Essa discussão está no mesmo patamar de "por que o estado deve coibir a coerção de uma parte mais fraca por uma mais forte?"
Simplesmente calha de ser a realidade, é o que as pessoas decidiram como justo e acabou sendo tido como exigência, que o mercado não seja racista, desde a oferta.
Eu não estou a fim de uma análise profunda para defesa desse status quo, mas em linhas gerais, concordo. Me parece preferível essa situação à de legalidade de discriminação racial, que não é uma "perda" de qualquer liberdade valiosa.
Quando duas partes firmam um contrato, não existe essa de um mais forte, a não ser que um esteja apontando uma arma para a cabeço do outro. Se você está fazendo negócio é porque acha que vai ser lucrativo, então não tem essa de que tem que ter um Estado com uma arma na mão para garantir seus direitos. CASO haja alguma forma de má conduta de uma das partes, aí sim deve -se procurar a justiça. Ambos os lados, até porque há muitos consumidores que querem se dar bem em cima dessas leis de proteção.
As pessoas já decidiram como justo a escravidão, pois é, pessoas decidindo por outras adultas e responsáveis, não dá muito certo tambem.
Se você tira direitos a liberdade de uma pessoa que não quer se relacionar de qualquer forma com outras, isso é errado.
Isso não é modificar "um pouco", modificou um bocado.
Não é mais "apartamentos - só para brancos, continue andando, negrinho, ou vai para debaixo de uma ponte onde é seu lugar", mas algo que acontece muito mais por baixo dos panos. Se o cara fosse idiota a ponto de manifestar publicamente isso, acho que deveria sim ser alvo de sanção legal, incluindo talvez ser obrigado a comprar do fornecedor rejeitado, não sei.
Por que não é a mesma coisa que um cara que não queira jantar em um restaurante ou comprar roupas em uma loja de negros??
Concordo completamente que seria muito raro para não dizer impossível alguem fazer isso, publicamente ser racista, talvez até perderia o emprego ou acionistas. Esse racista poderia fazer - e faz- exatamente assim, "por de baixo dos panos", não precisa de leis.
A questão aqui é a interferência na vida das pessoas, o Estado acaba controlando indiretamente essas empresas, isso é fascismo. Já disse e repito, as pessoas quando começam a querer que o Estado acabe com essas coisas que eles acham injustas dão muito mais poderes do que isso aos Governos.
Talvez pudesse até haver oferta suficiente na maior parte do tempo, mas talvez você começasse a reconsiderar a coisa se a cada N lojas que vai para comprar um produto ou serviço, fosse rejeitado em uma, por ser um verme.
Mesmo que esse "N" fosse bastante grande, e isso fosse algo bem raro. E talvez te fizesse ter que se preocupar mais também com as possibilidades de ir para algum lugar onde mais pessoas exercem essa "liberdade" e fique meio enrascado, tendo que andar mais até encontrar o que precisa até sair de lá.
Ou, talvez sorrisse, e seu coração se aquecesse, enquanto admira a liberdade econômica que as pessoas têm por ali, e como é melhor viver num estado que permite essa discriminação, dando o direito das pessoas se recusarem a servir vermes como você, cuspindo diante de seus pés.
Vamos acabar com a maçonaria, com as igrejas, com essas agências de modelos para gordinhas e negras que eu postei,com as para magras, vamos acabar com as empresas que exigem qualificações, afinal discriminam e não permitem a entrada de qualquer pessoa. Vamos acabar com todas as propriedades privadas logo tambem.
Então, daqui há alguns meses, todas as igrejas devem estar casando gays a fim de terem também sua fatia desse mercado; todas mudarão o discurso religioso de séculos; políticos como o Bolsonaro passarão então a promover o kit-gay nas escolas, para aumentar sua popularidade. É...
Não. Postei esses exemplos para mostrar que muitas pessoas por iniciativa própria podem mudar e fazer o que desejarem, outros nunca. Isso foi para reforçar que não precisou de ataques a igreja por parte do estado.
Poderia ser também no condomínio, as coisas não seguiriam necessariamente os seus ideais. Poderiam ocorrer "pseudo-estatados privados" ainda mais intervencionistas na esfera privada do que os "públicos". Não estou dizendo que "provavelmente seriam", é só uma possibilidade dentro do cenário hipotético onde as leis não são estabelecidas democraticamente (não que isso seja prevenção absoluta), mas por burocratas que tenham estabelecido o monopólio legal, sem necessariamente visar que as leis dêem o máximo de liberdade possível aos "clientes".
Se houvesse intervenção não seria um livre contrato, se há coerção não é "livre mercado". Se um dono de um condomínio quiser mandar e as pessoas não consentirem, é agressão, como o Estado faz. Aí essas pessoas deveriam procurar a justiça.
(Mas sim, é também possível imaginar cenários anarco-capitalistas onde tudo ocorre de forma muito melhor, não discuto isso -- com poder bem homogeneamente distribuído, "pulverizado", como um anarco-capitalista por aqui costumava colocar, com condições ideais de concorrência e etc, maus "jogadores" sendo punidos, os bons premiados, e tudo conduzindo para a manutenção de um cenário "ótimo", com falhas, mas ainda o mais perfeito quanto possível. Podemos imaginar até um comunismo feliz assim.)
Quando ancaps dizem que o mercado iria punir ladrões e oportunistas, não seria algo apenas deixar eles de lado, seria punição mesmo, na justiça ( haveria orgãos como nossa justiça, mas como eu não sou ancap, estou levando essa discussão como um estado que faz isso).
Simplesmente convencionou-se que as pessoas, e empresas por extensão, devem respeitar aos direitos humanos, mesmo que à contra-gosto.
"Porque" costuma-se valorizar mais esses do que as liberdades em ferí-los.
Não é uma "necessidade física" ou "lógica", então não é possível "provar que deve ser assim", é apenas um valor subjetivo, mas próximo de universal. Poderia ser que as pessoas na maior parte do tempo achassem que essas coisas de "direitos humanos" são coisa de boiola, e o que manda mesmo é a lei do mais forte. Então não teria essa frescurinha de "propriedade privada". "Quer me privar desse bem, que diz que é 'teu'? Vamos ver consegue, playboy." Não tem como "refutar" isso, você só pode considerar menos ideal do que um cenário onde as pessoas devem respeitar à direitos como o de propriedade privada.
Convencionou -se porque é lucrativo para ambas as partes, por isso é raríssimo empresas discriminarem.
Mas um bem seu, uma casa, um carro... é algo que foi adquirido por seus esforços (ou alguem voluntariamente lhe deu), seu corpo, sua mente, ou seja, você investiu parte da sua vida para conseguir, alguem lhe tomar é lhe "tirar" uma parte da sua vida. Escravidão.
Exatamente como um escravo que trabalhava 16 horas, sei lá, por dia e não tinha o direito de ter um valor pré estabelecido por aquele trabalho. Por isso é imoral espoliar outros. E ancaps vão alem, até o imposto pois você trabalha e o estado vem e lhe toma uma parte dessas horas trabalhadas.
Sim. Simplesmente não há garantia absoluta de qualquer coisa. Apenas parece plausível que o estado democrático possa ser um mecanismo para propiciar o bem-estar geral, melhor do que "cada um por si", que na verdade descambaria em proto-estados, de qualquer forma, então talvez seja até inevitável. O que se pode é tentar mudar ou prever falhas específicas, e mais raramente, uma derrubada do poder, se a coisa chegar a esse extremo.
Democracia é ditadura da maioria. Se a maioria eleger um monte de religiosos extremados para gerir teremos que aceitar?
Qualquer estado ou proto estado que se formar não seria um anarco capitalismo, teria coerção. mas concordo que isso pode ocorrer, mas seria bastante difícil durar porque guerra é muito caro. Voc~e pode notar que guerras duram bastante porque tem estados espoliando a população para manter os conflitos. Em um ancapistão eles não conseguiriam espoliar milhões de pessoas, acho. batalhas para todos os lados, ninguem produzindo nada, de onde iria se manter a grana? Por isso acho que se tivesse guerra seriam rápidas, não tem como manter por muito tempo, paz é mais barata.
Sim. São contudo ao mesmo tempo também evidência da dominância dos outros padrões, mais lucrativos mesmo que desprezando minorias, e não de que o mercado atende satisfatoriamente a todas as demandas.
Talvez não haja ainda muita demanda para gordinhas, mas há. Melhor do que o Governo tomar dinheiro para financiar ou obrigar a essas agências a aceitarem. Os consumidores devem decidir, não uns poucos burocratas que nem entendem de moda.
Eu não duvido que você pode questionar esses argumentos. Mas está no máximo exatamente no mesmo nível que "discriminação racial é crime". Essas considerações normativas não são "leis físicas", são coisas que as pessoas "acham certo" de maneira mais ou menos arbitrária, por apelo emocional, não apenas lógico.
Então um ultra-libertário-espantalho poderia contestar suas colocações ainda de alguma forma colocando como algo dentro de "mercado", enquanto um anarco-totalitarianista poderia contestá-las na base de "vai ver se tem livre-mercado na casa da sua avó". Todos poderiam estar igualmente certos, em nível de "lógica" (ainda que o anarco-totalitarianista talvez valorize menos esse parâmetro), mas nenhum é necessariamente o que será considerado moralmente correto pelas pessoas, pois a moralidade das normas não deriva de lógica pura.
Mas há diferenças. Uma pessoa que não deseja se relacionar com outras, não está violando nada, não assinou um contrato de relacionamento, não tomou nada da outra... já para estupros, roubos, a vítima tambem não desejou o sexo ou trocar, dar o bem, não "assinou" um contrato e mesmo assim a outra pessoa não respeitou.
(acredito que o post todo é de autoria do Res Cogitans)
(retirado de Tábula Rasa de Steven Pinker.)
[...]o senso moral é repleto de peculiaridades e propenso a erros sistemáticos- ilusões morais, digamos assim-, exatamente como nossas outras faculdades.
Ponderemos sobre a seguinte história:
Citar
Júlia e Marcos são irmãos. Estão viajando juntos pela França durante as férias de verão da universidade. Certa noite, a sós em uma barraca perto da praia, decidem que seria interessante e divertido se tentassem fazer amor. No mínimo, seria uma nova experiência para cada um deles. Júlia já estava tomando pílula, mas Marcos ainda assim usou camisinha, só para garantir. Os 2 sentem prazer naquele ato, mas decidem não repeti-lo. Mantêm aquela noite como um segredo especial, o que os faz sentir-se ainda mais próximos um do outro. Qual sua opinião: o que eles fizeram foi errado?
Se entendi esses quotes, ninguem foi obrigado a nada, por mais imoral que as pessoas acham, no fim o que vale é o consentimento de ambos. E se as parte posteriormente acharem que foi um erro, acredito que o direito de errar faz parte da liberdade.
As pessoas não acham que o estado deve se meter em tudo.
Mas se ele se mete com quem devemos nos relacionar, onde está a linha que ele não pode ultrapassar? Até nas artes o Estado quer mandar.
Sem dúvida há inúmeros modos que se pode imaginar de "acabar provavelmente com muitos conflitos" (ainda que almejar fazer isso talvez seja só mais uma amostra de franguismo coletivista, segundo o anarco-totalitarista).
Mas é ainda mais popular a idéia de forçar as pessoas a respeitarem aos direitos humanos, mesmo que isso implique em privar as pessoas do direito de desrespeitá-los. Pessoalmente não me parece má idéia. Também não acho que é algo que inevitavelmente culmina num coletivismo fascista apocalíptico.
Desrespeitar os direitos humanos é escravizar as pessoas, espoliar seus bens, impedi-las de serem livres,achar que o estado sabe o que é bom para elas, mas elas não sabem...
Você colocar os direitos de todos nas mãos de uns poucos burocratas é muito mais subjetivo que deixar cada um decidir sobre sua vida.
Acredito que milhões de pessoas que não conseguem produzir, por exemplo, o dobro de um salário mínimo atual ( porque é praticamente isso que uma pessoa precisa produzir para que uma empresa a contrate, do contrário não lucrarão, muito devido aos impostos) aceitariam ganhar menos, afinal é melhor que nada. Mas essa interferência estatal não permite, então essas pessoas ficam sem receber nada. Para o Governo é um direito humano, o salário mínimo, clocando os improdutivos na rua.
E insisto que é contraproducente tentar "defender" o livre-mercado batendo em teclas como que "não tem nada demais as pessoas serem livres para discriminar racialmente". A menos que esteja tentando "vender" a idéia para racistas. Acaba servindo de espantalho voluntário.
Concordo. Mas isso é apenas para mostrar que a liberdade é muito importante. Na realidade, hoje em dia ainda mais, as pessoas perceberam que um depende do outro, ficar com discriminações vazias não acrescenta em nada.
Os casos na história tiveram muito mais haver com Governos do que qualquer outra coisa.
É muito irônico como freqüentemente os comunistas manjam muito mais de marketing/propaganda do que quem defende o mercado.
Esses são embusteiros!