Trago um texto sobre o envolvimento de WCrookes com o Espiritualismo e que logo de ínicio revela sua desconfiança em relação às práticas fraudulentas de alguns médiuns, daí o rigorismo que emprega em suas pesquisas, mas sugiro que se consulte o link,
https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Crookes
Apenas pelo prazer do exercício comento o texto, embora não haja necessidade, pois Crookes contesta-se a si mesmo...
"Esses experimentos parecem estabelecer conclusivamente a existência de uma nova força, conectada com o organismo humano de alguma maneira desconhecida." (Researches Into the Phenomena of Modern Spiritualism, 1922).
Se “pareciam estabelecer conclusivamente a existência de uma nova força”, isso em 1922, a esperança não se concretizou. Na atualidade a “nova força” continua tão ou mais duvidosa que naquela época.
Em 1870 Crookes decidiu que a ciência tinha a obrigação de estudar os fenômenos associados com o espiritualismo (Crookes, 1870). A julgar por cartas de família, Crookes já tinha desenvolvido uma visão favorável ao espiritualismo por volta de 1860 (Doyle, 1926: volume 1, 232-233). No entanto, ele estava determinado a conduzir sua investigação de forma imparcial e descreveu as condições que ele impunha aos médiuns da seguinte forma: "Deve ser na minha própria casa e com minha própria seleção de amigos e espectadores, sob minhas próprias condições e podendo eu fazer o que achar melhor quanto a dispositivos" (Doyle, 1926: volume 1, 177).
Seria interessante conferir as razões que levaram Crookes a decidir que a ciência tinha “obrigação” de investigar o sobrenatural, dimensão existencial que, mesmo seja realidade, é imperquirível. Se levarmos em conta o próprio texto concluiremos que essa pretensão deveu-se à simpatia que os cientista desenvolveu pelo espiritualismo. Tudo bem, não é crime querer estudar o inestudável e buscar caminhos para averiguar o inacessível... Se Crookes fosse bem-sucedido hoje o seu nome ocuparia lugar de destaque no panteão dos grandes nomes da ciência revolucionária: Lamentavelmente a pretensão do cientista soçobrou.
Quanto ao um suposto rigor com que conduziu o trabalho, o texto dá impressão de que teria sido bastante severo, mas quando analisamos mais detidamente a prática investigativa de William Crookes fica claro que ele estava mais ao sabor das exigências dos médiuns do que estes das exigências do cientista. Crookes em momento algum pugnou pela retirada da cabine, tampouco tentou um nível de luminosidade que permitisse ao espírito se apresentar e, ao mesmo tempo, fosse possível acompanhar a materialização. Em verdade quem ditava as condições básicas dos experimentos eram os médiuns. Visto não sabermos o que aconteceu por detrás da cabine, inda mais na escuridão, (nem nós nem o Crookes) podemos especular que aconteceu de tudo menos a real aparição de um morto.
Entre os médiuns que ele estudou estavam Kate Fox, Florence Cook, e Daniel Dunglas Home (Doyle, 1926: volume 1, 230-251). Os fenômenos que ele testemunhou incluíram movimento de corpos a distância, tiptologia, alteração de peso dos corpos, levitação, aparência de objetos luminosos, aparência de figuras fantasmagóricas, aparência de escrita sem intervenção humana e outras circunstâncias que "sugerem a atuação de uma inteligência externa" (Crookes, 1874).
Pois é, todos os estudados por Crookes são suspeitos. Teve também Eva Fay que, anos mais tarde, confessou ter trapaceado o galvanômetro e Crookes engoliu. Nenhum desses “felômenos” investigados por William Crookes se confirmou com o passar do tempo. Se hoje morto nenhum sequer consegue ler trecho de livro postado fora das vistas do médium, como supor que tenha escrito mensagens por suas próprias mãos fantasmagóricas? Se isso é possível, taí bom experimento para comprovar a ação de mortos na natureza: ponha-se papel e caneta numa sala lacrada e deixe que o espírito escreva o que quiser... Vamos tentar?
Alguns dos fenômenos registrados, segundo Crookes:
"Em plena luz, vi uma nuvem luminosa pairar sobre um heliotrópio colocado em cima de uma mesa, ao nosso lado, quebrar-lhe um galho, e trazê-lo a uma senhora, e, em algumas ocasiões, percebi uma nuvem semelhante condensar-se sob nossos olhos, tomando uma forma de mão e transportar pequenos objectos". (Opus cit. p. 40)
"Pequena mão de muito bela forma elevou-se de uma mesa da sala de jantar e deu-me uma flor; apareceu e depois desapareceu três vezes, o que me convenceu de que essa aparição era tão real quanto a minha própria mão". (Opus cit. p. 41)
Pode ser que Crookes tenha visto o que descreve, mas pode ser que ele estivesse vendo coisas... como conferir? Simples, vamos pôr médiuns e espíritos contemporâneos a repetir os feitos, em experimentos controlados. Vamos documentar o ocorrido, vamos submeter a experimentação à crítica de avaliadores e vamos deixar claro que os mortos estão de pé e a ordem para produzirem quantas dessas provas forem necessárias até que se feche conclusão segura. Vamos tentar?
O relatório de Crookes sobre a sua pesquisa, em 1874, concluiu que esses fenômenos não podiam ser explicados como prestidigitação e que pesquisa adicional seria útil.
Oh sim, Crookes concluiu que não poderia ter sido enganado e assunto resolvido! Que beleza, hem? Isso é que é ciência das boa!
Crookes não estava só nessa opinião. Companheiros cientistas que passaram a confirmar a veracidade da comunicação de espíritos incluiam Alfred Russel Wallace, Sir Oliver Joseph Lodge, Lord Rayleigh, e William James (Doyle, 1926: volume 1, 62).
Sim, sim, é claro: a turma da credulidade só poderia ficar na torcida. Russel Wallace foi coautor da teoria da evolução, mas seu lado místico exasperava Darwin, que não via fundamentação nas ingênuas apologias espiritualistas de seu companheiro. William James tenho a impressão de que não defendia centos por cento a comunicação entre mortos e vivos: ele ficara em cima do muro.
No entanto, como a maioria dos cientistas tinha a opinião pré-concebida de que o espiritualismo era fraudulento, o relatório final de Crookes ultrajou de tal modo o "establishement" científico de então que "falou-se de cancelar sua filiação à Royal Society (Sociedade Real)".
Pode ser que seja conforme o exposto, mas pode ser que o relatório de Crookes fosse amontoado de asseverações muito mal respaldadas em pesquisas frouxas. No mínimo, no mínimo, o autor deveria ter clamado por mais, muito mais, investigação antes de divulgar certezas.
Mas, o tempo se encarregou de mostrar que Crookes foi enganado e se deixou levar por suas ilusões metafísicas.
Crookes tornou-se mais cauteloso a partir de então e não mais discutiu seu ponto de vista em público até 1898, quando sentiu que sua posição estava segura (Doyle, 1926: volume 1, 169-170). Foi nesse ano, em seu dicurso de posse na presidência da British Association for the Advacement of Science (Associação Britânica pelo Avanço da Ciência), que afirmou:
"Já se passaram trinta anos desde que publiquei um relatório dos experimentos tendentes a mostrar que fora de nosso conhecimento científico existe uma Força utilizada por inteligências que diferem da comum inteligência dos mortais ... Nada tenho a me retratar. Confirmo minhas declarações já publicadas. Na verdade, muito teria que acrescentar a isto". (Crookes, 1898).
Claro que ele iria dizer isso: não queria ficar mal na foto. Isso parece aquele tipo de alegação popularesca: “não me arrependo de nada que fiz”, como se isso significasse alguma coisa. Crookes confirmou suas próprias declarações, infelizmente a história as negou...
Pode ser que ele tivesse mesmo muito a acrescentar, mas se nada acrescentou, babou! O trabalho de Crookes foi tão “bão” que ele, ou alguém próximo, cuidou de dar fim à maioria das fotos que tirara dos espíritos. Deviam ser tão ridículas que não se quis manchar o nome do grande cientista com essa parte negra de suas realizações.