, mas ao equivalente alemão por exemplo, que se aplica a toda e qualquer forma de ciência, inclusive as sociais e as humanas mas que não inclui as formas de conhecimento esotéricas, a filosofia meta-física, a religião e etc., ou seja, as formas de conhecimento exclusivamente não-cientificas geralmente negadas como conhecimento válido pelos cientificistas dogmáticos.)

Geralmente estas negações qui no fórum apresentadas, não são apresentadas com dados de estudos/pesquisas que apontem evidências que as desmentem,  mas somente pela confiança de que existe um tal estudo que a desmente e que fora provado por um especialista de tal área de estudo da ciência.

E quando o são, não é acompanhada de uma reprodução por conta própria de tal estudo pelo membro que a apresenta (Mas neste ponto até entendo,  pois tal atitude se mostraria inviável e mesmo impraticável para a maioria dos membros deste fórum, o que restaria apenas confiar mesmo, para a maioria aqui presentes, na credibilidade dos dados e critérios do estudo e daqueles que o desenvolveram).

Em todo caso eu disse "maioria", o que não implica em generalização, que somente se aplicaria caso eu tivesse usado um termo como "todo", onde desta forma sua indagação de que eu estava generalizando poderia ser aceita como válida.

Negação de toda e qualquer forma de conhecimento não científica?
Citar
Ciências sociais não são consideradas ciência, a rigor, por não ser possível aplicar-lhes o método científico: Como se faz uma experiência com ciências sociais? Da mesma forma que matemática não é considerada ciência.
Ai dependerá do termo utilizado, do conceito e dos critérios para definir o que é ciência, isso é um trabalho para a filosofia da ciência.




Concordo com a descrição acima, também acho que o que mais tem aqui são posições cientificistas.  Mas o apego que muitos já criaram pela palavra cético provavelmente originou várias reações indignadas e até escarnecedoras.


.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #111 Online: 09 de Junho de 2014, 20:56:15 »
Acho que esse preciosismo na caracterização do ceticismo é extremamente válido num clube que se auto denomina cético. Acho até que além do "board" administrativo, deveríamos pensar num "board" filosófico para determinar a relevância cética dos membros do clube nas discussões, situando-os numa escala espectral de matizes céticas. Uma idéia é criar rótulos coloridos para os membros que ficariam visíveis como cor de fundo dos comentários postados. Imagino que esse board de céticos verdadeiros poderia inclusive mediar discussões sob o ponto de vista cético, comentando respostas e sugerindo posturas alinhadas com o ceticismo que representa o clube. Outra idéia é criar um sistema de pontuação cética, no qual os membros ganhariam pontos pela qualidade auferida de ceticismo que poderiam ser trocados por prêmios céticos de qualidade doados pelos demais membros do clube. Céticos com maior pontuação poderiam ser convidados para debater com Inri Cristo, Mãe Diná ou Jorge de Ogum em programas do tipo Superpop, por exemplo, como exemplares do que há de melhor na casta cética do clube.


O tópico que o Sképtikos abriu foi bastante interessante e esclarecedor, e sério, realmente não vejo motivo para fazer troça.


.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #112 Online: 09 de Junho de 2014, 21:00:36 »
Como cético devo questionar este sistema sugerido; Quem julgaria o nível de ceticismo dos membros para que tivessem mérito de receber uma pontuação e identificação que o levaria a uma posição hierarquica mais alta como cético dentro do CC, e com que critérios, e por qual motivo estas pessoas e critérios devam ser os responsáveis por esclher os mais céticos do grupo?

Fora de tópico: Além disso acho que o rosa combina bem com o Gigaview, hehe.

Abraços!


O Gigaview estava fazendo troça. 



.

Offline Skeptikós

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.125
  • Sexo: Masculino
  • Séxtos Empeirikós
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #113 Online: 09 de Junho de 2014, 21:41:32 »
Acho que esse preciosismo na caracterização do ceticismo é extremamente válido num clube que se auto denomina cético. Acho até que além do "board" administrativo, deveríamos pensar num "board" filosófico para determinar a relevância cética dos membros do clube nas discussões, situando-os numa escala espectral de matizes céticas. Uma idéia é criar rótulos coloridos para os membros que ficariam visíveis como cor de fundo dos comentários postados. Imagino que esse board de céticos verdadeiros poderia inclusive mediar discussões sob o ponto de vista cético, comentando respostas e sugerindo posturas alinhadas com o ceticismo que representa o clube. Outra idéia é criar um sistema de pontuação cética, no qual os membros ganhariam pontos pela qualidade auferida de ceticismo que poderiam ser trocados por prêmios céticos de qualidade doados pelos demais membros do clube. Céticos com maior pontuação poderiam ser convidados para debater com Inri Cristo, Mãe Diná ou Jorge de Ogum em programas do tipo Superpop, por exemplo, como exemplares do que há de melhor na casta cética do clube.


O tópico que o Sképtikos abriu foi bastante interessante e esclarecedor, e sério, realmente não vejo motivo para fazer troça.


.
Obrigado por sua consideração.

Como cético devo questionar este sistema sugerido; Quem julgaria o nível de ceticismo dos membros para que tivessem mérito de receber uma pontuação e identificação que o levaria a uma posição hierarquica mais alta como cético dentro do CC, e com que critérios, e por qual motivo estas pessoas e critérios devam ser os responsáveis por esclher os mais céticos do grupo?

Fora de tópico: Além disso acho que o rosa combina bem com o Gigaview, hehe.

Abraços!


O Gigaview estava fazendo troça. 



.
Eu percebi, tentei fazer troça do post dele também, mas pelo visto eu não fui muito eficiente.  :hihi: :hihi:
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Skeptikós

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.125
  • Sexo: Masculino
  • Séxtos Empeirikós
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #114 Online: 09 de Junho de 2014, 21:47:08 »
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Os foristas mais presentes e que mais contribuem (não é meu caso) não me parecem ter esse perfil. Quando o SnowRaptor, Angelo Melo, Dr. Manhattan criticam a apropriação indevida de termos da física, como energia, ou "cura quântica", não estão se embasando apenas em matérias superficiais da internet ou de revistas populares de ciência, em que consta o nome de alguma "autoridade", mas se baseiam no conhecimento formado a partir do estudo. ../forum/topic=17462.0.html

Do mesmo modo, qualquer um pode notar que o Gigaview estudou pra poder desconstruir  :stunned: os argumentos espiritoides (veja-se tópicos onde ele discute com o Leafar.).

Idem para a contra-argumentação da proposição da terra jovem e criacionismo feita pelo Geotecton baseada em evidências geológicas: ../forum/topic=22647.0.html

Sobre filosofia da ciência, veja o tópico que o DDV indicou (../forum/topic=25397.50.html) , principalmente os tópicos dele e os do Feynmann, e veja que não se pode generalizar sobre a tal posição cientificista dos foristas.
Estou no fórum a pouco tempo e não pude acompanhar uma quantidade de postagens suficientes destes membros para realizar um julgamento mais preciso sobre eles.

O que percebi é que em geral as postagens que acompanhei estavam repletas não de dúvidas e contestações, mas de certezas que levavam a negações veementes das formas de conhecimento não cientificas. (Nota: abordo o termo ciência aqui não pelo equivalente inglês que se restringe as ciências naturais apenas, mas ao equivalente alemão por exemplo, que se aplica a toda e qualquer forma de ciência, inclusive as sociais e as humanas mas que não inclui as formas de conhecimento esotéricas, a filosofia meta-física, a religião e etc., ou seja, as formas de conhecimento exclusivamente não-cientificas geralmente negadas como conhecimento válido pelos cientificistas dogmáticos.)

Geralmente estas negações qui no fórum apresentadas, não são apresentadas com dados de estudos/pesquisas que apontem evidências que as desmentem,  mas somente pela confiança de que existe um tal estudo que a desmente e que fora provado por um especialista de tal área de estudo da ciência.

E quando o são, não é acompanhada de uma reprodução por conta própria de tal estudo pelo membro que a apresenta (Mas neste ponto até entendo,  pois tal atitude se mostraria inviável e mesmo impraticável para a maioria dos membros deste fórum, o que restaria apenas confiar mesmo, para a maioria aqui presentes, na credibilidade dos dados e critérios do estudo e daqueles que o desenvolveram).

Em todo caso eu disse "maioria", o que não implica em generalização, que somente se aplicaria caso eu tivesse usado um termo como "todo", onde desta forma sua indagação de que eu estava generalizando poderia ser aceita como válida.

Negação de toda e qualquer forma de conhecimento não científica?
Citar
Ciências sociais não são consideradas ciência, a rigor, por não ser possível aplicar-lhes o método científico: Como se faz uma experiência com ciências sociais? Da mesma forma que matemática não é considerada ciência.
Ai dependerá do termo utilizado, do conceito e dos critérios para definir o que é ciência, isso é um trabalho para a filosofia da ciência.




Concordo com a descrição acima, também acho que o que mais tem aqui são posições cientificistas.  Mas o apego que muitos já criaram pela palavra cético provavelmente originou várias reações indignadas e até escarnecedoras.


.
Esta é uma explicação plausível. Pode ser mesmo que a resistência e os deboches aos meus argumentos se deve a esta profunda identificação que os membros criaram com a palavra "cético", que segundo as minhas definições não se enquadraria mais a eles. E me parece que não poder usar mais o titulo de cético, talvez seja para eles, o mesmo que perder parte de sua identidade.

Obrigado por sua participação e comentários de consideração.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline AlienígenA

  • Nível 34
  • *
  • Mensagens: 2.800
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #115 Online: 09 de Junho de 2014, 23:47:23 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.

Offline Geotecton

  • Moderadores Globais
  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 28.345
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #116 Online: 09 de Junho de 2014, 23:54:29 »
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Os foristas mais presentes e que mais contribuem (não é meu caso) não me parecem ter esse perfil. Quando o SnowRaptor, Angelo Melo, Dr. Manhattan criticam a apropriação indevida de termos da física, como energia, ou "cura quântica", não estão se embasando apenas em matérias superficiais da internet ou de revistas populares de ciência, em que consta o nome de alguma "autoridade", mas se baseiam no conhecimento formado a partir do estudo. ../forum/topic=17462.0.html

Do mesmo modo, qualquer um pode notar que o Gigaview estudou pra poder desconstruir  :stunned: os argumentos espiritoides (veja-se tópicos onde ele discute com o Leafar.).

Idem para a contra-argumentação da proposição da terra jovem e criacionismo feita pelo Geotecton baseada em evidências geológicas: ../forum/topic=22647.0.html

Sobre filosofia da ciência, veja o tópico que o DDV indicou (../forum/topic=25397.50.html) , principalmente os tópicos dele e os do Feynmann, e veja que não se pode generalizar sobre a tal posição cientificista dos foristas.
Estou no fórum a pouco tempo e não pude acompanhar uma quantidade de postagens suficientes destes membros para realizar um julgamento mais preciso sobre eles.

O que percebi é que em geral as postagens que acompanhei estavam repletas não de dúvidas e contestações, mas de certezas que levavam a negações veementes das formas de conhecimento não cientificas. (Nota: abordo o termo ciência aqui não pelo equivalente inglês que se restringe as ciências naturais apenas, mas ao equivalente alemão por exemplo, que se aplica a toda e qualquer forma de ciência, inclusive as sociais e as humanas mas que não inclui as formas de conhecimento esotéricas, a filosofia meta-física, a religião e etc., ou seja, as formas de conhecimento exclusivamente não-cientificas geralmente negadas como conhecimento válido pelos cientificistas dogmáticos.)

Geralmente estas negações qui no fórum apresentadas, não são apresentadas com dados de estudos/pesquisas que apontem evidências que as desmentem,  mas somente pela confiança de que existe um tal estudo que a desmente e que fora provado por um especialista de tal área de estudo da ciência.

E quando o são, não é acompanhada de uma reprodução por conta própria de tal estudo pelo membro que a apresenta (Mas neste ponto até entendo,  pois tal atitude se mostraria inviável e mesmo impraticável para a maioria dos membros deste fórum, o que restaria apenas confiar mesmo, para a maioria aqui presentes, na credibilidade dos dados e critérios do estudo e daqueles que o desenvolveram).

Em todo caso eu disse "maioria", o que não implica em generalização, que somente se aplicaria caso eu tivesse usado um termo como "todo", onde desta forma sua indagação de que eu estava generalizando poderia ser aceita como válida.

Negação de toda e qualquer forma de conhecimento não científica?
Citar
Ciências sociais não são consideradas ciência, a rigor, por não ser possível aplicar-lhes o método científico: Como se faz uma experiência com ciências sociais? Da mesma forma que matemática não é considerada ciência.
Ai dependerá do termo utilizado, do conceito e dos critérios para definir o que é ciência, isso é um trabalho para a filosofia da ciência.




Concordo com a descrição acima, também acho que o que mais tem aqui são posições cientificistas.  Mas o apego que muitos já criaram pela palavra cético provavelmente originou várias reações indignadas e até escarnecedoras.


.
Esta é uma explicação plausível. Pode ser mesmo que a resistência e os deboches aos meus argumentos se deve a esta profunda identificação que os membros criaram com a palavra "cético", que segundo as minhas definições não se enquadraria mais a eles. E me parece que não poder usar mais o titulo de cético, talvez seja para eles, o mesmo que perder parte de sua identidade.

Obrigado por sua participação e comentários de consideração.

Abraços!

Eu pouco me importo se não me enquadro na definição original, posterior ou modificada do "cético".

E sim, eu sou em grande medida cientificista.

E na maioria das vezes tenho um desprezo contumaz por "relativismos".
Foto USGS

Offline Sergiomgbr

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 11.712
  • Sexo: Masculino
  • uê?!
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #117 Online: 10 de Junho de 2014, 00:32:10 »
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Os foristas mais presentes e que mais contribuem (não é meu caso) não me parecem ter esse perfil. Quando o SnowRaptor, Angelo Melo, Dr. Manhattan criticam a apropriação indevida de termos da física, como energia, ou "cura quântica", não estão se embasando apenas em matérias superficiais da internet ou de revistas populares de ciência, em que consta o nome de alguma "autoridade", mas se baseiam no conhecimento formado a partir do estudo. ../forum/topic=17462.0.html

Do mesmo modo, qualquer um pode notar que o Gigaview estudou pra poder desconstruir  :stunned: os argumentos espiritoides (veja-se tópicos onde ele discute com o Leafar.).

Idem para a contra-argumentação da proposição da terra jovem e criacionismo feita pelo Geotecton baseada em evidências geológicas: ../forum/topic=22647.0.html

Sobre filosofia da ciência, veja o tópico que o DDV indicou (../forum/topic=25397.50.html) , principalmente os tópicos dele e os do Feynmann, e veja que não se pode generalizar sobre a tal posição cientificista dos foristas.
Estou no fórum a pouco tempo e não pude acompanhar uma quantidade de postagens suficientes destes membros para realizar um julgamento mais preciso sobre eles.

O que percebi é que em geral as postagens que acompanhei estavam repletas não de dúvidas e contestações, mas de certezas que levavam a negações veementes das formas de conhecimento não cientificas. (Nota: abordo o termo ciência aqui não pelo equivalente inglês que se restringe as ciências naturais apenas, mas ao equivalente alemão por exemplo, que se aplica a toda e qualquer forma de ciência, inclusive as sociais e as humanas mas que não inclui as formas de conhecimento esotéricas, a filosofia meta-física, a religião e etc., ou seja, as formas de conhecimento exclusivamente não-cientificas geralmente negadas como conhecimento válido pelos cientificistas dogmáticos.)

Geralmente estas negações qui no fórum apresentadas, não são apresentadas com dados de estudos/pesquisas que apontem evidências que as desmentem,  mas somente pela confiança de que existe um tal estudo que a desmente e que fora provado por um especialista de tal área de estudo da ciência.

E quando o são, não é acompanhada de uma reprodução por conta própria de tal estudo pelo membro que a apresenta (Mas neste ponto até entendo,  pois tal atitude se mostraria inviável e mesmo impraticável para a maioria dos membros deste fórum, o que restaria apenas confiar mesmo, para a maioria aqui presentes, na credibilidade dos dados e critérios do estudo e daqueles que o desenvolveram).

Em todo caso eu disse "maioria", o que não implica em generalização, que somente se aplicaria caso eu tivesse usado um termo como "todo", onde desta forma sua indagação de que eu estava generalizando poderia ser aceita como válida.

Negação de toda e qualquer forma de conhecimento não científica?
Citar
Ciências sociais não são consideradas ciência, a rigor, por não ser possível aplicar-lhes o método científico: Como se faz uma experiência com ciências sociais? Da mesma forma que matemática não é considerada ciência.
Ai dependerá do termo utilizado, do conceito e dos critérios para definir o que é ciência, isso é um trabalho para a filosofia da ciência.




Concordo com a descrição acima, também acho que o que mais tem aqui são posições cientificistas.  Mas o apego que muitos já criaram pela palavra cético provavelmente originou várias reações indignadas e até escarnecedoras.


.
Esta é uma explicação plausível. Pode ser mesmo que a resistência e os deboches aos meus argumentos se deve a esta profunda identificação que os membros criaram com a palavra "cético", que segundo as minhas definições não se enquadraria mais a eles. E me parece que não poder usar mais o titulo de cético, talvez seja para eles, o mesmo que perder parte de sua identidade.

Obrigado por sua participação e comentários de consideração.

Abraços!

Eu pouco me importo se não me enquadro na definição original, posterior ou modificada do "cético".

E sim, eu sou em grande medida cientificista.

E na maioria das vezes tenho um desprezo contumaz por "relativismos".
Nem eu. Aliás, umas vezes sou como um vinho doce, do Porto, sou cético, outras vezes sou vinagre, ácido, acético.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Skeptikós

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.125
  • Sexo: Masculino
  • Séxtos Empeirikós
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #118 Online: 10 de Junho de 2014, 02:07:55 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 02:10:06 por Skeptikós »
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #119 Online: 10 de Junho de 2014, 07:31:15 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.



Quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia  (revistas, jornais, e TV)  são mestres em em cometer erros quando fazem comentários sobre  ciências e filosofia (a não ser que haja um bom especialista sendo entrevistado),  portanto quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia não são boas referências se queremos nos expressar com correção e precisão.

Da mesma forma que uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da física, igualmente uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da filosofia.



.

Offline JJ

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.747
  • Sexo: Masculino
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #120 Online: 10 de Junho de 2014, 07:48:51 »

Eu pouco me importo se não me enquadro na definição original, posterior ou modificada do "cético".

E sim, eu sou em grande medida cientificista.




Eu não me importo nenhum pouco em reconhecer que tenho posições cientificistas  em diversas áreas. 

Como exemplo, eu dou minha posição cientificista em relação a questão da origem do Universo,  eu acredito ser  verdadeira  a boa teoria do Big Bang, acredito que o físicos que a elaboraram e a também a tem como verdadeira, sejam pessoas de alta capacitação em suas áreas e que estejam bem fundamentados tanto teoricamente como em dados  obtidos em experimentos de física de partículas e em  observações astronômicas.    Não vejo nenhum problema em admitir que tenho esta posição cientificista.











Offline AlienígenA

  • Nível 34
  • *
  • Mensagens: 2.800
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #121 Online: 10 de Junho de 2014, 08:02:03 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico mais comumente, o termo "cetico" é empregado para se referir ao ceticismo científico. Ele não se restringe à ciência, mas se apóia preferencialmente nela, afinal não faz sentido ir buscar fora da ciência respostas que ela já fornece, pelo óbvio, ainda é nossa melhor ferramenta. Nenhuma outra área nos fornece respostas mais confiáveis ou um método mais eficiente de busca. E não só céticos, sejamos honestos, religiosos, por exemplo, com frequência nos pedem provas de alegações que confrontam suas crenças e recorrem comumente ao pensamento científico quando convém, por exemplo, ao dizerem que a ausência de evidência não é evidência de ausência.

Offline AlienígenA

  • Nível 34
  • *
  • Mensagens: 2.800
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #122 Online: 10 de Junho de 2014, 09:38:29 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.



Quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia  (revistas, jornais, e TV)  são mestres em em cometer erros quando fazem comentários sobre  ciências e filosofia (a não ser que haja um bom especialista sendo entrevistado),  portanto quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia não são boas referências se queremos nos expressar com correção e precisão.

Da mesma forma que uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da física, igualmente uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da filosofia.



.
Como também deve ter uma noção do emprego USUAL dos termos. Aliás, isso é básico para uma comunicação eficiente, do contrário, teríamos que gastar maior parte do tempo de comunicação com a definição dos termos, como no caso.

A língua, tanto falada quanto escrita, é dinâmica. E emprega diferentes significados aos termos em diferentes épocas. Não sou eu que estou determinando nada, é o próprio USO da língua que determina o emprego USUAL dos termos. Só estou informando aos possíveis desavisados.

E não entendo essa contenda. Parece até implicância pura e simplesmente. Você, por acaso, quando escreveu ciências, aí em cima, em "sobre ciências e filosofia", empregou o significado usual ou original do termo?

Tão desnecessário esses rompantes de erudição num ambiente informal de debates. Beira o pedantismo, por isso o beboche. Querendo fazer o emprego original dos termos, basta abrir um patenteses, se já não estiver claro no contexto, para evitar confusão.
« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 10:08:19 por Doubt »

Offline Gigaview

  • Nível Máximo
  • *
  • Mensagens: 15.604
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #123 Online: 10 de Junho de 2014, 10:49:55 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.



Quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia  (revistas, jornais, e TV)  são mestres em em cometer erros quando fazem comentários sobre  ciências e filosofia (a não ser que haja um bom especialista sendo entrevistado),  portanto quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia não são boas referências se queremos nos expressar com correção e precisão.

Da mesma forma que uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da física, igualmente uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da filosofia.



.
Como também deve ter uma noção do emprego USUAL dos termos. Aliás, isso é básico para uma comunicação eficiente, do contrário, teríamos que gastar maior parte do tempo de comunicação com a definição dos termos, como no caso.

A língua, tanto falada quanto escrita, é dinâmica. E emprega diferentes significados aos termos em diferentes épocas. Não sou eu que estou determinando nada, é o próprio USO da língua que determina o emprego USUAL dos termos. Só estou informando aos possíveis desavisados.

E não entendo essa contenda. Parece até implicância pura e simplesmente. Você, por acaso, quando escreveu ciências, aí em cima, em "sobre ciências e filosofia", empregou o significado usual ou original do termo?

Tão desnecessário esses rompantes de erudição num ambiente informal de debates. Beira o pedantismo, por isso o beboche. Querendo fazer o emprego original dos termos, basta abrir um patenteses, se já não estiver claro no contexto, para evitar confusão.


Exato.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Skeptikós

  • Nível 40
  • *
  • Mensagens: 4.125
  • Sexo: Masculino
  • Séxtos Empeirikós
Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #124 Online: 10 de Junho de 2014, 11:53:11 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.

mais comumente, o termo "cetico" é empregado para se referir ao ceticismo científico.
Mesmo com base na definição de ceticismo cientifico, o uso do termo aqui continua inadequado, visto que também no ceticismo cientifico, segundo definição da Wikipédia, não se caracteriza por uma posição negativa, no sentido de rejeitar e/ou negar de imediato alegações incomuns e/ou anômalas; "Scientific skeptics do not assert that unusual claims should be automatically rejected out of hand on a priori grounds - rather they argue that claims of paranormal or anomalous phenomena should be critically examined and that extraordinary claims would require extraordinary evidence in their favor before they could be accepted as having validity." (Cf. Wikipedia, Scientific Skepticism, Overview)

A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.


Ele não se restringe à ciência, mas se apóia preferencialmente nela, afinal não faz sentido ir buscar fora da ciência respostas que ela já fornece, pelo óbvio, ainda é nossa melhor ferramenta. Nenhuma outra área nos fornece respostas mais confiáveis ou um método mais eficiente de busca. E não só céticos, sejamos honestos, religiosos, por exemplo, com frequência nos pedem provas de alegações que confrontam suas crenças e recorrem comumente ao pensamento científico quando convém, por exemplo, ao dizerem que a ausência de evidência não é evidência de ausência.
Exato, mas alguns pseudociéticos ignoram esta máxima, e rejeitam/negam qualquer alegação religiosa, a considerando por este motivo como sendo falsa, simplesmente pelo fato de evidências empíricas a favor dela não terem sido identificadas. Estes, como dito pelo Marcello Truzzi, que rejeitam e/ou negam alegações anômalas, as considerando falsas (neste caso, simplesmente por falta de evidência), são na verdade pseudo-céticos, uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença,  estes estão por isso, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo.

Abraços!



Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.



Quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia  (revistas, jornais, e TV)  são mestres em em cometer erros quando fazem comentários sobre  ciências e filosofia (a não ser que haja um bom especialista sendo entrevistado),  portanto quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia não são boas referências se queremos nos expressar com correção e precisão.

Da mesma forma que uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da física, igualmente uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da filosofia.



.
Como também deve ter uma noção do emprego USUAL dos termos. Aliás, isso é básico para uma comunicação eficiente, do contrário, teríamos que gastar maior parte do tempo de comunicação com a definição dos termos, como no caso.
e como aqui é um ambiente de debates, não vejo local mais adequado.

A língua, tanto falada quanto escrita, é dinâmica. E emprega diferentes significados aos termos em diferentes épocas. Não sou eu que estou determinando nada, é o próprio USO da língua que determina o emprego USUAL dos termos. Só estou informando aos possíveis desavisados.
Astrologia, espiritismo e parapsicologia já foram (e ainda são por muitos desavisados) chamadas de ciência, foi o esforço de verdadeiros cientistas que desacreditou o uso do termo para se referirem a elas (hoje a maior parte da população me parecem que as reconhecem como pseudo-ciências, quando elas tentam se passar por ciência), visto que não se adequavam a conceituação atual do termo "ciência" entre os membros da comunidade cientifica. 

O mesmo vem acontecendo com os verdadeiros céticos, o esforço destes vem tentando desacreditar o uso errôneo do termo "cético" como vem sendo usado hoje. Se é louvável o esforço daqueles que demarcaram o que é conhecimento cientifico daquilo que não o é, porque não pode ser igualmente confiável o esforço daqueles que tentam demarcar a posição cética daquelas que não o são?


E não entendo essa contenda. Parece até implicância pura e simplesmente.
É rigor, eu gosto de filosofia e já li um bocado sobre ceticismo, e por isso me frustra ver o termo ser usado tão erroneamente para indicar atitudes que na verdade não o representam. O mesmo deve sentir muitos aqui quando vêem formas de conhecimento não-cientificas (e evidentemente falhas) se passando e posando como ciência na mídia, usurpando inadvertidamente deste rótulo que a eles não se encaixa, mas que a eles favorece.

Tão desnecessário esses rompantes de erudição num ambiente informal de debates. Beira o pedantismo,
Quando se fala de pseudo-ciência tudo bem né? Mas quando se fala de pseudo-ceticismo ai é motivo de beboche né? Muito imparcial a posição do fórum.

Abraços!
« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 11:56:54 por Skeptikós »
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

 

Do NOT follow this link or you will be banned from the site!