Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.
Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima: "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.
mais comumente, o termo "cetico" é empregado para se referir ao ceticismo científico.
Mesmo com base na definição de ceticismo cientifico, o uso do termo aqui continua inadequado, visto que também no ceticismo cientifico, segundo definição da Wikipédia, não se caracteriza por uma posição negativa, no sentido de rejeitar e/ou negar de imediato alegações incomuns e/ou anômalas;
"Scientific skeptics do not assert that unusual claims should be automatically rejected out of hand on a priori grounds - rather they argue that claims of paranormal or anomalous phenomena should be critically examined and that extraordinary claims would require extraordinary evidence in their favor before they could be accepted as having validity." (Cf.
Wikipedia, Scientific Skepticism, Overview)
A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.
Ele não se restringe à ciência, mas se apóia preferencialmente nela, afinal não faz sentido ir buscar fora da ciência respostas que ela já fornece, pelo óbvio, ainda é nossa melhor ferramenta. Nenhuma outra área nos fornece respostas mais confiáveis ou um método mais eficiente de busca. E não só céticos, sejamos honestos, religiosos, por exemplo, com frequência nos pedem provas de alegações que confrontam suas crenças e recorrem comumente ao pensamento científico quando convém, por exemplo, ao dizerem que a ausência de evidência não é evidência de ausência.
Exato, mas alguns pseudociéticos ignoram esta máxima, e rejeitam/negam qualquer alegação religiosa, a considerando por este motivo como sendo falsa, simplesmente pelo fato de evidências empíricas a favor dela não terem sido identificadas. Estes, como dito pelo Marcello Truzzi, que rejeitam e/ou negam alegações anômalas, as considerando falsas (neste caso, simplesmente por falta de evidência), são na verdade pseudo-céticos, uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença, estes estão por isso, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo.
Abraços!
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia (revistas, jornais, e TV) são mestres em em cometer erros quando fazem comentários sobre ciências e filosofia (a não ser que haja um bom especialista sendo entrevistado), portanto quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia não são boas referências se queremos nos expressar com correção e precisão.
Da mesma forma que uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da física, igualmente uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da filosofia.
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Como também deve ter uma noção do emprego USUAL dos termos. Aliás, isso é básico para uma comunicação eficiente, do contrário, teríamos que gastar maior parte do tempo de comunicação com a definição dos termos, como no caso.
e como aqui é um ambiente de debates, não vejo local mais adequado.
A língua, tanto falada quanto escrita, é dinâmica. E emprega diferentes significados aos termos em diferentes épocas. Não sou eu que estou determinando nada, é o próprio USO da língua que determina o emprego USUAL dos termos. Só estou informando aos possíveis desavisados.
Astrologia, espiritismo e parapsicologia já foram (e ainda são por muitos desavisados) chamadas de ciência, foi o esforço de verdadeiros cientistas que desacreditou o uso do termo para se referirem a elas (hoje a maior parte da população me parecem que as reconhecem como pseudo-ciências, quando elas tentam se passar por ciência), visto que não se adequavam a conceituação atual do termo "ciência" entre os membros da comunidade cientifica.
O mesmo vem acontecendo com os verdadeiros céticos, o esforço destes vem tentando desacreditar o uso errôneo do termo "cético" como vem sendo usado hoje. Se é louvável o esforço daqueles que demarcaram o que é conhecimento cientifico daquilo que não o é, porque não pode ser igualmente confiável o esforço daqueles que tentam demarcar a posição cética daquelas que não o são?
E não entendo essa contenda. Parece até implicância pura e simplesmente.
É rigor, eu gosto de filosofia e já li um bocado sobre ceticismo, e por isso me frustra ver o termo ser usado tão erroneamente para indicar atitudes que na verdade não o representam. O mesmo deve sentir muitos aqui quando vêem formas de conhecimento não-cientificas (e evidentemente falhas) se passando e posando como ciência na mídia, usurpando inadvertidamente deste rótulo que a eles não se encaixa, mas que a eles favorece.
Tão desnecessário esses rompantes de erudição num ambiente informal de debates. Beira o pedantismo,
Quando se fala de pseudo-ciência tudo bem né? Mas quando se fala de pseudo-ceticismo ai é motivo de beboche né? Muito imparcial a posição do fórum.
Abraços!