Autor Tópico: Pesquisa com médium  (Lida 63493 vezes)

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Offline montalvão

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1150 Online: 24 de Janeiro de 2017, 12:27:18 »
Como o Gorducho bem falou: mandei muito material, certamente nem passou os olhos por ele. Além disso, está claro que suas fontes de referência são modestas, talvez só tenha mesmo o Há Dois Mil Anos para fundamentar sua confiança na realidade publiana/emanuelina.


Citação de: Spencer
Opa, Montalvão; vi você chamar a atençâo do Giga por algo semelhante a isto.... :(

Viu? Pode me clarear a lembrança? Mas, não entendi o que quis dizer... se puder ser mais claro....

O que estou lhe ponderando, caso não tenha compreendido, é que desconfio seriamente que não leu ou leu apressado o material que lhe enviei. Digo não aleivosamente, minha assertiva se baseia no fato de que dele não fez qualquer comentário, seja concordando ou discordando...
 
Então, se você não avalia adequadamente as objeções que recebe,  significa que talvez não queira deparar considerações que poderiam fazê-lo mudar suas crenças; ou teme não ter como retrucá-las. Posso estar terrivelmente equivocado (e espero estar), mas é esta a impressão que sua atitude me passa...


 
Citar
Entretanto, pesquisadores consideram essas citações a Jesus inserções espúrias, feitas por cristão no sec. IV de nossa era, ou seja: não foi pronunciamento de Josefo
.

Citação de: Spencer
Quase todas as desconstruções argumentativas céticas se baseiam nisto: fontes que se tornam pervasivas por falta de interesse em contestá-las.

Rapaz! Minha capacidade de concatenar pensamentos não foi suficiente para traduzir o que disse acima. Poderia ter um pouco de paciência comigo e expressar o pronunciamento de forma mais palatável?


Só mais uma coisinha: aquela passagem do cego, nela o que se nota não é o fato de que Deus pune os pais na figura dos filhos... ou qq outra coisa assim, mas o fato de os apóstolos perguntarem se foi este, veja bem, se foi este ou seus pais...

Admitem então que o cego poderia ter pecado antes de nascer. Isto está muito claro no texto.

Citar
Tudo bem, mas a indagação não é de cunho reencarnacionista: o contexto não ampara essa suposição.

Citação de: Spencer

É o seu modo de ver.

Estou procurando defender minhas alegações com argumentos, não com opiniões, achismos. Você pode mostrar que estou equivocado, comprovando que o contexto neotestamentário fora reencarnacionista, que os judeus conceituaram a reencarnação e que a mensagem atribuída a Jesus seja de fulcro multividas...

Do modo que faz, está como que prolatando: “opinião por opinião fico com a minha...”



Gorducho, veja a passagem em que Nicodemos visita Jesus, à noite, e ambos falam claramente sobre reencarnação.

Citar
Não falam de reencarnação, nem clara, nem obscuramente. Nicodemos era “doutor da lei”, cumpridor radical dos ritos mosaicos e se achava puro diante de Deus. Jesus lhe explica que lhe faltava um “novo nascimento”, uma transformação íntima.

Conforme expliquei antes: como poderia haver diálogo reencarnacionista naqueles tempos se os judeus sequer conheciam a concepção de múltiplas existências? Nem mesmo palavra para expressar a ideia tinham.

Citação de: Spencer
Falam sim! Nicodemos se exalta admirado pelo ensinamento, o qual Jesus repete e acrescenta: "nascer de novo da água E do espírito", quer dizer, nascer no corpo (água no lsimbolismo bíblico é força de vida... O Espirito de Deus pairava sobre as águas  e, agora sim, nascer do espírito, significando renovação espiritual. E Jesus transcende o ensinamento quando observa a diferença entre ver o Reino do céu e entrar no reino do céu.
Tipo, renascer no corpo não garante "salvação", se, concomitante, não se renova o espírito.

Tudo bem, você faz uma séria de afirmações apologéticas, mas contra a objeção que apresentei, nenhuma palavra...

Repito-lhe a questão, para que possa sobre ela refletir: “como poderia haver diálogo reencarnacionista naqueles tempos se os judeus sequer conheciam a concepção de múltiplas existências? Nem mesmo palavra para expressar a ideia tinham.”

Resolvendo essa aporia podemos prosseguir analisando o texto e conferir se dele é possível extrair discurso reencarnacionista...


Ou quando Jesus explica aos apóstolos, os quais naquele momento questionavam sobre o retorno de Elias e Jesus, apontando João Batista, decapitado, diz que Elias havia voltado e dele fizeram o que quiseram...

Citar
Montalvão:  Os judeus esperavam que Elias voltasse à terra para “preparar os caminhos do Senhor”. Na tradição religiosa, Elias não morrera, fora arrebatado aos céus. Jesus explica aos discípulos que João Batista cumprira simbolicamente a profecia, sendo ele “o Elias que havia de vir”. 

Citação de: Spencer
Não, caro Montalvão. Sequer havia qualquer ligação entre Elias e JBatista, mas, um karma interessante, sim. Elias decapitou dezenas de sacerdotes no teste das oferendas, e morre sem cabeça. :ok:

Primeiramente, meu prezado, considere que a doutrina espírita não labora com a ideia de carma, sim de “causa e efeito”, que é uma lei cármica atenuada...

Então, essa lei de “causa e efeito” parece piada. Quer dizer que João Batista fora degolado porque Elias havia dado fim aos profetas de Baal? Mas, que matemática cármica seria essa? O livro de Reis informa que “comiam à mesa de Jezebel 450 profetas de Baal e 400 de Asera”. Todos os de Baal foram mortos!  Quantas vezes Elias precisaria reencarnar e ser decapitado para purgar todas essas mortes?

Para objetar contra  tese espírita da reencarnação de Elias em João Batista vale a inquirição dada: “como poderia haver proposta reencarnacionista na declaração ‘este é o Elias que havia de vir’ se os judeus sequer conheciam a concepção de múltiplas existências? Nem mesmo palavra para expressar a ideia tinham.”

Esclarecendo esse ponto, poderemos examinar as passagens que falam da vinda de Elias e conferir se dela se pode extrair reencarnação...



Offline Gorducho

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1151 Online: 24 de Janeiro de 2017, 12:44:27 »
Desculpe a franqueza Analista Montalvão mas foi duma comicidade ímpar - até depois vou contar pro Analista Marciano...
O Sr. referiu pra ele toda uma partícula do aprofundado estudo do Sr. JCFF que é só uma parte do início da ponta do iceberg claro - depois teve a muito bem feita por sinal, tentativa dos espíritas em fazerem o Lentulus ser real e a refutação &c...
Só que o oponente nem sabia do affaire epistola  ou se sabia sabia ser fake :histeria:

Plotinus era sim reencarnacionista na forma da palingenista platônica.
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2017, 12:52:59 por Gorducho »

Offline Spencer

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1152 Online: 24 de Janeiro de 2017, 13:40:40 »
Meu caro e admirável Montalvão;
vejo que tem o hábito e o prazer no debate, mormente contra a crença espírita. Já desenvolveu argumentos e, pimba:Ctrlc, Ctrlv  :histeria:
Nada contra, mas sinto-me em desvantagem. Não em relação à argumentação mas a agilidade e quantidade de contra argumentos.
Tempos atrás participei de um grupo de estudos espíritas do qual o Luiz Signates era um dos mais ativos.
Os debates eram acalorados e, veja você, entre espíritas.
Mas como?
Eram pessoas esclarecidas, cultas e inteligentes, mas tinham suas opiniões!

O que quero dizer é que num ambiente de discussão, elevado como aquele, acaba por se desenvolver uma visão generalista e de perspectiva mais ampla sobre a DE, Kardec, FCXavier, etc.
O alentado texto que vc enviou, claro que li, mas não trazia grandes novidades. Mas no mesmo post havia desafios a serem considerados que chamaram mais a atenção, eis porque não o mencionei na resposta que enviei.
Você, meu caro Montalvão, em certa parte diz que por certo não li os texto pois provavelmente me fariam mudar convicções.
Mudar minhas convicções julgo "quase" impossível pois se baseiam em observações sobre a vida. Também essas observações, as quais ninguém está inapto a fazê-las, já fizeram muitos descrentes mudarem seus pontos de vista.
  :)
Citar
Estou procurando defender minhas alegações com argumentos, não com opiniões, achismos. Você pode mostrar que estou equivocado, comprovando que o contexto neotestamentário fora reencarnacionista, que os judeus conceituaram a reencarnação e que a mensagem atribuída a Jesus seja de fulcro multividas...
Do modo que faz, está como que prolatando: “opinião por opinião fico com a minha...”
 
Amigo, talvez não tenha percebido que usa com frequência e principalmente na alegação de que os Judeus não tinham vocábulo, ou expressão para as "multividas", a falácia non sequitor.
Jesus não mencionou reencarnação porque o vocábulo não existia. :?: :?: :?:
Mas Jesus dizia aos apóstolos: "muito vos poderia ensinar mas vós, por ora, não compreenderíeis... mas irei para o Meu Pai e vos enviarei um outro paráclito...".
Se pesquisar verá que mesmo nos dias de hoje existem seitas judaicas que aceitam a reencarnação.
A pouco tempo tive esta informação, embora não tenha tido a curiosidade de confirmar. Talvez fosse interessante para este debate.


Offline Gorducho

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1153 Online: 24 de Janeiro de 2017, 17:14:26 »
Não são seitas. O judaísmo aceita reencarnação e tem muita crença em reencarnacionismo dentro do judaísmo. Note que não tem dogmatizações em contra como no  cristianismo ou islamismo ortodoxos.
Mas é medieval ao menos o espraiamento da crença.
Claro que não se tem como saber o que pensavam todos os habitantes e.g. de Jerusalém y alderedores; Alexandria; e outros centros como os que ficaram lá na Pérsia.
E acerca do Josefo de fato é debatível.
Quanto ao cristianismo primitivo, que é uma religião romana, é simplesmente impossível que fossem porque pra eles o fim dos tempos e a volta do Cristo era eminente. Não daria tempo de reencarnarem nem faria sentido suporem isso.
Quanto ao Josefo, de fato é debatível.

Eu apesar de gostar do estudo do espiritismo, nunca me interessei por esse foco de analisar os sinais reencarnacionistas que vocês procuram enxergar na mitologia "sagrada" judaico-cristã porque nada tem a ver com "espíritos" ou "médiuns".
Aliás a necessidade que os espíritas têm de buscar amparo em escrituras mostra a insegurança que têm em relação aos próprios "espíritos".Se tivessem certeza no que afirmam, não precisariam dessa bengala. Reencarnação existiria porque provada pela  realidade - não  precisaria de bengala em escrituras pré medievais.
Bem como a necessidade de se legitimarem via catolicismo, com a citação de santos e "médiuns" se escudando em personagens católicos que existiram ou talvez fictícios como supostas "fontes" dos escritos e palestras (deles "médiuns"). A começar pelo Kardec no LE, claro.

Folgo em ver que já participou de debates c/Luis Signates  :ok:
Então não é bitolado como me passou impressão de início quando disse coordenar ou ter coordenado grupo(s) que estuda(vam) CX  :chorao:
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2017, 18:11:56 por Gorducho »

Offline Gigaview

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1154 Online: 24 de Janeiro de 2017, 21:32:06 »
Citação de: Gorducho
Não são seitas. O judaísmo aceita reencarnação e tem muita crença em reencarnacionismo dentro do judaísmo. Note que não tem dogmatizações em contra como no  cristianismo ou islamismo ortodoxos.
Mas é medieval ao menos o espraiamento da crença.
Claro que não se tem como saber o que pensavam todos os habitantes e.g. de Jerusalém y alderedores; Alexandria; e outros centros como os que ficaram lá na Pérsia.

Acho que o mais próximo que podemos chegar do entendimento da reencarnação naquela época é através da Kabbalah, mesmo assim, como você disse, usando uma interpretação medieval (1096) do cabalista Arizal, citado no trabalho Shaar Hagilgulim (Portão da Reencarnação). Aqui vai um resuminho.

1. A alma é eterna, uma centelha do Divino.
2. A alma já existe antes de entrar no corpo e vive após a morte.
3. A alma habita mundos superiores.
4. Existem coisas que que a alma pode alcançar num corpo que não pode alcançar nesses mundos.
5. O objetivo da criação é criar uma morada para o divino neste mundo.
6. Os mundos superiores são gloriosos e oferecem a melhor recompensa em termos de revelação após a missão terrena da alma.
7. A alma é composta de 613 partes ligadas aos membros e tendões do corpo e aos vasos sanguíneos.
8. A alma é purificada para ser elevada ao Jardim do Éden.
9. Quando a alma retorna, a parte dela que foi purificada pelo aprendizado do Torah e do Mitzvah não reencarna.
10. Ao longo de várias encarnações todas as partes da alma são elevadas de uma só vez e não reencarna mais.
11. Almas podem reencarnar para cumprir certas tarefas retificadoras de pecados ou débitos.
12. A alma de Adão era composta de todas as almas futuras.

A novidade aqui é a semelhança com a reencarnação budista, que lembra mais um renascimento do que uma reencarnação. Como a alma pode voltar em partes, fica a dúvida sobre a manutenção da personalidade da alma.  Parecido com o Nirvana, as reencarnações cessam após um acumulado de experiências purificadoras. No entanto,  não há uma visão formalizada de algo parecido com o Karma.
« Última modificação: 24 de Janeiro de 2017, 22:50:09 por Gigaview »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Gigaview

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1155 Online: 24 de Janeiro de 2017, 23:02:14 »
Achei esse texto sobre a citação da reencarnação nos Manuscritos do Mar Morto:

Citar
One particular Dead Sea Scroll entitled "I IQ Melchizedek Text" which contains a sermon called "The Last Jubilee", mentions reincarnation. This scroll is about the "last days" during which time it says, a "Melchizedek redivivus" (revived, reincarnate) will appear and destroy Belial (Satan) and lead the children of God to eternal forgiveness. Below are parts of this message from this scroll, parts of which are unreadable. The unreadable parts will be denoted by this (...) symbol. Here is it's message:

Citar
"When, therefore, the scriptures speaks of a day of atonement ... What is meant, ... is that ... by a day on which all the children of Light and all who have cast their lot with the cause of righteousness will achieve forgiveness of their sins, whereas the wicked will reap their desserts and be brought to an end. There is a further reference to this final judgment in the continuation of the verse from the Psalter . . . the allusion is to Belial and the spirits of his ilk -- that is to ... defy God's statutes in order to perfect justice ... King ... Melchizedek ... will execute upon them God's avenging judgment, and ... deliver the just from the hands of Belial and all those spirits of his ilk.
 
"With all the angels of righteousness at his aid, he will blast the council of Belial to destruction ... the eminence in question being the destination of all who are indeed children of God ... It will be from Belial ... that men will turn away in rebellion, and there will be a reestablishment of the reign of righteousness, perversity being confounded by the judgments of God.
 
"This is what scripture implies in the words, 'Who says to Zion, your God has not claimed his Kingdom!' The term Zion there denoting the total congregation of the 'sons of righteousness' that is, those who maintain the covenant and turn away from the popular trend, and your God signifying the King of Righteousness, alias Melchizedek Redivivus, who will destroy Belial. Our text speaks also of sounding a loud trumpet blast throughout the land on the tenth day of the seventh month. As applied to the last days, this refers to the fanfare which will then be sounded before the Messianic King." (The Last Jubilee)

As was mentioned earlier, Melchizedek was the High Priest described in the Bible who sounds remarkably like an incarnation of Jesus. It was also mentioned how some early Christians believed Melchizedek to be an early incarnation of Jesus. If the above message of the Dead Sea Scrolls can be believed, then the passage is very likely referring to the coming of a Messiah who will be a reincarnation of Melchizedek.
http://www.near-death.com/reincarnation/history/judaism.html
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Offline montalvão

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1156 Online: 24 de Janeiro de 2017, 23:32:45 »
Achei esse texto sobre a citação da reencarnação nos Manuscritos do Mar Morto:

Citar
One particular Dead Sea Scroll entitled "I IQ Melchizedek Text" which contains a sermon called "The Last Jubilee", mentions reincarnation. This scroll is about the "last days" during which time it says, a "Melchizedek redivivus" (revived, reincarnate) will appear and destroy Belial (Satan) and lead the children of God to eternal forgiveness. Below are parts of this message from this scroll, parts of which are unreadable. The unreadable parts will be denoted by this (...) symbol. Here is it's message:
[...]

Não parece que seja um texto que fale de reencarnação, mas uma leitura reencarnacionista de  escrito sobre o juízo final. Logo no início, o intérprete põe no mesmo patamar ressurreição e reencarnação: "(revived, reincarnate)". A mesma tática de Kardec, que dizia que quando escrito "ressurreição" deveria ser lido "reencarnação", visto que seria impossível a um corpo desfeito se recompor e voltar à vida, etc...

Os termos utilizados no manuscrito não são de cunho multividas: "dia da expiação"; "o filhos da luz alcançarão o perdão dos pecados e os ímpios colherão seus frutos"; "executará o julgamento de Deus"...

Isso é típico da visão espiritista-reencarnacionista: qualquer expressão que possa ter parecença reencarnacionista, por mínima que seja, é prontamente catalogada como tal.

Offline Spencer

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1157 Online: 25 de Janeiro de 2017, 00:59:14 »
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Não parece que seja um texto que fale de reencarnação, mas uma leitura reencarnacionista de  escrito sobre o juízo final. Logo no início, o intérprete põe no mesmo patamar ressurreição e reencarnação: "(revived, reincarnate)". A mesma tática de Kardec, que dizia que quando escrito "ressurreição" deveria ser lido "reencarnação", visto que seria impossível a um corpo desfeito se recompor e voltar à vida, etc...
Os termos utilizados no manuscrito não são de cunho multividas: "dia da expiação"; "o filhos da luz alcançarão o perdão dos pecados e os ímpios colherão seus frutos"; "executará o julgamento de Deus"...
Isso é típico da visão espiritista-reencarnacionista: qualquer expressão que possa ter parecença reencarnacionista, por mínima que seja, é prontamente catalogada como tal.

Montalvão, o irredutível! :hihi:

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A novidade aqui é a semelhança com a reencarnação budista, que lembra mais um renascimento do que uma reencarnação.
Como assim? qual a diferença?

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Como a alma pode voltar em partes, fica a dúvida sobre a manutenção da personalidade da alma.  Parecido com o Nirvana, as reencarnações cessam após um acumulado de experiências purificadoras. No entanto,  não há uma visão formalizada de algo parecido com o Karma.
Parece que o de número 11 tem algo a ver com Karma.

Offline Gigaview

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1158 Online: 25 de Janeiro de 2017, 02:23:24 »
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Não parece que seja um texto que fale de reencarnação, mas uma leitura reencarnacionista de  escrito sobre o juízo final. Logo no início, o intérprete põe no mesmo patamar ressurreição e reencarnação: "(revived, reincarnate)". A mesma tática de Kardec, que dizia que quando escrito "ressurreição" deveria ser lido "reencarnação", visto que seria impossível a um corpo desfeito se recompor e voltar à vida, etc...
Os termos utilizados no manuscrito não são de cunho multividas: "dia da expiação"; "o filhos da luz alcançarão o perdão dos pecados e os ímpios colherão seus frutos"; "executará o julgamento de Deus"...
Isso é típico da visão espiritista-reencarnacionista: qualquer expressão que possa ter parecença reencarnacionista, por mínima que seja, é prontamente catalogada como tal.

Montalvão, o irredutível! :hihi:

Não disse que fala, mas cita o que pode ser interpretado como reencarnação.

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A novidade aqui é a semelhança com a reencarnação budista, que lembra mais um renascimento do que uma reencarnação.
Como assim? qual a diferença?

Veja a explicação do Luís Dantas:

http://www.dantas.com/budismo/reencarnacao.htm
http://www.dantas.com/budismo/renascimento.htm


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Como a alma pode voltar em partes, fica a dúvida sobre a manutenção da personalidade da alma.  Parecido com o Nirvana, as reencarnações cessam após um acumulado de experiências purificadoras. No entanto,  não há uma visão formalizada de algo parecido com o Karma.
Parece que o de número 11 tem algo a ver com Karma.

Não sei. Acho que o Karma é mais complicado.
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2017, 02:28:17 por Gigaview »
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

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Offline Gorducho

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1159 Online: 25 de Janeiro de 2017, 10:17:18 »
 :hein:
[a interpretação é que Ele] will assign then to the Sons of Heaven and to the inheritance of Melchizedek for He will cast their [quinhão] amid the portions of Melchizedek, who will return them there and will proclaim to them liberty, forgiving them of all their iniquities.
And this will [se suceder] in the first week of the jubilee that follows the nine Jubilees. And the Day of Atonement is the end of the tenth Jubileee, when all the Sons of [Luz] and the men of lot of Melchizedek will be atoned for. [E] a statute concerns them with their rewards. For this is the moment of the Year of Grace for Melchizedek. [E ele] will, by his strength, judge the holy ones of God, executing judgement as it is written concerning him in the Songs of David, who said, Elohim has taken his place in the divine council; in the midst of the gods he holds judgement. And it was concerning him that he said, return to the height above them; El will judge the peoples. And as for that which he said how long will you judge unjustly and show partiality to the wicked? It’s interpretation concerns Belial and the spirits of his lot [os quais] rebelled by turning away from the precepts of God to… And Melchizedek will avenge the vengeance of the judgements of God… and he will drag [-los das garras de] Belial and from the hand of all spirits of his [estirpe]. And all the “gods of justice” will come to his aid [para] attend to the destruction of Belial.

Onde entrará reencarnação aí...  :hmph:
Onde tem Melchizedek redivivo (sempre achei que "redivivo" era chiquês...) aí  :umm:
« Última modificação: 25 de Janeiro de 2017, 10:21:27 por Gorducho »

Offline Freya

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1160 Online: 25 de Janeiro de 2017, 21:03:00 »
A novidade aqui é a semelhança com a reencarnação budista, que lembra mais um renascimento do que uma reencarnação. Como a alma pode voltar em partes, fica a dúvida sobre a manutenção da personalidade da alma.  Parecido com o Nirvana, as reencarnações cessam após um acumulado de experiências purificadoras. No entanto,  não há uma visão formalizada de algo parecido com o Karma.

Desculpe-me por cair de paraquedas no assunto, mas o nirvana não seria o alcance do estado pleno de meditação e controle da mente, a transcendência da percepção da realidade por meio das técnicas de meditação e do seguimento do nobre caminho óctuplo? Alcançar o nirvana implicaria na libertação do ciclo de reencarnação?

E sobre o Karma, tenho pra mim que a visão espírita o toma mais no sentido católico, como um eufemismo para a "expiação de pecados", ou seja, como um pagamento por um erro (que eles preferem chamar de consequência em vez de pagamento). Já na visão oriental vedanta/budista, o karma está mais análogo ao hábito, isto é, um hábito reiterado sucessivamente vai se arraigando na alma de forma que passa a se manifestar com cada vez mais facilidade e frequência se não for corrigido, seriam marcas criadas por hábitos (karma), como os sulcos que a chuva cria na terra de tanto a água correr sempre pelo mesmo percurso, criando pequenos córregos e valas.

Offline Gorducho

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1161 Online: 25 de Janeiro de 2017, 21:35:43 »
E sobre o Karma, tenho pra mim que a visão espírita o toma mais no sentido católico, como um eufemismo para a "expiação de pecados", ou seja, como um pagamento por um erro
"Mais" não - é católico.
A reencarnação romântica do Kardec nada tem a ver com a indiana (seja induísta seja budista). O Kardec se baseou nos escritos do Jean Reynaud que pretendia acrescentar esse dogma à religião católica.
Kardec era católico, CX era católico, Dr. Bezerra era católico devoto.
E sim, no oficialismo do "espiritismo" brasileiro cujo principal órgão é a FEB as almas pecam e (como os anjos) decaem por isso e só por isso é que existe a reencarnação.
Nada tem a ver com a oriental.

Offline montalvão

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1162 Online: 25 de Janeiro de 2017, 22:17:16 »
Spencer,

Já pensou na diferença entre a Lei do Carma e a Lei de Causa e Efeito kardecista?

Offline Gigaview

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1163 Online: 25 de Janeiro de 2017, 22:28:05 »
A novidade aqui é a semelhança com a reencarnação budista, que lembra mais um renascimento do que uma reencarnação. Como a alma pode voltar em partes, fica a dúvida sobre a manutenção da personalidade da alma.  Parecido com o Nirvana, as reencarnações cessam após um acumulado de experiências purificadoras. No entanto,  não há uma visão formalizada de algo parecido com o Karma.

Desculpe-me por cair de paraquedas no assunto, mas o nirvana não seria o alcance do estado pleno de meditação e controle da mente, a transcendência da percepção da realidade por meio das técnicas de meditação e do seguimento do nobre caminho óctuplo? Alcançar o nirvana implicaria na libertação do ciclo de reencarnação?

A reencarnação é incompatível com a maioria das tradições budistas, o conceito correto é renascimento.

Nirvana (Sanskrit, also nirvāṇa; Pali: nibbana, nibbāna ) is the earliest and most common term used to describe the goal of the Buddhist path.The literal meaning is "blowing out" or "quenching." It is the ultimate spiritual goal in Buddhism and marks the soteriological release from rebirths in saṃsāra. Nirvana is part of the Third Truth on "cessation of dukkha" in the Four Noble Truths, and the summum bonum destination of the Noble Eightfold Path.

Saṃsāra in Buddhism, states Jeff Wilson, is the "suffering-laden cycle of life, death, and rebirth, without beginning or end"

Acho que precisamos de um budista aqui para tirar dúvidas. Luís Dantas? Can you read me?
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Offline Spencer

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1164 Online: 25 de Janeiro de 2017, 23:28:45 »
Consultei o post do Luís Dantas. Procurei compreender a diferença entre reencarnação e renascimento, no Budismo e nada. Muitas expressões subjetivas e significando a mesma coisa, num e noutro conceito. Talvez o Luís tenha sido um tanto prolixo e isto tornou sua dissertação obscura, confusa.

Citar
Spencer,
Já pensou na diferença entre a Lei do Carma e a Lei de Causa e Efeito kardecista?

Pegadinhas do Montalvão. :twisted:
No Espiritismo, Causa e Efeito, Ação e Reação, traz o mesmo resultado do Carma.
 
Em síntese seria o ensinamento de Jesus: a cada um será dado segundo suas obras.
Nos estudos posteriores aos textos da Codificação, há um detalhe interessante, nas leis da ação e reação, e este, não reparei se as doutrinas orientais contém.

As reencarnações expiatórias ou provacionais (há diferença). no Espiritismo, não ocorrem de forma automática e exatamente na encarnação seguinte.
É necessário que as circunstâncias em que ocorrerá o "pagamento", digamos assim, possibilite ao espírito endividado a compreensão de seus erros.
Mas isto, embora expressão legítima da Misericórdia, nem sempre surte o efeito esperado.
Mergulhado na carne, com mais facilidade o espírito se entrega a seus vícios do passado que, ao contrário, aceite o convite da regeneração que lhe é direcionado, tanto pela dor da expiação, como, de forma sutil, pelos seus amigos que por ele aguardam e torcem. das esferas mais altas.
Mas esta também não é regra geral, pois depende do patamar evolutivo em que se encontre a criatura. Espíritos atrasados, rudes, em estados primários da evolução, só acodem ao chamado da dor. A reflexão e a sensibilidade, ainda embrionários não lhes favorecerão o entendimento da lição.




 

Offline Gigaview

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1165 Online: 25 de Janeiro de 2017, 23:50:58 »
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Consultei o post do Luís Dantas. Procurei compreender a diferença entre reencarnação e renascimento, no Budismo e nada. Muitas expressões subjetivas e significando a mesma coisa, num e noutro conceito. Talvez o Luís tenha sido um tanto prolixo e isto tornou sua dissertação obscura, confusa.

Leia este artigo e você vai entender.

http://www.alanpeto.com/buddhism/understanding-reincarnation-rebirth/

Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Freya

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1166 Online: 25 de Janeiro de 2017, 23:55:09 »
Consultei o post do Luís Dantas. Procurei compreender a diferença entre reencarnação e renascimento, no Budismo e nada. Muitas expressões subjetivas e significando a mesma coisa, num e noutro conceito. Talvez o Luís tenha sido um tanto prolixo e isto tornou sua dissertação obscura, confusa.

Citar
Spencer,
Já pensou na diferença entre a Lei do Carma e a Lei de Causa e Efeito kardecista?

E quais seriam as diferenças básicas, essenciais, entre essas últimas e a Lei do Eterno Retorno?



 :hihi:

A propósito, apesar do meme a pergunta é séria.

Offline Gigaview

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1167 Online: 26 de Janeiro de 2017, 00:03:13 »
Citação de: Spencer
Pegadinhas do Montalvão. :twisted:
No Espiritismo, Causa e Efeito, Ação e Reação, traz o mesmo resultado do Carma.
 
Em síntese seria o ensinamento de Jesus: a cada um será dado segundo suas obras.
Nos estudos posteriores aos textos da Codificação, há um detalhe interessante, nas leis da ação e reação, e este, não reparei se as doutrinas orientais contém.

As reencarnações expiatórias ou provacionais (há diferença). no Espiritismo, não ocorrem de forma automática e exatamente na encarnação seguinte.
É necessário que as circunstâncias em que ocorrerá o "pagamento", digamos assim, possibilite ao espírito endividado a compreensão de seus erros.
Mas isto, embora expressão legítima da Misericórdia, nem sempre surte o efeito esperado.
Mergulhado na carne, com mais facilidade o espírito se entrega a seus vícios do passado que, ao contrário, aceite o convite da regeneração que lhe é direcionado, tanto pela dor da expiação, como, de forma sutil, pelos seus amigos que por ele aguardam e torcem. das esferas mais altas.
Mas esta também não é regra geral, pois depende do patamar evolutivo em que se encontre a criatura. Espíritos atrasados, rudes, em estados primários da evolução, só acodem ao chamado da dor. A reflexão e a sensibilidade, ainda embrionários não lhes favorecerão o entendimento da lição.

Recomeçou o festival de ad hocs.

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Espíritos atrasados, rudes, em estados primários da evolução, só acodem ao chamado da dor.



Você nem nota mais quando repete as mesmas besteiras de Kardec e de seus espíritos amestrados. Entrou no sangue, né?

Citar
Do site http://montfort.org.br/secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=kardec&lang=bra, uma coleção de textos racistas de Allan Kardec pinçados de suas obras e escritos. Alguns deles já foram debatidos "ad nauseam" nesse e outros fóruns. Nestes textos o "codificador" aparece como ele realmente é: um burguês etnocentrista e preconceituoso da França do século XIX.
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
“Os negros, pois, como organização física, serão sempre os mesmos; como Espíritos, sem dúvida, são uma raça inferior, quer dizer, primitiva; são verdadeiras crianças às quais pode-se ensinar muita coisa;" (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
---------------------------------------------------------------------------------------------------------
“Sob o mesmo envoltório, quer dizer, com os mesmos instrumentos de manifestação do pensamento, as raças não são perfectíveis senão em limites estreitos, pelas razões que desenvolvemos. Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucásicas; mas, enquanto Espíritos, é outra coisa; ela pode se tornar, e se tornará, o que somos; somente ser-lhe-á preciso tempo e melhores instrumentos. Eis porque as raças selvagens, mesmo em contato com a civilização, permanecem sempre selvagens; mas, à medida que as raças civilizadas se ampliam, as raças selvagens diminuem, até que desapareçam completamente, como desapareceram as raças dos Caraíbas, dos Guanches, e outras. Os corpos desapareceram, mas em se tornaram os Espíritos? Mais de um, talvez, esteja entre nós”. (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
 
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados"
(Allan Kardec, A Gênese, ed. LAKE  p. 187).
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127).
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados" (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187).
----------------------------------------------------------------------------------------------------------
“Mas, então, porque nós, civilizados, esclarecidos, nascemos na Europa antes que na Oceania? Em corpos brancos antes que em corpos negros? Por que um ponto de partida tão diferente, se não se progride senão como Espírito? Por que Deus nos isentou do longo caminho que o selvagem deve percorrer? Nossas almas seriam de uma outra natureza que a sua? Por que, então, procurar fazê-lo cristão? Se o fazeis cristão, é que o olhais como vosso igual diante de Deus; se é vosso igual diante de Deus, porque Deus vos concede privilégios? Agiríeis inutilmente, não chegaríeis a nenhuma solução senão admitindo, para nós um progresso anterior, para o selvagem um progresso ulterior; se a alma do selvagem deve progredir ulteriormente, é que ela nos alcançará; se progredimos anteriormente, é que fomos selvagens, porque, se o ponto de partida for diferente, não há mais justiça, e se Deus não é justo, não é Deus. Eis, pois, forçosamente, duas existências extremas: a do selvagem e a do homem mais civilizado.” (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
O exame frenológico dos povos pouco inteligentes constata a predominância das faculdades instintivas, e a atrofia dos órgãos da inteligência. O que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças. Por que isto? É um injusta preferência? Não, é a sabedoria. A natureza é sempre previdente; nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos de crianças, podendo assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes. Que faria, pois, o Espírito de um Hotentote no corpo de um Arago? Seria como aquele que não sabe a música diante de um excelente piano. Por um razão inversa, que faria o Espírito de Arago no corpo de um Hotentote? Seria como Liszt diante de um piano que não teria senão algumas más cordas falsas, às quais seu talento jamais chegaria a dar sons harmoniosos.” (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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../forum/topic=14591.0.html#msg286573
Brandolini's Bullshit Asymmetry Principle: "The amount of effort necessary to refute bullshit is an order of magnitude bigger than to produce it".

Pavlov probably thought about feeding his dogs every time someone rang a bell.

Offline Spencer

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1168 Online: 26 de Janeiro de 2017, 00:16:25 »
E sobre o Karma, tenho pra mim que a visão espírita o toma mais no sentido católico, como um eufemismo para a "expiação de pecados", ou seja, como um pagamento por um erro
"Mais" não - é católico.
A reencarnação romântica do Kardec nada tem a ver com a indiana (seja induísta seja budista). O Kardec se baseou nos escritos do Jean Reynaud que pretendia acrescentar esse dogma à religião católica.
Kardec era católico, CX era católico, Dr. Bezerra era católico devoto.
E sim, no oficialismo do "espiritismo" brasileiro cujo principal órgão é a FEB as almas pecam e (como os anjos) decaem por isso e só por isso é que existe a reencarnação.
Nada tem a ver com a oriental.
Realmente, Gorducho, você é uma fonte de bons conhecimentos, parabéns.
Apenas que no caso Kardec X Reynaud, o primeiro nada extraiu do outro, embora tivesse por ele grande admiração.
O livro de Reynaud foi publicado em 1864, e o OLE em 1857.

Offline Gorducho

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1169 Online: 26 de Janeiro de 2017, 07:13:14 »
Valeu a tentativa mas não: 1854
 :histeria:
http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k627327/f3.item.zoom

Aí em '55 o Kardec começou a "estudar" as mesas giratórias e as corbeilles toupies que escreviam sozinhas (c/ 1 lápis amarrado, claro...).
A "Doutrina" tem 2 "pilares" (so to say):
  • o mesmerismo - i.e., a parte dos "fluídos", dos sonâmbulos magnéticos viraram os "médiuns" & os passes &c;
  • o arcabouço filosófico.
2 está praticamente todo - i.e., o road map, no T&C.
A necessidade de dogmatizar a vida futura que nunca o fora por nenhum Concílio e o papel "natural" que caberia à Gália nisso.
A reencarnação romântica não no livro proper mas na série de artigos enciclopédicos que o JR fez antes idealizando os Druidas - daí o Kardec inventou a história do... Kardec   :hihi:
a pluralidade dos mundos habitados;
a angiologia;
a ideia dum "código penal" a ser obedecido pelos defuntos.
« Última modificação: 26 de Janeiro de 2017, 07:20:49 por Gorducho »

Offline Shadow

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1170 Online: 26 de Janeiro de 2017, 08:01:40 »
Citação de: Spencer
Pegadinhas do Montalvão. :twisted:
No Espiritismo, Causa e Efeito, Ação e Reação, traz o mesmo resultado do Carma.
 
Em síntese seria o ensinamento de Jesus: a cada um será dado segundo suas obras.
Nos estudos posteriores aos textos da Codificação, há um detalhe interessante, nas leis da ação e reação, e este, não reparei se as doutrinas orientais contém.

As reencarnações expiatórias ou provacionais (há diferença). no Espiritismo, não ocorrem de forma automática e exatamente na encarnação seguinte.
É necessário que as circunstâncias em que ocorrerá o "pagamento", digamos assim, possibilite ao espírito endividado a compreensão de seus erros.
Mas isto, embora expressão legítima da Misericórdia, nem sempre surte o efeito esperado.
Mergulhado na carne, com mais facilidade o espírito se entrega a seus vícios do passado que, ao contrário, aceite o convite da regeneração que lhe é direcionado, tanto pela dor da expiação, como, de forma sutil, pelos seus amigos que por ele aguardam e torcem. das esferas mais altas.
Mas esta também não é regra geral, pois depende do patamar evolutivo em que se encontre a criatura. Espíritos atrasados, rudes, em estados primários da evolução, só acodem ao chamado da dor. A reflexão e a sensibilidade, ainda embrionários não lhes favorecerão o entendimento da lição.

Recomeçou o festival de ad hocs.

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Espíritos atrasados, rudes, em estados primários da evolução, só acodem ao chamado da dor.



Você nem nota mais quando repete as mesmas besteiras de Kardec e de seus espíritos amestrados. Entrou no sangue, né?

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Do site http://montfort.org.br/secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=kardec&lang=bra, uma coleção de textos racistas de Allan Kardec pinçados de suas obras e escritos. Alguns deles já foram debatidos "ad nauseam" nesse e outros fóruns. Nestes textos o "codificador" aparece como ele realmente é: um burguês etnocentrista e preconceituoso da França do século XIX.
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“Os negros, pois, como organização física, serão sempre os mesmos; como Espíritos, sem dúvida, são uma raça inferior, quer dizer, primitiva; são verdadeiras crianças às quais pode-se ensinar muita coisa;" (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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“Sob o mesmo envoltório, quer dizer, com os mesmos instrumentos de manifestação do pensamento, as raças não são perfectíveis senão em limites estreitos, pelas razões que desenvolvemos. Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucásicas; mas, enquanto Espíritos, é outra coisa; ela pode se tornar, e se tornará, o que somos; somente ser-lhe-á preciso tempo e melhores instrumentos. Eis porque as raças selvagens, mesmo em contato com a civilização, permanecem sempre selvagens; mas, à medida que as raças civilizadas se ampliam, as raças selvagens diminuem, até que desapareçam completamente, como desapareceram as raças dos Caraíbas, dos Guanches, e outras. Os corpos desapareceram, mas em se tornaram os Espíritos? Mais de um, talvez, esteja entre nós”. (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
 
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"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados"
(Allan Kardec, A Gênese, ed. LAKE  p. 187).
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"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127).
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"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados" (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187).
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“Mas, então, porque nós, civilizados, esclarecidos, nascemos na Europa antes que na Oceania? Em corpos brancos antes que em corpos negros? Por que um ponto de partida tão diferente, se não se progride senão como Espírito? Por que Deus nos isentou do longo caminho que o selvagem deve percorrer? Nossas almas seriam de uma outra natureza que a sua? Por que, então, procurar fazê-lo cristão? Se o fazeis cristão, é que o olhais como vosso igual diante de Deus; se é vosso igual diante de Deus, porque Deus vos concede privilégios? Agiríeis inutilmente, não chegaríeis a nenhuma solução senão admitindo, para nós um progresso anterior, para o selvagem um progresso ulterior; se a alma do selvagem deve progredir ulteriormente, é que ela nos alcançará; se progredimos anteriormente, é que fomos selvagens, porque, se o ponto de partida for diferente, não há mais justiça, e se Deus não é justo, não é Deus. Eis, pois, forçosamente, duas existências extremas: a do selvagem e a do homem mais civilizado.” (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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O exame frenológico dos povos pouco inteligentes constata a predominância das faculdades instintivas, e a atrofia dos órgãos da inteligência. O que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças. Por que isto? É um injusta preferência? Não, é a sabedoria. A natureza é sempre previdente; nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos de crianças, podendo assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes. Que faria, pois, o Espírito de um Hotentote no corpo de um Arago? Seria como aquele que não sabe a música diante de um excelente piano. Por um razão inversa, que faria o Espírito de Arago no corpo de um Hotentote? Seria como Liszt diante de um piano que não teria senão algumas más cordas falsas, às quais seu talento jamais chegaria a dar sons harmoniosos.” (Allan Kardec, “Perfectibilidade da raça negra” Revue Spirite, Abril de 1862)
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../forum/topic=14591.0.html#msg286573

Putz...o cara falava de Frenologogia.... ele era...evidentemente, um homem do tempo dele. Curiosamente, os espíritos, apesar de já viverem no aquem do além, donde vivem os mortos, continuavam também como homens de suas épocas, incapazes de lhe aplicar uma bela reprimenda por escrever besteiras como essa....
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Offline montalvão

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1171 Online: 26 de Janeiro de 2017, 08:39:31 »
Consultei o post do Luís Dantas. Procurei compreender a diferença entre reencarnação e renascimento, no Budismo e nada. Muitas expressões subjetivas e significando a mesma coisa, num e noutro conceito. Talvez o Luís tenha sido um tanto prolixo e isto tornou sua dissertação obscura, confusa.

Multividoso Spencer,

Para começar entender a diferença entre o renascimento budista e a reencarnação kardecista: basta levar em conta que a filosofia budista propõe que a individualidade é ilusão, que tudo é parte (expressão) do todo. No kardecismo, a evolução é singular, vida após vida, até atingir o nível de espírito puro, sempre mantendo a individualidade. O budismo pugna pela plena incorporação (ou reincorporação) ao "todo universal".

De idealizações básicas tão díspares não podem emergir concepções que se encaixem harmoniosamente.

Offline Gorducho

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1172 Online: 26 de Janeiro de 2017, 08:43:37 »
Citação de: Sr. Shadow
o cara falava de Frenologogia.... ele era...evidentemente, um homem do tempo dele. Curiosamente, os espíritos, apesar de já viverem no aquem do além, donde vivem os mortos, continuavam também como homens de suas épocas, incapazes de lhe aplicar uma bela reprimenda por escrever besteiras como essa
Era mais atrasado que o tempo dele.
O cara não só era racista - o que seria desculpável visto que não é justo avaliarmos extemporaneamente segundo nossos padrões - mas anti-abolicionista, o que não tem como desculpar.
Até o famigerado Robespierre neste quesito era mais "evoluído" que o "intelectual" "Codificador" da Doutrina.
Acaso alguém não conheça, vejam o sarcasmo dele pra c/o John Brown (o abolicionista enforcado, não o escravo que depois casou c/uma inglesa e ficou bem na foto) e a mostra do real pensamento dele sobre [Revue, fevereiro '62 - negritos meus, claro]:

A escravidão! Quando se pronuncia este nome, o coração tem frio, porque vê, diante de si, o egoísmo e o orgulho. Um padre, quando vos fala de escravidão entende essa escravidão da alma que rebaixa o Espírito do homem e o faz esquecer a sua consciência, quer dizer, a sua liberdade. Oh! Sim, essa escravidão da alma é horrível e excita cada dia a eloqüência de mais de um pregador; mas a escravidão do ilota, a escravidão do negro, que se torna aos seus olhos? Diante desta pergunta o padre mostra a cruz e diz: "Esperai." Com efeito, para os infelizes é a consolação a lhe oferecer e ela lhes diz: "Quando vosso corpo for despedaçado sob o chicote, e que morrerdes labutando, não sonheis mais com a Terra; sonhai com o céu."
Aqui tocamos em uma dessas questões sérias e terríveis que transtornam a alma humana e a lançam na incerteza. O negro está à altura dos povos da Europa, e a prudência humana, ou antes, a justiça humana deve lhe mostrara antecipação como o meio mais seguro de alcançar o progresso da civilização? Os filantropos, nessa questão, mostram o Evangelho e dizem: Jesus falou de escravos? Não; mas Jesus falou da resignação e disse esta palavra sublime: "Meu reino não é deste mundo." John Brown, quando contemplo vosso cadáver no patíbulo, sinto-me tomado de uma piedade profunda e de uma admiração entusiasta; mas a razão, esta brutal razão que nos reconduz, sem cessar, ao por quê, nos faz dizer em nós mesmo: "Que teríeis feito depois da vitória?"
.

 

E quanto ao "espírito" S. Luis que era o padroeiro deles, aí :nojo:

O importante a tirar disso tudo é que é se trata de imaginação. Tudo é produto das mentes, cada qual vivendo suas respectivas épocas, valores, conhecimentos, e preconceitos.
A reencarnação foi a forma deles - socialistas "românticos" (ridicularizados como "utópicos" pelo Marx...) - fazerem justiça social sem revoluções. Numa integral de todas encarnações, cada alma passando por todos estágios sociais e por ambos os sexos, se teriam uma justiça pela média.
« Última modificação: 26 de Janeiro de 2017, 09:08:23 por Gorducho »

Offline montalvão

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1173 Online: 26 de Janeiro de 2017, 09:10:01 »
Consultei o post do Luís Dantas. Procurei compreender a diferença entre reencarnação e renascimento, no Budismo e nada. Muitas expressões subjetivas e significando a mesma coisa, num e noutro conceito. Talvez o Luís tenha sido um tanto prolixo e isto tornou sua dissertação obscura, confusa.


Reencarnante Spencer,

Embora não sou especialista em pensamento oriental, talvez possa lhe contribuir com um norte.

No pensamento budista há uma essência eterna e imutável que emana do todo. A ela se agregam estruturas temporais e efêmeras (corpo e psique). Findada a vida a essência volta à origem, entretanto, agregados oriundos das estruturas efêmeras podem subsistir até que sejam equacionados. São esses agregados, compostos das dúvidas, incertezas, medos, indecisões, etc.,  que reencarnam (melhor dizer "renascem").

Não há, pois, uma individualidade que permanece revivendo até Deus sabe quando e evoluindo a cada experiência vivencial, conforme a proposta espírita.

Offline montalvão

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Re:Pesquisa com médium
« Resposta #1174 Online: 26 de Janeiro de 2017, 09:36:58 »
Consultei o post do Luís Dantas. Procurei compreender a diferença entre reencarnação e renascimento, no Budismo e nada. Muitas expressões subjetivas e significando a mesma coisa, num e noutro conceito. Talvez o Luís tenha sido um tanto prolixo e isto tornou sua dissertação obscura, confusa.

Citar
Spencer,
Já pensou na diferença entre a Lei do Carma e a Lei de Causa e Efeito kardecista?

Citar
Pegadinhas do Montalvão. :twisted:
No Espiritismo, Causa e Efeito, Ação e Reação, traz o mesmo resultado do Carma.

Cármico Spencer,

Sobre as diferenças entre o carma e a causa e efeito falo depois.

Voltemos ao budismo, buscando o melhor esclarecimento.

Lembrei-me de texto do Ricardo Sasaki que, acredito, ira elucidar suas dúvidas a respeito da incompatibilidade entre a reencarnação espiritista e o renascimento budista.

-----------------------------------.
Reencarnação e a Visão Budista

A reencarnação é uma doutrina que freqüentemente tem deixado os estudiosos e pesquisadores confusos diante de tantas contradições.

Sua principal defensora é a escola espírita francesa, pois não podemos esquecer que vários grupos espíritas, principalmente os anglo-saxões, não admitem as doutrinas reencarnacionistas.

É perfeitamente possível haver um Espiritismo que não faça uso da hipótese da reencarnação.

Por outro lado, muitas pessoas e, principalmente os grupos espíritas, crêem que muitas religiões, principalmente as orientais, defendem a hipótese da reencarnação. Hinduísmo e Budismo são duas das principais religiões às quais são atribuídas a idéia reencarnacionista.

É um de nossos propósitos neste trabalho mostrar o quanto tal afirmação se distancia da verdade.

Procuraremos mostrar como o Buddhismo, em particular, vê a posição reencarnacionista, bem como o pós-morte e as provas que usualmente são levantadas para se defender uma suposta vida além-túmulo.

Em primeiro lugar devemos estar extremamente atentos diante de uma idéia tão polêmica. É preciso estarmos conscientes, antes de tudo, de que não sabemos o que acontece após a morte, pois não podemos, de fato, experienciar, no presente, algo do futuro.

Podemos tecer hipóteses, juntar fenômenos e fatos, mas nunca podemos ter absoluta certeza de nada a respeito do futuro, pelo simples fato de que ele ainda não aconteceu.

Neste sentido, todas as afirmações e "fatos" que tentam provar a reencarnação, ou seja, a possibilidade do indivíduo humano, enquanto tal, encarnar-se diversas vezes na Terra ou em outros planetas, podem ser explicadas de outras maneiras.

Um fato em si nada explica e o mesmo conjunto de fatos pode ser explicado segundo concepções muito diferentes e até contraditórias.

A reencarnação é, antes de mais nada, uma questão de crença.
[...]

Cada qual poderá defender uma teoria que explique o que acontecerá no futuro, principalmente se estiver de acordo com suas próprias esperanças e anseios futuros. Mas seja como for, o presente é o único "lugar" de conhecimento real, e, sendo assim, o futuro está para além das fronteiras do conhecimento.

Essa, então, seria a posição principal da tradição buddhista, a posição realista, posição firmada no momento presente. E tal posição - sem muitas especulações e conflito de opiniões - é aquela da maioria na tradição buddhista. "O passado já se foi, o futuro ainda não veio, vivendo no presente, sabemos que este é o melhor momento". Este é um verso repetido inúmeras vezes por todos os buddhistas, o suficiente para nos lembrar que quaisquer especulações futuristas, não passam disso, especulações.
Mas, supondo que queiramos avançar um pouco mais.

Entremearmos ligeiramente no campo da especulação.

- Haveria algum princípio em que pudéssemos nos basear para clarear pelo menos uma parte das dúvidas que nos afligem sobre o futuro?

- Haveriam alguns princípios que, lançando luzes sobre o assunto, pudessem pelo menos nos mostrar o que não pode ser?

- Haveriam teorias que pudessem explicar igualmente bem ou melhor, os fatos nos quais se apóiam os reencarnacionistas?

Em primeiro lugar, antes de saber o que acontece após a ‘morte, devemos perguntar o que morre? E, de outro lado, o que é a vida? Se não definimos o que vive não saberemos o que morre.

E se não sabemos o que morre não saberemos o que pode ocorrer após este momento. De certa forma, partimos do pressuposto de que algo continua e as divergências de opiniões surgem no tocante ao que continua e não só o que acontece.

É um engano pensar que a tradição buddhista ensina a reencarnação, pois suas concepções sobre a constituição humana são bastante diferentes das concepções espíritas, e, se algumas palavras puderam ser traduzidas de forma semelhante, isto não deve nos levar a concluir que consistem de dois ensinamentos idênticos.

A mesma palavra pode ser usada em contextos muito diferentes, como bem sabem aqueles que lidam no campo filosófico, podendo mesmo significar duas coisas radicalmente divergentes e contraditórias.

A reencarnação pode até mesmo aparecer algumas vezes no Oriente como uma linha de pensamento popular, típica do povo, que espera por uma perpetuação de seu ego, em condições muito semelhantes com as da Terra.

No Oriente, é uma crença simplista, popular, própria para aqueles que conhecem pouco. E, mesmo assim, ocorre num contexto que não permite igualá-la às concepções espíritas. A idéia de reencarnação, mesmo no sentido popular indiano, é diferente da idéia que se tem no Ocidente.

Mas irão nos perguntar: Por que, então, a maioria dos livros sobre Buddhismo em português se encontram abarrotados com a palavra reencarnação?

Não são só os espíritas e os desinformados que afirmam que o Buddhismo prega a reencarnação, mas, por vezes, os próprios buddhistas em seus livros e palestras!

Há dois motivos para tanto: os erros que se devem às traduções ocidentais e ao desconhecimento do sentido desta palavra por parte dos orientais que a usam. Vejamos cada uma delas.

Quando um povo entra pela primeira vez em contato com uma outra cultura e conjunto de idéias, sua tendência inicial é interpretá-las segundo suas próprias concepções.
[...]

O Buddhismo, assim como o Hinduísmo, começou a ser estudado no Ocidente justamente na época em que o Espiritismo estava em seu auge, ou seja, entre o fim do século passado e o começo deste. A tendência predominante foi a de tentar encaixar o complexo sistema filosófico e doutrinal buddhista dentro dos limites estreitos do pensamento ocidental, principalmente nas filosofias mais exóticas.

[...] Uma tradição de 25 séculos, que vitalizou um quarto do planeta, fez surgir civilizações, produziu algumas das maiores mentes no campo da filosofia, arte e ciências, ficou entregue, durante muito tempo no Ocidente, às mãos de filósofos iniciantes e curiosos deslumbrados. [...] Não é à toa que se pense que o Nirvâna é a extinção individual no "Todo Cósmico", que o Buddha era um japonês sorridente com uma barriga gorda, ou que o Buddhismo seja uma doutrina niilista que ensine a reencarnação.
Assim, a palavra patisandhi, literalmente reconexão, e punabbhava, literalmente existência renovada, passaram a ser traduzidas como reencarnação, uma tentativa de compreender uma idéia através de um outro tipo de pensamento, qual seja, o espírita ocidental.

Deve-se notar que na literatura mundial há muito que se usa a palavra renascimento e não reencarnação, como no inglês rebirth (e não reincarnation) ou no francês renaissance (e não reincarnation).

O Brasil é um dos únicos países, como em muitos outros aspectos, a não acompanhar o desenvolvimento neste campo de estudo.

Isto é tanto mais esclarecedor considerando o fato do Brasil ser o maior país espírita do mundo, e daí um certo interesse em mostrar a veracidade das teses espíritas a partir de sua comprovação em outras culturas. E é claro que tais noções espíritas estão difundidas por todos os lados, inclusive nos próprios tradutores de livros, os quais, no Brasil, em geral são pagos pelas editoras para traduzirem qualquer coisa, tendo do Buddhismo tanto conhecimento como de qualquer outro assunto. Daí a qualidade da grande parte das traduções existentes.

Some-se a isso o fato de que boa parte destes tradutores ou escritores de livros têm manifestamente tendências e afiliações espíritas e ocultistas, e torna-se fácil ver o interesse partidário e tendencioso de suas traduções.

Chegamos, então, ao segundo motivo para se acreditar que o Buddhismo ensine a reencarnação: Os próprios buddhistas orientais parecem ensiná-la!

Aqui devemos distinguir dois casos. O primeiro é aquele que acabamos de mencionar. O oriental fala rebirth e o tradutor traduz reencarnação.

O segundo caso ocorre quando o próprio oriental se utiliza da palavra reencarnação. Este é um caso que se deve exclusivamente ao desconhecimento, da parte do oriental, do que esta palavra realmente significa no Ocidente.

Isto é tanto mais freqüente entre os lamas tibetanos que, inocentes e confiantes nas qualidades do tradutor, e recentemente chegados do Oriente, simplesmente ignoram que suas palavras sejam ouvidas de uma forma totalmente diferente daquela em que é pronunciada.

Vemos, segundo a explicação acima, a importância fundamental de se conhecer o todo de uma doutrina ao invés de se ater a palavras isoladas, fora de contexto, fragmentadas. Uma palavra, como um fato em si, não significa nada, mas somente conforme o contexto na qual aparece.

Dissemos anteriormente que o Buddhismo adota uma concepção da constituição do homem muito diferente daquela defendida pelo Espiritismo.

Podemos perguntar: O que vive, segundo a tradição buddhista? Para o Buddhismo, bem como para todas as doutrinas espirituais antigas da humanidade, o ser humano pode ser considerado sob três aspectos: corporal, mental ou psíquico e espiritual.

O corpo e a psiquê são dimensões condicionadas, limitadas e impermanentes. Condicionadas porque para existirem dependem de uma série de outros fatores alheios a elas. Corpo e psiquê dependem de uma interrelação e interação para manterem a sua existência. Esta condicionalidade, aliás, é uma característica de todas as coisas existentes. Para existir é necessário impor-se limites, ou seja, cercar-se de condições, as quais, ao mesmo tempo em que limitam, também propiciam a existência.

O corpo, entre outras condições, define-se no tempo e no espaço. Já a psiquê, embora livre do espaço, limita-se pelo tempo, ou melhor ainda, pela duração.

É preciso notar que a duração, como qualquer outra condição, é sempre temporária, sujeita ao surgimento e ao declínio. E toda a doutrina espírita refere-se unicamente ao mundo condicionado, sujeito às condições mais grosseiras da existência universal, como o tempo e o espaço.

Evolução só pode ocorrer no tempo. E a reencarnação espírita é um mero continuar sujeito a condições limitativas, mesmo que diferentes. Pouco importa reencarnar-se na Terra ou em outros planetas, é sempre uma referência espacial de que se trata.

Para além daquilo que é condicionado deve haver necessariamente algo que não o seja de forma alguma, pois a limitação não é uma afirmação no sentido filosófico, mas privação, porque cerceia e impõe limites ao ilimitado. "Tudo o que é criado é impermanente", e somente o que não nasce, ou seja, não se limita ou delimita, pode ser, de fato, livre e eterno.

Mesmo os Himalaias, em toda a sua grandeza, não conseguirão vencer o tempo e sua característica corrosiva. O Espiritismo, com suas doutrinas evolucionistas e totalmente relacionadas somente com o tempo, não poderá deixar de sofrer a mesma corrosão.

Só o que está para além do tempo, onde evolução alguma pode fazer sentido, pode, de fato, perpetuar-se e ser chamado de eterno.

Ora, desde que tudo aquilo que é condicionado necessariamente tem um fim quando as condições que o sustentam deixam de existir, então, é claro que tanto o corpo como a psiquê têm necessariamente um fim.

Na concepção buddhista o homem existe, enquanto tal, na medida em que é composto destes vários elementos. A ocasião da morte marca a separação destes elementos para além da qual já não se pode mais falar de homem. O que é corpo volta ao ambiente corporal, ao pó. O que é psiquê volta ao ambiente psíquico.
E o que é eterno não pode deixar de sê-lo e portanto volta ao eterno, ou seja ao que sempre foi, é e sempre será.

A idéia de que uma alma indestrutível, essencial e independente das condições reencarne-se sucessivamente em diferentes corpos, cada vida mais evoluída que a anterior, que é o que constitui a tese espírita, é, assim, totalmente estranha às concepções buddhistas, e na verdade, a todas as concepções tradicionais da espiritualidade antiga.

E o que renasce então? O que renasce é o impulso criado pelas ações volitivas, os desejos que criam tendências e reações. Toda ação intencional carrega em si suas próprias conseqüências, as quais passam a ser novas causas para futuras ações.

O renascimento é independente da morte física do indivíduo humano.

Nossas ações intencionais renascem a cada momento, levando-nos a mundos de experiência de acordo com o conteúdo da ação.

Como diz o importante mestre buddhista de meditação S.N. Goenka: "...Todos os infernos e céus existem dentro do corpo. Quando você se sente miserável você passa para um reino infernal, e quando você se sente abençoado você passa para os planos celestiais dos devas ou Brahmâs. Todos estão dentro de você".

Somente a falta de conhecimento dos ocidentais tornou possível interpretar este tipo de renascimento como sendo uma reencarnação no sentido mais literal da palavra.

Para a tradição buddhista, a doutrina do renascimento tem a ver com responsabilidade universal, pois somos influenciados por todas as correntes de ações ocasionadas em torno de nós no presente e no passado, bem como por nossas ações influenciamos os seres à nossa volta e os que nascerão no futuro.

Todos os seres estão intimamente relacionados através de suas ações. Para o buddhista, o mundo é como uma árvore, onde os indivíduos são os galhos. Vários galhos nascem de um só galho, não sendo nem idênticos ao galho original, nem totalmente diferentes, mas todos estão interligados.

Daí que, para o caminhante buddhista, o fundamental na via espiritual não é evoluir para um mundo melhor, o qual, mesmo melhor, será ainda condicionado, limitado e impermanente, mas sintonizar-se com a Verdade, com aquilo que sempre é, com aquilo que é incondicionado pelas circunstâncias. E a cada momento que as nossas capacidades e ações se expressam harmonicamente com o que sempre é, elas se tornam semelhantes à Verdade, reflexos do Intemporal e Ilimitado no mundo das condições.

© Ricardo Sasaki



 

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