Assim como praticamente inexiste isso de matar por ser gay ou matar por ser negro.
Eu já diria que esses são apenas meio que "raros", e que podem ter números inflados por motivação ideológica, para causar pânico, mas são ideologias mais expressivas. Femicídio propriamente dito eu consideraria coisa apenas em culturas de países como a da Síria (e a aproximação deste(s) com o Brasil talvez faça com que legislação que talvez pareça exagerada seja um bom passo preventivo, por via das dúvidas), e fora disso, apenas idiossincrasias de psicopatas individuais.
Vão haver vários fatores que podem contribuir para que mulheres sejam vítimas de assassinato ou violência (ainda que em geral, devam ser mais raramente vítima de assassinato, se não me engano, sem que no entanto isso se dê por uma espécie de misandria dos perpetradores, na maioria homens, de violência), incluindo desde situações naturais (como "casamento") a valores "machistas". Mas diferentemente de racismo e homo/trans/etc-fobia, não existe essa ideologia de mulheres como uma casta inferior que precise ser exterminada.
É coisa mais "tênue", como "lugar de mulher e na cozinha", e que, assim como com crianças, é valido o uso de violência como forma de castigo, e dentro disso vão haver casos extremos, assim como há com violência infantil, sem que no entanto haja uma cultura generalizada ou ideologia robusta que desumanize as crianças. Ironicamente (ou não), é até argumentavel que haja mais elementos de "ódio às crianças" na cultura do que de ódio às mulheres.
Nunca veríamos ser aceito tão trivialmente, inquestionado, algo como o Homer Simpson cotidianamente estrangulando o filho (menino), se fosse uma retratação cômica de violência contra mulher (o pior que já ocorreu nesse sentido foi Homer ter jogado para fora de casa as cunhadas, mas "em compensação" ele já teve sua cabeça arremessada contra a parede e foi estuprado pela própria esposa, não conseguindo andar no dia seguinte*). Muito menos uma "Jenny" que fosse morta ou violentada em todo episódio. No entanto, feministas radicais como a Anita Sarkeesian acham que as mulheres é que são as vítimas principais.
* O que eu não acho nada demais. Assim como não acho nada tão terrível piadas de estupro contra mulheres, como aquela do "mas ela era tão feia que devia agradecer", e como acho que pode até ser cômica, ainda que também inegavelmente trágica, a "idéia" ou ocorrência de um homem ter o pênis decepado. Humor bem de "baixo nível" mesmo, mas algo inevitável e não necessariamente envolvendo qualquer tipo de ódio ou desrespeito. Um pouco como é meio difícil de não achar engraçado o caso do coitado que morreu esmagado por uma estátua religiosa ao ir rezar, agradecendo por ter sobrevivido a um acidente. Não é engraçado no sentido de "haha, ele morreu! Esses crentes, tem mais é que morrer mesmo!". Ao mesmo tempo, não acho que "deveria haver igualitarismo nas vítimas cômicas de violência". Uma das coisas que acho que é uma desigualdade sexual mais ou menos natural é nos chocarmos mais mesmo com violência tendo como vítimas mulheres, até mesmo em comparação com crianças, em alguns casos. Enquanto é meio cômico imaginar uma sitcom com uma mulher correndo atrás do marido com uma frigideira por qualquer razão, o contrário naturalmente "parece" de extremo mau-gosto, sem graça alguma. Talvez essa propensão meio-natural seja a origem desses exageros, que devemos tentar evitar. Bem como, talvez principalmente, a negligência de casos reais que seriam facilmente tornados "cômicos" na TV ou em uma piada.