Autor Tópico: Vídeos políticos  (Lida 68216 vezes)

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Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1075 Online: 28 de Janeiro de 2018, 14:34:48 »

Talvez ela não tivesse medo de um debate com o Kim, mas aquele momento era tremendamente desfavorável. Ela estava ali para defender um cidadão que recebeu de presente de empreiteiras um apartamento de luxo. Nesse caso você pode desqualificar seus acusadores e detratores, e também apontar como golpe político todo o processo, mas não tem como dar uma boa resposta para a eventual pergunta: "Por que um administrador público que recebe apartamentos e sítios de empreiteiras não deve ser processado?"


Talvez você não considere como uma boa resposta,  mas  o tipo de  resposta  padrão  que  os apologistas  tem dado a isso é que simplesmente  não há provas de que  ele tenha recebido apartamentos e sítios de empreiteiras.

Então, dar uma resposta para isso é relativamente simples e tem sido dada e repetida a exaustão.  Mas,  considerar que ela seja boa  certamente dependerá  da  pessoa  que ouvi-la.  O apologista (tanto o explícito como o implicíto) achará boa,  o não apologista mas pouco informado também poderá achar boa,  já o não apologista e bem informado poderá não achar boa.




Eu não discordo de você sobre isso.

Bom, eu tô fazendo minhas ilações só com base naquele fragmento de vídeo, o que não é prudente. Esse tipo de material costuma ser muito tendencioso, superficial, editado. Mas pelo vídeo dá impressão que ela estava em um ambiente amigável ( ou pensava estar ) e adotou a tática de desqualificar o julgamento pondo em questão a índole do desembargador e acusando o viés político do processo.

É válido refletir sobre estes aspectos, mas pelo menos nesse fragmento de vídeo a Tiburi prefere não discutir a confiabilidade das provas, ou a validade jurídica das mesmas, é preferível acusar o desembargador de ser "pessoa abjeta já de caráter subjetivo que veio com um discurso pronto".

E talvez este processo esteja mesmo viciado, talvez juridicamente as provas sejam mesmo insuficientes para uma condenação, mas todos nós sabemos que o Sr. Luis Inácio recebeu um apartamento que foi reformado e mobiliado por uma empreiteira como cumprimento de contrapartidas em acordos escusos. E argumentar contra isso é a parte mais difícil.

Em um debate ela seria forçada a lidar com esse problema e talvez responder porque os indícios contra o Temer sejam suficientes para o impedimento do presidente, porém indícios mais contundentes contra Lula não justificariam que ele esteja sendo processado.
« Última modificação: 28 de Janeiro de 2018, 14:43:16 por Pedro Reis »

Offline Gabarito

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1076 Online: 29 de Janeiro de 2018, 09:18:24 »
<a href="https://www.youtube.com/v/cqOwFDfPdrQ" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/cqOwFDfPdrQ</a>

A moça é a favor do assalto.
Possivelmente, nunca foi assaltada.
E quando for, se for um assalto com violência como costuma ser, é bem possível que mude de ideia.

Quem já foi assaltado não tem uma fala como essa, de teoria lá nas nuvens, do direito do assaltante chegar e arrancar os bens da vítima, seja carro, celular ou notebook.
E ainda se despedir com uma coronhada ou com dois tiros, como ocorreu com esse rapaz que nem reagiu:

Jovem tem celular roubado, não reage e é morto mesmo assim

Mas a moça é a favor do assalto.
Maldito "capetalismo" que costuma fazer "vítimas" por aí, o que justifica que essas "vítimas" assaltem e restaurem o equilíbrio natural das coisas.
"Tá serto!"
« Última modificação: 29 de Janeiro de 2018, 09:23:22 por Gabarito »

Offline Lorentz

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1077 Online: 29 de Janeiro de 2018, 09:35:09 »
<a href="https://www.youtube.com/v/cqOwFDfPdrQ" target="_blank" class="new_win">https://www.youtube.com/v/cqOwFDfPdrQ</a>

A moça é a favor do assalto.
Possivelmente, nunca foi assaltada.
E quando for, se for um assalto com violência como costuma ser, é bem possível que mude de ideia.

Quem já foi assaltado não tem uma fala como essa, de teoria lá nas nuvens, do direito do assaltante chegar e arrancar os bens da vítima, seja carro, celular ou notebook.
E ainda se despedir com uma coronhada ou com dois tiros, como ocorreu com esse rapaz que nem reagiu:

Jovem tem celular roubado, não reage e é morto mesmo assim

Mas a moça é a favor do assalto.
Maldito "capetalismo" que costuma fazer "vítimas" por aí, o que justifica que essas "vítimas" assaltem e restaurem o equilíbrio natural das coisas.
"Tá serto!"

Uma acadêmica, que estudou história, acha que o assalto foi inventado com o capitalismo. Possivelmente após a revolução industrial.
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Offline JJ

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1078 Online: 29 de Janeiro de 2018, 10:33:08 »

A moça é a favor do assalto.
Possivelmente, nunca foi assaltada.
E quando for, se for um assalto com violência como costuma ser, é bem possível que mude de ideia.

Quem já foi assaltado não tem uma fala como essa, de teoria lá nas nuvens, do direito do assaltante chegar e arrancar os bens da vítima, seja carro, celular ou notebook.
E ainda se despedir com uma coronhada ou com dois tiros, como ocorreu com esse rapaz que nem reagiu:

Não vi o vídeo ainda. Mas, conforme descrição dá para imaginar que a moça esteja contaminada por memes anticapitalistas num nível bastante elevado. 

Num nível tão elevado que ela não consegue entender que parasitismo e/ou predação são coisas erradas (em termos de um sistema ético que torne viável uma sociedade que progrida e que possa maximizar o bem estar).



Offline Skeptikós

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1079 Online: 29 de Janeiro de 2018, 11:29:12 »
A fala parece ter sido tirada fora de contexto, seria interessante ver o vídeo inteiro para saber a justificativa dela de ter falado tamanho absurdo faz sentido.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1080 Online: 29 de Janeiro de 2018, 13:23:44 »
A fala parece ter sido tirada fora de contexto, seria interessante ver o vídeo inteiro para saber a justificativa dela de ter falado tamanho absurdo faz sentido.

Vou fazer um exercício de adivinhação.

A Tiburi, no seu papel de filósofa, se permite refletir que: se construímos uma sociedade onde os valores
consumistas são dominantes, onde estes valores permeiam de forma subjacente as relações sociais e interpessoais, se estes valores condicionam de forma inconsciente porém preponderante a própria auto-imagem de cada indivíduo nessa sociedade, então a criminalidade, mais especificamente os assaltos, são uma consequência indireta porém inevitável dessa mentalidade patológica que serve ao mercado, serve a quem produz a produção, mas não serve à sociedade.

O que é patológico porque é uma inversão de prioridades. A sociedade existindo para servir ao mercado e não o contrário. Patológico de uma maneira muito semelhante a uma sociedade nazi-fascista na qual o dever de cada indivíduo deverá ser o de doar-se de corpo e alma ao Estado e sua ideologia, onde os cidadãos, substantivos concretos, devem se anular em nome de uma abstração como "a pátria", por exemplo.

É patológico, e a doença é uma disfunção, e como em qualquer doença irão se manifestar os sintomas dessa disfuncionalidade.

Agora, o papel do filósofo social é no mínimo pensar além dos clichês, de justamente ser aquele que tem a função de provocar uma reflexão sobre questões que não são óbvias. Nesse caso, nem essa doença e nem estes seus sintomas costumam estar presentes em qualquer discussão sobre os índices de criminalidade no Brasil.

Sim, porque esta foi a pergunta que motivou o comentário exposto no vídeo: "Márcia, o que você acha dos índices de criminalidade no Brasil."

Ela disse: "Eu não vou responder. Teria que escrever uma tese de 15 páginas. Eu gosto muito de falar coisas do avesso, meu papel de filosofa é fazer pensar. Eu sou a favor de muitas coisas que as pessoas não são a favor, então eu não vou falar o que eu penso."

Então como a Márcia Tiburi não disse o que ela pensa eu tentei adivinhar, mas disse "vou tentar adivinhar".

Mas as pessoas que postam estes vídeos no YT não têm a mesma boa vontade ( ou talvez a boa fé ).  É sempre pegando o fragmentozinho que interessa, interpretando do jeito que interessa, e sempre com estes títulos sensacionalistas e escandalosos.   
« Última modificação: 29 de Janeiro de 2018, 13:27:02 por Pedro Reis »

Offline Lorentz

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1081 Online: 29 de Janeiro de 2018, 13:29:26 »
A fala parece ter sido tirada fora de contexto, seria interessante ver o vídeo inteiro para saber a justificativa dela de ter falado tamanho absurdo faz sentido.

Vou fazer um exercício de adivinhação.

A Tiburi, no seu papel de filósofa, se permite refletir que: se construímos uma sociedade onde os valores
consumistas são dominantes, onde estes valores permeiam de forma subjacente as relações sociais e interpessoais, se estes valores condicionam de forma inconsciente porém preponderante a própria auto-imagem de cada indivíduo nessa sociedade, então a criminalidade, mais especificamente os assaltos, são uma consequência indireta porém inevitável dessa mentalidade patológica que serve ao mercado, serve a quem produz a produção, mas não serve à sociedade.

O que é patológico porque é uma inversão de prioridades. A sociedade existindo para servir ao mercado e não o contrário. Patológico de uma maneira muito semelhante a uma sociedade nazi-fascista na qual o dever de cada indivíduo deverá ser o de doar-se de corpo e alma ao Estado e sua ideologia, onde os cidadãos, substantivos concretos, devem se anular em nome de "a pátria", por exemplo.

É patológico, e a doença é uma disfunção, e como em qualquer doença irão se manifestar os sintomas dessa disfuncionalidade.

Agora, o papel do filósofo social é no mínimo pensar além dos clichês, de justamente ser aquele que tem a função de provocar uma reflexão sobre questões que não são óbvias. Nesse caso, nem essa doença e nem estes seus sintomas costumam estar presentes em qualquer discussão sobre os índices de criminalidade no Brasil.

Sim, porque esta foi a pergunta que motivou o comentário exposto no vídeo: "Márcia, o que você acha dos índices de criminalidade no Brasil."

Ela disse: "Eu não vou responder. Teria que escrever uma tese de 15 páginas. Eu gosto muito de falar coisas do avesso, meu papel de filosofa é fazer pensar. Eu sou a favor de muitas coisas que as pessoas não são a favor, então eu não vou falar o que eu penso."

Então como a Márcia Tiburi não disse o que ela pensa eu tentei adivinhar, mas disse "vou tentar adivinhar".

Mas as pessoas que postam estes vídeos no YT não têm a mesma boa vontade ( ou talvez a boa fé ).  É sempre pegando o fragmentozinho que interessa, interpretando do jeito que interessa, e sempre com estes títulos sensacionalistas e escandalosos.   

Eu cheguei a pensar nisso que você escreveu. O problema é que ela já parte de uma premissa falsa, de que os assaltos acontecem por causa do capitalismo. Assaltos acontecem desde os primórdios da civilização, desde as caravanas até mercadores, que fazem disso seu meio de vida.

Os assaltantes roubam porque gera um lucro maior com menos esforço, apesar do risco alto.

E quase ninguém assalta para ter algo que não tinha antes. As pessoas assaltam para tirar bens de pessoas indefesas para então revender e fazer disso um meio para ganhar a vida.
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Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1082 Online: 29 de Janeiro de 2018, 13:30:10 »

A moça é a favor do assalto.
Possivelmente, nunca foi assaltada.
E quando for, se for um assalto com violência como costuma ser, é bem possível que mude de ideia.

Quem já foi assaltado não tem uma fala como essa, de teoria lá nas nuvens, do direito do assaltante chegar e arrancar os bens da vítima, seja carro, celular ou notebook.
E ainda se despedir com uma coronhada ou com dois tiros, como ocorreu com esse rapaz que nem reagiu:

Não vi o vídeo ainda. Mas, conforme descrição dá para imaginar que a moça esteja contaminada por memes anticapitalistas num nível bastante elevado. 

Num nível tão elevado que ela não consegue entender que parasitismo e/ou predação são coisas erradas (em termos de um sistema ético que torne viável uma sociedade que progrida e que possa maximizar o bem estar).




JJ, esse tipo de vídeo também não passa de um meme. E você está se deixando contaminar exatamente da forma como o criador do meme espera "contaminar" as pessoas.

Offline Muad'Dib

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1083 Online: 29 de Janeiro de 2018, 13:45:11 »
A efetividade do uso dos memes para gerar respostas favoráveis em seguimentos do população deveria ser objeto de estudo do povo das ciências humanas. É incrível como um meme engraçadinho ou espertinho consegue fazer as pessoas reagirem de forma padronizada e previsível.

Da minha parte, cada vez que eu vejo grupos que usam memes como meio de divulgação de seus ideais, eu parto do pressuposto que o grupo é uma força negativa no mundo e está agindo inescrupulosamente para obter poder.

Se você considera suas opiniões racionais e relevantes, você as coloca à prova. Memes são admissão de covardia e incompetência.

Offline Lorentz

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1084 Online: 29 de Janeiro de 2018, 14:04:19 »
A efetividade do uso dos memes para gerar respostas favoráveis em seguimentos do população deveria ser objeto de estudo do povo das ciências humanas. É incrível como um meme engraçadinho ou espertinho consegue fazer as pessoas reagirem de forma padronizada e previsível.


A parte do "povo das ciências humanas", que muitas vezes são alvo desses memes, obviamente teriam um viés nesse estudo.
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Offline JJ

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1085 Online: 29 de Janeiro de 2018, 14:04:35 »


A efetividade do uso dos memes para gerar respostas favoráveis em seguimentos do população deveria ser objeto de estudo do povo das ciências humanas. É incrível como um meme engraçadinho ou espertinho consegue fazer as pessoas reagirem de forma padronizada e previsível.

Da minha parte, cada vez que eu vejo grupos que usam memes como meio de divulgação de seus ideais, eu parto do pressuposto que o grupo é uma força negativa no mundo e está agindo inescrupulosamente para obter poder.

Se você considera suas opiniões racionais e relevantes, você as coloca à prova. Memes são admissão de covardia e incompetência.



Eu utilizei a palavra "memes" num sentido mais amplo do que aquelas imagens simples que são repassadas e reproduzidas. Utilizei nesse sentido:


Meme

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

   
Meme é um termo criado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller O Gene Egoísta e é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros). No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida como unidade autônoma. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética.

Quando usado num contexto coloquial e não especializado, o termo meme pode significar apenas a transmissão de informação de uma mente para outra. Este uso aproxima o termo da analogia da "linguagem como vírus", afastando-o do propósito original de Dawkins, que procurava definir os memes como replicadores de comportamentos.



https://pt.wikipedia.org/wiki/Meme



Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1086 Online: 29 de Janeiro de 2018, 14:08:20 »

Eu cheguei a pensar nisso que você escreveu. O problema é que ela já parte de uma premissa falsa, de que os assaltos acontecem por causa do capitalismo. Assaltos acontecem desde os primórdios da civilização, desde as caravanas até mercadores, que fazem disso seu meio de vida.

Os assaltantes roubam porque gera um lucro maior com menos esforço, apesar do risco alto.

E quase ninguém assalta para ter algo que não tinha antes. As pessoas assaltam para tirar bens de pessoas indefesas para então revender e fazer disso um meio para ganhar a vida.

Interessante. Mas a pergunta não foi sobre assaltos especificamente, foi "sobre os altos índices de criminalidade".

Eu vou fazer aqui também umas provocações "pelo avesso", e já tenho a certeza que vai ser muito fácil pegar qualquer frasinha isolada e me fazer parecer um radical ou um idiota ( embora sejam quase sinônimos ).

Já postaram aqui neste fórum dois vídeos que eu achei muito interessantes. Mais que interessantes, achei reveladores.

Um foi uma matéria antiga sobre arrastões nas praias do Rio de Janeiro, quando esse problema reapareceu recentemente. O outro acho que fui eu mesmo que postei: um documentário sobre a guerra contra o tráfico de drogas no RJ.

O primeiro abordava o choque cultural e a difícil convivência entre as pessoas da zona sul e suburbanos que passaram a frequentar estas praias depois que disponibilizaram linhas de ônibus. E claro, os arrastões  vieram logo em seguida.

Em algum momento um repórter pergunta a um desses moradores da periferia o que ele faria se ganhasse na loteria. Bom, me desculpe mas vou citar tudo de memória, vi estes vídeos há anos.

O cidadão responde: " Pô, eu ia comprar um apê aqui, ia andar numa kawasaky com uma loira dessas na garupa, só ia usar roupa bacana, de marca, etc, etc, etc..." Mais ou menos isso.

No outro documentário entrevistam um preso que está em uma cela hiperlotada de uma delegacia, onde os presos precisam se revezar para dormir porque não tem espaço pra todo mundo. Você, só de ver aquilo,  quase consegue sentir o calor infernal lá dentro: 80 homens amontoados em um espaço onde mal caberiam dez, sem ventilação e no verão do Rio de Janeiro. Se inferno existe deve ser quase tão ruim quanto isso, e então o "cidadão" começa a dizer coisas ( pra mim ) espantosas.

"Olha, eu fiquei preso no presídio tal 3 anos, mas graças a deus consegui fugir, aí assaltei um banco, fiquei mais 2 anos mas deus foi bom e consegui fugir, aí meti um carro forte, fiquei mais 5 anos, Jesus me ajudou e logrei êxito em escapar de novo... assaltei e agora estou aqui. Mas quando eu sair vou assaltar de novo, só banco, carro forte... porque a sociedade de m... não me dá oportunidade não. Não vou morrer como a minha vozinha que trabalhou a vida inteira e no final não tinha nada. Eu não, assalto mermo, quando sair vou andar só de tênis redley e coisa e tal"

Alguma coisa te chama atenção nestes depoimentos? Não me refiro a essa crença de que Jesus esteja dando fuga a bandidos perigosos, mas no que há de revelador e em comum em ambos os depoimentos.

O primeiro cara é um pobre que mora em um destes subúrbios do Rio, que são lugares horríveis em tudo, a começar pela aparência mesmo. Longe, quente, sujo, não tem lazer, não tem praia, não tem segurança, o transporte é um suplício diário,  a população não tem assistência de saúde decente, escola decente, nada.

Mas quando ele se imagina ganhando na megasena quais são as aspirações que lhe vêm à cabeça? Em nenhum momento ele lembra de contratar um bom plano de saúde para sua família, de botar os filhos em uma boa escola, da possibilidade de morar em um lugar onde a família tenha segurança... enfim, nada de realmente fundamental na sua qualidade de vida. Não, ele só consegue pensar na possibilidade de consumir símbolos de status! A apê na Vieira Souto, a moto, a loira... Que coisa maluca, né? Maluca ou doentia?

Acho que os dois, e isso está acontecendo porque se estabeleceu essa mentalidade de consumo na sociedade, que induz as pessoas inconscientemente a vincularem seu próprio valor aos tipos de produtos e serviços que são capazes de consumir. Trocando em miúdos, o que incomoda a esse sujeito, mais do que a vida de merda que ele leva, é ele se sentir um merda como ser humano quando vê alguém da zona sul em uma moto bacana, com uma aparência legal, com uma mulher de aparência legal também. Ele não se sente só um cidadão de segunda classe, ele se sente um ser humano de segunda classe lobotomizado por esse tipo de mentalidade que se tornou ubíqua, mas ele não possui o senso crítico necessário para não ser uma marionete nas mãos dessas influências, e ser capaz de cultivar valores que efetivamente contribuam para sua própria qualidade de vida. Ao contrário, ele é programado para desejar contra seus próprios reais interesses. E claro, isso serve à produção e ao consumo: o desejo de consumir não é uma coisa ligada simplesmente ao utilitarismo daquilo que se consome, mas vem associado a desejos inconscientes muito mais fortes. Óbvio, se não fosse assim 90% das pessoas que compram um Iphone não comprariam, porque o preço, comparado com o que elas têm de renda, não compensa dentro de uma simples lógica de custo-benefício.

E o presidiário? Imagina o cara que passou 70% da vida dele naquele inferno de cadeia, e ainda diz que quando sair vai roubar de novo pra andar de tênis da redley!!! Eu nunca usei um tênis da redley e nem vou usar, mas duvido muito que seja uma coisa tão divinamente confortável, que seja assim um prazer orgástico a cada passada, a ponto de valer a pena ficar espremido durante meses com 90 machos em uma sala sem ar condicionado. E o cara ainda fala da vozinha que morreu sem nada. Não conheço a vó do simpático cidadão, mas duvido muito que ela tenha tido uma vida pior que a dele.

Pra você ver como esse tipo de pressão irracional e artificialmente criada, têm mesmo um impacto sobre os "altos índices de criminalidade". Quando a Xuxa, nos anos 80, vendia um mundo de fantasia e bonecas e brinquedos caros para um público infantil onde 90% não podia nem sonhar em consumir aquilo, ela estava colaborando de uma maneira indireta mas muito real para os índices de criminalidade que temos hoje.

Acho que essa paródia do Balão Mágico, do premê, explica melhor do que eu o que eu tô tentando dizer.


EDIT - Apenas corrigindo alguns dos erros de Português e esperando melhorar também um pouco a semântica.
« Última modificação: 29 de Janeiro de 2018, 14:52:37 por Pedro Reis »

Offline JJ

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« Resposta #1087 Online: 29 de Janeiro de 2018, 14:29:43 »
A fala parece ter sido tirada fora de contexto, seria interessante ver o vídeo inteiro para saber a justificativa dela de ter falado tamanho absurdo faz sentido.

Vou fazer um exercício de adivinhação.

A Tiburi, no seu papel de filósofa, se permite refletir que: se construímos uma sociedade onde os valores
consumistas são dominantes, onde estes valores permeiam de forma subjacente as relações sociais e interpessoais, se estes valores condicionam de forma inconsciente porém preponderante a própria auto-imagem de cada indivíduo nessa sociedade, então a criminalidade, mais especificamente os assaltos, são uma consequência indireta porém inevitável dessa mentalidade patológica que serve ao mercado, serve a quem produz a produção, mas não serve à sociedade.

O que é patológico porque é uma inversão de prioridades. A sociedade existindo para servir ao mercado e não o contrário. Patológico de uma maneira muito semelhante a uma sociedade nazi-fascista na qual o dever de cada indivíduo deverá ser o de doar-se de corpo e alma ao Estado e sua ideologia, onde os cidadãos, substantivos concretos, devem se anular em nome de uma abstração como "a pátria", por exemplo.

É patológico, e a doença é uma disfunção, e como em qualquer doença irão se manifestar os sintomas dessa disfuncionalidade.


Só para início de conversa, eu diria que o problema maior não é primordialmente os valores consumistas (querer ter acesso à muitos produtos e serviços), e sim os valores relacionados à busca de posição  de dominação, ou seja  os valores relacionados a busca de poder, a dominação, e o próprio poder em si (como valor).  E essa busca de poder e de capacidade de dominação estão relacionadas à propriedade e ao controle efetivo sobre os meios de produção.  E a atual forma de obter e organizar a produção e o acesso aos recursos econômicos está ligada a estes valores  (e normalmente os incentiva).  De modo que somente quando  este atual sistema for superado é que poderemos ter outros valores atuando de forma primordial.



« Última modificação: 29 de Janeiro de 2018, 14:53:04 por JJ »

Offline JJ

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« Resposta #1088 Online: 29 de Janeiro de 2018, 14:41:55 »


Mas, isto não quer dizer que se precise esperar que haja esta superação, para que se consiga a redução dos atuais índices de homicídios intencionais e tentativas de homicídio (e outros crimes violentos semelhantes), pois obviamente podemos ver que há outros países, nos quais  o sistema atual existe,  e que tem índices de homicídios intencionais e outros índices de crimes violentos) muito mais baixos do que os que temos no Brasil.



Offline JJ

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« Resposta #1089 Online: 29 de Janeiro de 2018, 14:50:28 »
Assaltos acontecem desde os primórdios da civilização, desde as caravanas até mercadores, que fazem disso seu meio de vida.


Assaltos, nos grupos de Homo sapiens sapiens,  certamente que existem desde antes dos primórdios das  primeiras civilizações, certamente que existem desde as primeiras tribos de Homo sapiens sapiens. E indo mais além devem ter existido mesmo nas espécies de hominídeos anteriores ao Homo sapiens sapiens. 


Offline Skeptikós

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« Resposta #1090 Online: 29 de Janeiro de 2018, 15:32:12 »
A fala parece ter sido tirada fora de contexto, seria interessante ver o vídeo inteiro para saber a justificativa dela de ter falado tamanho absurdo faz sentido.

Vou fazer um exercício de adivinhação.

A Tiburi, no seu papel de filósofa, se permite refletir que: se construímos uma sociedade onde os valores
consumistas são dominantes, onde estes valores permeiam de forma subjacente as relações sociais e interpessoais, se estes valores condicionam de forma inconsciente porém preponderante a própria auto-imagem de cada indivíduo nessa sociedade, então a criminalidade, mais especificamente os assaltos, são uma consequência indireta porém inevitável dessa mentalidade patológica que serve ao mercado, serve a quem produz a produção, mas não serve à sociedade.

O que é patológico porque é uma inversão de prioridades. A sociedade existindo para servir ao mercado e não o contrário. Patológico de uma maneira muito semelhante a uma sociedade nazi-fascista na qual o dever de cada indivíduo deverá ser o de doar-se de corpo e alma ao Estado e sua ideologia, onde os cidadãos, substantivos concretos, devem se anular em nome de uma abstração como "a pátria", por exemplo.

É patológico, e a doença é uma disfunção, e como em qualquer doença irão se manifestar os sintomas dessa disfuncionalidade.


Só para início de conversa, eu diria que o problema maior não é primordialmente os valores consumistas (querer ter acesso à muitos produtos e serviços), e sim os valores relacionados à busca de posição  de dominação, ou seja  os valores relacionados a busca de poder, a dominação, e o próprio poder em si (como valor).  E essa busca de poder e de capacidade de dominação estão relacionadas à propriedade e ao controle efetivo sobre os meios de produção.  E a atual forma de obter e organizar a produção e o acesso aos recursos econômicos está ligada a estes valores  (e normalmente os incentiva).  De modo que somente quando  este atual sistema for superado é que poderemos ter outros valores atuando de forma primordial.
Eu já acho que o problema não é a mentalidade consumista e a busca por status ou a mentalidade de/ou busca pelo poder, e sim os valores e os meios tidos como aceitos por esta turma de criminosos para se alcançar estes resultados. A diferença entre o prisioneiro e o pobre da favela que não tem nenhuma passagem pela polícia, que desejam ambos status e poder, é que o primeiro acha correto assaltar e matar para conseguir o que deseja, enquanto o segundo pensa que a única coisa certa a fazer é trabalhar duro. Neste caso a mídia e a sociedade em geral não podem ser culpadas pelos altos índices de criminalidade por pregarem o consumismo, a busca por status e poder, pois se pregassem a busca por qualidade de vida pura e simplesmente (com qualidade de vida se resumindo a saúde, conforto e educação por exemplo, mais do que status e poder), os criminosos continuariam usando de meios ilegais para alcançar esta situação de vida, pois carecem do mais importante, que são valores que os impediriam de fazer mal a terceiros para alcançar tais resultados.
"Che non men che saper dubbiar m'aggrada."
"E, não menos que saber, duvidar me agrada."

Dante, Inferno, XI, 93; cit. p/ Montaigne, Os ensaios, Uma seleção, I, XXV, p. 93; org. de M. A. Screech, trad. de Rosa Freire D'aguiar

Offline JJ

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1091 Online: 29 de Janeiro de 2018, 15:34:36 »



Sim, porque esta foi a pergunta que motivou o comentário exposto no vídeo: "Márcia, o que você acha dos índices de criminalidade no Brasil."

Ela disse: "Eu não vou responder. Teria que escrever uma tese de 15 páginas. Eu gosto muito de falar coisas do avesso, meu papel de filosofa é fazer pensar. Eu sou a favor de muitas coisas que as pessoas não são a favor, então eu não vou falar o que eu penso."



Se ela um dia for assaltada e tiver uma bala atirada em sua direção (mas que não a fira mortalmente ou mesmo que não a atinja, mas que apenas passe próxima), ou mesmo que não chegue a disparar um tiro, mas que faça uma ameaça veemente de atirar e deste modo faça terror com ela, certamente que ela não precisará mais de escrever uma tese com 15 páginas, para responder tal pergunta.




Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1092 Online: 29 de Janeiro de 2018, 15:41:53 »
Citação de: Lorentz
E quase ninguém assalta para ter algo que não tinha antes. As pessoas assaltam para tirar bens de pessoas indefesas para então revender e fazer disso um meio para ganhar a vida.

Não sei o quanto possa ter ficado claro o meu post anterior. É mesmo reflexão difícil de expressar em 5 parágrafos, não por serem ideias difíceis de entender, mas por fazerem considerações que não ficam restritas aos clichês mais comuns que aparecem nas discussões sobre esse tema.

E se a Márcia Tiburi também percebe a questão mais ou menos da mesma forma, é compreensível
que ela tenha preferido não se arriscar fazendo reflexões dessa natureza em uma resposta de 30 segundos. Mas os absurdos que aquele presidiário disse, provam que as pessoas não estão cometendo crimes apenas para "tirar bens de pessoas indefesas para então revender e fazer disso um meio para ganhar a vida."

Se o interesse dele fosse ganhar a vida, ou até mesmo ter uma vida realmente melhor, a última coisa que ele faria seria ingressar nesse tipo de bandidagem. Porque qualquer servente de pedreiro ganhando salário mínimo tá tendo uma vida de rei comparada ao suplício que é a existência miserável dele.

Ele até ACHA que faz isso pra ter uma vida melhor. Melhor que a avó dele, que trabalhava por um salário de fome, que pode ter sido muito dura porém melhor do que passar anos da vida em pé em uma cela apinhada de gente. Mas o próprio indivíduo não percebe quais foram os reais condicionamentos que fizeram dele um bandido.

Mas essa gente que agora produz aos montes esse tipo de material de propaganda pra despejar na internet, eles só exploram a mentalidade do clichê. Ficam atentos a qualquer detalhezinho que possa ser usado, na forma de espantalho, convenientemente passando bem ao largo de qualquer
discussão real de ideias, para detratar o grupo político adversário.

Se o cidadão não receber esse tipo de coisa com precaução e o devido filtro crítico, ele vai
ser enganado com muita facilidade.

Offline JJ

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1093 Online: 29 de Janeiro de 2018, 15:47:06 »
A fala parece ter sido tirada fora de contexto, seria interessante ver o vídeo inteiro para saber a justificativa dela de ter falado tamanho absurdo faz sentido.
Vou fazer um exercício de adivinhação.
A Tiburi, no seu papel de filósofa, se permite refletir que: se construímos uma sociedade onde os valores
consumistas são dominantes, onde estes valores permeiam de forma subjacente as relações sociais e interpessoais, se estes valores condicionam de forma inconsciente porém preponderante a própria auto-imagem de cada indivíduo nessa sociedade, então a criminalidade, mais especificamente os assaltos, são uma consequência indireta porém inevitável dessa mentalidade patológica que serve ao mercado, serve a quem produz a produção, mas não serve à sociedade.

O que é patológico porque é uma inversão de prioridades. A sociedade existindo para servir ao mercado e não o contrário. Patológico de uma maneira muito semelhante a uma sociedade nazi-fascista na qual o dever de cada indivíduo deverá ser o de doar-se de corpo e alma ao Estado e sua ideologia, onde os cidadãos, substantivos concretos, devem se anular em nome de uma abstração como "a pátria", por exemplo.

É patológico, e a doença é uma disfunção, e como em qualquer doença irão se manifestar os sintomas dessa disfuncionalidade.


Só para início de conversa, eu diria que o problema maior não é primordialmente os valores consumistas (querer ter acesso à muitos produtos e serviços), e sim os valores relacionados à busca de posição  de dominação, ou seja  os valores relacionados a busca de poder, a dominação, e o próprio poder em si (como valor).  E essa busca de poder e de capacidade de dominação estão relacionadas à propriedade e ao controle efetivo sobre os meios de produção.  E a atual forma de obter e organizar a produção e o acesso aos recursos econômicos está ligada a estes valores  (e normalmente os incentiva).  De modo que somente quando  este atual sistema for superado é que poderemos ter outros valores atuando de forma primordial.
Eu já acho que o problema não é a mentalidade consumista e a busca por status ou a mentalidade de/ou busca pelo poder, e sim os valores e os meios tidos como aceitos por esta turma de criminosos para se alcançar estes resultados. A diferença entre o prisioneiro e o pobre da favela que não tem nenhuma passagem pela polícia, que desejam ambos status e poder, é que o primeiro acha correto assaltar e matar para conseguir o que deseja, enquanto o segundo pensa que a única coisa certa a fazer é trabalhar duro. Neste caso a mídia e a sociedade em geral não podem ser culpadas pelos altos índices de criminalidade por pregarem o consumismo, a busca por status e poder, pois se pregassem a busca por qualidade de vida pura e simplesmente (com qualidade de vida se resumindo a saúde, conforto e educação por exemplo, mais do que status e poder), os criminosos continuariam usando de meios ilegais para alcançar esta situação de vida, pois carecem do mais importante, que são valores que os impediriam de fazer mal a terceiros para alcançar tais resultados.


Minha referência não foi apenas aos  crimes e criminosos comuns,  foi uma referência mais ampla que inclui o problema da falta de acesso à recursos econômicos, e os problemas relacionados a isso, quais sejam a forma de produção, e a forma de distribuição desses recursos.  Forma esta que  gera inclusive as disputas entre as nações, as quais chegam até mesmo às guerras.


« Última modificação: 29 de Janeiro de 2018, 15:57:15 por JJ »

Offline JJ

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1094 Online: 29 de Janeiro de 2018, 15:55:50 »
Citação de: Lorentz
E quase ninguém assalta para ter algo que não tinha antes. As pessoas assaltam para tirar bens de pessoas indefesas para então revender e fazer disso um meio para ganhar a vida.

Não sei o quanto possa ter ficado claro o meu post anterior. É mesmo reflexão difícil de expressar em 5 parágrafos, não por serem ideias difíceis de entender, mas por fazerem considerações que não ficam restritas aos clichês mais comuns que aparecem nas discussões sobre esse tema.

E se a Márcia Tiburi também percebe a questão mais ou menos da mesma forma, é compreensível
que ela tenha preferido não se arriscar fazendo reflexões dessa natureza em uma resposta de 30 segundos. Mas os absurdos que aquele presidiário disse, provam que as pessoas não estão cometendo crimes apenas para "tirar bens de pessoas indefesas para então revender e fazer disso um meio para ganhar a vida."

Se o interesse dele fosse ganhar a vida, ou até mesmo ter uma vida realmente melhor, a última coisa que ele faria seria ingressar nesse tipo de bandidagem. Porque qualquer servente de pedreiro ganhando salário mínimo tá tendo uma vida de rei comparada ao suplício que é a existência miserável dele.

Ele até ACHA que faz isso pra ter uma vida melhor. Melhor que a avó dele, que trabalhava por um salário de fome, que pode ter sido muito dura porém melhor do que passar anos da vida em pé em uma cela apinhada de gente. Mas o próprio indivíduo não percebe quais foram os reais condicionamentos que fizeram dele um bandido.


Mas, parece você está desconsiderando que a probabilidade real de ser punido por crimes violentos no Brasil é relativamente baixa. Apenas como exemplo, temos que a probabilidade de um homicida ser processado e condenado no Brasil por cometer um homicídio é de menos de 10%, pois o índice desses crimes que ficam sem  punição no Brasil é cerca de 90%.

Normalmente que entra neste mundo de crimes contra a vida e o patrimônio não ficam pensando na possibilidade de  passarem uma temporada na cadeia (em parte porque sabem que a probabilidade é baixa), e sim  nos lucros imediatos que irão ter.



Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1095 Online: 29 de Janeiro de 2018, 16:01:28 »

Eu já acho que o problema não é a mentalidade consumista e a busca por status ou a mentalidade de/ou busca pelo poder, e sim os valores e os meios tidos como aceitos por esta turma de criminosos para se alcançar estes resultados. A diferença entre o prisioneiro e o pobre da favela que não tem nenhuma passagem pela polícia, que desejam ambos status e poder, é que o primeiro acha correto assaltar e matar para conseguir o que deseja, enquanto o segundo pensa que a única coisa certa a fazer é trabalhar duro. Neste caso a mídia e a sociedade em geral não podem ser culpadas pelos altos índices de criminalidade por pregarem o consumismo, a busca por status e poder, pois se pregassem a busca por qualidade de vida pura e simplesmente (com qualidade de vida se resumindo a saúde, conforto e educação por exemplo, mais do que status e poder), os criminosos continuariam usando de meios ilegais para alcançar esta situação de vida, pois carecem do mais importante, que são valores que os impediriam de fazer mal a terceiros para alcançar tais resultados.

Tá vendo, esse é que o problema com os clichês. Quando você simplesmente repete um discurso batido, mesmo quando ele não faz sentido, não é preciso explicar muito. Às vezes uma frase de efeito basta, porque remete a algum clichê e as pessoas já se posicionaram contra ou a favor desse clichê e não se dão mais ao trabalho de pensar sobre isso. Ela já sabe em que "caixinha" botar aquilo, e quais refutações ou aprovações ela deve usar.

Mas quando alguém diz algo que não pertence a nenhuma caixinha, o "fazer assim" já está tão condicionado que eles botam em alguma das "caixinhas" assim mesmo.

Não percebem o que a pessoa realmente falou, mas escutam em substituição algum clichê que pareça mais se aproximar.

Eu não pretendi dar uma justificativa moral para o crime nem o criminoso. E talvez por isso a Tiburi também tenha se esquivado da questão, porque não importa o que ela realmente dissesse, iriam entender como uma justificativa moral para o crime. E no final, mesmo ela se esquivando, foi assim que exploraram o que ELA NÃO FALOU.

Eu estou apenas constatando um fenômeno que parece existir, um aspecto da psicologia do ser humano que atua com um dos fatores da crescente criminalidade. Status e poder podem ser consideradas coisas boas para se ter a partir de uma ótica estritamente egocêntrica, mas evidentemente não são boas mesmo de um ponto de vista egocêntrico, se o indivíduo sacrifica por isso ( e ao extremo ) sua própria qualidade de vida.

A expectativa de vida de um bandido hoje deve ser menor que uns 5 anos. Morrer cedo, jovem e logo daqui a pouco, não é do interesse dele. Daí você conjectura que condicionamentos muito poderosos estão levando indivíduos a fazerem escolhas contrárias a seus próprios interesses. Então como alguém realmente quer lidar com o problema da segurança pública sem entender isso?

Offline JJ

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1096 Online: 29 de Janeiro de 2018, 16:05:16 »


Eu conheço família que teve ente familiar morto por  matador de aluguel. Por acaso você acha que o matador de aluguel está  agora "em pé em uma cela apinhada de gente"?



 :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?: :?:

Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1097 Online: 29 de Janeiro de 2018, 16:08:31 »

Mas, parece você está desconsiderando que a probabilidade real de ser punido por crimes violentos no Brasil é relativamente baixa. Apenas como exemplo, temos que a probabilidade de um homicida ser processado e condenado no Brasil por cometer um homicídio é de menos de 10%, pois o índice desses crimes que ficam sem  punição no Brasil é cerca de 90%.

Normalmente que entra neste mundo de crimes contra a vida e o patrimônio não ficam pensando na possibilidade de  passarem uma temporada na cadeia (em parte porque sabem que a probabilidade é baixa), e sim  nos lucros imediatos que irão ter.


Ao contrário, JJ. A probabilidade só é baixa para alguém como o Eduardo Cunha ou Sérgio Cabral.

Para quem ingressa nessa criminalidade pé de chinelo a chance é de quase 100%. Qual exemplo de bandido desse tipo que você pode me dar que teve uma vida maravilhosa e se aposentou muito bem aos 65 anos?

Quando você vê estas imagens de rebeliões em presídios, quantos criminosos com mais de 30 anos você consegue identificar? Onde estão os criminosos mais velhos?

A punição não é só a oficial, a punição consiste no fato de que a curta vida que o cara acaba levando é até mais sacrificada que a do trabalhador. Então dentro de uma lógica de alguém que está buscando uma vida melhor dentro desse sistema, o crime não compensaria.

Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1098 Online: 29 de Janeiro de 2018, 16:09:42 »
Expectativa de vida de um criminoso.

A expectativa de vida de um criminoso é de 22 anos a menos que a média brasileira.

fonte

http://ainstem.wordpress.com/2010/09/17/voce-sabia/curiosidades-criminoso-2/

Offline Pedro Reis

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Re:Vídeos políticos
« Resposta #1099 Online: 29 de Janeiro de 2018, 16:13:02 »
Citar
Expectativa de vida: vinte anos

Por José Cairo

Sérgio Cláudio seria apenas mais um não fosse o seu passado. Vulgo “Fortalece”, Sérgio foi o único sobrevivente dos dezessete garotos que participaram do filme “Falcão – Meninos do tráfico”, do MV Bill e do Celso Athayde. O que o salvou da morte, talvez, tenha sido a própria prisão. Apesar do passado complicado, Eliane Brum conta, no sexto capítulo de “O olho da rua”, outro lado sobre a personagem em questão. Fortalece quer ser palhaço de circo. Sobrevivente, contrariando estatística, enxerga no circo o seu futuro, a realização de um sonho que adquiriu com a mãe, Raimunda, que morreu antes mesmo de o filho levar o filho ao Beto Carreiro.

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