Meu preclaro Montalvão; um ponto precisa ficar claro, depois da refrega: 150 anos de DE e os espíritos não deram provas de sua existência? Não é verdade.
As mesas girantes ao longo do século XIX, que espicaçou a curiosidade de meio mundo, modismo nos salões das famílis elegantes europeias de então, foi, digamos, um divisor de águas a partir do qual as pesquisas sobre os espíritos se intensificaram.
Não é novidade para você que sábios e Inteligências destacadas se puseram a campo no encalço de tão extraordinária descoberta e muitos deles deram seu depoimento atestando a veracidade dos fatos.
Lídimo Spencer,
Podemos começar, então, com as mesa girantes. Se não estou deslembrado, foi Farady quem demonstrou, no auge do modismo, que o fenômeno das mesas girantes advinha de movimentos musculares involuntários, ao que eu acrescento: e, às vezes, movimentos não tão involuntários, se é que me entende...
Mas é fácil resolver a dúvida, caso ainda haja alguma. Considere, primeiramente, que a fé nas mesas girantes só subsiste no espiritismo. Vou lhe dar a dica solucionativa: em experimento fiscalizado (de preferência com auditoria de céticos) reúna os melhores médiuns que conseguir, daqueles bem poderosos mesmo... podem ser 5, 10, 20, um milhão... Ponha-os ao ao redor de uma mesa de madeira pesada, em piso firme, de modo que não possam tocar no móvel. Peça-lhes que invoquem todos os espíritos que conhecerem (uns 100.000 desencarnados estaria de bom tamanho) e solicite aos do além que mexam a mesa e nela apliquem batidas inteligentes. Se conseguir teremos caminho promissor na busca de provas da ação de falecidos na natureza.
Entretanto, vou lhe adiantar: se as mesas girantes tivessem demonstrado a realidade dos espíritos em comunicação elas ainda estariam sendo usadas, pelo menos como meio de prova, ou teriam evoluído para outras demonstrações de maior amplitude: no entanto isso não aconteceu.
No fórum as mesas foram bem discutidas. Veja o exemplo que segue:
Mais um filme educativo que mostra como o poder da sugestão e do medo podem criar fortes "evidências" sobre a existência de espíritos. O filme é um experimento psicológico, produzido pelo The Channel Four (UK), que reproduz elementos do repertório das sessões espíritas, como aconteciam no final do século XIX, realizado com um grupo de estudantes ingleses. O filme ilustra:
- como acontecem fraudes inconscientes;
- leitura fria;
- uso do movimento ideomotor;
- uso sugestão e estados alterados de consciência para provocar terror e alucinação;
- psicografia (escrita automática);
- identificação de falsos padrões para gerar superstição e credibilidade;
- uso de sugestão para provocar a mediunidade e a incorporação de uma entidade inexistente.
Na última parte, é mostrado um experimento de comunicação com um espírito inventado muito semelhante ao experimento PHILIP realizado pela Toronto Society for Psychical Research (TSPR) em 1970. Veja: http://paranormal.about.com/library/weekly/aa102201a.htm
O experimento ilustra uma série de princípios conhecidos e amplamente utiilizados pelo espiritismo até os dias hoje. Atenção especial para o comportamento, reação e linguagem corporal das pessoas. Telespectadores que assistiram o programa de suas casas relataram a ocorrência de fenômenos paranormais, incluindo a psicografia durante a exibição.
Parte 1: [...]
Muitos cientistas e intelectuais foram enganados por essas "demonstrações espirituais" que envolviam fraudes conscientes e inconscientes, que serviram de provas que o espiritismo se orgulha e exibe até hoje como verdadeiras.
É mais do que sabido que o movimento Espírita moderno começou de uma fraude, aliás melhor seria dizer, de uma brincadeira. As Irmãs Fox, tendo facilidade em estalar as juntas, simularam batidas de um espírito em comunicação. A brincadeira atingiu proporções inimagináveis e se tornou séria. A partir daí os espíritos começaram a utilizar mesas e outros artefatos para baterem suas mensagens...
Veja exemplo de que o mistério das mesas girantes estava esclarecido desde os tempos em que era moda: em 1909, o psicólogo Albert Moll publicava artigo no Sunday Times, do qual extraio o trecho:
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Mas é realmente no ano de 1848 que o novo Espiritualismo começa. Naquela época, uma família, os Fox, vivia em Hydesville, Wayne Count, N.Y., e foi no lar dessa família que as primeiras assim chamadas batidas de espíritos foram ouvidas. Uma interpretação dessas batidas logo chegou por meio de uma série de perguntas e respostas, baseada na contagem do número de pancadas e associando uma letra do alfabeto a um determinado número, a saber: uma batida para A; duas para B, três para C; etc.
Essas batidas causaram uma grande sensação, que seguiu a família quando ela se mudou para Rochester. As manifestações ocorriam na presença de duas das três filhas da casa, e foram feitas o que se acreditava que seriam investigações suficientemente cuidadosas contra a perpetração de fraude por essas jovens mulheres. À luz dos experimentos atuais, entretanto, as conclusões chegadas devem ter sido errôneas.
Pouco após isso, pancadas similares foram ouvidas em outras cidades americanas, bem como em países estrangeiros nos quais a fama desses acontecimentos chegou.
Além dessas batidas, outras manifestações surgiram agora. Objetos inanimados foram vistos se movendo sem o auxílio de qualquer mecanismo. Isso iniciou o período das mesas girantes ou moventes, que foi particularmente forte por volta da metade dos anos cinqüenta. As pessoas sentavam ou ficavam em volta de uma mesa, que, após um tempo, começava a se mover com maior ou menor violência. As mesas girantes se tornaram um assunto universal de debate. Alexander Von Humboldt, ao ser pedido para explicar como um grupo de pessoas sentando ao redor de uma mesa e colocando suas mãos sobre ela poderia fazê-la se mover, respondeu jocosamente: “Os espertos desistiram-no”.
Todo tipo de explicação foi oferecida – o magnetismo do corpo, etc., – mas a mais frequentemente ouvida era a ação dos espíritos. Hoje é quase universalmente conhecido – mesmo os francamente declarados Espiritualistas não oferecem oposição – que as mesas girantes são causadas por movimentos involuntários e mesmo inconscientes das pessoas sentadas ao redor dela, e os que têm suas mãos sobre ela – contrações musculares causadas pela pulsação do sangue e pela respiração.
"Pelo registro de aparelhos científicos ficou estabelecido além de qualquer dúvida que aqueles sentados próximos à mesa realizavam os movimentos, sem seu próprio conhecimento ou vontade, o que fazia a mesa se mover."
É claro que é alegado pelos Espiritualistas que, sem qualquer auxílio mecânico ou qualquer tipo de contato, objetos inanimados se movem; um médium causa a objetos próximos, tal como uma estante pesada ou uma mesa, sacudir ou mover, e outros objetos pesados a se manter suspensos no ar, enquanto instrumentos de corda na sala vibram e voam – tudo isso sem qualquer auxílio mecânico.
Outras manifestações são o aporte do mundo dos espíritos de flores, frutas, e outros objetos, que são aparentemente materializados do nada. Outros ainda são fornecidos pelos assim chamados “médiuns psicógrafos”, que, com lápis e papel na mão, transcrevem mensagens dos espíritos, e pelos “médiuns falantes”, por quem os próprios espíritos se manifestam pela palavra falada. A maior forma de manifestação, entretanto, é a “materialização”, isso é, a aparição do espírito em sua forma pessoal, quando pode ser visto e sentido. O espírito “materializado” fala, e está em cada aspecto em sua condição terrena anterior, e é suscetível de ser fotografado.
Os Espiritualistas sustentam que uma personalidade humana predestinada para o propósito é necessária para a realização das manifestações espiritualistas, e que essa personalidade humana é o que geralmente se chama “médium”. Enquanto é alegado pelos verdadeiros Espiritualistas que a presença desse médium é necessária – como sendo o intermediário entre o mundo espiritual e os mortais – existem outros que acreditam, embora reconhecendo a realidade dos fenômenos mencionados acima, que a interferência com o médium pelos espíritos está inteiramente além da questão. Este grupo acredita que o médium é possuidor de um poder psíquico peculiar, que ainda não é completamente conhecido, mas que é capaz de realizar tais fenômenos (isso é, o movimento de objetos inanimados, etc). Os seguidores dessa linha de pensamento (para distinguir dos Espiritualistas em seu sentido mais estreito) são chamados psíquicos (de psyche, a alma). De muitas maneiras, entretanto, são denominados Espiritualistas, pois o termo “psíquico” por vezes é usado em um sentido mais largo, em outras vezes, mais estreito.
Muitos Espiritualistas alegam que essas manifestações são suscetíveis de prova científica; não alegam serem capazes de fornecerem provas, e para esta última classe o Espiritualismo é mais uma religião; eles admitem que uma prova é raramente possível, e que todos os investigadores muito céticos jamais podem ser convencidos. Essa inconsistência no Espiritualismo em si – por um lado visto como dentro do domínio da Ciência, por outro lado como uma crença religiosa – severamente cria obstáculos ao investigador científico, mais especialmente porque
quase todos os Espiritualistas são praticamente unânimes na alegação que a presença de um cético torna as manifestações muito difíceis.
Visto que o ceticismo é um atributo indispensável ao investigador, uma solução completamente científica, suficientemente forte para resistir a todas as contraprovas, parece quase inalcançável. E a história do Espiritualismo mostra que uma prova absoluta – mesmo entre aqueles que a bradaram mais alto – jamais foi alcançada.”
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