Isso acontece normalmente em empresas grandes onde existem muitas regras e pouco bom senso, mas em empresas privadas isso é excessão, em empresas públicas isso é regra. Regras de contratação em empresas privadas não estão escritas em pedra, não são dogmas imutáveis, basta convencer o responsável de que a pessoa a ser promovida realmente merece a promoção.
Na verdade isso aconteceu em uma empresa privada (CSN), que por sinal (se não me engano) é a quinta maior do mundo em um de seus ramos de atuação (siderurgia). E acontece também com frequência em outras empresas privadas da região, uma delas por exemplo, a Vale, a maior mineradora do mundo.
O que acontece muito é que normalmente funcionários se dão mais valor do que realmente tem, as vezes um funcionário realmente tem o conhecimento técnico para ser um supervisor, mas não o perfil de líder. E para ser líder o conhecimento técnico muitas vezes é menos importante do que a capacidade de liderança. Como diz o meu tio, cuidado ao promover um sargento a oficial, as vezes você perde um grande sargento e fica com um péssimo oficial.
Neste caso ele fora convidado a preencher a vaga de supervisor que havia surgido, pelo fato do gerente confiar nele como capaz de atender as necessidades da função, logo, pode-se deduzir que o gerente acreditava que ele tinha também o perfil de líder que a função exigia.
Mas esses são casos diferentes do ponto onde eu queria chegar, o problema do diploma na contratação é que em empresas grandes a quantidade de interessados pela vaga é imensa, então tem que existir algum tipo de corte, exigência de diploma é uma delas, claro que podem existir pessoas sem diploma que seriam perfeitas para a vaga, mas quando se tem 10 mil currículos na mesa, não da pra ler todos com extrema atenção, não da pra entrevistar todos os candidatos. Não tem como o recrutador saber que o cara que só tem o segundo grau e nunca trabalhou na área, na verdade é um gênio incompreendido.
O caso que dei de exemplo é diferente neste ponto também, pois ambos os funcionários aspirantes a vaga eram muito bem conhecidos pelos seus superiores, que se sentiram impedidos de classifica-los à função superior simplesmente em respeito a uma das normas da empresa, que como já dito aqui, é privada, e não estatal.
Ou seja, é de fato um problema comum, e não somente de empresas estatais, mais privadas também. Além disso, não é um problema somente de critério de desempate numa questão de analise superficial onde se analisa somente o currículo, onde duas pessoas com experiência comprovada igual, mas uma com diploma e a outra não, resultando no favorecimento da que possuí o diploma. É um problema da supervalorização do diploma em detrimento de fatores mais importantes, como a experiência prática por exemplo.
Além disso, como colocado pelo Lorentz, parece estar a acontecer a supervalorização de profissionais com diplomas universitários de nível acadêmico, voltados para pesquisa, em detrimento de profissionais muito mais qualificados de nível técnico, formados justamente para trabalharem na industria desempenhando funções técnicas que não necessitam de formação universitária.
Estes universitários estão a ocuparem cargos e funções técnicas para as quais não estão preparados, tomando a vaga dos técnicos que estariam verdadeiramente preparados para desempenharem esta função, com muito mais eficiência.
No final das contas isso resulta na injustiça de o menos preparado ganhar mais do que o mais preparado simplesmente por uma questão absurda de supervalorização do nível de formação, independente de sua real relação com as reais necessidades da função que ele esta a desempenhar.
Abraços!