Eu gostaria de ver posts elaborados do Luis Souto e Derfel explicando o porquê de suas escolhas. É uma curiosidade sincera minha.
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Mas não vai ver. Seria expor a lógica do ilógico.
Bem, estava escrevendo antes no tablet e antes de postar, li a resposta do Luiz Souto e o post seguinte do DDV. Se o desejo de saber os motivos é sincero, então porque usar como uma forma de atacar a esquerda de uma maneira geral? O que me parece é que o post solicitando uma explicação nada mais é que uma forma de estabelecer um conceito que já possui e usar isso como uma forma de atacar (ou marcar uma posição). É o mesmo com enquetes direcionadas aos seus objetivos.
Quem fez as colocações não foram os esquerdistas e eles, mas o Luiz Souto. Porém, já sabendo que terei tratamento semelhante, por um motivo de coerência e respeito aos demais foristas, vou tentar esclarecer o meu voto (e que se trata de uma posição pessoal, que não espero que seja compartilhada pelos colegas, mesmo porque acredito que cada um deva ter sua própria opinião formada).
De uma maneira geral concordo com o colocado pelo Luiz Souto e já postei em outros momentos os motivos da minha escolha, que basicamente tem a ver com a consolidação de políticas que considero importantes. Ao contrário das brincadeiras que fizeram com a Luciana Genro, considero que nos debates ela foi a melhor e mais coerente com as suas proposições, uma pena que ela defenda algumas ideias que considero anacrônicas. Mas acho que ela seja uma estrela em ascensão e tenha maior relevância nas próximas eleições, substituindo o que a Marina foi nas passadas.
Importante para definir o porquê da minha escolha passa pelas categorias que considero que haja de antipetistas. Basicamente, considero que haja 3 tipos de antipetistas: 1) o anticomunista, que considera que o PT deseja implantar o comunismo no Brasil; 2) O que considero que o PT seja um partido de pobres e ignorantes, ou seja, é um preconceito de classe ainda que seja subconsciente, isso pode ser melhor visto pela onda de preconceito a nordestinos, beneficiários de programas como o BF e os que são muitas vezes chamados de "incrusão digital"; 3) por fim, os que consideravam o PT o último partido ético, ou o partido da ética, e ficou decepcionado ao descobrir que era um partido como os outros (e a decepção é um componente forte no sentimento de rejeição, já que a pessoa sente que fora enganada). Veja que isso é o considero que são as classes de antipetistas, mas não daqueles que não votam no PT ou daqueles que votam no Aécio (as pessoas votam, normalmente, naquilo que consideram que seja o melhor para eles, o país ou a comunidade, pragmaticamente ou ideologicamente).
Obviamente não sou antipetista. Tanto não considero que o PT seja a ameaça comunista e não considero problema a ascensão de classes sociais, quanto nunca considerei o PT o último partido ético. Simplesmente faz parte da natureza humana a corrupção (e o sistema político brasileiro acaba levando à corrupção) e o importante é que as instituições funcionem (e se você vai encontrar vários posts em que coloco isso). Até acho que os partidos que se originem em uma proposta de base, como foi o caso do PT e como é o caso do Novo, comecem como éticos, mas a partir do momento que crescem e começam a conseguir cargos do executivo, começa a se instalar a corrupção.
Sendo assim, meu voto se baseia no modelo de país que acho mais adequado e quem, hoje, oferece as condições para isso. Como o Luiz Souto colocou, não existem muitas diferenças entre o PT e PSDB, principalmente em relação à corrupção (e uma colega que foi auditora da CGU nos tempos do FHC - e era eleitora da Marina - disse exatamente isso), mas em grande parte isso se deve à forma como é feita política no Brasil, como democracia de consenso. O Brasil é semi-parlamentarista (resultado da constituição de 88 que foi pensada para o parlamentarismo) e nenhum governo consegue governar aqui sem a maioria do congresso e, não tenha dúvida, Aécio ganhando a maioria dos partidos que hoje apoiam o PT irão apoiar o PSDB (e você acha que irão simplesmente sem nenhuma vantagem?) - a começar pelo PMDB. Oposição será apenas o PT, o PSOL, o PSTU e mais um ou outro partido - talvez a Rede. Os parlamentares possuem uma importância grande na política e é decisiva para o executivo e, como colocado pelo Luiz Souto, essa legislatura será particularmente conservadora. Mudanças econômicas serão feitas seja qual for o governo, talvez varie a forma ou o tempo em que se darão as mudanças, mas acontecerão. O que distingue um projeto político do outro são justamente as políticas sociais e as políticas de saúde (algo que pessoalmente considero importante), que correm o risco de sofrer uma paralisação ou mudança brusca, justamente porque não estão consolidadas, sob um governo do Aécio (que já deu mostras que faria algo assim, pelo menos na Saúde).
Por isso considero o voto na Dilma a melhor opção hoje. Em outras oportunidades cheguei a colocar que votaria em Aécio em 2018, mas depois de assistir aos debates e suas propostas avaliei melhor e, hoje, não votaria nele nem em 2018. Como ele vai ser eleito, pode ainda mudar o conceito que tenho dele, a depender de como será seu governo. O único senão à Dilma, mas também seria para o Aécio, é a polarização que um e outro geram, nisso talvez o voto na Marina tivesse sido melhor.