Autor Tópico: Se diz cético, mas . . .  (Lida 15334 vezes)

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Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #75 Online: 10 de Março de 2014, 18:59:26 »
A primeira tentativa formal de definição de uma postura ateísta partiu de Platão, ele definia o ateísmo de duas maneiras possíveis. Primeiro, o ateu é aquele que nega a existência dos deuses. Segundo, o ateu é aquele que reconhece a existência dos deuses, mas rejeita a ideia de que eles influenciem nossas vidas.
Aí, já não nos (a nós, que primamos pelo rigor na linguagem -- estamos juntos nessa, meu jovem!) interessa mais, uma vez que começam as firulas deturpantes até do signo -- já aparece ateísmo, além de ateu; são coisas diferentes. Que Platão se   ...'Platoda'!
"-ismo", do grego "-ismós" significa neste caso ideologia. O ateísmo tomado como uma posição racional. E o ateu como o individuo que toma tal posição, não existe por isso nenhuma deturpação do termo.

O termo então passou por algumas mudanças de interpretação durante os tempos, na Europa medieval era utilizado exclusivamente para indicar aqueles que de culturas diferentes, que mesmo que acreditassem em algum deus ou deuses, negavam a existência do deus abraâmico (o deus das religiões judaico-cristãs, islamitas e etc.).
E lá vai lavagem de porcos 'de tetrinhas'...
Os Europeus medievais usavam o termo de forma limitada, mas ainda assim ele significava algo comum aos gregos, a negação e/ou rejeição de deus, mesmo que se referindo a um deus especifico apenas.

Com a chegada da globalização, o termo ganho a definição universal de indicar a postura de todo aquele que negue a existência de deuses no geral e não aquele que negue a existência de um deus mas acredite em outros.
Grande salto...   Com a globalização?...  Você fez um bom estudo mesmo disso, certo?...  Para mim, tanto faz...  Não tô nem aí para isso.
Alguns dicionários de filosofia ou enciclopédia, ou mesmo qualquer livro (bom) que conte a história do ateísmo pode lhe levar a estes mesmos pontos.

O que podemos notar em todas estas definições durante a história é o seguinte padrão; a negação da existência de deuses, logo a definição padrão de ateísmo seria simplesmente a postura daquele que nega a existência de deuses.
Não! De onde isso?! Na raiz o que havia era a *exclusão* de deuses num pobre diabo qualquer que desagradava, **como você expôs ali**; e ele era réprobo justamente por que deuses existiriam e ele seria um desprovido dos mesmos. Ou você adere à deturpação, ou à exatidão original. Pelo que diz mais abaixo (e mais acima), prima pelo rigor da origem (assim como eu!), ou vai mesmo se contradizer sem se corrigir? Se for por aí, tô dentro que é engraçado como você inventando toda conversa mole que pode para não responder àquela simples perguntinha.
Rejeitavam ou negavam a existência dos deuses, essa foi a acusação que sofrera Sócrates e Protágoras. O desagrado era motivo de encaixar tal definição pois não havia crime mais grave do que negar a existência dos Deuses, e a punição que acabaria com o desagrado a intenção. Porém ateísmo significava negar e/ou rejeitar a existência dos deuses. O individuo podia não ter feito tal negação, mas a acusação significava que ele a havia feito. Corrupção e injustiças já existiam mesmo no berço da civilização meu caro.

Um exemplo atual, só porque o acuso de assassinato para me livrar de você, sendo que de fato tu não o cometeu, mas apenas vem a me desagradar ultimamente, não muda o fato de que assassinato significa semanticamente assassinato. Apenas minha intenção, a causa dela e o resultado que espero alcançar com tal acusação significam outra coisa, desagrado é a causa, punição é a intenção e o o fim do desagrado o resultado esperado. Mas "assassinato" do qual você é acusado significa que você está sendo acusado de ter matado alguém, é isso que uma acusação de assassinato significa, assim como ateísmo significa negar/rejeitar a existência de deus(es), independentemente da intenção por trás de proferir tal palavra.

Por isso para ser classificado como ateu é necessário que a pessoa  ao menos  negue a existência deus(es), e este é o critério necessário para que uma pessoa seja classificada como ateu. Caso ela não nege a existência de deus(es) seria simplesmente uma contradição classifica-la como ateu.
Vou te dar a chance de se corrigir em tua contradição.
Posso corrigir a palavra "negue" que fora escrita errada.

Eu não vejo onde tenha havido contradição na minha definição da palavra "ateu".

Evidentemente parece claro é que Sócrates e Protágoras foram acusados e punidos injustamente, (Voltaire mesmo deixa isso evidente em seu dicionário filosófico na definição do termo ateu) pois eles não se enquadravam na acusação de ateísmo de que foram acusados. Mas aqui não esta em causa se a justiça foi feita naquela ocasião, e sim o valor semântico, o significado literal da palavra "ateu", que fica muito claramente explicitado como aquele que nega/rejeita a existência de deus(es).

As palavras são criadas significando coisas bem especificas, e se elas não forem usadas carretamento para indicar aquela especificidade para qual ela foi criada, então não faz sentido usa-las,
Concordo em gênero, número, grau, dimensão décima quinta, vetor de milésima ordem e matriz de 50 dimensões!

Você, então, acabou de apresentar belo arrazoado demonstrando que não faz sentido usar, já que esse sentido foi totalmente corrompido ao longo do tempo.
Realmente houve algumas mudanças, é o que a história parece nos mostrar.

Mas uma coisa continua imutável, a atitude de negar/rejeitar esta presente em todas as definições durante a história.

Quanto ao fato da distorção original das palavras pelo o uso comum, o eliminismo talvez seja uma opção ao menos para o uso de algumas palavras em contextos formais de debate. O eliminismo prega pela eliminação de palavras de uso comum as substituindo por palavras de uso técnico, oriundas da área de estudo do objeto por ela tratado.

Porém isso se mostra inviável no nosso dia a dia, onde a maioria das pessoas desconhecem tais palavras. E a insistência em usa-las ao invés de facilitar o entendimento da comunicação provavelmente surtiria efeito contrário, de dificultar a comunicação.

Mas aquilo para que atento aqui, sobre o uso da palavra ateísmo é que ela já vem sofrendo algumas modificações durante o tempo, e pelo menos um significado padrão parece ter sobrevivido, que é o de significar a atitude de negar/rejeitar os deu(es). E se ao menos este significado pode ser salvo mantendo sua ligação com as raízes da palavra, pessoas inteligentes que conhecem tal significado deveriam se preocupar em defende-lo, corrigindo aqueles que vem utilizando dela de maneira a deturpar tal significado.

E um dos objetivos disso é manter um padrão para o significado de algumas palavras, o que com objetivo maior visa uma comunicação mais eficiente.

ou devemos agora chamar de água todo líquido, do ferro derretido ao ácido sulfúrico, evidentemente não fazemos isso pois tal atitude traria resultados indesejados, e nossa capacidade de comunicação e linguagem estaria ameaçada, mais do que isso nossa civilização e conhecimento como conhecemos hoje estaria ameaçados e é por isso que existem padrões e critérios para os significados das palavras.
Não precisa insistir tanto. Concordo com você! Aparentemente até...   mais que você mesmo!  hahahahahaha... Vai na tranquilidade que você se centra.
Que bom, parece que estamos neste ponto em perfeito acordo.

Ou já não basta ter negado que não existe critério e padrão na ciência
Não neguei; não existe. Essa miragem (alucinação, de fato) só aparece da perspectiva de máquinas filosofosas. Não existe realmente no objeto.
Ok, maquinas humanas criaram o conceito ciência, e ele provavelmente deve respeitar alguns critérios para poder ser usado corretamente para se referir a uma fonte de produção de conhecimento especifico não?

Ou estaria de acordo com a norma chamar a produção de conhecimento esotérico como as filosofias da new age de representantes legitimas da ciência.

Se algo as impede de serem classificadas como ciência algum critério seletivo deve operar neste processo.

e agora você agora vai negar também que na linguagem não existem critérios e padrões estabelecidos?
Nem eu nem, espero, você, depois de me apresentar uma tão boa defesa do que eu digo, pelo que não posso cançar de te agradecer pelo gol contra ti mesmo! hahahahahahaha...
Não vejo gol contra algum.

Frege, Russel e Wittgeinstein se revirariam no tumulo se ouvissem você dizer isso, pelo menos Chomsky ainda esta vivo e pode fazer mais do que se revirar onde quer que esteja para nos defender de interpretações tão absurdas sobre a linguagem.
Esses são seus defensores, então? Seus líderes? Conceituais, mentais, racionais? Sou obrigado a tomá-los como meus também? Santo proteus! Eu ficaria...  assim...   igual a você, caso eu os adotasse como meus ídolos?!!! E quem me protegeria disso?!!!
Já disse que não tenho ídolos, mas uso alguns nomes em alguns momentos para realizar citações e em outros por pura diversão, como agora.

Oh!  hahahaha...    De que poderia me interessar o julgamento que esses fariam de mim, ou seus fantásticos movimentos post mortem?
Bom, são estudantes da linguagem, provavelmente discordariam de você, isso não torna você errado, torna-o apenas em desacordo com os principais nomes que estudaram ou estudam a linguagem e a linguística.

Por mim, que esse pessoal todo aí e os julgamentos deles se lasquem todos, meu jovem. Já bastam os crentes "tradicionais" citanto profetas e versículos para mim.
Como disse os citei apenas como uma diversão, uma alusão ao fato de aqueles que se dedicaram tanto ao estudo da linguagem e da linguística terem os seus fundamentos desafiados de forma tão pobre como aqui aconteceu.


Com o cético a mesma coisa acontece. E a doutrina se fundamenta na adoção de três princípios fundamentais; O da antilogia, que consiste na oposição entre argumentos equipolentes que formem uma contradição aparente de idéias, resumida na fórmula geral: a todo argumento se opõe outro de igual força, o que leva a epoché, a suspensão do juízo por simples incapacidade de adotar qualquer um dos pontos de vista conflitantes, já que eles se anulam entre si, e que por fim leva a ataraxia, completa ausência de pertubações mentais.

O cético por tanto examina e investiga vários pontos de vista, sem no entanto aderir a qualquer um deles. O cético em essência nada aceita e nada rejeita, mas tudo observa, examina e dúvida onde por fim suspende o juízo, o que o leva a alcançar assim a completa ausência de pertubações mentais.
Pelo visto, você tem lido bastante coisa a respeito. Você acredita fervorosamente que lendo bastante a respeito aprenderá (ou já aprendeu...) a/(ou só)como ser cético? Eu, particularmente, não creio nisso...
Não sei.
Sim, então...  crê que não sabe...
Não saber implica em ausência de opinião formada capaz de levar a uma conclusão sobre o assunto. Não tenho certeza se não sei, continuo sem saber.  :?

...Não sabe se crê fervorosamente que aprende(-se) assim ou se crê fervorosamente que não aprende(-se) assim? Não ficou claro o que "não sabe".
Continuo sem saber, e não me envergonho disso, pois como diz a minha assinatura; "E antes que saber, duvidar me agrada".

Pelo que você tem dito, sua crença em que aprende-se assim está exposta por toda parte. Minha óbvia conclusão é que você não sabe que crê piamente nisso. Certo?
Não se se pode se chamar de crença. Além disso não me lembro de ter dito uma maneira de como se aprender algo corretamente.

Só espero que pelo menos nisso você não creia também: que dizer não sei em todos os embarassos vai te dar via de fuga salvadora.
Não sei, e não é uma fuga, eu realmente não sei   :?
(E a "prova" que tenho de que não seria uma fuga é...   sua palavra?! O problema é que ela está conflitando demais muito muito muito muito com suas...   palavras!  hahahahahaha)

Não sabe que não sabe? Não sabe O que não sabe? Não sabe o que disse?

Tudo bem, parece desorientação simples, embora possivelmente insolúvel mas eu sei bem e posso te dizer: você crê piamente nessa doutrina filosófica e a prega aqui o tempo todo
Eu não a preguei, eu as descrevi, assim como um livro de história descreve acontecimentos como se imagina que eles aconteceram, sem prega-los como certos, mas como se pensa que eles tenham ocorrido. Assim eu descrevo aqui como a doutrina cética me parece ter sido descrita pelos grandes pensadores que aparentam terem a formulado.

pela decretação de que são as normas para o ceticismo. Não são? Você nega o que afirmou todo o tempo?
Não sei se decretar é a palavra mais adequada, mas não nego que tenha descrito algumas normas que são necessárias serem respeitadas para que uma pessoa se enquadre como cética de acordo com a definição de "cético" segundo as fontes que citei. Mas dito antes, eu descrevo aqui algo que me parece representar o que o ceticismo é, cito fontes que podem ser confrontadas. Não estou pregando ceticismo, nem defendendo uma postura minha, mas apenas descrevendo a doutrina cética como interpretada por mim em meus estudos sobre ela.

Essa é muito fácil também.

Se algo não esta em conformidade com os métodos de validação cientifica, e ainda assim é chamado de ciência por seu defensor, este é chamado de pseudocientista, e sua defesa de pseudociência.

E do mesmo modo, se alguém se diz cético, mas sua atitude não esta em conformidade com a doutrina cética, este é chamado de pseudocético, e sua defesa de pseudoceticismo.

Não concordam comigo?
Eu não. Fazemos juízos opostos sobre tal questão...
Me parece que sim. Então lancemos uma opinião de um terceiro e deixemos que os outros que a lerem tirem suas próprias impressões.
Eu tenho certeza de que não te parece assim. Então, você tem certeza de que assim te parece...  Acho que entendi. Vejo que fazemos juízos opostos de tudo...

Não estou interessado em ainda mais juízos que os nossos dois opostos. Esses nossos juízos opostos já são mais que suficientes para mim. Você acredita que não são?
Não sei, por isso lancei mais um, quem sabe depois disso não cheguemos numa conclusão, veremos:
(não estou mais perguntando se crê em nossos juízos opostos apenas; agora a pergunta foi se crê que outros mais são necessários, consegue captar? -- toma um inibidor de sono recomendado por médico)
Você disse que são necessários para você, isso eu não sei, pois nem sempre aquilo que queremos é aquilo que necessitamos.

Quanto a mim, não tenho certeza se algo mais é necessário, até agora não chegamos a um acordo, se o objetivo é o acordo, talvez seja pontos de vistas de terceiros possam ajudar, já que até o momento com nossos próprios não chegamos a nenhum acordo. mas se for desnecessário, incluí-lo não me parece ser capaz de fazer mal algum.


Obs: A outra parte de sua defesa responderei depois, estou sem tempo para fazer isso agora. Acompanhar o raciocínio dos argumentos neste debate esta bastante complicado agora, devido ao tamanho astronômico que chegou a soma dos argumentos que compõem o debate, esta tomando muito tempo que poderia estar sendo gasto em atividades mais produtivas. O que acha de encerrarmos por aqui?
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Jurubeba

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #76 Online: 10 de Março de 2014, 21:47:40 »
Esse tópico consegue ficar mais chato?  :facada: :demente:

Offline Johnny Cash

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #77 Online: 11 de Março de 2014, 07:42:48 »
Não sabe que não sabe? Não sabe O que não sabe? Não sabe o que disse?

Tudo bem, parece desorientação simples, embora possivelmente insolúvel mas eu sei bem e posso te dizer: você crê piamente nessa doutrina filosófica e a prega aqui o tempo todo
Eu não a preguei, eu as descrevi, assim como um livro de história descreve acontecimentos como se imagina que eles aconteceram, sem prega-los como certos, mas como se pensa que eles tenham ocorrido. Assim eu descrevo aqui como a doutrina cética me parece ter sido descrita pelos grandes pensadores que aparentam terem a formulado.

Livros de história agora não passam de imaginação?

 :histeria:

Offline Fabrício

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #78 Online: 11 de Março de 2014, 09:43:40 »
Esse tópico consegue ficar mais chato?  :facada: :demente:

Alguém ainda está lendo?  :o
"Deus prefere os ateus"

Offline AlienígenA

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #79 Online: 11 de Março de 2014, 10:06:28 »
Não sejam maldosos. Deixem os colegas debaterem sossegados. Eles estão felizes.  :)

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #80 Online: 11 de Março de 2014, 12:22:21 »
Não sabe que não sabe? Não sabe O que não sabe? Não sabe o que disse?

Tudo bem, parece desorientação simples, embora possivelmente insolúvel mas eu sei bem e posso te dizer: você crê piamente nessa doutrina filosófica e a prega aqui o tempo todo
Eu não a preguei, eu as descrevi, assim como um livro de história descreve acontecimentos como se imagina que eles aconteceram, sem prega-los como certos, mas como se pensa que eles tenham ocorrido. Assim eu descrevo aqui como a doutrina cética me parece ter sido descrita pelos grandes pensadores que aparentam terem a formulado.

Livros de história agora não passam de imaginação?

 :histeria:
Não se tem certeza se Sócrates realmente existiu de fato ou se fora apenas um personagem criado por Platão. A maioria dos especialistas acreditam que ele realmente tenha existido e que não fosse apenas um personagem de Platão, e esta é a história relatada nos livros. Como se pensa que foi, mas sem a certeza de que assim tenha ocorrido.

A história é contada por indivíduos a partir de seus pontos de vista.

Pontos de vistas diferentes contam histórias diferentes, e história que ocorreu no passado não podem serem reproduzidas agora como num teste de laboratório para avaliar se aconteceram de fato. É preciso confiar nos relatos de quem a registrou, por isso não se pode chamar de fato aquilo que no passado foi registrado como história que lemos hoje, não se tem certeza do ocorrido, se pensa que ele tenha acontecido da maneira como fora registrado, mas certeza absoluta parece não se poder ter.

É disso que falo.

A história no caso não passa de interpretação dos fatos.
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Offline DDV

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #81 Online: 11 de Março de 2014, 13:52:22 »

Além disso o cético filosófico pode ser cientista sem necessariamente afirmar que suas teorias representam a realidade ou verdades factuais, mesmo quando essas são corroboradas por evidências empíricas, o que o tornaria dogmático no sentido original da palavra. Pode-se ainda nesta situação se manter cético mesmo se utilizando da utilidade prática da ciência, basta por exemplo trocar a perspectiva de realismo cientifico normalmente adotada pelos cientistas dogmáticos sobre as proposições da ciência, para uma perspectiva de instrumentalismo, como idealizada por John Dewey e muito bem demonstrada por Popper em Realismo Científico e Instrumentalismo por Karl Popper, num trecho do seu famoso livro A Lógica da Pesquisa Científica.

Não estou participando da discussão, queria só deixar a informação de que o Karl Popper era adepto do realismo cientifico e não do instrumentalismo.
Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline DDV

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #82 Online: 11 de Março de 2014, 14:00:59 »
Citação de: Skeptikós
O cético pirrônico não considera a verdade inalcançável, ele continua a investigar e busca-la sem no entanto reconhecer em algum momento já ter a encontrado. Aqueles que consideram a verdade inalcançável são os acadêmicos, e os que consideram ter encontrado alguma verdade, os dogmáticos.

Só pra avisar: não estamos na Atenas do século V a.C.   :hihi:
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Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #83 Online: 11 de Março de 2014, 14:14:25 »

Além disso o cético filosófico pode ser cientista sem necessariamente afirmar que suas teorias representam a realidade ou verdades factuais, mesmo quando essas são corroboradas por evidências empíricas, o que o tornaria dogmático no sentido original da palavra. Pode-se ainda nesta situação se manter cético mesmo se utilizando da utilidade prática da ciência, basta por exemplo trocar a perspectiva de realismo cientifico normalmente adotada pelos cientistas dogmáticos sobre as proposições da ciência, para uma perspectiva de instrumentalismo, como idealizada por John Dewey e muito bem demonstrada por Popper em Realismo Científico e Instrumentalismo por Karl Popper, num trecho do seu famoso livro A Lógica da Pesquisa Científica.

Não estou participando da discussão, queria só deixar a informação de que o Karl Popper era adepto do realismo cientifico e não do instrumentalismo.
Obrigado pela observação, talvez algumas pessoas realmente tenham chegado a esta interpretação, apesar de o texto em questão não faze alusão alguma a qual sistema de pensamento Popper é adepto.

Ele apenas diz que Popper faz uma boa demonstração de como o instrumentalismo realiza uma oposição ao realismo interpretando as teorias cientificas não como representantes fieis da realidade por elas descrita, mas sim como apenas instrumento de ação e aplicação de tai ideias, visando apenas os resultados práticos capazes de serem previstos ou alcançados por elas, e que tal ideia fora proposta por John Dewey e jamais pelo próprio Popper ou mesmo que ele seja um instrumentalista.

Abraços!
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Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #84 Online: 11 de Março de 2014, 14:16:49 »
Citação de: Skeptikós
O cético pirrônico não considera a verdade inalcançável, ele continua a investigar e busca-la sem no entanto reconhecer em algum momento já ter a encontrado. Aqueles que consideram a verdade inalcançável são os acadêmicos, e os que consideram ter encontrado alguma verdade, os dogmáticos.

Só pra avisar: não estamos na Atenas do século V a.C.   :hihi:
Parece que não.

Mas também não estamos mais na época de Pitágoras, porém ainda assim seu pensamento forma a base de boa parte da matemática, ou estou errado?
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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #85 Online: 11 de Março de 2014, 14:18:16 »
Não estamos mais na época de Newton também, mas porque será que ainda nos baseamos em suas leis para interpretar o mundo e realizar inferências?
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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #86 Online: 11 de Março de 2014, 14:21:52 »
As descrições dos pirrônicos continuam válidas para classificar os pensadores, é muito simples por sinal, e muito útil para entender sobre como a pessoa interpreta a possibilidade da verdade.

Acadêmicos a consideram inalcançável.
Dogmáticos acreditam já terem a alcançado.
E Céticos continuam a investigar, sem negar que ela seja inalcançável e sem atestar já ter a encontrado.

Simples assim, e apesar de ter sido proposto na Grécia antiga, ainda se apresenta como uma forma útil e atual de classificação das posições racionais sobre a possibilidade da verdade.
« Última modificação: 11 de Março de 2014, 15:39:11 por Skeptikós »
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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #87 Online: 11 de Março de 2014, 14:28:31 »
Citação de: Skeptikós
O cético pirrônico não considera a verdade inalcançável, ele continua a investigar e busca-la sem no entanto reconhecer em algum momento já ter a encontrado. Aqueles que consideram a verdade inalcançável são os acadêmicos, e os que consideram ter encontrado alguma verdade, os dogmáticos.

Só pra avisar: não estamos na Atenas do século V a.C.   :hihi:
Parece que não.

Mas também não estamos mais na época de Pitágoras, porém ainda assim seu pensamento forma a base de boa parte da matemática, ou estou errado?

É que nesse trecho específico que eu citei, a impressão é que você está tentado enquadrar as pessoas e pensamentos de hoje nas únicas categorias (re)conhecidas pelos gregos clássicos, aparentemente esquecendo-se que nesses últimos 2400 anos MUITA coisa foi criada ou mudada em todos os ramos da razão humana, seja filosofia, lógica, ética, ciência, etc.

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« Resposta #88 Online: 11 de Março de 2014, 14:41:40 »

Acadêmicos a consideram inalcançável.
Dogmáticos acreditam já terem a alcançado.
E Céticos continuam a investigar nem negar que ela seja inalcançável e sem atestar já ter a encontrado.


Vou dizer o que EU penso sobre essa questão e aí você me diz em que categoria eu fico, beleza?



Acredito que a verdade EXISTE. Considero a verdade a "correspondência entre um enunciado e a realidade", ou seja, sou "realista".

Acredito que em algumas (na verdade muitas) situações, é possível sim chegar a uma verdade que pode ser, para todos os efeitos, considerada "final", quando o enunciado faz afirmações limitadas no tempo e espaço que podem ser passíveis de verificação. Ex: "meu notebook é cor de prata".

Acredito que em enunciados universais, que fazem afirmações não limitadas no tempo e espaço, não é possível SABER se chegamos à verdade ou não (note que isso é diferente de dizer que nunca chegaremos à verdade ou que a verdade em si não existe), mas ainda assim podemos saber se o enunciado é falso. A maioria das teorias científicas se enquadra nesse tipo*.


*A exceção são os ramos da ciências que lidam mais com enunciados existenciais (Ex: existiu X), como a história. Nesse caso, não é possível o falseamento, apenas a verificação.



E aí? Em qual categoria eu me enquadro?  :hihi:
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« Resposta #89 Online: 11 de Março de 2014, 15:44:11 »
Nos casos onde você considera ter chegado a uma verdade final sobre o objeto de estudo, você se enquadra como dogmático.

Considerar um enunciado como falso é uma atitude dogmática, uma verdade ao inverso, como por exemplo os ateístas que consideram falso o enunciado de que existe um deus. Neste momento, onde a dúvida é trocada pela certeza, seja de negação ou aceitação de um enunciado como verdadeiro, deixa-se de ser cético e passa a ser dogmático.

Por tanto nestes casos (supondo que você também seja ateu) você me parece se enquadrar como um dogmático.

« Última modificação: 11 de Março de 2014, 15:46:24 por Skeptikós »
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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #90 Online: 12 de Março de 2014, 20:13:55 »
Não sabe que não sabe? Não sabe O que não sabe? Não sabe o que disse?

Tudo bem, parece desorientação simples, embora possivelmente insolúvel mas eu sei bem e posso te dizer: você crê piamente nessa doutrina filosófica e a prega aqui o tempo todo
Eu não a preguei, eu as descrevi, assim como um livro de história descreve acontecimentos como se imagina que eles aconteceram, sem prega-los como certos, mas como se pensa que eles tenham ocorrido. Assim eu descrevo aqui como a doutrina cética me parece ter sido descrita pelos grandes pensadores que aparentam terem a formulado.

Livros de história agora não passam de imaginação?

 :histeria:
Não se tem certeza se Sócrates realmente existiu de fato ou se fora apenas um personagem criado por Platão. A maioria dos especialistas acreditam que ele realmente tenha existido e que não fosse apenas um personagem de Platão, e esta é a história relatada nos livros. Como se pensa que foi, mas sem a certeza de que assim tenha ocorrido.

A história é contada por indivíduos a partir de seus pontos de vista.

Pontos de vistas diferentes contam histórias diferentes, e história que ocorreu no passado não podem serem reproduzidas agora como num teste de laboratório para avaliar se aconteceram de fato. É preciso confiar nos relatos de quem a registrou, por isso não se pode chamar de fato aquilo que no passado foi registrado como história que lemos hoje, não se tem certeza do ocorrido, se pensa que ele tenha acontecido da maneira como fora registrado, mas certeza absoluta parece não se poder ter.

É disso que falo.

A história no caso não passa de interpretação dos fatos.

Pra mim tá claro. Você escreveu aqui que a história descreve acontecimentos como se imagina que aconteceram.
Pode trazer um cético graduado em ceticismo profissional aqui que ele também lerá a mesma coisa.

Não sei quais livros você andou lendo, mas se n'algum livro há que "evidências mostram que Bonifácio registrou imóvel nesse cartório, da cidade de Ouro Preto, em 12 de abril de 1934. Anexo o registro com data no cartório e retrato do Sr. Bonifácio feito pelo escrivão que, por hobby, também era pintor". Do ponto de vista prático não há muita imaginação aí.

Se em outro há "aí jesus andou sobre a água e o povo chorou". Ok, somente o pensamento e a versão do escritor foram consideradas, e esse já toca mais sobre sua versão.

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #91 Online: 13 de Março de 2014, 00:22:41 »
Compreendo seu ponto de vista, mas no exemplo em que você nos deu pode ter havido uma fraude, um erro na digitação do documento e diversos outros fatores que invalidariam a veracidade das informações atestadas no documento em questão. E como ela ocorreu no passado, e já que não dispomos de nenhuma tecnologia de viagem no tempo (pelo menos não conheço nenhuma), não poderemos confrontar empiricamente a veracidade das informações atestadas no documento em questão.

Sobre o uso da palavra imaginação, eu a usei com o sentido de projetar um ocorrido do passado com base em informações de fatos não verificáveis, ou incapazes de serem reproduzidos novamente, por tanto só podem ser imaginados de acordo com as informações atestadas, mas se você ficou tão incomodado por tal uso, é simples mudar isso, troque-a para algo como "pensa-se/acredita-se/supomos que assim tenha acontecido, com base nas informações documentadas de que dispomos".

Acredito que assim estaria de seu agrado.

Abraços!
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Offline ReVo

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #92 Online: 14 de Março de 2014, 02:26:59 »
"- Você é cético?
 - Sim. Não. (Antilogia)
 - Ah?
 - Não sei. (Epoché)
 - Como?
 - Relaxei. (Ataxaria) Obrigado. Meu objetivo é agradá-lo. O que você quer ouvir? ("...mas age somente de forma pragmática com base naquelas ideais que parecem eliciar os resultados esperados.")"
 
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Offline ReVo

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #93 Online: 14 de Março de 2014, 02:44:24 »
Skeptikós,
Obrigado pelas informações sobre a escola filosófica.
Se o seu questionamento é: Se existe "neste fórum alguém que se diga cético e que atenda aos pré-requisitos intelectuais e doutrinários necessários para ser classificado como um cético no sentido original da palavra?"
A resposta pode ser: Talvez não exista aqui ninguém cético no sentido original da palavra.
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Ou seja, aqui estão pessoas que acreditam estar abertas a questionamentos sobre as suas crenças e verdades e sobre as crenças e verdades dos outros e, aparentemente, a maioria se guia pela bússola do método científico.
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Offline Gigaview

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #94 Online: 14 de Março de 2014, 17:06:59 »
Skeptikós,
Obrigado pelas informações sobre a escola filosófica.
Se o seu questionamento é: Se existe "neste fórum alguém que se diga cético e que atenda aos pré-requisitos intelectuais e doutrinários necessários para ser classificado como um cético no sentido original da palavra?"
A resposta pode ser: Talvez não exista aqui ninguém cético no sentido original da palavra.
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Ou seja, aqui estão pessoas que acreditam estar abertas a questionamentos sobre as suas crenças e verdades e sobre as crenças e verdades dos outros e, aparentemente, a maioria se guia pela bússola do método científico.
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Isso...muito bom.
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Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #95 Online: 17 de Março de 2014, 20:33:44 »
Skeptikós,
Obrigado pelas informações sobre a escola filosófica.
De nada.

Se o seu questionamento é: Se existe "neste fórum alguém que se diga cético e que atenda aos pré-requisitos intelectuais e doutrinários necessários para ser classificado como um cético no sentido original da palavra?"
A resposta pode ser: Talvez não exista aqui ninguém cético no sentido original da palavra.
Me pareceu uma boa resposta.

Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Ou seja, aqui estão pessoas que acreditam estar abertas a questionamentos sobre as suas crenças e verdades e sobre as crenças e verdades dos outros e, aparentemente, a maioria se guia pela bússola do método científico.
[]'s
Algumas destas pessoas que fazem parte deste fórum parecem representam sim este perfil que você descreveu de pessoas abertas para o questionamento e a investigação de suas próprias crenças assim como estão dispostos a investigar e questionar a dos outros. E que estes de que falamos aparentemente se baseiam na metodologia de investigação cientifica vigente. Mas não estou tão certo que todos os membros aqui registrados sejam assim, alguns parecem se apegar a suas crenças de forma tão fanática quanto aos fanáticos religiosos.

Finalizando, obrigado por suas respostas.

 :)
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Offline João da Ega

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #96 Online: 18 de Março de 2014, 08:24:26 »
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Os foristas mais presentes e que mais contribuem (não é meu caso) não me parecem ter esse perfil. Quando o SnowRaptor, Angelo Melo, Dr. Manhattan criticam a apropriação indevida de termos da física, como energia, ou "cura quântica", não estão se embasando apenas em matérias superficiais da internet ou de revistas populares de ciência, em que consta o nome de alguma "autoridade", mas se baseiam no conhecimento formado a partir do estudo. ../forum/topic=17462.0.html

Do mesmo modo, qualquer um pode notar que o Gigaview estudou pra poder desconstruir  :stunned: os argumentos espiritoides (veja-se tópicos onde ele discute com o Leafar.).

Idem para a contra-argumentação da proposição da terra jovem e criacionismo feita pelo Geotecton baseada em evidências geológicas: ../forum/topic=22647.0.html

Sobre filosofia da ciência, veja o tópico que o DDV indicou (../forum/topic=25397.50.html) , principalmente os tópicos dele e os do Feynmann, e veja que não se pode generalizar sobre a tal posição cientificista dos foristas.

Negação de toda e qualquer forma de conhecimento não científica?
Citar
Ciências sociais não são consideradas ciência, a rigor, por não ser possível aplicar-lhes o método científico: Como se faz uma experiência com ciências sociais? Da mesma forma que matemática não é considerada ciência.

Mas isso não lhes tira a validade nem a aplicabilidade. É diferente de pseudo-ciência que costuma se embasar em argumentos do tipo non sequitur e em análise estatística torta.

Você nunca viu um cientista social mostrando fenômenos bizarros e dizendo que aquilo acontece por causa de coisas que só a ciência social pode explicar portanto todos devem acreditar na ciência social. Normalmente o que se faz é observar a situação, analisar relações de causa e conseqüência e propor hipóteses que trazem luz  para possíveis soluções para problemas. É bem diferente de pseudo-ciência.
../forum/topic=16356.0.html#msg329324

Me parece que o sentido subliminar do título desse tópico é: vocês usam indevidamente o adjetivo "cético". Vocês não o são. Só eu sou. (Se você estivesse incluído, o título deveria ser "nos dizemos céticos, mas...")
« Última modificação: 18 de Março de 2014, 08:27:27 por João da Ega »
"Nunca devemos admitir como causa daquilo que não compreendemos algo que entendemos menos ainda." Marquês de Sade

Offline Skeptikós

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #97 Online: 18 de Março de 2014, 17:48:46 »
Utiliza-se o termo sem traumas mais no sentido de oposição ao apego inabalável a um conjunto de crenças.
Talvez você possa falar por você mesmo, mas não sei se pode falar por todos aqui, pois o que geralmente percebo é o uso do termo/conceito ceticismo/cético não para se opor ao apego inabalável a um conjunto de crenças, mas sim como forma de representar uma posição de negação a toda e qualquer forma de conhecimento não-cientifica ou anti-cientifica. E também como forma de negação veemente das  posições racionais religiosas não-ateístas.

Não obstante isso por si só já representar uma posição dogmática e incompatível ao ceticismo, a maioria das negações ainda parecem se basearem somente no discurso de autoridades cientificas ou ateístas, sem uma investigação própria por aquele que a adota agora, da doutrina ou forma de conhecimento a qual é por ele negada como verdadeira ou por ele considerada falsa.

Os foristas mais presentes e que mais contribuem (não é meu caso) não me parecem ter esse perfil. Quando o SnowRaptor, Angelo Melo, Dr. Manhattan criticam a apropriação indevida de termos da física, como energia, ou "cura quântica", não estão se embasando apenas em matérias superficiais da internet ou de revistas populares de ciência, em que consta o nome de alguma "autoridade", mas se baseiam no conhecimento formado a partir do estudo. ../forum/topic=17462.0.html

Do mesmo modo, qualquer um pode notar que o Gigaview estudou pra poder desconstruir  :stunned: os argumentos espiritoides (veja-se tópicos onde ele discute com o Leafar.).

Idem para a contra-argumentação da proposição da terra jovem e criacionismo feita pelo Geotecton baseada em evidências geológicas: ../forum/topic=22647.0.html

Sobre filosofia da ciência, veja o tópico que o DDV indicou (../forum/topic=25397.50.html) , principalmente os tópicos dele e os do Feynmann, e veja que não se pode generalizar sobre a tal posição cientificista dos foristas.
Estou no fórum a pouco tempo e não pude acompanhar uma quantidade de postagens suficientes destes membros para realizar um julgamento mais preciso sobre eles.

O que percebi é que em geral as postagens que acompanhei estavam repletas não de dúvidas e contestações, mas de certezas que levavam a negações veementes das formas de conhecimento não cientificas. (Nota: abordo o termo ciência aqui não pelo equivalente inglês que se restringe as ciências naturais apenas, mas ao equivalente alemão por exemplo, que se aplica a toda e qualquer forma de ciência, inclusive as sociais e as humanas mas que não inclui as formas de conhecimento esotéricas, a filosofia meta-física, a religião e etc., ou seja, as formas de conhecimento exclusivamente não-cientificas geralmente negadas como conhecimento válido pelos cientificistas dogmáticos.)

Geralmente estas negações qui no fórum apresentadas, não são apresentadas com dados de estudos/pesquisas que apontem evidências que as desmentem,  mas somente pela confiança de que existe um tal estudo que a desmente e que fora provado por um especialista de tal área de estudo da ciência.

E quando o são, não é acompanhada de uma reprodução por conta própria de tal estudo pelo membro que a apresenta (Mas neste ponto até entendo,  pois tal atitude se mostraria inviável e mesmo impraticável para a maioria dos membros deste fórum, o que restaria apenas confiar mesmo, para a maioria aqui presentes, na credibilidade dos dados e critérios do estudo e daqueles que o desenvolveram).

Em todo caso eu disse "maioria", o que não implica em generalização, que somente se aplicaria caso eu tivesse usado um termo como "todo", onde desta forma sua indagação de que eu estava generalizando poderia ser aceita como válida.

Negação de toda e qualquer forma de conhecimento não científica?
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Ciências sociais não são consideradas ciência, a rigor, por não ser possível aplicar-lhes o método científico: Como se faz uma experiência com ciências sociais? Da mesma forma que matemática não é considerada ciência.
Ai dependerá do termo utilizado, do conceito e dos critérios para definir o que é ciência, isso é um trabalho para a filosofia da ciência.

Mas isso não lhes tira a validade nem a aplicabilidade. É diferente de pseudo-ciência que costuma se embasar em argumentos do tipo non sequitur e em análise estatística torta.
Mais do que isso, a pseudociência parece ser uma forma de conhecimento não-cientifica que se posa como ciência.
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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #98 Online: 18 de Março de 2014, 17:55:32 »
Me parece que o sentido subliminar do título desse tópico é: vocês usam indevidamente o adjetivo "cético". Vocês não o são. Só eu sou. (Se você estivesse incluído, o título deveria ser "nos dizemos céticos, mas...")
O sentido é de que aparentemente o termo vem sim sendo usado de maneira indevida.

Eu não pretendi passar a mensagem de que eu esteja e os outros não. Entendo a maneira como o termo é entendido pelo senso comum hoje, e quis apenas apresentar a definição que remonta a origem do termo. E mesmo apresentar algumas definições apresentadas por pensadores céticos modernos. Deixando claro o significado formal desta palavra, como é usada dentro da própria doutrina cética, que de certa forma não é compatível com a forma como o termo vem sendo geralmente utilizado pelo senso comum, que não só é incompatível com o sentido original, como também é contraditório em si mesmo.

É possível que eu mesmo a utilize erroneamente em alguns momentos, e estou aberto a críticas caso isso seja percebido.
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Offline Gigaview

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Re:Se diz cético, mas . . .
« Resposta #99 Online: 18 de Março de 2014, 18:29:16 »
Acho que esse preciosismo na caracterização do ceticismo é extremamente válido num clube que se auto denomina cético. Acho até que além do "board" administrativo, deveríamos pensar num "board" filosófico para determinar a relevância cética dos membros do clube nas discussões, situando-os numa escala espectral de matizes céticas. Uma idéia é criar rótulos coloridos para os membros que ficariam visíveis como cor de fundo dos comentários postados. Imagino que esse board de céticos verdadeiros poderia inclusive mediar discussões sob o ponto de vista cético, comentando respostas e sugerindo posturas alinhadas com o ceticismo que representa o clube. Outra idéia é criar um sistema de pontuação cética, no qual os membros ganhariam pontos pela qualidade auferida de ceticismo que poderiam ser trocados por prêmios céticos de qualidade doados pelos demais membros do clube. Céticos com maior pontuação poderiam ser convidados para debater com Inri Cristo, Mãe Diná ou Jorge de Ogum em programas do tipo Superpop, por exemplo, como exemplares do que há de melhor na casta cética do clube.
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