Não acho que a violência está caindo, mas acho que o gráfico não descreve uma "disparada" da violência, só uma ascenção "constante" em nível nacional, com variações regionais. ISSO é a realidade, não "uma disparada", que, embora não chegue a ser "negacionismo", pode se dizer ser uma histeria instrumental ao populismo.
Localmente, até dispara, mas também se reduz.
Separando por cor e classe, as mortes violentas de negros e pobres crescem, enquanto se reduzem as de brancos e ricos (mas raça tem um peso maior que classe e educação):
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/06/1890315-negro-e-jovem-sem-estudo-sao-maiores-vitimas-de-violencia-mostra-pesquisa.shtml
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Para os pesquisadores, tem havido uma interiorização da violência – ela não está mais concentrada em grandes metrópoles.
Outros fatores apontados são: um mau mercado de trabalho – um estudo do Ipea feito em 2015 mostra que a cada 1% de redução na taxa de desemprego de homens, a taxa de homicídio diminui 2,1%; a geração de renda nas cidades, que traz benefícios, mas também torna viáveis economicamente os mercados locais de drogas ilícitas; o desenvolvimento econômico e a consequente vinda de imigrantes às cidades, que podem provocar um esgarçamento do controle social do crime.
"A crise dos últimos três anos certamente teve impacto porque afeta o mercado de trabalho e tira recursos do governo para atuar", diz Cerqueira.
"Se somam a esse cenário características das próprias políticas de segurança. Em primeiro lugar, elas são reativas; em segundo, temos dificuldade de institucionalizá-las – ir além de um líder forte que esteja engajado, caso do Eduardo Campos, em Pernambuco [ex-governador do Estado, morto em 2014] ", diz Bueno.
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Tanto progressitas quanto conservadores (pares antônimos) podem ter percepções distorcidas da realidade, ou mesmo negação. Mas de modo geral os primeiros, ou parte deles, parecem ser mais confortáveis com verdades mais complexas, que não se encaixam em formas intuitivas de entender o mundo. Como o combate ao tráfico ser a causa última da violência do tráfico, etc.
Ao mesmo tempo, progressistas devem comumente ter dificuldade em aceitar a possibilidade de políticas que intencionavam melhora das condições dos mais pobres terem privilegiado mais aqueles que menos necessitavam, e assim ter agravado a situação, ou terem isso como efeito colateral indesejado mesmo quando ela é bem aplicada, como por aumentar uma disparidade social nessas faixas mais baixas de renda.