A postura de Jair Bolsonaro lembra a de Alberto Fujimori antes do autogolpe de 1992Por Marlos Ápyus Publicado em 26 de março de 2019
Alberto Fujimori tornou-se presidente do Peru em julho de 1990. Recebia o país em grave crise. Antes mesmo de tomar posse, recorreu ao FMI, mas ouviria que, antes de receber qualquer ajuda internacional, precisava adotar medidas economicamente impopulares.
Fujimori não tinha maioria no Congresso, mas tinha o apoio das Forças Armadas.
Em 5 de abril de 1992, o líder peruano apareceu na TV anunciando que estava “dissolvendo” o Congresso e “reorganizando” o Poder Judiciário. Na sequência, tanques de guerra foram enviados para o Senado, opositores e jornalistas foram detidos, e um ex-presidente do país quase seria preso.
Era um “autogolpe”. Com ele, Fujimori conseguiria:
Tomar para si os poderes do Congresso;
Suspender a Constituição nacional;
Reduzir as forças do judiciário;
Promulgar uma nova Constituição;
Perseguir qualquer crítico por intermédio de uma imprensa sensacionalista e amiga.
O documentário The Fall of Fujimori, de Ellen Perry, registra os momentos aqui narrados.
“É verdade que Fujimori tinha uma minoria no Congresso. Mas era uma oposição responsável. O presidente do Senado vivia pedindo ao presidente: ‘Queremos conversar com você para chegarmos a um meio termo’. Mas Fujimori se recusava. Ele queria criar uma situação de conflito.”
Alberto Fujimori tornou-se presidente do Peru em julho de 1990. Recebia o país em grave crise. Antes mesmo de tomar posse, recorreu ao FMI, mas ouviria que, antes de receber qualquer ajuda internacional, precisava adotar medidas economicamente impopulares.
Fujimori não tinha maioria no Congresso, mas tinha o apoio das Forças Armadas.
Em 5 de abril de 1992, o líder peruano apareceu na TV anunciando que estava “dissolvendo” o Congresso e “reorganizando” o Poder Judiciário. Na sequência, tanques de guerra foram enviados para o Senado, opositores e jornalistas foram detidos, e um ex-presidente do país quase seria preso.
Era um “autogolpe”. Com ele, Fujimori conseguiria:
Tomar para si os poderes do Congresso;
Suspender a Constituição nacional;
Reduzir as forças do judiciário;
Promulgar uma nova Constituição;
Perseguir qualquer crítico por intermédio de uma imprensa sensacionalista e amiga.
O documentário The Fall of Fujimori, de Ellen Perry, registra os momentos aqui narrados.
Vídeo incorporado
A Agência
@aagencia_info
Respondendo a @aagencia_info
O documentário "The Fall of Fujimori", de Ellen Perry, registra os momentos aqui narrados.
105
14:57 - 25 de mar de 2019
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Um dos depoimentos colhidos, contudo, guarda uma incômoda semelhança com o Brasil de 2019:
“É verdade que Fujimori tinha uma minoria no Congresso. Mas era uma oposição responsável. O presidente do Senado vivia pedindo ao presidente: ‘Queremos conversar com você para chegarmos a um meio termo’. Mas Fujimori se recusava. Ele queria criar uma situação de conflito.”
The Fall of Fujimori
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A Agência
@aagencia_info
Respondendo a @aagencia_info
"É verdade que Fujimori tinha uma minoria no Congresso. Mas era uma oposição responsável. O presidente do Senado vivia pedindo ao presidente: 'Queremos conversar com você para chegarmos a um meio termo'. Mas Fujimori se recusava. Ele queria criar uma situação de conflito."
161
14:57 - 25 de mar de 2019
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O BRASIL DE 2019
Jair Bolsonaro tornou-se presidente do Brasil em 2019. Na agenda, a missão de aprovar a reforma da Previdência, vital para a economia do país, mas bastante impopular. Nas eleições de 2018, a campanha vencedora chegou a prometer uma nova Constituição para o Brasil, e afirmar que uma situação de conflito poderia justificar um “autogolpe”.
É verdade que o núcleo ideológico do Governo Bolsonaro não se dá com ala militar, mas a “reestruturação da carreira dos militares receberá R$ 86,85 bilhões em 10 anos” graça à atual gestão. É também verdade que Bolsonaro possui uma rede de influenciadores digitais que promove o linchamento virtual até mesmo de aliados; que a pequena base do Governo Federal quer dar vida a uma CPI como forma de constranger o Judiciário; e que o assessor internacional do presidente da República defende a teoria de que o Brasil vive desde 2013 um longo processo violentamente revolucionário.
Um ano após o autogolpe de Fujimori, um deputado federal brasileiro surgiu nas páginas do New York Times dizendo ter simpatia pelo ditador peruano. E que só uma “fujimorização” salvaria o Brasil.
“I sympathize with Fujimori. Fujimorization is the way out for Brazil. I am making these warnings because the population is in favor of surgery.”
A Soldier Turned Politician Wants To Give Brazil Back to Army Rule
Alberto Fujimori tornou-se presidente do Peru em julho de 1990. Recebia o país em grave crise. Antes mesmo de tomar posse, recorreu ao FMI, mas ouviria que, antes de receber qualquer ajuda internacional, precisava adotar medidas economicamente impopulares.
Fujimori não tinha maioria no Congresso, mas tinha o apoio das Forças Armadas.
Em 5 de abril de 1992, o líder peruano apareceu na TV anunciando que estava “dissolvendo” o Congresso e “reorganizando” o Poder Judiciário. Na sequência, tanques de guerra foram enviados para o Senado, opositores e jornalistas foram detidos, e um ex-presidente do país quase seria preso.
Era um “autogolpe”. Com ele, Fujimori conseguiria:
Tomar para si os poderes do Congresso;
Suspender a Constituição nacional;
Reduzir as forças do judiciário;
Promulgar uma nova Constituição;
Perseguir qualquer crítico por intermédio de uma imprensa sensacionalista e amiga.
O documentário The Fall of Fujimori, de Ellen Perry, registra os momentos aqui narrados.
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O documentário "The Fall of Fujimori", de Ellen Perry, registra os momentos aqui narrados.
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Um dos depoimentos colhidos, contudo, guarda uma incômoda semelhança com o Brasil de 2019:
“É verdade que Fujimori tinha uma minoria no Congresso. Mas era uma oposição responsável. O presidente do Senado vivia pedindo ao presidente: ‘Queremos conversar com você para chegarmos a um meio termo’. Mas Fujimori se recusava. Ele queria criar uma situação de conflito.”
The Fall of Fujimori
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"É verdade que Fujimori tinha uma minoria no Congresso. Mas era uma oposição responsável. O presidente do Senado vivia pedindo ao presidente: 'Queremos conversar com você para chegarmos a um meio termo'. Mas Fujimori se recusava. Ele queria criar uma situação de conflito."
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14:57 - 25 de mar de 2019
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O BRASIL DE 2019
Jair Bolsonaro tornou-se presidente do Brasil em 2019. Na agenda, a missão de aprovar a reforma da Previdência, vital para a economia do país, mas bastante impopular. Nas eleições de 2018, a campanha vencedora chegou a prometer uma nova Constituição para o Brasil, e afirmar que uma situação de conflito poderia justificar um “autogolpe”.
É verdade que o núcleo ideológico do Governo Bolsonaro não se dá com ala militar, mas a “reestruturação da carreira dos militares receberá R$ 86,85 bilhões em 10 anos” graça à atual gestão. É também verdade que Bolsonaro possui uma rede de influenciadores digitais que promove o linchamento virtual até mesmo de aliados; que a pequena base do Governo Federal quer dar vida a uma CPI como forma de constranger o Judiciário; e que o assessor internacional do presidente da República defende a teoria de que o Brasil vive desde 2013 um longo processo violentamente revolucionário.
Um ano após o autogolpe de Fujimori, um deputado federal brasileiro surgiu nas páginas do New York Times dizendo ter simpatia pelo ditador peruano. E que só uma “fujimorização” salvaria o Brasil.
“I sympathize with Fujimori. Fujimorization is the way out for Brazil. I am making these warnings because the population is in favor of surgery.”
A Soldier Turned Politician Wants To Give Brazil Back to Army Rule
O nome do parlamentar brasileiro: Jair Bolsonaro.
O RISCO DE A HISTÓRIA SE REPETIR
No próprio Twitter, onde uma versão inicial deste texto foi publicada, Fernando Bizzarro trouxe uma bem-vinda diferenciação entre ambos os cenários. Para o cientista político, “fechar o sistema político brasileiro como fez o ‘japonês peruano’ é muito difícil. Federalismo e a porosidade do Estado brasileiro limitam a capacidade do Presidente para concentrar poderes. O Peru era um Estado unitário e a burocracia era aparentemente mais insulada“.
A situação político-econômica é outro fator a ser considerado, entendido por Bizzarro como muito mais grave no caso da nação vizinha. Mas o principal: no Brasil, “os militares sabem que não podem confiar” em Bolsonaro. “Consequentemente, um autogolpe que faz de Bolsonaro um Fujimori parece improvável.”
Mas Bizzarro concluiu a explanação concordando que o preço da liberdade é eterna vigilância: “Isso não quer dizer que uma erosão democrática seja impossível. É possível, e forçar conflito com o Congresso é parte da estratégia para fazê-la acontecer. Mas [Bolsonaro] não é Fujimori. Não ainda, pelo menos.“
Deputado diz que, sem golpe de 64, Estadão sofreria censura
PorCedê SilvaPublicado em 26 de março de 2019 Sem a ditadura militar, não teria havido a censura
da ditadura militar. Foto: Reprodução/Estadão
Sem a ditadura militar, não teria havido a censura da ditadura militar.
O DEPUTADO FEDERAL Carlos Jordy (PSL-RJ), vice-líder do governo na Câmara, publicou um interessante exercício de lógica na noite desta segunda-feira (25).
Respondendo a uma notícia do Estadão, Jordy escreveu:
“Golpe? Contra-revolução de 64. Caso o Congresso não atendesse o pedido da população para derrubar Jango, hoje seríamos um Cubão e o Estadão nem existiria, ou seria um jornal estatal que só poderia falar bem do governo comunista”.
Bom, na vida real ocorreu o golpe de 64, e o Estadão sofreu censura pela ditadura militar. Ela começou em 13 de dezembro de 1968, dia do AI-5, quando o general Sílvio Correia de Andrade mandou recolher o jornal das bancas por causa do editorial Instituições em frangalhos, o último escrito por Julio de Mesquita Filho.
Posteriormente, funcionários da Divisão de Diversões Públicas da Secretaria Estadual de Segurança de São Paulo foram escalados para a tarefa de censurar o jornal. Depois, os comunicados sobre o que não poderia ser publicado passaram a ser feitos por telefone ou por bilhetes em papel sem timbre. Proibido também de deixar em branco o espaço do material cortado, o Estadão passou a preencher os vazios com despachos judiciais, cartas, poemas e receitas.
Segundo Jordy, o golpe de 64 livrou o Estadão de tudo isso.
Leia também: Bolsonaro republica ‘fake news’ e ataca repórter do Estadão
31 de março será usado para defender golpe
PorCedê SilvaPublicado em 26 de março de 2019
Bolsonaro no Chile: fã de Pinochet, Stroessner e Ustra vai curtir o dia 31.
FOTO: MARCOS CORRÊA/PR
O PORTA-VOZ DA PRESIDÊNCIA, Otávio Rêgo Barros, confirmou nesta segunda-feira (25) que o presidente Bolsonaro mandou os quartéis celebrarem o golpe de 1964 no próximo domingo (31), como previsto por ‘A Agência’ em novembro do ano passado.
Que o presidente de uma democracia ordene aos seus subordinados celebrararem o dia em que ela foi esfaqueada é uma loucura e tanto.
Nenhuma ditadura do mundo, é certo, se anuncia como tal. Ditaduras sempre se dizem governos do povo, que combatem adversários que atrapalham a ordem, a segurança, as tradições ou o progresso.
Os eventos, vídeos e tweets produzidos neste dia 31 – que calhou de cair num domingo, dia favorito das passeatas anti-petistas – servirão para abastecer a tese olavista de uma ‘massa popular’ aliada ao Presidente em combate a obstáculos, como as leis, a ‘extrema-imprensa’ e o Congresso.
Olavo: ‘massa popular’ deve ‘esmagar poderes intermediários’
Por Cedê Silva Publicado em 26 de março de 2019
Ivan, o Terrível: o modelo que Olavo quer para Bolsonaro e as “massas populares”.
TELA: ILYA REPIN
DESDE OS PROTESTOS pelo impeachment de Dilma, as publicações de Olavo de Carvalho na internet vêm se distanciando daquilo que escreve em seus livros. Com a chegada de Jair Bolsonaro ao Planalto, esse processo se acelerou muito, e ganhou ainda mais ímpeto após Olavo vencer, sem prever, uma queda-de-braço por influência no MEC.
Olavo foi contra o impeachment de Dilma, preferindo que “o povo”, de alguma forma, tomasse o poder e demitisse todo o STF. Ele nunca esclareceu quais “meios de ação” (termo que ele adora usar em suas vídeo-aulas) estavam disponíveis para essa tarefa.
Nesta segunda-feira (25), Olavo publicou sem rodeios a meta autocrática que pretende para o governo:
“O mecanismo político mais eficiente e quase infalível já registrado na História — por exemplo, na origem do reino português ou no triunfo de Ivan o Terrível — é a aliança do governante com a massa popular para esmagar os poderes intermediários corruptos e aproveitadores. Deus queira que o Bolsonaro entenda ser essa a sua grande oportunidade”.
É uma metáfora curiosa. Ivan, o Terrível (1530-1584), matou o próprio filho mais velho, Ivan Ivanovich. O que Olavo está sugerindo?
Olavo é líder de um movimento da ala ‘carlista’ do governo que oferece um verniz intelectual a uma tese essencialmente golpista: Bolsonaro sozinho foi eleito e representa a vontade do povo; os integrantes do Congresso são apenas despachantes que lá brotaram por abiogênese. Qualquer tentativa de diálogo com eles é compactuar com corrupção – ideia amplamente defendida por perfis carlistas no Twitter para os quais a higiene manda não oferecer links.
Nesse maravilhoso mundo, se a reforma da Previdência não passar, será culpa inteiramente do Congresso e do cara-de-pastel do Rodrigo Maia. Ao Presidente cabe ficar twittando no Planalto.
Um dos simpatizantes dessa tese é o deputado Luis Bragança (PSL-SP), que escreveu: “fazer reforma com corruptos no comando do sistema é a mesma coisa que não fazer reforma alguma”. Talvez o deputado queira se espelhar em um líder brasileiro que, como ele, quedou-se insatisfeito com o sistema e resolveu dar uma sacudida: Marechal Deodoro. Que tal, deputado? Porque do jeito que a coisa anda, serão os Bolsonaro o mais próximo que o Brasil terá de uma nova monarquia, com a situação gloriosa de um chanceler paralelo que é responsável por fiscalizar o próprio trabalho!
Se a tese olavista prevalecer, o Brasil não caminha para se parecer com a Rússia do século XVI.
Passará, isso sim, por uma tentativa de fujimorização.
Leia também: Por que o bolsonarismo devora seus próprios filhos?
https://www.aagencia.info/jair-bolsonaro-alberto-fujimori-autogolpe-peru-1992/