A economia mundial está sempre sofrendo revezes. E por causa disso a toda hora se tira uma solução mágica da cartola e, eventualmente, algumas aberrações, como o comunismo. E estamos sempre sujeitos a uma solução mágica a cada novo revés.
O capitalismo é imperfeito, sim, e é por isso que sempre aparecem malucos ou canalhas propondo utopias em que todos serão felizes e ricos.
A melhor defesa do capitalismo é reconhecer as mazelas da civilização moderna, muitas delas, graças as falhas do sistema, não tratá-las como meros inconvenientes. É graças a isso que aberrações como o comunismo encontram adeptos em pleno século XXl, pois boa parte da civilização ficou de fora das benesses da modernidade.
É normal que, num mundo tão desigual por milênios, os problemas não desapareçam do dia para a noite. Não são meros inconvenientes, são problemas sérios, mas utopias não vão resolver nada.
É graças ao capitalismo que a população saltou de um para nove bilhões de pessoas em dois séculos. Contudo, a produção mundial de alimentos supera a demanda. Escassez não é, portanto, a melhor explicação. O que falta é acesso. Estima-se que um bilhão de toneladas de alimentos, quase um terço de toda a produção, são desperdiçados anualmente, despejando três bilhões de toneladas de dióxido de carbono na atmosfera, sendo esse o terceiro maior emissor. Se o capitalismo é realmente o melhor sistema ele terá que corrigir as falhas que permitem essas aberrações ou, inevitavelmente, ruirá.
Sim, falta acesso, mas, ao mesmo tempo, a população não para de crescer, inclusive - e principalmente - nos países mais pobres. Isto significa que há mais alimentos que antes, mas também que os pobres continuam se reproduzindo irresponsavelmente.
Por outro lado, se o desperdício de alimentos for eliminado, os pobres continuarão com pouca comida, já que os produtores simplesmente reduzirão a produção em vez de continuar produzindo muito e passando a enviar o excesso (de graça) para os países miseráveis.
Imagine que você é um padeiro e produz e vende 1000 pães por dia. Aos poucos, sua clientela resolve acabar com o desperdício de pão em suas casas e, por causa disto, você passa a vender apenas 800 pães por dia.
O que você vai fazer? Reduzir a produção para 800 pães ou continuar produzindo 1000 e distribuir o excesso pelos pobres?
Eu já acho o oposto, que não dá para falar em estabilizar a população sem antes acabar com a miséria. A receita que esses países em geral adotaram foi distribuir melhor a riqueza, através do estado de bem-estar social. E não estou defendendo essa solução, apenas citando. Não é algo que possa funcionar a longo prazo, ao menos, ficando restrito a poucos países, pois como mel atrai as moscas da vizinhança.
A Suécia, por exemplo, já foi um país pobre. Hoje, ela é um modelo, mas só chegou lá com muito trabalho e disciplina.
Para distribuir a riqueza, é preciso primeiro gerá-la.