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Autor Tópico: Preconceito e racismo contra todas as pessoas  (Lida 17157 vezes)

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Offline Barata Tenno

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #75 Online: 05 de Setembro de 2014, 17:45:00 »
<a href="https://www.youtube.com/v/pPgWZh48SVk" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/pPgWZh48SVk</a>



Não existe homofobia no Brasil. Eu acho que o Donatelo vive em Nárnia.
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Donatello

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #76 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:08:46 »
Que bom, você um vídeo do conexão repórter também. Dá uma olhada na edição que acabei de fazer e chama aquilo de "preconceito contra hétero" pra manter a coerência (ou então escreve que o bêbado merecia mesmo levar porrada pra parar de pensar que travesti é bagunça, pra manter a coesão).

Offline Rocky Joe

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #77 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:15:16 »
Como a pena para homicídio já é alta, não acho que uma lei assim faria diferenças, também. O mesmo não vale para injúria racial, acho. De qualquer jeito, concordo com os pontos colocados, não que minha opinião valha alguma coisa aqui. :P

Citar
Em relação a matar por ser gay eu mesmo já postei uma fonte em que o proprio autor do principal "estudo" do país sobre o assunto (o antropólogo baiano Luiz Mott) admitia que incluia dados sobre suicídio, bala perdida, o escambau no "estudo" dele porque na mente doentia dele toda vez que um gay é assassinado há uma causa homofóbica por trás. Homicídio homofóbico (no Brasil pelo menos) é via absoluta de regra isso aqui em baixo (artigo do Jean Wyllis sobre o rapaz homossexual que saiu bêbado de uma boate e se jogou de um viaduto, escrito alguns dias antes de a polícia achar um diário com notas suicidas no armário do moço) repetido inúmeras vezes (digo, toda vez que algum gay que der algum caldo propagandístico morrer por qualquer razão: dívida, vingança amorosa, reação a assalto, suicídio... terá sempre um Jean Willis ou um Sakamoto ou uma Maria do Rosário ou um Luiz Mott para bater seus atabaques em cima do defundo para não deixar o fantasma da homofobia desaparecer do cenário político-midiático). 

Pode ser que a quantidade de assassinatos por homofobia seja irrisória e que aumentar a punição não ajude em nada. Mas não existe apenas a violência física: é cedo para esse 'fantasma' da homofobia desaparecer da mídia e da política.

E uma taxa de suicídio entre gays bem maior do que a taxa entre heterossexuais seria um indício preocupante, se for o caso.

Citar
Incrivelmente se há um caso típico de homicídio no Brasil que tem motivação de ódio é o contra torcedores (não que as vezes possa ir além do mero crime de ódio, como vingança, mas muitas vezes a agressão ocorre realmente APENAS pelo fato da vítima estar com a camisa do clube adversário) e é estranho: nunca vi ninguém defender penas mais graves para este tipo específico de crime.

Evidência anedótica, eu já. Mas de qualquer forma não importa: se há pessoas preocupadas com o bem-estar de gays e associados, não significa que eles se preocuparão só com isso.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #78 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:15:27 »
Assim como praticamente inexiste isso de matar por ser gay ou matar por ser negro.

Eu já diria que esses são apenas meio que "raros", e que podem ter números inflados por motivação ideológica, para causar pânico, mas são ideologias mais expressivas. Femicídio propriamente dito eu consideraria coisa apenas em culturas de países como a da Síria (e a aproximação deste(s) com o Brasil talvez faça com que legislação que talvez pareça exagerada seja um bom passo preventivo, por via das dúvidas), e fora disso, apenas idiossincrasias de psicopatas individuais.

Vão haver vários fatores que podem contribuir para que mulheres sejam vítimas de assassinato ou violência (ainda que em geral, devam ser mais raramente vítima de assassinato, se não me engano, sem que no entanto isso se dê por uma espécie de misandria dos perpetradores, na maioria homens, de violência), incluindo desde situações naturais (como "casamento") a valores "machistas". Mas diferentemente de racismo e homo/trans/etc-fobia, não existe essa ideologia de mulheres como uma casta inferior que precise ser exterminada.

É coisa mais "tênue", como "lugar de mulher e na cozinha", e que, assim como com crianças, é valido o uso de violência como forma de castigo, e dentro disso vão haver casos extremos, assim como há com violência infantil, sem que no entanto haja uma cultura generalizada ou ideologia robusta que desumanize as crianças. Ironicamente (ou não), é até argumentavel que haja mais elementos de "ódio às crianças" na cultura do que de ódio às mulheres.

Nunca veríamos ser aceito tão trivialmente, inquestionado, algo como o Homer Simpson cotidianamente estrangulando o filho (menino), se fosse uma retratação cômica de violência contra mulher (o pior que já ocorreu nesse sentido foi Homer ter jogado para fora de casa as cunhadas, mas "em compensação" ele já teve sua cabeça arremessada contra a parede e foi estuprado pela própria esposa, não conseguindo andar no dia seguinte*). Muito menos uma "Jenny" que fosse morta ou violentada em todo episódio. No entanto, feministas radicais como a Anita Sarkeesian acham que as mulheres é que são as vítimas principais.



* O que eu não acho nada demais. Assim como não acho nada tão terrível piadas de estupro contra mulheres, como aquela do "mas ela era tão feia que devia agradecer", e como acho que pode até ser cômica, ainda que também inegavelmente trágica, a "idéia" ou ocorrência de um homem ter o pênis decepado. Humor bem de "baixo nível" mesmo, mas algo inevitável e não necessariamente envolvendo qualquer tipo de ódio ou desrespeito. Um pouco como é meio difícil de não achar engraçado o caso do coitado que morreu esmagado por uma estátua religiosa ao ir rezar, agradecendo por ter sobrevivido a um acidente. Não é engraçado no sentido de "haha, ele morreu! Esses crentes, tem mais é que morrer mesmo!". Ao mesmo tempo, não acho que "deveria haver igualitarismo nas vítimas cômicas de violência". Uma das coisas que acho que é uma desigualdade sexual mais ou menos natural é nos chocarmos mais mesmo com violência tendo como vítimas mulheres, até mesmo em comparação com crianças, em alguns casos. Enquanto é meio cômico imaginar uma sitcom com uma mulher correndo atrás do marido com uma frigideira por qualquer razão, o contrário naturalmente "parece" de extremo mau-gosto, sem graça alguma. Talvez essa propensão meio-natural seja a origem desses exageros, que devemos tentar evitar. Bem como, talvez principalmente, a negligência de casos reais que seriam facilmente tornados "cômicos" na TV ou em uma piada.

Offline Donatello

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #79 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:19:46 »
<a href="https://www.youtube.com/v/pPgWZh48SVk" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/pPgWZh48SVk</a>



Não existe homofobia no Brasil. Eu acho que o Donatelo vive em Nárnia.

Ahhh, claro: eu sei que você sabe ler então você não deve ter inferido de qualquer parte do meu texto a negação à possibilidade de que existam pessoas homofóbicas ou que até matem outras apenas por estas serem homossexuais, apenas apresentei alguns exemplos que sustentam a minha defesa de que este cenário é fraudulentamente maximizado=mimimizado por meio de overreactions sobre crimes comuns vitimizando gays e estatísticas bogus como a citada (a qual, depois de eu desenhar, você mesmo admitiu ser fraudulenta, lembra?).

E sim, gangues anti-gay paulistas são obviamente menos numerosas, poderosas, ativas e o caralho a quatro do que gangues relacionadas a futebol mas estas últimas não parecem causar esta comoção toda em você (exceto quando seus atos se voltam contra uma das minorias elegidas pela senhoria, qual surpesa?).
« Última modificação: 05 de Setembro de 2014, 18:40:54 por Pai Donna de Irôko »

Offline Donatello

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #80 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:30:09 »
se há pessoas preocupadas com o bem-estar de gays e associados, não significa que eles se preocuparão só com isso.
Significa se eles propuserem leis que nomeem gays e associados como credores de tratamento diferenciado (que é exatamente o que fazem) Rocky. Esse discurso de fuga do igualitarismo típico ("também estamos preocupados com as vítimas masculinas, brancas, flamenguistas, vascaínas, japonesas, evangélicas... mas nosso foco agora é defender os gays, negros e mulheres e por isso estamos propondo um monte de leis diferencias pra eles...") não me convence.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #81 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:39:10 »
É simplesmente populismo, propaganda. Podem conquistar mais eleitores desses "nichos" do que se teria com uma abordagem menos específica, que obtivesse o mesmo resultado legal/real prático -- ou até um melhor. Estará invariavelmente junto de um discurso mais "poético"/dramático de "precisamos acabar com as injustiças históricas", etc, em vez de algo colocado de maneira tão branda/técnica quanto possível. Apelo à emoção é fundamental na propaganda.

Offline Rocky Joe

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #82 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:40:35 »
Citar
Nunca veríamos ser aceito tão trivialmente, inquestionado, algo como o Homer Simpson cotidianamente estrangulando o filho (menino), se fosse uma retratação cômica de violência contra mulher (o pior que já ocorreu nesse sentido foi Homer ter jogado para fora de casa as cunhadas, mas "em compensação" ele já teve sua cabeça arremessada contra a parede e foi estuprado pela própria esposa, não conseguindo andar no dia seguinte*). Muito menos uma "Jenny" que fosse morta ou violentada em todo episódio. No entanto, feministas radicais como a Anita Sarkeesian acham que as mulheres é que são as vítimas principais.

Isso é verdade. Notei em mim mesmo isso quando estava assistindo um vídeo no youtube, onde, em desenho, uma mulher falava besteira, um cara entrava e batia nela pra ela parar de falar, e isto me incomodou, apesar do gênero dela não ser importante no vídeo (curiosidade, é esse aqui).

No caso dos Simpsons, não seria uma sátira, quero dizer, mais uma piada sobre o Homer ser um homem basicamente podre que age como um jumento batendo no filho por qualquer coisa? Que apesar de tudo isso ele é boa pessoa é provavelmente porque conseguimos gostar do personagem. :P

se há pessoas preocupadas com o bem-estar de gays e associados, não significa que eles se preocuparão só com isso.
Significa se eles propuserem leis que nomeem gays e associados como credores de tratamento diferenciado (que é exatamente o que fazem) Rocky. Esse discurso de fuga do igualitarismo típico ("também estamos preocupados com as vítimas masculinas, brancas, flamenguistas, vascaínas, japonesas, evangélicas... mas nosso foco agora é defender os gays, negros e mulheres e por isso estamos propondo um monte de leis diferencias pra eles...") não me convence.

Como sempre, ainda acho justificado a fuga do igualitarismo em casos onde seja pertinente, como acho que é o caso da injúria racial e quem sabe até a política de cotas pra universidades públicas. Mas não tenho muito a dizer pra lhe convencer, e imagino que nem o contrário. Temos prioridades diferentes.

Offline Donatello

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #83 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:43:34 »
É simplesmente populismo, propaganda. Podem conquistar mais eleitores desses "nichos" do que se teria com uma abordagem menos específica, que obtivesse o mesmo resultado legal/real prático -- ou até um melhor. Estará invariavelmente junto de um discurso mais "poético"/dramático de "precisamos acabar com as injustiças históricas", etc, em vez de algo colocado de maneira tão branda/técnica quanto possível. Apelo à emoção é fundamental na propaganda.
Exactement ! (com excessão do trecho negritado que eu substituiria por um "com absoluta certeza melhor")

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #84 Online: 05 de Setembro de 2014, 18:59:49 »

No caso dos Simpsons, não seria uma sátira, quero dizer, mais uma piada sobre o Homer ser um homem basicamente podre que age como um jumento batendo no filho por qualquer coisa? Que apesar de tudo isso ele é boa pessoa é provavelmente porque conseguimos gostar do personagem. :P

Eu acho que sim, mas também, talvez "principalmente", porque é simplesmente engraçado no sentido de "humor de baixo nível", como o Tom apanhando do Jerry, ou o Coçadinha sendo morto pelo Comichão, sem que a população em geral seja "ratarquista" e "misfelina", por mais argumentável que seja que gatos não são lá tão apreciados ou mesmo "respeitados" quanto cães.

O mesmo não aconteceria (ou não no mesmo grau, ou livre de uma avalanche de críticas muito maior) se as vítimas de violência fossem a Lisa e a Marge. Até a Maggie pode ser vítima de alguns descuidos com efeito cômico, mas o fato é que nossa cultura não é particularmente favorável à violência contra a mulher, mas à proteção especial delas como mais frágeis. "Mulheres e crianças primeiro" não se refere aos que vão ser jogados para fora de um bote salva-vidas.

(Talvez também não aconteceria algo parecido se fosse o Tom que pegasse o Jerry, ou o Coiote que pegasse o Papa-Léguas)

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #85 Online: 05 de Setembro de 2014, 19:11:09 »
É simplesmente populismo, propaganda. Podem conquistar mais eleitores desses "nichos" do que se teria com uma abordagem menos específica, que obtivesse o mesmo resultado legal/real prático -- ou até um melhor. Estará invariavelmente junto de um discurso mais "poético"/dramático de "precisamos acabar com as injustiças históricas", etc, em vez de algo colocado de maneira tão branda/técnica quanto possível. Apelo à emoção é fundamental na propaganda.
Exactement ! (com excessão do trecho negritado que eu substituiria por um "com absoluta certeza melhor")

Nisso eu sou simplesmente "agnóstico". Não tenho a pachorra para "estudar" as possíveis abordagens e diferenças práticas que poderiam ter. Acho que poderia muito bem calhar de ser mais efetivo, em alguns casos, fazer essas diferenciações, sem que haja "efeito colateral" indesejado. Mas me agradaria muito ver isso sendo feito e defendido sem populismo, bem como com ressalvas/explicações não dramáticas das vantagens da especificidade, em vez de ser aproveitado de forma eleitoreira-messiânica.




Offline Lakatos

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #86 Online: 05 de Setembro de 2014, 23:53:18 »


Quem ensina as crianças a odiar?

Via:




Na década de 1930 o psicólogo Kenneth Clark e sua esposa, Mamie Phipps Clark, investigaram os efeitos psicológicos da segregação em estudantes negros, especialmente relacionados à autoimagem. Kenneth nascido no Panamá mudou para o Harlem, um bairro pobre da cidade de Nova York, aos cinco anos de idade, tendo que enfrentar em muitas ocasiões de sua vida os efeitos da segregação em seu país. O casal realizou muitas pesquisas juntos, tornando-se o primeiro casal de negros a concluir o doutorado em psicologia na Universidade de Columbia, em Nova York.  Criaram o que ficou conhecido como o “teste da boneca”, no qual eram utilizadas quatro bonecas todas de aparências idênticas, exceto pela cor da pele, variando de branco a marrom-escuro. O casal trabalhou com crianças entre três e sete anos de idade. As crianças demonstraram uma consciência inegável de raça ao identificar corretamente as bonecas pelas tonalidades da pele, tendo também identificado a si mesmas indicando as bonecas que mais se pareciam com elas.
 

No intuito de investigar a atitude das crianças em relação à raça, os Clark pediram que cada criança apontasse a boneca de que mais gostava ou  com a qual gostaria de brincar; qual tinha uma cor bonita; e qual era feia. O resultado foi preocupante, pois as crianças negras apresentaram uma preferência pelas bonecas brancas e rejeitaram as negras – atitude entendida pelos psicólogos como uma indireta auto rejeição. Os pesquisadores estavam convencidos de que isso era reflexo da tendência infantil de absorver os preconceitos raciais da sociedade e depois internalizar o ódio e formularam então uma importante questão: “Quem ensina as crianças a odiar e temer alguém de outra raça”?
 

O casal de psicólogos procurou entender o que influenciava o preconceito e concluiu que, à medida que aprendem a avaliar as diferenças raciais de acordo com os valores da sociedade, as crianças são levadas a se identificar com determinado grupo, e cada grupo racial tem um “status” implícito dentro da hierarquia. As crianças negras que haviam escolhido a boneca branca mostravam estar cientes de que a sociedade americana (local de realização da pesquisa) preferia pessoas brancas e que haviam internalizado o pensamento. Crianças com apenas três anos de idade expressavam atitudes similares às dos adultos de sua comunidade.
 

Os pesquisadores concluíram que essas atitudes são determinadas por uma combinação de influências que vinha de pais, professores, amigos, TV, filmes e quadrinhos. Embora seja bastante raro um pai ensinar os filhos deliberadamente a odiar outros grupos raciais, muitos, inconsciente e sutilmente, repassam as atitudes sociais predominantes. Alguns pais brancos podem, por exemplo, desencorajar seus filhos a brincar om colegas negros, ensinando-os assim, de maneira implícita, a temer e evitar crianças negras.
 

O resumo que Clark fez de sua pesquisa em 1950 insistia que a segregação estava prejudicando igualmente a personalidade das crianças negras e brancas. Mais tarde o depoimento dado por Kenneth Clark em julgamentos vinculados a casos envolvendo segregação nos Estados Unidos contribuiria diretamente para o fim do ensino segregado e para o Movimento pelos Direitos Civis em seu país.
 

Embora tenha sido realizada entre a década de 1930 a 1950 e nos Estados Unidos, essa pesquisa nos ensina muitas coisas: Aos três anos de idade as crianças tem consciência das raças e já começam a formar preconceitos; a segregação, preconceito e as influências sociais de pais, professores, colegas e mídias levam as crianças a internalizar atitudes racistas.  Então poderíamos repetir agora a pergunta feita pelos Clark na pesquisa: “Quem ensina nossas crianças a odiar e temer alguém de outra raça?”

Tenho certeza quase absoluta de que já li esse texto, ipsis litteris. E nunca li ou tinha ouvido falar do jornal em questão (Gazeta do Oeste).

Offline Lakatos

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #87 Online: 06 de Setembro de 2014, 00:06:26 »
É d'O Livro da Psicologia, da editora Globo, páginas 282-283. Algum "jornalista" não fez a lição de casa.  :no:


Offline Sergiomgbr

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #88 Online: 06 de Setembro de 2014, 11:50:51 »


Quem ensina as crianças a odiar?

Via:




Na década de 1930 o psicólogo Kenneth Clark e sua esposa, Mamie Phipps Clark, investigaram os efeitos psicológicos da segregação em estudantes negros, especialmente relacionados à autoimagem. Kenneth nascido no Panamá mudou para o Harlem, um bairro pobre da cidade de Nova York, aos cinco anos de idade, tendo que enfrentar em muitas ocasiões de sua vida os efeitos da segregação em seu país. O casal realizou muitas pesquisas juntos, tornando-se o primeiro casal de negros a concluir o doutorado em psicologia na Universidade de Columbia, em Nova York.  Criaram o que ficou conhecido como o “teste da boneca”, no qual eram utilizadas quatro bonecas todas de aparências idênticas, exceto pela cor da pele, variando de branco a marrom-escuro. O casal trabalhou com crianças entre três e sete anos de idade. As crianças demonstraram uma consciência inegável de raça ao identificar corretamente as bonecas pelas tonalidades da pele, tendo também identificado a si mesmas indicando as bonecas que mais se pareciam com elas.
 

No intuito de investigar a atitude das crianças em relação à raça, os Clark pediram que cada criança apontasse a boneca de que mais gostava ou  com a qual gostaria de brincar; qual tinha uma cor bonita; e qual era feia. O resultado foi preocupante, pois as crianças negras apresentaram uma preferência pelas bonecas brancas e rejeitaram as negras – atitude entendida pelos psicólogos como uma indireta auto rejeição. Os pesquisadores estavam convencidos de que isso era reflexo da tendência infantil de absorver os preconceitos raciais da sociedade e depois internalizar o ódio e formularam então uma importante questão: “Quem ensina as crianças a odiar e temer alguém de outra raça”?
 

O casal de psicólogos procurou entender o que influenciava o preconceito e concluiu que, à medida que aprendem a avaliar as diferenças raciais de acordo com os valores da sociedade, as crianças são levadas a se identificar com determinado grupo, e cada grupo racial tem um “status” implícito dentro da hierarquia. As crianças negras que haviam escolhido a boneca branca mostravam estar cientes de que a sociedade americana (local de realização da pesquisa) preferia pessoas brancas e que haviam internalizado o pensamento. Crianças com apenas três anos de idade expressavam atitudes similares às dos adultos de sua comunidade.
 

Os pesquisadores concluíram que essas atitudes são determinadas por uma combinação de influências que vinha de pais, professores, amigos, TV, filmes e quadrinhos. Embora seja bastante raro um pai ensinar os filhos deliberadamente a odiar outros grupos raciais, muitos, inconsciente e sutilmente, repassam as atitudes sociais predominantes. Alguns pais brancos podem, por exemplo, desencorajar seus filhos a brincar om colegas negros, ensinando-os assim, de maneira implícita, a temer e evitar crianças negras.
 

O resumo que Clark fez de sua pesquisa em 1950 insistia que a segregação estava prejudicando igualmente a personalidade das crianças negras e brancas. Mais tarde o depoimento dado por Kenneth Clark em julgamentos vinculados a casos envolvendo segregação nos Estados Unidos contribuiria diretamente para o fim do ensino segregado e para o Movimento pelos Direitos Civis em seu país.
 

Embora tenha sido realizada entre a década de 1930 a 1950 e nos Estados Unidos, essa pesquisa nos ensina muitas coisas: Aos três anos de idade as crianças tem consciência das raças e já começam a formar preconceitos; a segregação, preconceito e as influências sociais de pais, professores, colegas e mídias levam as crianças a internalizar atitudes racistas.  Então poderíamos repetir agora a pergunta feita pelos Clark na pesquisa: “Quem ensina nossas crianças a odiar e temer alguém de outra raça?”

Tenho certeza quase absoluta de que já li esse texto, ipsis litteris. E nunca li ou tinha ouvido falar do jornal em questão (Gazeta do Oeste).
Mas será que foi feito o teste das bonecas em outras sociedades para efeito comparativo? Ou mesmo se cogitou ao menos que a ideia do próprio brincar envolvia o uso de bonecas brancas? Que fosse o costume dos americanos brincar com bonecas negras, as crianças negras também quereriam brincar com bonecas negras?
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Skeptikós

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #89 Online: 06 de Setembro de 2014, 15:48:19 »
É d'O Livro da Psicologia, da editora Globo, páginas 282-283. Algum "jornalista" não fez a lição de casa.  :no:
Ainda bem que coloquei a fonte do texto, se não ia parecer que eu que tinha plagiado o mesmo. hehe

O teste foi feito em outras culturas também, exemplos aqui e aqui



Depois de ler os comentários do Donna e do Buck, cheguei a conclusão de que não só a tipificação do feminicídio é desnecessária e até mesmo nociva, como a proposta de emenda do outro senador, que prevê a ampliação desta tipificação, também o é.

Abraços!
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #90 Online: 06 de Setembro de 2014, 16:26:29 »
Concordo,acho que,as crianças,ja devem saber desde pequenas,que ser preconceituoso é errado,pois,quando crescer,vão saber a respeitar as pessoas de várias etnias e saberão tambem,a viver em uma sociedade.
Hoje em dia sabe-se que preconceito e racismo são práticas condenáveis, mas não basta ensinar somente isso, de nada valerá dizer explicitamente e diretamente que o preconceito racial é errado, caso a superioridade hierárquica de uma raça em relação a outra ainda for ensinada de forma implícita e indireta nas mais variadas formas de transmissão social de ideias.

E acho que já li sobre essas formas de tentar ensinar que é errado poderem ser um tiro pela culatra, dependendo de como é feito, mas não lembro de detalhe algum.



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Quem ensina as crianças a odiar?
....

Os pesquisadores concluíram que essas atitudes são determinadas por uma combinação de influências que vinha de pais, professores, amigos, TV, filmes e quadrinhos. Embora seja bastante raro um pai ensinar os filhos deliberadamente a odiar outros grupos raciais, muitos, inconsciente e sutilmente, repassam as atitudes sociais predominantes. Alguns pais brancos podem, por exemplo, desencorajar seus filhos a brincar om colegas negros, ensinando-os assim, de maneira implícita, a temer e evitar crianças negras.
...




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Accent Trumps Race in Guiding Children's Social Preferences
Author(s): Katherine D. Kinzler | Kristin Shutts | Jasmine DeJesus | Elizabeth S. Spelke


A series of experiments investigated the effect of speakers' language, accent, and race on children's social preferences. When presented with photographs and voice recordings of novel children, 5-year-old children chose to be friends with native speakers of their native language rather than foreign-language or foreign-accented speakers. These preferences were not exclusively due to the intelligibility of the speech, as children found the accented speech to be comprehensible, and did not make social distinctions between foreign-accented and foreign-language speakers. Finally, children chose same-race children as friends when the target children were silent, but they chose other-race children with a native accent when accent was pitted against race. A control experiment provided evidence that children's privileging of accent over race was not due to the relative familiarity of each dimension. The results, discussed in an evolutionary framework, suggest that children preferentially evaluate others along dimensions that distinguished social groups in prehistoric human societies.


http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3096936/


Offline Jovem Cético

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #92 Online: 10 de Setembro de 2014, 12:18:00 »
Japão recebe críticas da ONU após onda de xenofobia nas ruas

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140908_discriminacao_etnica_japao_et_rm.shtml

Até no Japão, tem esse tipo de pessoas. :(
Afirmativas extraordinárias, exigem provas extraordinárias. Carl Sagan

Offline Sergiomgbr

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #93 Online: 10 de Setembro de 2014, 12:46:48 »
Japão recebe críticas da ONU após onda de xenofobia nas ruas

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140908_discriminacao_etnica_japao_et_rm.shtml

Até no Japão, tem esse tipo de pessoas. :(
Cara, a discriminação advém do fato de grupos com caracterísricas e interesses distintos quebrarem ou manterem desunida a coesão ideal de uma sociedade, que é o que deve estar acontecendo no Japão, que sempre foi uma sociedade coesa, e que agora se vê diante de alguma multiculturalidade pelas demandas de sua própria realidade de desenvolvimento, e pode acontecer na Inglaterra e na Alemanha, com grupos islâmicos fechados em si mesmos, criando polícias próprias para controlar a população muçulmana, por exemplo.
Até onde eu sei eu não sei.

Offline Gabarito

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #94 Online: 11 de Setembro de 2014, 10:49:01 »
A nova série de humor, cujo título se baseou em "Sex and the City", está agitando o debate sobre preconceito:


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O sexo, as negas, o Falabella e o furdunço
Por Jeferson de Sousa | Tela Plena – 22 horas atrás


O elenco de “Sexo e as Negas” (foto: divulgação/Globo)

Ontem, inspirado no episódio do goleiro Aranha, escrevi sobre a relação da TV com os negros. Logo depois, percorrendo os blogs de notícia, me deparo com o bafafá que a série “Sexo e as Negas” está causando. A Secretaria Especial da Promoção da Igualdade Racial recebeu denúncias que apontam racismo no programa e há uma chuva de protestos nas redes sociais, com grupos pedindo boicote à série. Fiquei aqui a pensar: “Mas a série nem estreou! Como é que a gente julga algo antes de ver?”. Julgar antes é pré-julgar, ou seja, ter um pré-conceito sobre algo. Então, digo: minha gente, muita calma nessa hora.

Não sou fã do humor de Miguel Falabella. Nunca gostei de Caco Antibes, não acho graça em “Pé na Cova”, esse humor supostamente suburbano com cara de “núcleo pobre” da Globo. Dito isto, vamos aos fatos: protestar contra algo que não foi ao ar é um perigoso sinal de intolerância. Não tem nada a ver com direitos de negros, mulheres, asiáticos, judeus, homossexuais. Tem a ver com liberdade de expressão. É querer proibir o que ainda nem foi dito – o que nos torna censores mais censores do que os censores da ditadura – se não mais, pelo menos iguais.

Outra coisa: é um pouco arrogante e presunçoso achar que se sabe da algo sem ter, de fato, visto. “Ah, mas o Falabella sempre satiriza negros e pobres e mulheres”, dirão alguns. E eu direi: “ah, que tal você esperar a estreia, em 16 de setembro, para depois dizer o que acha?”. O benefício da dúvida é um saudável exercício. Tem a ver com aquela coisa de ouvir para depois falar. Os diálogos normalmente são construídos assim.

Também me surpreendeu ver que a série de ficção tenha gerado uma enxurrada de protestos de entidades negras. Um tipo de protesto que não tenho visto nesses episódios de racismo nos estádios. As punições para atos de racismo no futebol são ridículas. Na multa que alguns clubes recebem (e da qual recorrem, pagando a metade do valor imposto) às vezes é menor do que a multa por atrasar uma partida. Se informem. Pergunto: por que não há um movimento instando as pessoas a não irem aos estádios ou não assistirem os jogos na TV até que haja uma punição digna? Ou vocês acham que imolando a menina gaúcha em praça pública o problema está resolvido?

Por último: bora perguntar para as atrizes negras envolvidas no projeto (Karin Hils, Lilian Valeska, Corina Sabbas, Marina Bia) o que elas acham disso tudo? Bora perguntar para os profissionais negros que trabalham na área o que eles acham da série? A não ser, claro, que, além da presunção de falar sobre algo que ainda não assistimos, também apelemos para a prepotência de achar nossa opinião melhor que a dos outros.

Volto a falar sobre a série “Sexo e as Negas” na próxima semana. DEPOIS de assistir o primeiro episódio, óbvio.

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #95 Online: 11 de Setembro de 2014, 15:11:04 »
Japão recebe críticas da ONU após onda de xenofobia nas ruas

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140908_discriminacao_etnica_japao_et_rm.shtml

Até no Japão, tem esse tipo de pessoas. :(

Esse é o principal defeito da sociedade japonesa na minha opinião. É uma sociedade organizada e avançada em muitos aspectos, mas neste quesito o Japão é repetente e vai muito mal.
"O crime é contagioso. Se o governo quebra a lei, o povo passa a menosprezar a lei". (Lois D. Brandeis).

Offline _Juca_

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #96 Online: 12 de Setembro de 2014, 11:27:47 »
Essa vai pro pessoal que gosta de minimizar ofensas raciais e também aos contrários às cotas e ações afirmativas.

http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,racismo-e-estrutural-e-institucionalizado-no-brasil-diz-a-onu,1559036

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Racismo é 'estrutural e institucionalizado' no Brasil, diz a ONU

GENEBRA - O racismo no Brasil é "estrutural e institucionalizado" e "permeia todas as áreas da vida". A conclusão é da Organização das Nações Unidas (ONU), que publicou nesta sexta-feira, 12, seu informe sobre a situação da discriminação racial no País. No documento, os peritos concluem que o "mito da democracia racial" ainda existe na sociedade brasileira e que parte substancial dela ainda "nega a existência do racismo".
A publicação do informe coincide com a volta do debate sobre o racismo no Brasil por causa da expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por atos de sua torcida contra o goleiro negro do Santos, Aranha. Nesta semana, Pelé também causou polêmica ao minimizar o problema.
Mas as constatações dos peritos da ONU, que visitaram o Brasil entre os dias 4 e 14 de dezembro de 2013, são claras: os negros no País são os que mais são assassinados, são os que têm menor escolaridade, menores salários, maior taxa de desemprego, menor acesso à saúde, são os que morrem mais cedo e têm a menor participação no Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, são os que mais lotam as prisões e os que menos ocupam postos nos governos.
Para a entidade, um dos maiores obstáculos para lidar com o problema é que "muitos acadêmicos nacionais e internacionais e atores ainda subscrevem ao mito da democracia racial". Para a ONU, isso é "frequentemente usado por políticos conservadores para descreditar ações afirmativas".
"O Brasil não pode mais ser chamado de uma democracia racial e alguns órgãos do Estado são caracterizados por um racismo institucional, nos quais as hierarquias raciais são culturalmente aceitas como normais", destacou a ONU.
A entidade sugere que se "desconstrua a ideologia do branqueamento que continua a afetar as mentalidades de uma porção significativa da sociedade". 
Mas falta dinheiro, segundo a ONU, para que o sistema educativo reforce aulas de história da população afro-brasileira, um dos mecanismos mais eficientes para combater o "mito da democracia racial".
Marcos de Paula/Estadão
A publicação do informe da ONU coincide com a volta do debate sobre o racismo no Brasil, após a expulsão do Grêmio da Copa do Brasil por atos de sua torcida contra o goleiro negro do Santos, Aranha
Justiça. Para a ONU, essa situação ainda afeta a capacidade da população negra em ter acesso à Justiça. "A negação da sociedade da existência do racismo ainda continua sendo uma barreira à Justiça", declarou, apontando que mesmo nos casos que chegam aos tribunais, a condenação por atos racistas é dificultada "pelo mito da democracia racial". 
Para chegar à conclusão, a ONU apresentou dados sobre a situação dos negros no País. Apesar de fazer parte de mais de 50% da população, os afro-brasileiros representam apenas 20% do PIB. O desemprego é 50% superior ao restante da sociedade, e a renda é metade da população branca.
A expectativa de vida para os afro-brasileiros seria de apenas 66 anos, contra mais de 72 anos para o restante da população. Mesmo no campo da cultura, a participação desse grupo é apenas "superficial", e as taxas de analfabetismo são duas vezes superiores ao restante da população.
A violência policial contra os negros também chama a atenção da ONU, que apela à polícia para que deixe de fazer seu perfil de suspeitos baseado em cor da pele. Em 2010, 76,6% dos homicídios no país envolveram afro-brasileiros.
"Uma das grandes preocupações é a violência da polícia contra jovens afro-brasileiros", indicou. "A polícia é a responsável por manter a segurança pública. Mas o racismo institucional, discriminação e uma cultura da violência levam a práticas de um perfil racial, tortura, chantagem, extorsão e humilhação em especial contra afro-brasileiros", disse.
"O uso da força e da violência para o controle do crime passou a ser aceito pela sociedade como um todo porque é perpetuada contra uma setor da sociedade cujas vidas não são consideradas como tão valiosas", criticou a ONU.
Os peritos apontam que avaliam esse fenômeno como "a fabricação de um inimigo interno que justifica táticas militares para o controle de comportamentos criminosos".
"O direito à vida sem violência não está sendo garantido pelo Estado para os afro-brasileiros", insistiu o informe. 
Governo. Para a ONU, houve um avanço nos últimos anos no esforço do governo para lidar com o problema. Mas alerta que muitos dos organismos criados não contam com financiamento suficiente e nem recursos humanos para realizar seus trabalhos. "Muitos ainda têm baixa visibilidade em termos de presença física e posição dentro dos governos dos Estados e dos municípios."
A ONU também denuncia a resistência de grupos políticos diante de projetos de leis que tentam lidar com a desigualdade racial. Os peritos declararam estar "preocupados que o progresso feito até agora corra o risco de sofrer uma regressão diante das ameaças de grupos de extrema-direita".
Mesmo dentro da estrutura do Estado, os afro-brasileiros são "sub-representados". Eles ocupam raramente uma posição de chefia e, em Salvador, a única secretaria municipal comandada por um negro é a da Ação Afirmativa. O município conta com doze secretarias.

Offline Brienne of Tarth

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #97 Online: 12 de Setembro de 2014, 12:47:51 »
Ah, a ONU e seus relatórios sempre confiáveis...SQN

http://www.depedsonsantos.com.br/onu-diz-que-diminuiu-o-racismo-no-brasil/

"O Grupo de Trabalho da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Afrodescendentes divulgou na semana passada um relatório preliminar sobre a evolução das relações raciais no Brasil. O documento destaca a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, em 2010, como “passo crucial na promoção da igualdade para os afro-brasileiros”, assim como a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre a constitucionalidade das cotas raciais para acesso ao ensino superior e as atuais discussões no Congresso sobre as cotas para cargos públicos.
“São medidas para corrigir as desigualdades históricas que têm impedido que os afro-brasileiros tenham acesso a tais espaços”, afirma o relatório. O grupo ouviu representantes das três esferas de governo e da sociedade civil, incluindo comunidades negras, em Brasília, Pernambuco, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro. “Nossa visita permitiu uma oportunidade única para compreender a situação dos direitos humanos dos afro-brasileiros”, afirma o comunicado. O grupo da ONU lembra que, embora constituam mais da metade da população brasileira, os afrodescendentes permanecem “sub-representados e invisíveis na maioria das estruturas de poder, nos meios de comunicação e no setor privado”, em decorrência da “discriminação estrutural” baseada em “mecanismos históricos de exclusão e estereótipos negativos, reforçados pela pobreza, marginalização política, econômica, social e cultural”.
O relatório destaca a persistência de “um grande contraste entre a precariedade da situação dos negros brasileiros e o elevado crescimento econômico do país. Os afro-brasileiros não serão integralmente considerados como cidadãos plenos sem uma justa distribuição do poder econômico, político e cultural”. As conclusões e recomendações definitivas do grupo serão apresentadas ao Conselho de Direitos Humanos da ONU."

Não se trata de minimizar, ou mimimizar, mas uma lei específica para tratar do que já esta previsto é nulificar, ou pior, desconsiderar as leis anteriores, com um custo psicológico alto, pois se precisamos criar leis para que se cumpram leis, estamos numa gaiola de ramsters, a rodar eternamente sem sair do lugar???

« Última modificação: 12 de Setembro de 2014, 12:52:15 por Brienne of Tarth »
GNOSE

Offline Gaúcho

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #98 Online: 12 de Setembro de 2014, 13:30:54 »
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Mas falta dinheiro, segundo a ONU, para que o sistema educativo reforce aulas de história da população afro-brasileira, um dos mecanismos mais eficientes para combater o "mito da democracia racial".

Eu acho que quanto mais você fica separando em grupos, como se fossem "coisas" diferentes, pior é. Enquanto não colocarem na cabeça das pessoas que não existe divisão nenhuma, que somos todos seres humanos, o racismo não vai acabar.

Do meu ponto de vista, ensinar história da população afro-brasileira é o mesmo que querer ensinar história das pessoas que têm olhos azuis, ou que são canhotas. Ensinem história das pessoas. Ponto. Enquanto você ficar criando divisões, mesmo que a intenção seja mostrar coisas boas, ainda assim será uma divisão. "Nossa, olha só, até que os negros também fazem coisas legais." - Aluno do ensino fundamental.

Não é o caminho.
"— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras." Sérgio Moro

Offline _Juca_

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Re:Preconceito e racismo contra todas as pessoas
« Resposta #99 Online: 12 de Setembro de 2014, 14:49:27 »
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Mas falta dinheiro, segundo a ONU, para que o sistema educativo reforce aulas de história da população afro-brasileira, um dos mecanismos mais eficientes para combater o "mito da democracia racial".

Eu acho que quanto mais você fica separando em grupos, como se fossem "coisas" diferentes, pior é. Enquanto não colocarem na cabeça das pessoas que não existe divisão nenhuma, que somos todos seres humanos, o racismo não vai acabar.

Do meu ponto de vista, ensinar história da população afro-brasileira é o mesmo que querer ensinar história das pessoas que têm olhos azuis, ou que são canhotas. Ensinem história das pessoas. Ponto. Enquanto você ficar criando divisões, mesmo que a intenção seja mostrar coisas boas, ainda assim será uma divisão. "Nossa, olha só, até que os negros também fazem coisas legais." - Aluno do ensino fundamental.

Não é o caminho.

Quanto mais você conhece a história menos probabilidade tem de cometer os mesmos erros do passado. Conhecer a história afro, dos brancos europeus, do índios, asiáticos, e qualquer outra etnia que compõe nossa base do DNA que forma o total dos brasileiros, e por consequência conhecer o porque de que somos o que somos, do porque negros estão numa camada social inferior à de brancos europeus ( ao menos em relação à cor da pele), mais chances temos de corrigir essas injustiças e não repeti-las.


 

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