Autor Tópico: China  (Lida 10881 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re:China
« Resposta #75 Online: 11 de Agosto de 2018, 00:49:03 »
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Offline Sergiomgbr

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Re:China
« Resposta #76 Online: 26 de Outubro de 2018, 19:44:35 »
Depende de que critérios se utilize para considerar uma nação como uma super-potência.

Se considerarmos apenas o PIB e a força militar por exemplo, neste caso a China já uma super-potência, pois tem o segundo maior PIB do mundo, e possui uma das maiores forças militares do planeta.
Só os EUA são uma superpotência militar.

Só o EUA é uma superpotência considerando os aspectos militar, econômico, científico, tecnológico, superfície total, população total, agricultura e recursos naturais.
Fanfic.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Peter Joseph

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Re:China
« Resposta #77 Online: 26 de Outubro de 2018, 19:53:17 »
Eis do que as potências ocidentais estão se borrando de medo, principalmente EUA e Europa Ocidental, em relação a China:

Made in China 2025
https://en.wikipedia.org/wiki/Made_in_China_2025

Nova Rota da Seda
https://en.wikipedia.org/wiki/Belt_and_Road_Initiative

Por isto TANTA guerra econômica e corrida militar. Até o Japão voltou a se armar até os dentes.
« Última modificação: 26 de Outubro de 2018, 19:55:22 por Peter Joseph »
"Não é sinal de saúde estar bem adaptado a uma sociedade doente." - Krishnamurti

"O progresso é a concretização de Utopias." – Oscar Wilde
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Offline Peter Joseph

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Re:China
« Resposta #78 Online: 26 de Outubro de 2018, 20:26:59 »
 :susto:

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Offline Geotecton

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Re:China
« Resposta #79 Online: 26 de Outubro de 2018, 22:21:06 »
Depende de que critérios se utilize para considerar uma nação como uma super-potência.

Se considerarmos apenas o PIB e a força militar por exemplo, neste caso a China já uma super-potência, pois tem o segundo maior PIB do mundo, e possui uma das maiores forças militares do planeta.
Só os EUA são uma superpotência militar.

Só o EUA é uma superpotência considerando os aspectos militar, econômico, científico, tecnológico, superfície total, população total, agricultura e recursos naturais.
Fanfic.

Não.

Realista.
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Offline Geotecton

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Re:China
« Resposta #80 Online: 26 de Outubro de 2018, 22:21:55 »
Eis do que as potências ocidentais estão se borrando de medo, principalmente EUA e Europa Ocidental, em relação a China:

Made in China 2025
https://en.wikipedia.org/wiki/Made_in_China_2025

Nova Rota da Seda
https://en.wikipedia.org/wiki/Belt_and_Road_Initiative

Por isto TANTA guerra econômica e corrida militar. Até o Japão voltou a se armar até os dentes.

Os países estão reagindo, cada um a seu modo.
Foto USGS

Offline Gauss

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Re:China
« Resposta #81 Online: 27 de Outubro de 2018, 00:41:29 »
Bolão: Quando vai estourar a bolha chinesa?
Citação de: Gauss
Bolsonaro é um falastrão conservador e ignorante. Atualmente teria 8% das intenções de votos, ou seja, é o Enéas 2.0. As possibilidades desse ser chegar a presidência são baixíssimas, ele só faz muito barulho mesmo, nada mais que isso. Não tem nenhum apoio popular forte, somente de adolescentes desinformados e velhos com memória curta que acham que a ditadura foi boa só porque "tinha menos crime". Teria que acontecer uma merda muito grande para ele chegar lá.

Offline Peter Joseph

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Re:China
« Resposta #82 Online: 29 de Outubro de 2018, 15:26:48 »
Pois é, acredito eu que a grande bolha da dívida mundial vai estourar a partir de algum país "subdesenvolvido", que será a primeira peça do dominó a cair. E a China realmente é um bom candidato a este papel, só não tão bom quanto Argentina, Turquia e Brasil. Nesta ordem. Se titio Bolso pisar na bola em sentido econômico, como acho que vai, acho que abriremos a ala :D
« Última modificação: 29 de Outubro de 2018, 15:54:29 por Peter Joseph »
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Offline Gorducho

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Re:China
« Resposta #83 Online: 29 de Outubro de 2018, 20:53:31 »
como acho que vai
Que acha que ele fará — e implícito: que não deveria fazer :?:

Offline Peter Joseph

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Re:China
« Resposta #84 Online: 30 de Outubro de 2018, 08:26:25 »
Tanto faz. Talvez seja até bom que faça e ajude a começar logo o inevitável.
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Offline Gorducho

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Re:China
« Resposta #85 Online: 30 de Outubro de 2018, 09:24:46 »
pisar na bola em sentido econômico, como acho que vai, acho que abriremos a ala :D
Citar
Tanto faz. Talvez seja até bom que faça e ajude a começar logo o inevitável.
:?
"Tanto faz" o que :?: Que acha que ele fará e implicitamente a seu ver he should not (é o sentido de "pisar-na-bola- ACHO  ::)).


Offline Peter Joseph

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Re:China
« Resposta #86 Online: 30 de Outubro de 2018, 14:43:36 »
Estou querendo dizer que eu acho que ele vai fazer muita merda na economia, a ponto de talvez nos tornarmos o estopim da crise mundial que está por vir. Claro, posso estar errado. Talvez seja a China mesmo, ou a Argentina, ou Turquia, ou...
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:China
« Resposta #87 Online: 17 de Novembro de 2018, 15:12:34 »
Citar
<a href="https://www.youtube.com/v/AizjY2aJnRo" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/AizjY2aJnRo</a>

“Dragonfly” is a secret Google project aimed at creating a search engine that would comply with China’s onerous censorship requirements. Since it was revealed in August, it’s drawn a ton of criticism from human rights groups, US lawmakers, and even Google employees. Lou explains why the project is problematic, and why the fate of the free and open internet is at stake.


SOURCES & FURTHER READING

The Intercept piece that broke story
https://theintercept.com/2018/09/21/google-suppresses-memo-revealing-plans-to-closely-track-search-users-in-china/

Open letter from human rights groups
https://www.hrw.org/news/2018/08/28/open-letter-google-reported-plans-launch-censored-search-engine-china
 
Open letter from US Senators
https://www.scribd.com/document/385394775/08-03-2018-Letter-to-Mr-Pichai-Re-Censorship-in-China
 
Letter from Google employees
https://int.nyt.com/data/documenthelper/166-dragonfly-letter/ae6267f0128f4facd183/optimized/full.pdf
 
Pen America Report
https://pen.org/wp-content/uploads/2018/06/PEN-America_Forbidden-Feeds-report-6.6.18.pdf


Offline Entropia

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Re:China
« Resposta #88 Online: 17 de Novembro de 2018, 18:11:25 »
<a href="https://www.youtube.com/v/MQyxG4vTyZ8" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/MQyxG4vTyZ8</a>



Fiquei realmente assustado com os comentários do vídeo, defendendo o regime Chinês massivamente.

Offline EuSouOqueSou

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Re:China
« Resposta #89 Online: 10 de Janeiro de 2019, 00:55:11 »
China ganha direitos agrícolas em cinco países africanos
https://greenworldwarriors.com/2019/01/08/china-gains-farming-rights-over-five-african-countries/?fbclid=IwAR3KCQj5z4FjWBvx-YgzE8hzEoblAR1ino5xn5RnSJjmw9wMdBGPQIE1UDA

"Em um esforço para aumentar a produção de alimentos na África Oriental, o Exim Bank através do governo da China entrou em um acordo para emprestar US $ 500 milhões para o Quênia, Uganda, Somália, Ruanda e Sudão do Sul. Os primeiros cinco anos verão o banco ganhar direitos agrícolas para proteger seus interesses"

Seja la o que significa "direitos agricolas", nao deve ser coisa boa pra Africa.

---------------------------------------------

Quênia pode perder seu porto de Mombaça para a China sobre a dívida da SGR
https://allafrica.com/stories/201812200064.html

"O Quênia corre o risco de perder o porto de Mombasa para a China O banco Exim deve recusar os 227 bilhões de xelins (US $ 2,229 bilhões) do banco para a Kenya Railways Corporation.

O empréstimo foi usado para construir a ferrovia de bitola padrão (SGR), usando a receita da Autoridade Portuária do Quênia (KPA) como garantia para a dívida do governo."

--------------------------------------------

China-EUA rivalizam em direção à África Oriental
https://www.independent.co.ug/china-us-rivalry-heading-to-east-africa/

"Os EUA vão intensificar os esforços para conter a crescente influência da China na África neste ano, de acordo com um relatório recente que mostra a crescente rivalidade entre os dois maiores gigantes econômicos do mundo.

O relatório divulgado em 11 de dezembro pela Control Risks - uma consultoria de risco global que prevê riscos políticos e de segurança para líderes empresariais e políticos em todo o mundo - observa que, embora os EUA continuem a expressar o perigo da dívida chinesa na África, a China continua a ampliar o seu envolvimento em todo o continente, com especial enfoque na África Oriental.

“O apoio à China ou aos EUA não emergiu como uma questão definidora na política africana, com a maioria dos países interessados em buscar laços mais estreitos e buscar financiamento de ambos os lados, em vez de cair em um único campo”, acrescentou ele. essa mudança ”, disse George Nicholls, sócio sênior da África Austral."
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline Pregador

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Re:China
« Resposta #90 Online: 10 de Janeiro de 2019, 15:44:49 »
O problema na África é que direitos e propriedade não valem muito. Um grupelho fanático qualquer pode tomar o poder, promover um banho de sangue e tomar tudo. É rotineiro isso ocorrer. A China vai ter que gastar muito para financiar e manter governos estáveis na África. O custo pode ser proibitivo.

Não acho que a Argentina seja candidata a iniciar uma hecatombe econômica mundial. Não são grandes o suficiente. O Brasil sim, pelo tamanho da economia. Uma supercatástrofe aqui faria oarte do mundo passar fome. As pessoas as vezes esquecem que o Brasil é uma superpotência agrícola e que ainda tem muito potencial para expansão. A China depende muito de nós por isso.

Para eles seria muito preocupante EUA e Brasil juntos contra eles. Claro, seria muito terrível para nós também.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline EuSouOqueSou

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Re:China
« Resposta #91 Online: 10 de Janeiro de 2019, 21:50:24 »
O problema na África é que direitos e propriedade não valem muito. Um grupelho fanático qualquer pode tomar o poder, promover um banho de sangue e tomar tudo. É rotineiro isso ocorrer. A China vai ter que gastar muito para financiar e manter governos estáveis na África. O custo pode ser proibitivo.

Não acho que a Argentina seja candidata a iniciar uma hecatombe econômica mundial. Não são grandes o suficiente. O Brasil sim, pelo tamanho da economia. Uma supercatástrofe aqui faria oarte do mundo passar fome. As pessoas as vezes esquecem que o Brasil é uma superpotência agrícola e que ainda tem muito potencial para expansão. A China depende muito de nós por isso.

Para eles seria muito preocupante EUA e Brasil juntos contra eles. Claro, seria muito terrível para nós também.

Penso que bancos sao muito conversadores quando fazem investimentos, tem aversão a riscos. Os chineses, mais ainda. Maior parte dos investimentos na Africa ainda vem dos EUA. Os chineses estão sendo mais estratégicos, com investimentos no setor energético, por exemplo.
Qualquer sistema de pensamento pode ser racional, pois basta que as suas conclusões não contrariem as suas premissas.

Mas isto não significa que este sistema de pensamento tenha correspondência com a realidade objetiva, sendo este o motivo pelo qual o conhecimento científico ser reconhecido como a única forma do homem estudar, explicar e compreender a Natureza.

Offline JJ

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Re:China
« Resposta #92 Online: 26 de Fevereiro de 2019, 12:04:59 »
Descubra quão mais valioso é comércio brasileiro com China do que com EUA


07:28 20.02.2019(atualizado 07:59 20.02.2019) URL curta




Desde 2009, a China é o maior parceiro comercial do Brasil, superando os EUA nesse campo. Além disso, as empresas chinesas aumentaram significativamente seus investimentos na economia brasileira.

Em 2018, as trocas comerciais com a China registraram superávit de 29,48 bilhões de dólares para o Brasil, enquanto com os EUA o resultado foi deficitário (-0,19 bilhões de dólares).

Infográfico detalhado mostra o volume das trocas comerciais entre o Brasil e seus maiores parceiros – a China e os EUA – e sua evolução, bem como a estrutura setorial das exportações e das importações referentes ao comércio Brasil-China. Além do mais, o fluxo de investimentos diretos de empresas chinesas na economia brasileira.



https://br.sputniknews.com/infograficos/2019022013349683-maior-parceiro-comercial-brasil-china-eua/




PS.  Na página do  link tem um infográfico  muito bom.





Offline JJ

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Re:China
« Resposta #93 Online: 26 de Fevereiro de 2019, 12:10:21 »
O título do texto passa a ideia de algum tipo de rivalidade, mas eu particularmente considero que tanto China como EUA são importantes parceiros comerciais,  e ao invés de ficar com discussões do tipo quem é mais do que quem, o que interessa é incrementar ainda mais as compras e vendas e aumentar o grau de  liberdade de comércio.


« Última modificação: 26 de Fevereiro de 2019, 12:22:16 por JJ »

Offline JJ

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Re:China
« Resposta #94 Online: 06 de Março de 2019, 10:26:51 »
04 de novembro, 2002 - Publicado às 12h33 GMT


'China não tem mais nada de comunista', diz historiador


Bussche: 'Comunismo na China é só de fachada'


Silvia Salek, enviada especial a Pequim


Depois de duas décadas de reformas econômicas, o comunismo na China é apenas de fachada; nem mesmo os integrantes do Partido Comunista acreditam na filosofia implantada no país após a revolução de 1949, liderada por Mao Tsé-tung.


A opinião é do historiador e pesquisador da Universidade de Pequim, Eric Vanden Bussche, um brasileiro que vive há cinco anos na China e, fluente em mandarim, sabe como poucos do que está falando.


Para ele, apesar de as reformas terem transformado a economia chinesa, o país ainda não está preparado para a democracia.


Nesta entrevista, ele diz ainda que, ao contrário da China, o Brasil será o eterno país do futuro por causa do conformismo da população com o subdesenvolvimento.


BBC – A visão que se tem da China no Brasil reflete a realidade na sua opinião?


Eric Vanden Bussche – Não. O brasileiro tem uma visão muito maniqueísta da China. Por um lado, vêem a China como um país de cultura milenar e filosofia rica. Têm uma certa admiração pela cultura chinesa. Por outro lado, os meios de comunicação mostram a China como um país que reprime os direitos e as liberdades da população. As duas visões estão completamente distantes da realidade atual do país.


BBC – Não é um exagero dizer que a visão está completamente distante da realidade?

Eric Vanden Bussche – Em primeiro lugar, não podemos dizer que a China é um país totalitário. Ela vem se abrindo econômica e politicamente. Hoje, por exemplo, não há mais o culto à personalidade. Isso foi abolido por Deng Xiaoping . Muitas estátuas de Mao Tsé-tung foram retiradas das ruas por exemplo. Outra mudança significativa é que os líderes não podem mais se perpetuar no poder. Há na constituição um artigo que impede que os líderes sejam reeleitos por mais de dois mandatos para o mesmo posto. É por isso que o presidente Jiang Zemin vai deixar a presidência provavelmente no início do ano que vem.


BBC – Mas isso não é suficiente para dizer que o governo chinês não seja autoritário.

Eric Vanden Bussche – Obviamente, há um certo controle, mas temos que aprender a relativizar nossas críticas. Veja o exemplo dos Estados Unidos, que tanto criticam a China nesse quesito. O controle nos aeroportos e nos prédios públicos é enorme. Se você critica o governo americano, é acusado de ser antipatriota. Para falar a verdade, eu sinto ter mais liberdade de expressão aqui do que nos Estados Unidos atualmente.


BBC – Será que não é porque você está falando coisas positivas sobre a China?

Eric Vanden Bussche – De maneira nenhuma. Minha visão sobre a China é bem variada. Só é vista como positiva porque não é altamente negativa como nos países ocidentais. Nos Estados Unidos, a paranóia impera. Se você fizer alguma brincadeira, alguma piada com o tema do terrorismo, pode ser preso. Essa questão de liberdade de expressão é relativa. Acusam a China de controlar a imprensa. De fato, existe um controle claro do governo. Já nos países ocidentais, esse controle não é claro e serve aos interesses das classes dominantes.


BBC – O senhor acha que os Estados Unidos e os países ocidentais estão errados em exigir mais democracia da China?

Eric Vanden Bussche – A verdade é que a China ainda não está preparada para a democracia. Isso é um consenso entre as lideranças políticas e entre a população chinesa. A China nunca teve tradição democrática. As coisas sempre foram impostas de cima para baixo e o povo se acostumou a isso. Por exemplo: só na China é que foi possível um movimento como a Revolução Cultural, em que intelectuais eram mandados para campos de trabalho forçado, uns denunciavam os outros. Por que funcionou? Porque foi imposta pelo presidente Mao e a população acatou a ordem dele. Estava acostumada a isso.


BBC – O senhor está dizendo que por causa dessa falta de costume, é possível que os chineses nunca tenham uma democracia?

Eric Vanden Bussche – É possível, mas minha opinião é que esse processo de democratização vá ser lento. As mudanças gradativas foram a fórmula de sucesso da China. Por que mudar isso agora? Só para agradar os ocidentais? Deng Xiaoping, por exemplo, dizia que as instituições chinesas precisam ser reformadas e previu que a população chinesa estaria preparada para eleições presidenciais em 2049. É um prazo bem longo para os nossos padrões, mas já existem hoje eleições diretas para cargos administrativos de pequenas cidades por exemplo. Além disso, há um esforço maior do Partido Comunista em integrar membros que não são do partido na administração local.


BBC – O que explica essa falta de preparo para a democracia do povo chinês?

Eric Vanden Bussche – A China é um país com uma diversidade inacreditável, embora, os ocidentais vejam a China como um país homogêneo. São 56 etnias, 93% da população pertence a maioria Han, mas o restante tem suas próprias culturas. E dentro da etnia Han, existem grandes diferenças no Norte, no Sul, no Leste e no Oeste do país. O elemento de coesão sempre foi a figura do imperador, a burocracia do império. Eu acredito que, por isso, a China sempre tenha sido um país hierarquizado.

Confúcio prega isso nas relações entre as pessoas, na família, na sociedade. Desde criança, o chinês aprende isso. Evidentemente, hoje, a China tem mais contato com o mundo e os jovens têm uma concepção mais aberta em relação à ordem social. Há um longo caminho a percorrer. Mas mesmo a democracia terá que ter características chinesas.


BBC – Da forma que o senhor fala, parece que existe um risco na democracia. Que risco seria esse para os chineses?


Eric Vanden Bussche – Se a democracia fosse instaurada hoje na China, o país viveria um caos ainda maior do que o vivido pela União Soviética. O país correria sério risco de desestruturação territorial. A minoria tibetana e a minoria muçulmana têm raízes culturais muito fortes e elevado grau de concentração em certas áreas. Uma vez que a China ficasse democrática, a separação seria quase inevitável neste momento. Além disso, o chinês não está maduro o suficiente, não tem a noção de cidadania que permeia as democracias ocidentais. Para que a democracia funcione, precisa haver consciência de deveres e direitos políticos. Isso não existe aqui.

BBC – O governo está preparando a população de alguma maneira para isso?

Eric Vanden Bussche – O governo está aos poucos criando um sistema jurídico mais estável. A melhor forma de preparar a população seria alicerçar as instituições político-jurídicas do país, criar mais transparência e eliminar a corrupção. Isso está sendo feito, mas a passos de tartaruga porque há várias facções rivais dentro do Partido Comunista que querem Chinas diferentes.

BBC – Que facções são essas?

Eric Vanden Bussche – O primeiro-ministro, Zhu Rondji, por exemplo, não cumprirá um segundo mandato porque foi um pouco longe demais no combate à corrupção. Alguns amigos pessoais de Jiang Zemin acabaram sendo envolvidos nessa caça aos corruptos e isso teria deixado o presidente insatisfeito. Não que Jiang Zemin seja corrupto, mas há grupos no governo que não querem mudanças drásticas.

BBC – O senhor está dizendo que não querem mudanças porque se beneficiam da corrupção?

Eric Vanden Bussche – Não há provas sobre ninguém, e quando há essa pessoa é punida. Mas há denúncias, por exemplo, contra o presidente do Congresso, Li Peng.

BBC – Será que se alguma coisa contra ele fosse comprovada, ele poderia ser punido mesmo sendo o segundo homem mais poderoso na política chinesa?

Eric Vanden Bussche – Sem sombra de dúvida. Um ex-prefeito de Pequim foi condenado à morte por exemplo. Ninguém está imune a isso. A corrupção é um problema endêmico do regime político chinês. Se não for controlada, pode acabar destruindo as instituições como um câncer. Freqüentemente, integrantes do governo são condenados à morte. Mesmo a corrupção passiva é punida severamente.

BBC – Falamos muito da visão do governo chinês como se não houvesse divisões, mas qual é a disputa de poder interna que existe na cúpula do governo?

Eric Vanden Bussche – Li Peng representa uma facção conservadora, mais atrelada à economia planificada, é a favor de obras faraônicas. Zhu Rondji representa o oposto, gostaria de acelerar as mudanças econômicas e de certa forma políticas. Já Jiang Zemin é um líder que subiu por sempre estar em cima do muro e sempre saber se aliar à facção vencedora. Ele deve continuar a ter uma enorme influência nos círculos militares mesmo após deixar o cargo de presidente.

BBC – A sucessão de Jiang Zemin é cercada de mistério, mas quem deve substituí-lo no posto de presidente na sua opinião?

Eric Vanden Bussche – O vice-presidente Hu Jintao é o mais cotado. Ele é uma das figuras do governo que tem maior carisma. Ele não mudará o curso das reformas, mas talvez possa haver uma maior abertura política com o Hu Jintao. Ele não é tão burocrático quanto o Jiang Zemin, é muito mais jovem e representa uma nova geração de líderes. Ele é uma figura que age nos bastidores, tem muito mais consciência da necessidade de reformas e tem muito mais iniciativa. Enquanto Jiang Zemin é uma figura mais passiva, o Hu Jintao é oposto, toma iniciativa muito maior. Ele não cresceu durante o período pré-revolucionário, não está atrelado àquela ideologia política.

BBC – Os chineses discutem muito o legado que será deixado pelos atuais líderes. Na sua opinião, que legado deixa Jiang Zemin?

Eric Vanden Bussche – O grande objetivo dele era reunificar a China. Hong Kong voltou às mãos da China em 1997, Macau, em 1999. O problema é Taiwan. Jiang Zemin não vai conseguir reincorporar Taiwan, e isso certamente impede que ele deixe um legado que possa ser comparado ao de seus antecessores, da primeira e da segunda geração. Ele é visto como alguém que simplesmente continuou a obra de Deng Xiaoping.

BBC – O senhor vê alguma possibilidade de Taiwan voltar para a China?

Eric Vanden Bussche – Eu acredito que eventualmente haverá uma reunificação. A maior parte da população de Taiwan não quer porque, neste momento, a situação atual é mais vantajosa para eles. Não precisam se submeter ao regime de Pequim, e isso não atrapalha em nada a integração econômica dos dois. As duas economias se completam, têm relação simbiótica.

BBC – Mas o senhor acha então que essa reunificação será pacífica?
 
Eric Vanden Bussche – Eu acredito que continuará havendo fricções entre os dois, que serão causadas, em grande parte, pelos Estados Unidos, que usam Taiwan como forma de pressionar a China e de conseguir certas concessões. Mas as duas economias estão criando uma dependência tão grande que será inevitável uma reunificação no futuro. Não acho que será necessário esperar a democratização, mas o povo de Taiwan terá que se sentir seguro. É muito possível que uma guerra não seja necessária.

BBC – O senhor citou a influência dos Estados Unidos na questão de Taiwan. Antes, o problema era o comunismo. Qual o problema agora?

Eric Vanden Bussche – Os americanos vêem a China como ameaça à sua hegemonia no Pacífico, isso é óbvio. Entretanto, a postura varia de governo para governo. Os democratas tendem a enxergar essa relação como uma parceria estratégica. A era Clinton pensava que, para harmonizar as diferenças, era preciso integrar os países nas instituições internacionais. A entrada da China para a Organização Mundial do Comércio era um dos grandes objetivos da administração Clinton.

A China teria que jogar conforme as regras do jogo e isso acabaria beneficiando os Estados Unidos. Agora, com a mudança de governo, a fricção entre a China e os Estados Unidos tende a aumentar. A política de Bush é oposta à da era Clinton. Querem excluir os países que não têm os mesmos princípios democráticos e de livre comércio, embora os Estados Unidos sejam protecionistas. A China deixa de ser um parceiro e passa ser um competidor.

BBC– O senhor diz que a entrada da China para a OMC beneficia os Estados Unidos. Está beneficiando a China?

Eric Vanden Bussche – No curto prazo, acho que não será benéfica. Toda mudança produz um certo desgaste inicial. Mas no longo prazo, tenderá a ganhar muito com isso. Mas tudo vai depender de como a China vai preparar as instituições para isso. Se a China começar a modernizar a agricultura, melhorar as instituições jurídicas e melhorar o gerenciamento das estatais, só tende a ganhar.

BBC – Falando em estatais, o governo está tendo sucesso nos processos de privatização parcial que tem feito?

Eric Vanden Bussche – Desde de 1996, o governo chinês vem tentando melhorar as estatais. Muita gente tem sido demitida, estão fechando as portas de empresas que não são produtivas, estão limitando empréstimos que são usados para maquiar contabilidades, estão exigindo mais transparência na divulgação dos dados publicados por empresas. Muita coisa está sendo feita, mas a China é um país enorme, é difícil saber se esse processo está sendo feito de forma ampla e profunda. Se essas mudanças forem apenas vitrine, só poderemos descobrir daqui a dois ou três anos.

BBC – Qual está sendo o impacto dessas demissões em massa sobre a sociedade?

Eric Vanden Bussche – O desemprego está aumentando muito. As diferenças sociais estão aumentando. O governo chinês vai ter que criar mecanismos para absorver essa mão-de-obra que é extremamente desqualificada e que não sobrevive à competição para evitar problemas sociais.

BBC – Mas quando a gente olha os números da economia chinesa, o crescimento é tão grande que dá a impressão de que essas pessoas vão acabar sendo absorvidas, ainda que em trabalhos de mais baixo nível.

Eric Vanden Bussche – As estatísticas chinesas não são muito confiáveis, principalmente, por culpa do governo local. O governo federal estabelece certas metas. Cada província tem que plantar 10 toneladas de um produto por exemplo. As prefeituras muitas vezes distorcem os números para não terem problemas em atingir as metas do governo central. O índice de crescimento é inflado. Mas o fato é que continua crescendo, talvez não a 7% ao ano, mas a 4%. Ainda assim é um número constante e superior ao da maioria dos países.

BBC – Como os chineses vêem os países ocidentais?

Eric Vanden Bussche – Os chineses têm uma grande curiosidade, mas a mentalidade hoje já não é a mesma de 10 anos atrás. Até 1989, por exemplo, muitos jovens eram partidários da democracia e acreditavam que os Estados Unidos eram uma espécie de paraíso onde o nível de vida era mais alto, havia liberdade de expressão. Isso mudou porque a mentalidade dos jovens também mudou. A maioria dos chineses não enxergam mais os Estados Unidos como o modelo ideal. Embora muitos queiram ir se especializar nesses países, a maioria volta.

A China cresceu, eles acreditam que podem ter mais oportunidades de trabalho aqui do que lá. Além disso, existe um certo sentimento antiamericano. Acham que os Estados Unidos sempre tentam interferir na política interna do país. Esse sentimento começou a ganhar espaço em 1989 quando a embaixada chinesa na Iugoslávia foi atingida em um bombardeio da OTAN.


BBC – O que ainda há de comunista na China?


Eric Vanden Bussche – Não há mais nada de comunista na China. A China diz que seu regime é um socialismo com características chinesas. Entretanto, as relações de trabalho – e a economia como um todo– abandonaram os dogmas socialistas e hoje a economia chinesa se aproxima muito mais de uma economia capitalista do que de uma economia planificada. Obviamente, ainda há certas diretrizes formuladas pelo governo central, mas não têm o impacto que tinham há 20, 30 anos.



Além disso, hoje nem mesmo os próprios integrantes do Partido Comunista acreditam no comunismo, embora passem por treinamento ideológico, tenham que assistir a cursos de teoria marxista, socialismo científico, estão lá porque é uma obrigação. Os próprios professores que lecionam não acreditam mais nisso, chegam a falar abertamente que não acreditam nos ideais comunistas.

BBC – Qual a grande preocupação do chinês hoje?

Eric Vanden Bussche – A grande preocupação da população é econômica e não política. O nível de vida está aumentando, mas há pessoas que serão excluídas desse processo. O medo do desemprego preocupa muito mais do que a liberdade de expressão. E acredite se quiser, há grande liberdade de expressão na China. Na universidade de Pequim, assim que cheguei, um professor entrou na sala de aula e a primeira coisa que disse foi que toda aquela história de teoria marxista era uma besteira. É verdade que, em certos assuntos, não se pode criticar o governo como Taiwan , os movimentos separatistas, a alta cúpula do partido, e o Falun Gong. Fora isso, o chinês pode falar sobre qualquer coisa.

BBC – De alguma forma sua compreensão maior da China ajudou o senhor a compreender melhor o Brasil?

Eric Vanden Bussche – Sem sombra de dúvida. A China é o exemplo do país subdesenvolvido que está caminhando para frente. O Brasil é a antítese da China. Tem riquezas naturais, mas caminha para trás. Hoje, o Brasil ainda é mais desenvolvido do que a China, apesar de ter uma economia menor. Daqui a 10 anos, será o contrário. Grande parte desse fenômeno se deve à mentalidade do povo brasileiro em relação ao subdesenvolvimento.

Eu acredito que o brasileiro é conformado com o subdesenvolvimento, não se esforça para superá-lo. Os chineses não se conformam, se esforçam muito mais, acreditam que podem melhorar. Qualquer universidade da China, num sábado à noite, está repleta de estudantes nas aulas de aula estudando. No Brasil, sexta-feira à tarde já tem pouca gente. Está todo mundo nos bailes. Há um abismo entre as mentalidades. O Brasil será o eterno país do futuro enquanto a população não mudar sua mentalidade.



Quem merece o título de país do futuro? O Brasil ou a China? Dê sua opinião:



https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2002/021103_ericbuschefinal.shtml


Offline JJ

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Re:China
« Resposta #95 Online: 06 de Março de 2019, 10:31:17 »
Estudantes marxistas, os novos inimigos do Governo chinês


Pequim repreende aliança entre trabalhadores e universitários ideologicamente ultraortodoxos


MACARENA VIDAL LIY

Pequim 20 NOV 2018 - 18:43   CET


O presidente chinês, Xi Jinping, durante um discurso em maio pelo 200º aniversário do nascimento de Marx


O presidente chinês, Xi Jinping, durante um discurso em maio pelo 200º aniversário do nascimento de Marx WANG ZHAO AFP/GETTY


Xiao Lan (nome fictício) começou a sentir curiosidade pelo marxismo como doutrina na escola, quando caiu em suas mãos o romance Germinal, de Émile Zola. O monumental relato da greve de mineiros na França do século XIX cativou sua imaginação e seu senso de justiça. Ao iniciar uma faculdade de ciências em uma das grandes universidades de Pequim, entrou na associação de estudantes marxistas, um dos grupos de atividades extracurriculares que podem ser encontrados em qualquer universidade na China.


Com o grupo, Lan estudou as obras originais de Marx, Lênin e Mao Tsé-Tung. Durante o curso, esses estudantes - muitas vezes sob o olhar zombeteiro de outros colegas, para os quais seu interesse na ideologia de Karl Marx era uma amostra de excentricidade um pouco ridícula - ajudaram os trabalhadores das lanchonetes universitárias a limpar mesas, tomaram conta de seus filhos e escutaram as histórias dos trabalhadores imigrantes da construção.



Estudantes marxistas, os novos inimigos do Governo chinês China alardeia seu poderio e anuncia o começo de uma “nova era comunista”

Estudantes marxistas, os novos inimigos do Governo chinês Revolta do #eusougay derrota censura chinesa na Internet

Estudantes marxistas, os novos inimigos do Governo chinês É assim que a China quer dominar o mundo


“Quando comecei a ser consciente da situação dos trabalhadores me transformei em ativista. Sou filha de uma família de operários, mas até então não havia parado para pensar”, diz.


Lan agora vive tempos conturbados. Passou a semana olhando seu celular e lendo mensagens em suas redes sociais. No fim de semana passado, uma dúzia de jovens ativistas marxistas, como ela, foram presos em uma série de batidas nas principais cidades chinesas. De repente, os grupos de universitários “vermelhos” - minoritários, mas aumentando - se encontram na mira de um regime que se define, pelo menos no papel, como comunista.


Em um primeiro olhar, as posições dos estudantes e das autoridades deveriam estar perfeitamente alinhadas. O próprio presidente chinês, Xi Jinping, que recuperou alguns dos sinais de identidade do mandato de Mao - a fonte de legitimidade do sistema -, pediu um fortalecimento da educação ideológica nas escolas e universidades chinesas. O marxismo é uma matéria obrigatória aos estudantes do terceiro período.


Mas “o marxismo que [o Partido Comunista da China] ensina nas escolas não é o verdadeiro: é selecionado e interpretado para adaptá-los aos seus próprios fins”, diz Eric Fish, autor do livro China´s Millenials: The Want Generation.



E a contradição entre os ideais da doutrina original e a realidade é óbvia.


“O aumento da desigualdade e outras questões sociais na China levaram a uma decepção em certos setores em relação ao programa de ‘reforma e abertura’, e há uma percepção de que o Parido Comunista abandonou suas origens socialistas”, diz a pesquisadora Simone van Nieuwenhuizen, do Instituto de Relações Austrália-China na Universidade de Tecnologia de Sidney.


No caso dos jovens, o desencanto sobre a desigualdade e a corrupção se soma ao fato de que não possuem “o mesmo medo instintivo das autoridades das gerações anteriores”: não viveram a Revolução Cultural e não se lembram do massacre de Tiananmen, diz Fish.


Nesse ano, dezenas de estudantes vindos de todo o país viajaram a Huizhou, no sudeste do país, para solidarizar-se com os trabalhadores da Jasic Technology, que protestavam contra o que consideravam um “tratamento escravista” por parte da fabricante de máquinas para solda.


Na China, os protestos trabalhistas não são menos frequentes. Somente em 2018, a ONG China Labour Bulletin, com sede em Hong Kong, contabilizou mais de 900 greves por todo o país e em todos os tipos de setores, do táxi à mineração.


Mas que estudantes de universidades de elite viajem milhares de quilômetros para solidarizar-se com trabalhadores de uma fábrica se tornou algo muito mais raro desde que as manifestações de estudantes e trabalhadores de 1989 em Tiananmen acabaram dispersadas em sangue.



Pequim decidiu que tinha um problema. “A combinação do ativismo dos trabalhadores e dos estudantes é exatamente a fórmula utilizada pelo Partido Comunista para chegar ao poder. Portanto, em sua experiência, agora que está no poder não pode permitir que se repita”, diz o historiador independente Zhang Lifan.



50 estudantes foram presos em agosto. E desde então a pressão aumentou.


Já no mês passado a Universidade de Pequim anunciou mudanças em sua direção nesse sentido: o novo reitor era o secretário do Partido dentro da instituição; Qiu Shuiping foi nomeado
como novo secretário, um funcionário que em seu currículo inclui ter sido o homem do Partido na delegação de Pequim do Ministério de Segurança Interna, os serviços secretos chineses.


Nessa semana, e após as últimas batidas, a Universidade de Pequim descreveu as atividades do “Grupo de Solidariedade aos Trabalhadores de Jasic” como “delitivas”, e alertou seus estudantes que “se ainda existem os que querem desafiar a lei, terão que lidar com as consequências”.


E tudo leva a crer que o controle continuará endurecendo. No próximo ano é o centenário do Movimento 4 de Maio, protestos liderados por estudantes da Universidade de Pequim que marcaram uma virada na história intelectual da China do século XX; e será o 30° aniversário do massacre de Tiananmen, datas em que o regime estará mais alerta do que nunca contra qualquer ação não ortodoxa.


“A ‘manutenção da estabilidade’ nas universidades está se transformando em uma prioridade cada vez maior, e (as batidas contra os estudantes marxistas) provavelmente só a aumentam. Mas em algum momento pode ser demasiado para que os estudantes a tolerem. A repressão sempre em crescimento às vezes pode criar o efeito oposto ao que se pretende”, diz Fish.


Xiao Lan afirma que o crescimento da pressão não a preocupa. “Não tenho medo. Podem tentar me obrigar, mas eu não irei renunciar”. E - cientista que é - cita o ditado atribuído a Galileu após a Inquisição o forçar a negar que a Terra girava em torno do Sol: “eppur’ si muove” (“e, entretanto, se move”).



https://brasil.elpais.com/brasil/2018/11/16/internacional/1542395115_330148.html


« Última modificação: 06 de Março de 2019, 10:47:18 por JJ »

Offline Peter Joseph

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Offline Zero

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Re:China
« Resposta #97 Online: 09 de Março de 2019, 20:01:59 »
Bolão: Quando vai estourar a bolha chinesa?

Crise na China? A grande bolha está tremendo


Offline Peter Joseph

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Re:China
« Resposta #98 Online: 10 de Março de 2019, 17:23:31 »
China ultrapassando EUA na tecnologia, um dos motivos da guerra econômica e do cagaço dos EUA

Até cofundador da Apple diz: por que Samsung e Huawei estão anos à frente?

https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2019/03/10/ate-cofundador-admite-por-que-apple-esta-anos-atras-de-samsung-e-huawei.htm
« Última modificação: 10 de Março de 2019, 17:28:05 por Peter Joseph »
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Offline Geotecton

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Re:China
« Resposta #99 Online: 10 de Março de 2019, 19:57:40 »
China ultrapassando EUA na tecnologia, um dos motivos da guerra econômica e do cagaço dos EUA

Até cofundador da Apple diz: por que Samsung e Huawei estão anos à frente?

https://noticias.uol.com.br/tecnologia/noticias/redacao/2019/03/10/ate-cofundador-admite-por-que-apple-esta-anos-atras-de-samsung-e-huawei.htm

É mesmo.

Só que não...

Tanto a empresa coreana como a chinesa copiaram, até um passado recente e de forma descarada, tecnologias desenvolvidas pela Apple.

O próprio link informa que a tecnologia de tela dobrável das concorrentes está apresentando problemas.

As duas grandes desvantagens da Apple é a de não ter fábricas próprias no EUA, tendo que mandar fazer suas telas em uma das concorrentes, e o preço final de seus produtos, sempre muito caros e que acabam sendo comprados por idiotas fanáticos.

Se eles não mudarem este planejamento, aí sim, a Apple vai levar uma 'porrada' que pode leva-la ao desaparecimento.
Foto USGS

 

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