Autor Tópico: Se diz cético, mas . . .  (Lida 15336 vezes)

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Offline Sergiomgbr

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #125 Online: 10 de Junho de 2014, 12:26:08 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.

mais comumente, o termo "cetico" é empregado para se referir ao ceticismo científico.
Mesmo com base na definição de ceticismo cientifico, o uso do termo aqui continua inadequado, visto que também no ceticismo cientifico, segundo definição da Wikipédia, não se caracteriza por uma posição negativa, no sentido de rejeitar e/ou negar de imediato alegações incomuns e/ou anômalas; "Scientific skeptics do not assert that unusual claims should be automatically rejected out of hand on a priori grounds - rather they argue that claims of paranormal or anomalous phenomena should be critically examined and that extraordinary claims would require extraordinary evidence in their favor before they could be accepted as having validity." (Cf. Wikipedia, Scientific Skepticism, Overview)

A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.


Ele não se restringe à ciência, mas se apóia preferencialmente nela, afinal não faz sentido ir buscar fora da ciência respostas que ela já fornece, pelo óbvio, ainda é nossa melhor ferramenta. Nenhuma outra área nos fornece respostas mais confiáveis ou um método mais eficiente de busca. E não só céticos, sejamos honestos, religiosos, por exemplo, com frequência nos pedem provas de alegações que confrontam suas crenças e recorrem comumente ao pensamento científico quando convém, por exemplo, ao dizerem que a ausência de evidência não é evidência de ausência.
Exato, mas alguns pseudociéticos ignoram esta máxima, e rejeitam/negam qualquer alegação religiosa, a considerando por este motivo como sendo falsa, simplesmente pelo fato de evidências empíricas a favor dela não terem sido identificadas. Estes, como dito pelo Marcello Truzzi, que rejeitam e/ou negam alegações anômalas, as considerando falsas (neste caso, simplesmente por falta de evidência), são na verdade pseudo-céticos, uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença,  estes estão por isso, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo.

Abraços!



Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.



Quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia  (revistas, jornais, e TV)  são mestres em em cometer erros quando fazem comentários sobre  ciências e filosofia (a não ser que haja um bom especialista sendo entrevistado),  portanto quotidiano (dia a dia , senso comum) e mídia não são boas referências se queremos nos expressar com correção e precisão.

Da mesma forma que uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da física, igualmente uma pessoa deve ter um mínimo de boas leituras e portanto um mínimo de conhecimento bem fundamentado para se expressar corretamente sobre um tema da filosofia.



.
Como também deve ter uma noção do emprego USUAL dos termos. Aliás, isso é básico para uma comunicação eficiente, do contrário, teríamos que gastar maior parte do tempo de comunicação com a definição dos termos, como no caso.
e como aqui é um ambiente de debates, não vejo local mais adequado.

A língua, tanto falada quanto escrita, é dinâmica. E emprega diferentes significados aos termos em diferentes épocas. Não sou eu que estou determinando nada, é o próprio USO da língua que determina o emprego USUAL dos termos. Só estou informando aos possíveis desavisados.
Astrologia, espiritismo e parapsicologia já foram (e ainda são por muitos desavisados) chamadas de ciência, foi o esforço de verdadeiros cientistas que desacreditou o uso do termo para se referirem a elas (hoje a maior parte da população me parecem que as reconhecem como pseudo-ciências, quando elas tentam se passar por ciência), visto que não se adequavam a conceituação atual do termo "ciência" entre os membros da comunidade cientifica. 

O mesmo vem acontecendo com os verdadeiros céticos, o esforço destes vem tentando desacreditar o uso errôneo do termo "cético" como vem sendo usado hoje. Se é louvável o esforço daqueles que demarcaram o que é conhecimento cientifico daquilo que não o é, porque não pode ser igualmente confiável o esforço daqueles que tentam demarcar a posição cética daquelas que não o são?


E não entendo essa contenda. Parece até implicância pura e simplesmente.
É rigor, eu gosto de filosofia e já li um bocado sobre ceticismo, e por isso me frustra ver o termo ser usado tão erroneamente para indicar atitudes que na verdade não o representam. O mesmo deve sentir muitos aqui quando vêem formas de conhecimento não-cientificas (e evidentemente falhas) se passando e posando como ciência na mídia, usurpando inadvertidamente deste rótulo que a eles não se encaixa, mas que a eles favorece.

Tão desnecessário esses rompantes de erudição num ambiente informal de debates. Beira o pedantismo,
Quando se fala de pseudo-ciência tudo bem né? Mas quando se fala de pseudo-ceticismo ai é motivo de beboche né? Muito imparcial a posição do fórum.

Abraços!
Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Johnny Cash

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #126 Online: 10 de Junho de 2014, 14:13:22 »
Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

Pergunto também: há a possibilidade real desse cético original existir?

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #127 Online: 10 de Junho de 2014, 15:43:55 »
Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

acatador - adj.s.m. que ou o que acata; respeitador, cumpridor, venerador ¤ etim rad. do part. acatado + -or ¤ sin/var ver antonímia de malcriado ¤ ant ver sinonímia de malcriado. (Hoiaiss, v. 3.0)

Segundo a definição de acatador do dicionário Houaiss, fixada acima, me parece que sim, do ponto de vista pragmático, o cético poderia ser um acatador de definições sim, pois isso me parece que facilitaria a sua convivência em sociedade, visto que um de seus princípios é conviver conforme (pragmaticamente) as normas sociais estabelecidas, com o objetivo de facilitar a sua convivência com os demais.

Isso, no entanto, não impede que ele vez ou outra contraponha opiniões opostas e igualmente convincentes a opiniões vigentes e estabelecidas, desde que isso não pareça passível de trazer prejuízos evidentes para o seu conviver.

Abraços!



Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

Pergunto também: há a possibilidade real desse cético original existir?
Acho que a pergunta do sergio não se referia a isso. Mas se há ou não há, eu não sei. Agora, me parece que muitos pensadores demonstram posições céticas atualmente, seja ao contestar uma afirmação anômala mantendo-se neutro, ou seja, sem no entanto rejeita-la e/ou nega-la. Seja contradizendo opiniões ao contrapor à elas, opiniões contrárias igualmente convincentes, levando a anulação de ambas. Ou seja, muitos pensadores atuais me parecem demonstrarem características céticas esporadicamente, agora, se ele é cético o tempo todo, ai eu já não sei.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline AlienígenA

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #128 Online: 10 de Junho de 2014, 16:41:35 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.
Não estou, não. Desde de Platão, pelo menos, que a definição de "conhecimento" diz que se trata de crença verdadeira e justificada. Ou, atualmente, informação sobre a realidade, baseada na investigação dos fatos. 

Citar
A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.

Em negrito, tudo o que precisa ser dito. A não ser que você discorde que o método científico é a melhor ferramenta de que dispomos para a investigação da realidade e pode, se quiser, dizer o porquê, está explicado porque o termo ceticismo, atualmente, está intimamente ligado ao conhecimento científico, distanciando-se do seu significado original.


Offline Sergiomgbr

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #129 Online: 10 de Junho de 2014, 17:07:04 »
Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

acatador - adj.s.m. que ou o que acata; respeitador, cumpridor, venerador ¤ etim rad. do part. acatado + -or ¤ sin/var ver antonímia de malcriado ¤ ant ver sinonímia de malcriado. (Hoiaiss, v. 3.0)

Segundo a definição de acatador do dicionário Houaiss, fixada acima, me parece que sim, do ponto de vista pragmático, o cético poderia ser um acatador de definições sim, pois isso me parece que facilitaria a sua convivência em sociedade, visto que um de seus princípios é conviver conforme (pragmaticamente) as normas sociais estabelecidas, com o objetivo de facilitar a sua convivência com os demais.

Isso, no entanto, não impede que ele vez ou outra contraponha opiniões opostas e igualmente convincentes a opiniões vigentes e estabelecidas, desde que isso não pareça passível de trazer prejuízos evidentes para o seu conviver.

Abraços!



Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

Pergunto também: há a possibilidade real desse cético original existir?
Acho que a pergunta do sergio não se referia a isso. Mas se há ou não há, eu não sei. Agora, me parece que muitos pensadores demonstram posições céticas atualmente, seja ao contestar uma afirmação anômala mantendo-se neutro, ou seja, sem no entanto rejeita-la e/ou nega-la. Seja contradizendo opiniões ao contrapor à elas, opiniões contrárias igualmente convincentes, levando a anulação de ambas. Ou seja, muitos pensadores atuais me parecem demonstrarem características céticas esporadicamente, agora, se ele é cético o tempo todo, ai eu já não sei.

Abraços!
A minha intenção e a do Jhonny Cash remetem ao mesmo questionamento. Um cético, por definição, não poderia ficar restrito a definições pré estabelecidas de suas próprias prerrogativas.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #130 Online: 10 de Junho de 2014, 17:27:03 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.
Não estou, não. Desde de Platão, pelo menos, que a definição de "conhecimento" diz que se trata de crença verdadeira e justificada. Ou, atualmente, informação sobre a realidade, baseada na investigação dos fatos.
Para Platão, um idealista, a justificação de uma crença como uma verdade justificada necessariamente passava pelas vias da razão e da reflexão, mas não necessariamente deveria combinar com a impressão que temos a partir de nossos sentidos. Por isso, ainda segundo a definição do próprio Platão, o termo e conceito de conhecimento não necessariamente se restringe ao campo cientifico, principalmente pelo fato de que na época de Platão isso que hoje chamamos de conhecimento cientifico, simplesmente não existia.


Citar
A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.

Em negrito, tudo o que precisa ser dito. A não ser que você discorde que o método científico é a melhor ferramenta de que dispomos para a investigação da realidade e pode, se quiser, dizer o porquê
Não concordo nem discordo, muito pelo contrário  :hihi:

Se conduz a verdade eu não sei, mas me parece sim, conduzir a resultados práticos perceptíveis e úteis. E neste ponto me parece um método extremamente eficiente, para um cético filosófico esta impressão bastaria.

está explicado porque o termo ceticismo, atualmente, está intimamente ligado ao conhecimento científico, distanciando-se do seu significado original.
O problema não é a acepção cientifica do termo. O problema é que o uso atual se distancia tanto de um (ceticismo filosófico) quanto do outro (ceticismo cientifico), a partir do momento onde críticos de anomalia se posicionam negativamente em relação a elas, negando e as rejeitando, se auto intitulando céticos por assim agirem, enquanto na verdade estão a apresentar um pseudo-ceticismo, na medida que um cético (verdadeiro) ao criticar uma alegação anômala e carente de evidências, o faz de forma neutra, e não, negativa.

Abraços!



Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

acatador - adj.s.m. que ou o que acata; respeitador, cumpridor, venerador ¤ etim rad. do part. acatado + -or ¤ sin/var ver antonímia de malcriado ¤ ant ver sinonímia de malcriado. (Hoiaiss, v. 3.0)

Segundo a definição de acatador do dicionário Houaiss, fixada acima, me parece que sim, do ponto de vista pragmático, o cético poderia ser um acatador de definições sim, pois isso me parece que facilitaria a sua convivência em sociedade, visto que um de seus princípios é conviver conforme (pragmaticamente) as normas sociais estabelecidas, com o objetivo de facilitar a sua convivência com os demais.

Isso, no entanto, não impede que ele vez ou outra contraponha opiniões opostas e igualmente convincentes a opiniões vigentes e estabelecidas, desde que isso não pareça passível de trazer prejuízos evidentes para o seu conviver.

Abraços!



Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?

Pergunto também: há a possibilidade real desse cético original existir?
Acho que a pergunta do sergio não se referia a isso. Mas se há ou não há, eu não sei. Agora, me parece que muitos pensadores demonstram posições céticas atualmente, seja ao contestar uma afirmação anômala mantendo-se neutro, ou seja, sem no entanto rejeita-la e/ou nega-la. Seja contradizendo opiniões ao contrapor à elas, opiniões contrárias igualmente convincentes, levando a anulação de ambas. Ou seja, muitos pensadores atuais me parecem demonstrarem características céticas esporadicamente, agora, se ele é cético o tempo todo, ai eu já não sei.

Abraços!
A minha intenção e a do Jhonny Cash remetem ao mesmo questionamento. Um cético, por definição, não poderia ficar restrito a definições pré estabelecidas de suas próprias prerrogativas.
Um cético se compromete a se comportar segundo normas fixadas, para fins pragmáticos de boa convivência, isso não quer dizer no entanto, que ele esteja restrito e/ou preso aquela forma de pensar, muito pelo contrário.

 :ok:
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline JJ

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #131 Online: 10 de Junho de 2014, 17:57:55 »
Tem alguns aqui que não querem largar a qualificação de cético de jeito nenhum, até parece  que foi um diploma que a pessoa recebeu após muitos anos de estudo.   :hihi:


Conferi no Novo Aurélio Século XXI:

Céptico[ Do gr. sképticos, pelo lat. sceptico]. Adj. 1. Que duvida de tudo, descrente.

cepticismo. [De céptico + -ismo] S.m. 1. Filos. Atitude ou doutrina segundo a qual o homem não pode chegar a qualquer conhecimento indubitável, quer nos domínios da verdade de ordem geral, quer no de algum determinado domínio do conhecimento.[Cf. Dogmatismo(1).]



Ô dificuldade para largar o osso...  :D

.


« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 18:01:43 por JJ »

Offline Geotecton

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #132 Online: 10 de Junho de 2014, 18:02:49 »
Para Platão, um idealista, a justificação de uma crença como uma verdade justificada necessariamente passava pelas vias da razão e da reflexão, mas não necessariamente deveria combinar com a impressão que temos a partir de nossos sentidos. Por isso, ainda segundo a definição do próprio Platão, o termo e conceito de conhecimento não necessariamente se restringe ao campo cientifico, principalmente pelo fato de que na época de Platão isso que hoje chamamos de conhecimento cientifico, simplesmente não existia.
[...]

Eu ainda estou tentando descobrir como é que uma pessoa pode afirmar que concluiu alguma coisa sobre algo usando a "razão e a reflexão" e ao mesmo afirmou que não usou os seus "sentidos".
Foto USGS

Offline Sergiomgbr

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #133 Online: 10 de Junho de 2014, 18:03:07 »
Um cético se compromete a se comportar segundo normas fixadas, para fins pragmáticos de boa convivência, isso não quer dizer no entanto, que ele esteja restrito e/ou preso aquela forma de pensar, muito pelo contrário.

 :ok:
Um não cético também.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline JJ

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #134 Online: 10 de Junho de 2014, 18:24:45 »
Sképticos, se depois de todas os seus esclarecimentos e explicações ainda tem pessoas com atitudes cientificistas querendo serem chamados de céticos,  penso que aí já temos um problema emocional, um apego muito grande a palavra cético.    :hihi:   


 



« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 18:28:58 por JJ »

Offline JJ

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #135 Online: 10 de Junho de 2014, 18:37:08 »
Acabei de notar que pela definição de cético que consta no Aurélio, este deve duvidar de tudo, nada (nenhum conhecimento) para ele deve ser considerado como verdadeiro e totalmente confiável. 

Não tenho visto esta atitude por aqui, acho que deve ser raridade, muito pelo contrário o que eu vejo aos borbotões são atitudes cientificistas  (nada contra, eu mesmo tenho).  E como eu não tenho apego à palavra cético, e nem tenho medo da palavra cientificista, creio ser adequado me considerar como um.



.
« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 18:46:49 por JJ »

Offline Sergiomgbr

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #136 Online: 10 de Junho de 2014, 18:49:46 »
Acabei de notar que pela definição de cético que consta no Aurélio, este deve duvidar de tudo, nada (nenhum conhecimento) para ele deve ser considerado como verdadeiro e totalmente confiável. 
Se ele duvidar de tudo e não acatar nada como verdadeiro e confiável, ele terá que duvidar da própria postura e entrar em parafuso.
Não tenho visto esta atitude por aqui, acho que deve ser raridade esse tipo de atitude por aqui, muito pelo contrário o que eu vejo aos borbotões são atitudes cientificistas  (nada contra, eu mesmo tenho).  E como eu não tenho apego à palavra cético, e nem tenho medo da palavra cientificista, creio ser adequado me considerar como um.


Um cientifista acredita, ou mesmo percebe, que a realidade não pode ser observada diretamente.




Até onde eu sei eu não sei.

Offline Gigaview

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #137 Online: 10 de Junho de 2014, 19:00:02 »
Acho que o Sképticos não está buscando o significado preciso dos termos em discussão. Deveria redefinir tudo mergulhando etimologicamente nas raízes grega e latina dos termos. Sugiro a montagem de um pequeno dicionário que pudesse mostrar também o entendimento dos significados ao longo do tempo, estabelecendo um time-line filosófico. Talvez seja necessário publicar essa pesquisa em latim ou alemão para eliminar as armadilhas do duplo sentido da nossa língua.
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #138 Online: 10 de Junho de 2014, 19:13:45 »
Para Platão, um idealista, a justificação de uma crença como uma verdade justificada necessariamente passava pelas vias da razão e da reflexão, mas não necessariamente deveria combinar com a impressão que temos a partir de nossos sentidos. Por isso, ainda segundo a definição do próprio Platão, o termo e conceito de conhecimento não necessariamente se restringe ao campo cientifico, principalmente pelo fato de que na época de Platão isso que hoje chamamos de conhecimento cientifico, simplesmente não existia.
[...]

Eu ainda estou tentando descobrir como é que uma pessoa pode afirmar que concluiu alguma coisa sobre algo usando a "razão e a reflexão" e ao mesmo afirmou que não usou os seus "sentidos".
Isso é uma espécie de oposição ao empirismo, que diz que  todo conhecimento provém unicamente da experiência (sensível). Para Platão o conhecimento último era obtido somente pela reflexão racional (razão), capaz de nos revelar as verdades inatas das quais havíamos nos esquecido. Um exemplo é sua teoria do mundo das ideias. Isso não quer dizer que não se usa nossos sentidos, quer dizer apenas que eles não são as ferramentas mais adequadas para revelarem a verdade. Logo, para Platão, uma crença verdadeira e justificada (conhecimento) não necessariamente deveria combinar com a percepção sensível que temos sobre uma coisa a princípio.



Acabei de notar que pela definição de cético que consta no Aurélio, este deve duvidar de tudo, nada (nenhum conhecimento) para ele deve ser considerado como verdadeiro e totalmente confiável. 
Se ele duvidar de tudo e não acatar nada como verdadeiro e confiável, ele terá que duvidar da própria postura e entrar em parafuso.
É neste ponto que ele suspende o juízo (epoché) e a alcança a imperturbabilidade da alma ou mente (ataraxia).


Não tenho visto esta atitude por aqui, acho que deve ser raridade esse tipo de atitude por aqui, muito pelo contrário o que eu vejo aos borbotões são atitudes cientificistas  (nada contra, eu mesmo tenho).  E como eu não tenho apego à palavra cético, e nem tenho medo da palavra cientificista, creio ser adequado me considerar como um.
Um cientifista acredita, ou mesmo percebe, que a realidade não pode ser observada diretamente.
Antigamente, o conceito de cientificismo simplesmente se referia aquele individuo (geralmente cientista) que usava uma linguagem cientifica para se comunicar (mesmo em ambientes informais e/ou não-científicos).

Atualmente, o conceito de cientificismo é utilizado de forma geral para se referir aquele que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.) em todos os contextos, por considerar a Ciência como a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar conhecimento seguro e confiável. Uma postura muito deferente em relação a ciência, enquanto depreciativa em relação as outras formas de compreensão humana da realidade.


Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

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Offline _Juca_

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #139 Online: 10 de Junho de 2014, 19:31:46 »
Cético é aquele que duvida. Não precisa de mais nenhuma definição.

Offline Geotecton

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #140 Online: 10 de Junho de 2014, 19:34:06 »
[...]
Atualmente, o conceito de cientificismo é utilizado de forma geral para se referir aquele que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.) em todos os contextos, por considerar a Ciência como a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar conhecimento seguro e confiável. Uma postura muito deferente em relação a ciência, enquanto depreciativa em relação as outras formas de compreensão humana da realidade.
[...]

Se alguém puder demonstrar para mim que a religião e a filosofia metafísica podem explicar melhor a Natureza (que é a "realidade") eu mudarei a minha avaliação sobre a "utilidade" de tais conhecimentos como ferramentas.

Até lá...
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Offline AlienígenA

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #141 Online: 10 de Junho de 2014, 19:34:16 »
Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.
Não estou, não. Desde de Platão, pelo menos, que a definição de "conhecimento" diz que se trata de crença verdadeira e justificada. Ou, atualmente, informação sobre a realidade, baseada na investigação dos fatos.
Para Platão, um idealista, a justificação de uma crença como uma verdade justificada necessariamente passava pelas vias da razão e da reflexão, mas não necessariamente deveria combinar com a impressão que temos a partir de nossos sentidos. Por isso, ainda segundo a definição do próprio Platão, o termo e conceito de conhecimento não necessariamente se restringe ao campo cientifico, principalmente pelo fato de que na época de Platão isso que hoje chamamos de conhecimento cientifico, simplesmente não existia.
Sim, Platão se restringe ao campo teórico, mas a definição do termo "conhecimento" se origina aí, da oposição à "crença" (opinião, ponto de vista). E, em tempos que o mais se aproxima do conhecimento é a ciência, é natural que este seja o emprego mais usual.   

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A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.

Em negrito, tudo o que precisa ser dito. A não ser que você discorde que o método científico é a melhor ferramenta de que dispomos para a investigação da realidade e pode, se quiser, dizer o porquê
Não concordo nem discordo, muito pelo contrário  :hihi:

Se conduz a verdade eu não sei, mas me parece sim, conduzir a resultados práticos perceptíveis e úteis. E neste ponto me parece um método extremamente eficiente, para um cético filosófico esta impressão bastaria.

Motivo por que o conhecimento científico transmite maior confiabilidade.

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está explicado porque o termo ceticismo, atualmente, está intimamente ligado ao conhecimento científico, distanciando-se do seu significado original.
O problema não é a acepção cientifica do termo. O problema é que o uso atual se distancia tanto de um (ceticismo filosófico) quanto do outro (ceticismo cientifico), a partir do momento onde críticos de anomalia se posicionam negativamente em relação a elas, negando e as rejeitando, se auto intitulando céticos por assim agirem, enquanto na verdade estão a apresentar um pseudo-ceticismo, na medida que um cético (verdadeiro) ao criticar uma alegação anômala e carente de evidências, o faz de forma neutra, e não, negativa.

Depende das anomalias. Quando vão de encontro ao conhecimento científico, não podendo ser verificadas, entra em cena o pensamento crítico. Por que encarar com neutralidade uma alegação, sem qualquer evidência que a sustente, que vai contra outra que já foi inúmeras vezes confirmada?   

Abraços!


Offline Sergiomgbr

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #142 Online: 10 de Junho de 2014, 19:47:34 »




Acabei de notar que pela definição de cético que consta no Aurélio, este deve duvidar de tudo, nada (nenhum conhecimento) para ele deve ser considerado como verdadeiro e totalmente confiável. 
Se ele duvidar de tudo e não acatar nada como verdadeiro e confiável, ele terá que duvidar da própria postura e entrar em parafuso.

É neste ponto que ele suspende o juízo (epoché) e a alcança a imperturbabilidade da alma ou mente (ataraxia).

O que é um absurdo, já que se ele alcança uma imperturbabilidade da mente ele não duvidaria de tudo nem consideraria considerar algo.

« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 20:17:18 por sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #143 Online: 10 de Junho de 2014, 20:01:27 »
[...]
Atualmente, o conceito de cientificismo é utilizado de forma geral para se referir aquele que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.) em todos os contextos, por considerar a Ciência como a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar conhecimento seguro e confiável. Uma postura muito deferente em relação a ciência, enquanto depreciativa em relação as outras formas de compreensão humana da realidade.
[...]

Se alguém puder demonstrar para mim que a religião e a filosofia metafísica podem explicar melhor a Natureza (que é a "realidade") eu mudarei a minha avaliação sobre a "utilidade" de tais conhecimentos como ferramentas.

Até lá...
O problema é que a compreensão da realidade ai se refere a mais do que simplesmente o estudo da natureza, mas inclui também o estudo da política, da moral, da ética, da estética e etc. Neste caso um cientificista seria aquele que consideraria a ciência como superior a todas as outras formas de compreensão humana, em todas estas áreas.

Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.

Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima:  "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.
Não estou, não. Desde de Platão, pelo menos, que a definição de "conhecimento" diz que se trata de crença verdadeira e justificada. Ou, atualmente, informação sobre a realidade, baseada na investigação dos fatos.
Para Platão, um idealista, a justificação de uma crença como uma verdade justificada necessariamente passava pelas vias da razão e da reflexão, mas não necessariamente deveria combinar com a impressão que temos a partir de nossos sentidos. Por isso, ainda segundo a definição do próprio Platão, o termo e conceito de conhecimento não necessariamente se restringe ao campo cientifico, principalmente pelo fato de que na época de Platão isso que hoje chamamos de conhecimento cientifico, simplesmente não existia.
Sim, Platão se restringe ao campo teórico, mas a definição do termo "conhecimento" se origina aí, da oposição à "crença" (opinião, ponto de vista). E, em tempos que o mais se aproxima do conhecimento é a ciência, é natural que este seja o emprego mais usual.
Prefiro especificar dizendo conhecimento cientifico, desta forma evita-se este problema. E ainda pode continuar a usar o termo "conhecimento" aplicado a outras áreas, bastando apenas especificar a área, bem como; conhecimento filosófico e por ai vai.

   
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A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.

Em negrito, tudo o que precisa ser dito. A não ser que você discorde que o método científico é a melhor ferramenta de que dispomos para a investigação da realidade e pode, se quiser, dizer o porquê
Não concordo nem discordo, muito pelo contrário  :hihi:

Se conduz a verdade eu não sei, mas me parece sim, conduzir a resultados práticos perceptíveis e úteis. E neste ponto me parece um método extremamente eficiente, para um cético filosófico esta impressão bastaria.

Motivo por que o conhecimento científico transmite maior confiabilidade.
:ok:


Citar
está explicado porque o termo ceticismo, atualmente, está intimamente ligado ao conhecimento científico, distanciando-se do seu significado original.
O problema não é a acepção cientifica do termo. O problema é que o uso atual se distancia tanto de um (ceticismo filosófico) quanto do outro (ceticismo cientifico), a partir do momento onde críticos de anomalia se posicionam negativamente em relação a elas, negando e as rejeitando, se auto intitulando céticos por assim agirem, enquanto na verdade estão a apresentar um pseudo-ceticismo, na medida que um cético (verdadeiro) ao criticar uma alegação anômala e carente de evidências, o faz de forma neutra, e não, negativa.

Depende das anomalias. Quando vão de encontro ao conhecimento científico, não podendo ser verificadas, entra em cena o pensamento crítico. Por que encarar com neutralidade uma alegação, sem qualquer evidência que a sustente, que vai contra outra que já foi inúmeras vezes confirmada?
Porque a partir do momento em que se nega/rejeita algo, o ônus da prova se direciona a você, sendo necessário demonstrar a veracidade da sua negação/rejeição para que ela seja considerada válida. Quando um Ateu diz: "Deus não existe" ele emite uma afirmação negativa, e cabe a ele prova-la. Agora, quando um cético afirma não conhecer evidências empíricas sobre a existência de Deus, cabe ao teísta que defenda a existência de Deus apresenta-las.

Abraços!




Acabei de notar que pela definição de cético que consta no Aurélio, este deve duvidar de tudo, nada (nenhum conhecimento) para ele deve ser considerado como verdadeiro e totalmente confiável. 
Se ele duvidar de tudo e não acatar nada como verdadeiro e confiável, ele terá que duvidar da própria postura e entrar em parafuso.
É neste ponto que ele suspende o juízo (epoché) e a alcança a imperturbabilidade da alma ou mente (ataraxia).O que é um absurdo, já que se ele alcança uma imperturbabilidade da mente ele não duvidaria de tudo nem consideraria considerar algo.
A duvida permanece, e com ela, um juízo suspenso. eis ai um descanso para a mente, interrompido somente quando o cético deve voltar a sua vida comum. Ai ele se apega ao pragmatismo, e age conforme aquilo que lhe parece útil.

 :ok:


"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Johnny Cash

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #144 Online: 10 de Junho de 2014, 20:08:33 »
Acho que o Sképticos não está buscando o significado preciso dos termos em discussão. Deveria redefinir tudo mergulhando etimologicamente nas raízes grega e latina dos termos. Sugiro a montagem de um pequeno dicionário que pudesse mostrar também o entendimento dos significados ao longo do tempo, estabelecendo um time-line filosófico. Talvez seja necessário publicar essa pesquisa em latim ou alemão para eliminar as armadilhas do duplo sentido da nossa língua.

Brilhante!

E o próximo passo seria mudar o nome do fórum para "Amigos (Cientificistas ou quase) do JJ". Aí sim, passam a ter validade semântica, real, histórica e genuína as atividades aqui estabelecidas.


Offline Sergiomgbr

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #145 Online: 10 de Junho de 2014, 20:22:57 »
Se a dúvida permanece, como pode o juízo estar suspenso?

« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 20:25:15 por sergiomgbr »
Até onde eu sei eu não sei.

Offline JJ

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #146 Online: 10 de Junho de 2014, 20:43:57 »
[...]
Atualmente, o conceito de cientificismo é utilizado de forma geral para se referir aquele que afirma a superioridade da ciência sobre todas as outras formas de compreensão humana da realidade (religião, filosofia metafísica etc.) em todos os contextos, por considerar a Ciência como a única capaz de apresentar benefícios práticos e alcançar conhecimento seguro e confiável. Uma postura muito deferente em relação a ciência, enquanto depreciativa em relação as outras formas de compreensão humana da realidade.
[...]

Se alguém puder demonstrar para mim que a religião e a filosofia metafísica podem explicar melhor a Natureza (que é a "realidade") eu mudarei a minha avaliação sobre a "utilidade" de tais conhecimentos como ferramentas.

Até lá...
O problema é que a compreensão da realidade ai se refere a mais do que simplesmente o estudo da natureza, mas inclui também o estudo da política, da moral, da ética, da estética e etc. Neste caso um cientificista seria aquele que consideraria a ciência como superior a todas as outras formas de compreensão humana, em todas estas áreas.



Então complicou, porque eu considero que para essas   áreas a filosofia é que deve ser aplicada, apesar de que a ciência também pode contribuir.
Então já não sou tão cientificista como pensava...

.
« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 20:47:24 por JJ »

Offline JJ

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #147 Online: 10 de Junho de 2014, 20:52:11 »
Acho que o Sképticos não está buscando o significado preciso dos termos em discussão. Deveria redefinir tudo mergulhando etimologicamente nas raízes grega e latina dos termos. Sugiro a montagem de um pequeno dicionário que pudesse mostrar também o entendimento dos significados ao longo do tempo, estabelecendo um time-line filosófico. Talvez seja necessário publicar essa pesquisa em latim ou alemão para eliminar as armadilhas do duplo sentido da nossa língua.

Brilhante!

E o próximo passo seria mudar o nome do fórum para "Amigos (Cientificistas ou quase) do JJ". Aí sim, passam a ter validade semântica, real, histórica e genuína as atividades aqui estabelecidas.


  |(   ...   :P
« Última modificação: 10 de Junho de 2014, 20:54:44 por JJ »

Offline Luiz F.

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #148 Online: 10 de Junho de 2014, 21:11:54 »
Porque a partir do momento em que se nega/rejeita algo, o ônus da prova se direciona a você, sendo necessário demonstrar a veracidade da sua negação/rejeição para que ela seja considerada válida. Quando um Ateu diz: "Deus não existe" ele emite uma afirmação negativa, e cabe a ele prova-la. Agora, quando um cético afirma não conhecer evidências empíricas sobre a existência de Deus, cabe ao teísta que defenda a existência de Deus apresenta-las.

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Só por curiosidade, como se prova a inexistência de alguma coisa?
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Offline Entropia

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #149 Online: 10 de Junho de 2014, 22:15:02 »
Porque a partir do momento em que se nega/rejeita algo, o ônus da prova se direciona a você, sendo necessário demonstrar a veracidade da sua negação/rejeição para que ela seja considerada válida. Quando um Ateu diz: "Deus não existe" ele emite uma afirmação negativa, e cabe a ele prova-la. Agora, quando um cético afirma não conhecer evidências empíricas sobre a existência de Deus, cabe ao teísta que defenda a existência de Deus apresenta-las.

Abraços!



Só por curiosidade, como se prova a inexistência de alguma coisa?

Basta que tenha alguma inconsistência lógica (uma contradicão, por exemplo), ou seja algo físicamente impossível.

 

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