Essa profunda identificação com o termo se deve ao seu usual significado atual que se distancia do significado original. Quando alguém se diz cético, atualmente, no quotidiano, na mídia, de forma geral, já não se trata do sujeito que duvida até da própria existência, mas de um sujeito do seu tempo, apoiado no avanço do conhecimento, desde que o termo foi cunhado, talvez não menos filosófico, mas mais científico.
Apoiado no avanço de que conhecimento? Pois ele esta espalhado por vários campos, da religião a ciência.
Além disso o sentido usual atualmente não é o daquele que esta apoiado no avanço do conhecimento (Pois isso é muito vago), e sim, na postura de negação/rejeição de qualquer opinião não-cientifica e/ou cientificamente nova, que ainda careça de comprovação, e/ou que contraste com a opinião cientifica vigente/dominante. Como melhor demonstrado por Marcello Truzzi no texto postado por mim acima: "[O uso do termo "cético" vem erroneamente sendo] usado para se referir a todos os críticos de alegações sobre anomalias, [que se posicionam negativamente em relação a tais alegações.] [...] Uma vez que "ceticismo" corretamente se refere à dúvida em lugar da negação — não-crença em lugar de crença — críticos que tomam a posição negativa em lugar da agnóstica, mas ainda se chamam "céticos", são de fato pseudo-céticos e têm, creio eu, ganhado uma falsa vantagem usurpando esse rótulo." (Cf. Marcello Truzzi, Sobre o Pseudo-ceticismo, publicado no The Zetetic Scholar, #12-13, 1987)
Do conhecimento científico. Assim como o termo "conhecimento" é atualmente empregado para se referir ao conhecimento científico
Isso porque você esta reduzido ao que se discute no meio cientifico, porque na filosofia e na religião o termo "conhecimento" ainda é muito empregado.
Não estou, não. Desde de Platão, pelo menos, que a definição de "conhecimento" diz que se trata de crença verdadeira e justificada. Ou, atualmente, informação sobre a realidade, baseada na investigação dos fatos.
Para Platão, um idealista, a justificação de uma crença como uma verdade justificada necessariamente passava pelas vias da razão e da reflexão, mas não necessariamente deveria combinar com a impressão que temos a partir de nossos sentidos. Por isso, ainda segundo a definição do próprio Platão, o termo e conceito de conhecimento não necessariamente se restringe ao campo cientifico, principalmente pelo fato de que na época de Platão isso que hoje chamamos de conhecimento cientifico, simplesmente não existia.
A diferença fundamental do ceticismo cientifico para o ceticismo filosófico, é a de que o ceticismo científico considera a possibilidade da verdade ser alcançada, com base na investigação empírica da realidade, sendo o método cientifico o mais adequado para esta finalidade. Enquanto o ceticismo filosófico, não defende (porem não rejeita) que isto seja possível, para um cético filosófico, a dúvida permanece.
Em negrito, tudo o que precisa ser dito. A não ser que você discorde que o método científico é a melhor ferramenta de que dispomos para a investigação da realidade e pode, se quiser, dizer o porquê
Não concordo nem discordo, muito pelo contrário

Se conduz a verdade eu não sei, mas me parece sim, conduzir a resultados práticos perceptíveis e úteis. E neste ponto me parece um método extremamente eficiente, para um cético filosófico esta impressão bastaria.
está explicado porque o termo ceticismo, atualmente, está intimamente ligado ao conhecimento científico, distanciando-se do seu significado original.
O problema não é a acepção cientifica do termo. O problema é que o uso atual se distancia tanto de um (ceticismo filosófico) quanto do outro (ceticismo cientifico), a partir do momento onde críticos de anomalia se posicionam negativamente em relação a elas, negando e as rejeitando, se auto intitulando céticos por assim agirem, enquanto na verdade estão a apresentar um pseudo-ceticismo, na medida que um cético (verdadeiro) ao criticar uma alegação anômala e carente de evidências, o faz de forma neutra, e não, negativa.
Abraços!
Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?
acatador - adj.s.m. que ou o que acata; respeitador, cumpridor, venerador ¤ etim rad. do part. acatado + -or ¤ sin/var ver antonímia de malcriado ¤ ant ver sinonímia de malcriado. (Hoiaiss, v. 3.0)
Segundo a definição de acatador do dicionário Houaiss, fixada acima, me parece que sim, do ponto de vista pragmático, o cético poderia ser um acatador de definições sim, pois isso me parece que facilitaria a sua convivência em sociedade, visto que um de seus princípios é conviver conforme (pragmaticamente) as normas sociais estabelecidas, com o objetivo de facilitar a sua convivência com os demais.
Isso, no entanto, não impede que ele vez ou outra contraponha opiniões opostas e igualmente convincentes a opiniões vigentes e estabelecidas, desde que isso não pareça passível de trazer prejuízos evidentes para o seu conviver.
Abraços!
Skeptikós, meu caro, se um cético for um cético na acepção da palavra de acordo com algumas das definições que você cita, ele por definição, poderia ser um acatador de definições?
Pergunto também: há a possibilidade real desse cético original existir?
Acho que a pergunta do sergio não se referia a isso. Mas se há ou não há, eu não sei. Agora, me parece que muitos pensadores demonstram posições céticas atualmente, seja ao contestar uma afirmação anômala mantendo-se neutro, ou seja, sem no entanto rejeita-la e/ou nega-la. Seja contradizendo opiniões ao contrapor à elas, opiniões contrárias igualmente convincentes, levando a anulação de ambas. Ou seja, muitos pensadores atuais me parecem demonstrarem características céticas esporadicamente, agora, se ele é cético o tempo todo, ai eu já não sei.
Abraços!
A minha intenção e a do Jhonny Cash remetem ao mesmo questionamento. Um cético, por definição, não poderia ficar restrito a definições pré estabelecidas de suas próprias prerrogativas.
Um cético se compromete a se comportar segundo normas fixadas, para fins pragmáticos de boa convivência, isso não quer dizer no entanto, que ele esteja restrito e/ou preso aquela forma de pensar, muito pelo contrário.
