Sabia que Capitán viria em socorro do seu Chefián...

Há uma sutil diferença, apenas percebida dentro da esfera humanitária, entre imigrantes e refugiados; enquanto os primeiros geralmente o fazem de maneira espontânea, os demais são obrigados a migrarem de seus países por motivos os mais diversos, seja pela situação econômica catastrófica, perseguição religiosa ou étnica; a sujeição aos mais diversos meios de transporte para a evasão, a incerteza da chegada ao destino, dentre outras privações físicas e psicológicas transforma seus rostos em máscaras de desespero, nível Munch.
Se a Ciência não é capaz de entender o desafio de abrigar um ser humano nessa condição, onde a redução à bestialidade é uma das consequências, então longe está o dia em que os maiores gênios pensaram elevar nossa condição a algo mais que máquinas orgânicas, as quais apenas comem, respiram, procriam e protegem seu território.
Buscar uma solução para essa situação passa por uma reavaliação em nossa condição de seres vivos a compartilhar o mesmo bioma, é muito mais que uma discussão ambientalista new age veganista esquerdopata comunista, é uma necessidade premente de preservar nossa espécie, pois ainda que a postura blasè seja lirica e esteticamente primorosa, mantém a moleza babosa da inatividade e da indolência, fazendo beicinho de desdenhosa opinião que percebe na humanidade uma rastejante massa amorfa de necessitados, esquecendo que todos nós um dia fomos necessitados e famintos, nus e impotentes para a luta da sobrevivência, não melhores que qualquer animal que nasce coberto de sangue, atiçando a fome dos predadores.
Se hoje estamos aqui a desfiar belas palavras de sapiência e erudição, foi porque alguém se importou conosco, nos nutriu e educou, ao invés de fechar as portas e dizer "se vira", como acontece com tantos, com muitos, com todos que não dispõem de recursos tão necessários e ao mesmo tempo tão difíceis de ter, descritos na pirâmide de Maslow e maiores que apenas comer e se abrigar.
Ao contrário do que se poderia imaginar, fechar as fronteiras e barrar a entrada de todos não protegerá ninguém, somente resultará em maior caos e desordem (com prováveis invasões de famintos) e talvez em breve assistiremos no noticiário as massas sendo fuziladas pelos dignos soldados defensores dos territórios, que não podem ser invadidos pelos refugiados, carregados com suas doenças, suas religiões sujas e suas crianças piolhentas.
