Tiago, ninguém sabe o paradeiro dos Maias. E acho até difícil que uma sociedade tão avançada como aquela se deixasse levar pela superexploracão dos recursos de suas terras; e se o fizessem, bastaria procurar novas terras. . A superprodução é algo mais provável de se ocorrer no capitalismo.
Você está cometendo alguns erros básicos que tornam sua refutação menos generalizável e válida em geral.
A começar - a superexploração de recursos não é solucionada apenas "por procurar novas terras". Recursos não estão disponíveis de maneira uniforme pelo planeta. A distribuição de chuvas, de luminosidades e a proximidade com fontes estáveis de água doce (citando exemplos básicos para a agricultura) são altamente dependentes da latitude e da continentalidade/maritimidade. Recursos minerais só estão localizados em áreas específicas - e nem todo tipo de bem pode ser deslocado com sua população (resistências, por exemplo). Além disso, a disponibilidade de um recurso não indica sua viabilidade de exploração. O recurso pode estar distante de onde ele pode ser processado, o que dificulta sua utilização. E claro, existem barreiras geográficas (oceanos, mares, cadeias de montanhas, desertos) que inviabilizam redes de transporte, comércio e troca.
Eu não conheço nenhuma sociedade primitiva que faliu por esgotamento de recursos
Depende sua definição de "sociedade primitiva", mas existem diversos candidatos que se não foram severamente reduzidas por esgotamento de recursos, eles tiveram um impacto considerável.
Do livro Collapse do Jared Taylor, as sociedades
candidatas são:
1. Polinésios na Ilha da Páscoa (provavelmente o exemplo mais e melhor contestado, onde o impacto da superexploração pode ter sido superestimado).
2. Polinésios na Ilha Pitcairn
3. Colônias Vikings nas Ilhas do Mar do Norte, Groenlândia e Norte do Canadá.
4. Anasazi no sudeste dos EUA
5. Colapso Maia no México (Outro exemplo contestado).
Do livro Collapse of Complex Societies, as sociedades candidatas por critérios ambientais são:
1. Civilização Harappan/do Vale do Indo
2. Civilização Minoana
3. Civilização Micênica
4. Olmecas
5. Maias das Terras Baixas (México)
6. Maias de Terras Altas (Mesoamericanos)
7. Culturas do Chaco na América do Sul
8. Anasazi (Hohokam e Casas Grandes)
(Ele também inclui o Império Shou Ocidental e o Império Romano do Ocidente - mas esses exemplos são bastante contestados, especialmente o Império Romano do Ocidente que deve ter umas 200 causas de sua Queda)
E um candidato novo, do livro 1117 BC de Eric H. Cline, o colapso do complexo civilizacional do Mediterrâneo da Era do Bronze Tardia (Egito do Novo Reinado, Civilização Micênica e Micênica, domínios Hititas na Anatólia e Síria, além de Ugarit e Canaãl). Seria um novo candidato não pela queda de cada uma delas, mas por todo um sistema de comércio relativamente integrado ter desmoronado ao redor dessa data.
No primitivismo, o homem retira da natureza apenas aquilo que é essencial para sua sobrevivência.
Você realmente acredita no Bom Selvagem Roussoniano? Em estados primitivo a superexploração de recursos geralmente não ocorre por limitações demográfica (número limitado de pessoas) ou tecnológica.
A água não está acabando e está muito longe de acabar. Veja a grandiosidade de nossos oceanos. Recentemente, Marina Silva usou o termo tragédias dos comuns para exemplificar a falta de água em SP; e a causa disso não é escassez de água, e sim de água tratada, de redistribuição; é portanto uma má administração, como observou Marina. Isso prova que a má administração dos recursos não é algo que ocorreria somente numa sociedade comunista onde inexiste propriedade privada.
Extração de águas oceânicas é um processo consideravelmente mais caro e viável apenas para localidades onde essa é praticamente a única alternativa, como Arábia Saudita, enquanto extrair águas salobras (mangues) tem não só o problema da dessalinização, mas também da interferência de um ecossistema incrivelmente diverso e dependente de condições específicas quanto a água - além de ter grande quantidade de sedimentos nessa água.
E no caso de São Paulo, lembre-se que a captação, tratamento e redistribuição de águas é feita por uma empresa de capital misto cuja administração e gestão fica nas mãos do Governo de São Paulo, uma situação que liberais e libertários não costumam ser entusiastas - e ambos argumentariam que o desperdício e a má gerência é justamento o esperado nessa situação (embora eu não esteja dizendo que isso só ocorre com empresas públicas - mas a vantagem é que caso ocorra com empresas privadas, são elas que pagam o preço de sua ineficiência - a menos que tenham força política comprando os candidatos correto para que sejam "resgatadas" através de dinheiro público).