- Homens e mulheres são igualmente propensos a serem enviesados contra mulheres. E o viés mantém o mesmo padrão em todas as faixas etárias, então não há sinais de que está sumindo. Isso significa que é no mínimo míope responder às diferenças injustas que observamos entre homens e mulheres apontando o dedo para os homens como se fossem os únicos propagadores e incentivadores do viés. Não, as pesquisas empíricas mais recentes sugerem que homens e mulheres são igualmente propensos a causar danos por causa do viés contra mulheres. A variação nos vieses existe, mas é individual: há pessoas menos e mais enviesadas, não gêneros mais ou menos enviesados.
- Repetindo em outras palavras, estar em um grupo não te imuniza de ter um viés contra o próprio grupo.
- Apenas repetir para si mesmo(a) "não trate diferente, não seja enviesado(a)" não funciona. Na verdade, pode piorar a sua performance na hora de decidir. Não se sabe muito por quê, mas deve ser por aumentar a ansiedade.
- Pensar, refletir e falar sobre ocasiões em que você foi enviesada(o) funciona. Dá um exemplo de como não agir. Ou seja, para superar os seus preconceitos você deve reconhecer seus próprios erros em vez de embarcar numa cruzada contra "opressores" na internet.
- Conhecer e pensar em exemplos que vão contra os estereótipos preconceituosos funciona. Neil deGrasse Tyson é um cientista negro de sucesso. Claudia Sender é a diretora executiva da Tam, uma mulher de talento, inteligência e sucesso. Ada Lovelace foi uma das mães da programação de computadores (só pense, aliás, quantas vezes você já ouviu essa expressão sobre alguma coisa importante como programação de computadores, uma tecnologia ou uma ciência: que tem "mães"). Etc.
- Os vieses variam entre indivíduos e entre culturas. E inclusive sub-culturas, tribos, ambientes de trabalho. Se num país é mais comum que as pessoas sejam enviesadas contra mulheres ou contra negros, as pesquisas indicam que não há qualquer impedimento que os mesmos mecanismos mentais causem em subculturas, tribos urbanas etc. vieses contra brancos, contra homens e demais categorias supostamente privilegiadas. Vieses da mesma natureza que os demais, diga-se. Sim, há evidência científica de que sexismo contra homem e racismo contra branco não só existe como é provável de acontecer, bastando haver os ambientes propícios (e quem acompanha esta página sabe bem que ambientes propícios não faltam).
Referências:
Este é um excerto modificado de um relato sobre uma palestra de uma filósofa feminista chamada Jennifer Saul. As referências científicas e o texto original se encontram no link:
http://www.elivieira.com/…/vieses-implicitos-e-o-feminismo.…
~ MV
Fonte: Aventuras na Justiça Social (página do Facebook).