É sério que o Pedro Reis não enxerga nenhuma ilegalidade na permanência da Dilma no poder? Vale tudo pra ser eleito?
Não é bem assim. Você sabe como funciona a política.
O PMDB participou de tudo. É para isso que são feitas essas coligações Franksteins entre partidos que não deveriam ter nenhuma afinidade.
A moeda usada nestas transações são nomeações, ministérios e cargos em estatais. Para quê? Para que estes partidos participem dos esquemas.
O golpe está não fato de uma presidenta perder o mandato, mas na seletividade cirúrgica desse movimento, que atinge apenas um grupo que se encastelou mais do que outros no poder.
A Dilma deixando o poder poderia até ser processada e presa. Isso pode acontecer em 2018 em um processo legítimo. Mas eu posso apostar com quem quiser que se ela sair agora todo esse interesse por investigar o envolvimento desse governo em esquemas de corrupção desaparece imediatamente.
Porque o objetivo já teria sido alcançado.
Assim como as "gravíssimas" denúncias de corrupção do governo Collor foram imediatamente esquecidas assim que conseguiram o objetivo de tirar o cara do poder. E o Collor tá aí, de novo, muito bem obrigado.
Eu sou, em tese, um legalista e, em tese também, entendo que as mudanças devem ocorrer de forma não-violenta, sejam elas quais forem. No entanto não tenho quase mais nenhuma expectativa positiva e definitivamente não tenho nenhuma ilusão, nem com a qualidade ética e moral dos políticos, nem da população e nem do sistema vigente. Isto significa que em alguns momentos da história, devem ocorrer rupturas para que a sociedade avance, ainda que ninguém saiba qual será o resultado final.
Tanto pode ser uma Revolução Americana, que gerou a base para o movimento liberal e dos direitos humanos; como uma Revolução Bolchevique, em que milhares foram mortos durante e após o movimento, apenas porque ou tinham algum tipo de bem considerado 'impróprio' por um movimento político-ideológico ou dele discordavam.
Você, corretamente, defende que o Estado de Direito deve prevalecer. E eu concordo. Mas sinceramente eu não vi, até o momento, em qual ponto ele foi violado pelas pessoas que hoje conduzem as investigações. Do outro lado, há centenas de evidências de corrupção, manipulação e uso do aparelho estatal inseridos em um contexto que você parece não ter percebido mas que insiste em igualar com os crimes e delitos de parte da oposição.
E este contexto pode ser resumido a dois substantivos e uma preposição: Projeto de Poder. Enquanto vários integrantes dos partidos de oposição agem para auferir vantagens particulares (ainda que se beneficiem em conjunto), eles não estão capitaneados por um Projeto de Poder como o que move o PT e alguns partidos da esquerda.
O partido aprendeu que para superar a sua rejeição, deveria se reformular do ponto de vista de estratégia eleitoral mas sem abandonar o viés anti-democrático liberal, típico de todas as sociedades avançadas. Assim, foi possível constatar mudanças impensáveis na época de sua constituição: A principal liderança teve a sua imagem reconstruída de modo cuidadoso, especialmente a partir dos anos de 1990; as propostas do partido foram 'suavizadas', se aproximando de um discurso social-democrata; houve uma aceitação explícita ao assistencialismo e adotaram políticas econômico-financeiras-tributárias que são típicas de países liberais. Tudo isto permeado e alardeado com uma propaganda político-ideológica de fazer inveja a Goebbels, tanto na amplitude quanto na propagação de mentiras (PACs, pagamento da dívida externa, administração ética, estelionato eleitoral, etc).
Observe que os principais líderes do partido se locupletaram, aparentemente, com menos intensidade que os seus congêneres de direita, a maioria aliados, os quais todos sabemos quem são. A exceção maior parece ser, justamente, a figura principal e o senhor Dirceu.
Mas o que todos tem em comum é o Projeto de Poder, que conta com o suporte de uma militância obcecada, ignorante e muitas vezes, mau-caráter, e que farão de tudo para se manter onde estão, mesmo que para isto tenham que arrebentar a economia do país e ou levar a população à beira de uma guerra civil. Pior é que também tiveram (e tem!) um apoio (decrescente, é verdade) de parte da população, que serviram como 'massa de manobra' por terem recebido algum tipo de benefício direto ou indireto.
Que eles precisam ser defenestrados, não tenho dúvida. Mas deixar isto para a época de uma nova eleição é correr um risco muito grande, porque como um vírus, eles vão se modificar e se adaptar para gerar um novo padrão de corrupção.
Eliminá-los agora e depois 'caçar' os demais partidos e entes corruptos parece ser a melhor escolha.
É o que tenho a me expressar, salvo melhor juízo.