O conhecimento nada adquire pois não existe em si mesmo, sendo propriedade do cognoscente (que, diga-se de passagem, também é ilusão -- não existe).
Não entendestes ou não conheces o mundo 3 de Popper.
Sem interrogação? Isto foi uma pergunta ou uma determinação? Vou considerar que esquecestes o ponto (de interrogação).
É claro que não conheço "o mundo 3 de Popper", Feynman. E não vejo motivo para querer conhecer mais nada de Popper. Mas eu gostaria muito que você me respondesse como o conhecimento disso mudaria o fato de que o que eu disse acima é um fato.
Se não entendi alguma coisa, não sei. É muito comum uma pessoa não entender uma coisa e nem perceber que não entendeu. Entende?
E você, está entendendo tudo que explicito?
Estou explicitando que, ao contrário do que ironizastes, conclusões irreais podem ser úteis. E o foram diversas vezes na história do conhecimento, queira você realocá-las ao conjunto dos obstáculos para a gênese da ciência ou não.
Do jeito que você mencionou "vicissitude evolutiva" pensei que estivesse falando de evolução biológica. Mas está falando da "ilusão evolutiva da ciência" que já deixei claro (quer você aceite ou não) que não existe. A ciência dá *saltos* incompatíveis com qualquer perspectiva evolutiva de processos. A tecnologia evolui porque é expansão extracorpórea do processo evolutivo-biológico; a ciência, não.
Os quatro elementos de Empédocles, as órbitas circulares, epiciclos, equantes, antiperistasis, éter, átomo de Rutherford, foram todas conclusões irreais importantes no engendramento de teorias de maior corroboração empírica.
O que você está tentando dizer é que conceitos errados são necessários para que se chegue aos certos? Está dizendo que é impossível alcançar conceitos certos sem passar pelos errados? Pode provar isso?
Tudo é possível quando se define as coisas como se quer definir.
Muito pelo contrário! É justamente quando se define as coisas "como se quer" que nada é possível. Isto é a tônica de todo o meu discurso. Tudo é possível *na mente* do filósofo. Falo de realidade, não de ilusão.
A propósito, evolução não denota complexidade, embora possa produzi-la.
Não estou dizendo que evolução não "denota" complexidade. O que estou *afirmando* é que evolução *não pode produzir* complexidade.
Parece que misturasses um pouco (em parte, culpa minha) o que foi dito sobre evolução biológica e complexificação de nosso conhecimento.
É verdade. Já está esclarecido.
Vou deixar que penses melhor sobre o que acabastes de falar antes de acusá-lo de completo ignorante em relação ao modus operandi dos programas de pesquisa realizados atualmente pelos maiores cientistas da área de física de altas energias, como John Ellis.
Pode me acusar do que quiser, imediatamente (e sem preocupação pois, *tenha certeza*, não me ofenderei, em absoluto), porque já pensei tudo o que tinha que pensar a respeito disso. Só não me venha com o argumento da autoridade sem confirmação. Sou adepto do argumento da autoridade *comprovada*.
E não tenho culpa do modus operandi adotado por quem quer que seja.
É "observáveis" mesmo. Mais um termo que desconheces por completo, pelo jeito.
Então você não arreda o pé disso? Que lamentável! Acho que nem adianta esperar que você pense melhor. Parece que sua mente está totalmente bitolada pelo "modus operandi".
Mas se desconheço o termo por completo talvez você possa "iluminar" minha ignorância.
Nem precisaria conhecer Mach, bastaria ter lido as coisas sobre ele a partir de Einstein, um grande admirador seu (do Mach, naturalmente ).
Conheço Einstein, Mach e até Berkeley, Feynman. E, por acaso, conheço Feynman também (ou, pelo menos, pensava que conhecia). Mas não estou conseguindo fazer a menor idéia de aonde você quer chegar com isso. Talvez eu seja muito ignorante mesmo.
Aqui vale a mesma observação anterior. A ciência de ponta trabalha com vários entes não observáveis cuja heurística justifica totalmente sua inclusão. Após pensares a respeito, deixo os exemplos para você.
Não precisa esperar pelo meu pensamento. Ele é mais rápido do que você está imaginando. Eu quero é que você me dê os exemplos logo. Me mostre os "entes não observáveis que *existem*".
Pensamento meu:
"Nenhuma matematização substitui um acelerador de partículas".
Concordo. Da mesma forma, nenhum acelerador de partículas tem utilidade sem a matematização norteadora do programa de pesquisa que guia o quê deve ser observado em suas colisões.
Não faça joguinhos comigo, Feynman. A única matematização útil para a ciência, diretamente, é aquela já fundamentada em empirismo num processo de realimentação. Esta pode "ajudar" a "nortear" as coisas . A "matematização livre" (*de coisas não observáveis*) que você mencionou antes não pode nortear nada. Isso é ilusão de físico quântico enlouquecido.
A ciência é uma livre criação da imaginação do cientista, mas com o compromisso empírico. Nem uma coisa, nem outra. Ambas.
Depois de ler uma coisa tão impressionantemente antagônica em si mesma, a que outra conclusão posso chegar a não ser que estás me fazendo perder meu tempo?
Feynman, minha pergunta foi muito clara e direta. Eu quero saber se a "grande contribuição" do Hawkings é *grande contribuição* mesmo ou se é só hipótese. Não perca nem o seu tempo nem o meu tentando me bitolar na sua bitolação. Eu quero a resposta e a demonstração, sem rodeios.