É preciso ser muito trouxa para acreditar nesse papo do Micron que quer salvar a Amazônia. Até parece que os desmatamentos e os incêndios na Amazônia começaram apenas depois do fechamento do acordo UE-Mercosul em junho. Para não haver dúvidas, seguem os fatos em ordem cronológica:
Com todo o respeito, mas vocês é que estão sendo trouxas. E muito.
Vamos recapitular e organizar o que está sendo discutido aqui, porque em meio a tantas paixões inflamadas a objetividade se perdeu.
Neste exato momento, o mundo todo olha para o Brasil com olhares críticos e apresenta Bolsonaro
como o vilão a ameaçar o futuro da humanidade. Não é mais a indústria do petróleo e seus fantoches do negacionismo climático, é o Brasil que vai aquecer o planeta. As críticas e condenações são fato, talkei?
Agora, se façam a seguinte pergunta: este é um problema para o mundo, para a UE, ou é um problema para o Brasil?
Conseguiram perceber que quem pode entrar pelo cano nessa história somos nós?
Em primeiro lugar porque se o planeta for pro saco, nós também vivemos no planeta. Depois, a Amazônia sempre despertou grande cobiça internacional. Logo, enquanto não tivermos nosso próprios mísseis balísticos nucleares, não é prudente brincar com fogo. Alegórica ou literalmente. Além de tudo, nossa economia é hoje profundamente dependente das exportações do agronegócio,
setor com fortes demandas protecionistas tanto na Europa quanto nos EUA. Protecionistas que estão esfregando as mãos com a possibilidade de um pretexto para eliminar um concorrente pesado, talvez até com aplicações de sanções que dificultem nossas exportações para a China e árabes, abrindo estes mercados para eles. Já pensaram nisso?
Não devem ter pensado. Aliás, nem parecem estar pensando de qualquer forma... porque tratam a questão como um problema moral, de determinar quem é ou não é hipócrita, quem é o mocinho e quem é o mauzinho nessa história. Meus caros, saibam que hipocrisia também é uma arma muito usada na geopolítica e nas disputas comerciais. De fato, costumam ser as primeiras armas a serem disparadas.
Os dados do INPE apontam que as queimadas aumentaram bastante na atual administração, o que não deveria surpreender dado o discurso e a prática dos atuais idiotas no poder. Aí vocês querem contestar o INPE... bom, se o INPE estiver errado e os ruralistas estão sendo trouxas de não aproveitarem os bons ventos no governo Bolsonaro, então entendam que a situação é ainda mais grave. Muito mais preocupante. Sim, porque nesse caso são interesses internacionais e contrários a nossos interesses que estão se aproveitando dos "bons ventos" propiciados por este governo.
Se também houve desmatamento com Dilma e Lula, então enxerguem o óbvio de que a coisa é tanto pior. E não melhor. Não absolve Bolsonaro, mas prova o imbecil inconsequente que ele é. Porque os ruralistas e garimpeiros teriam feito a mesma coisa nas administrações petistas sem desencadear reuniões de cúpula no G7, sem mobilizar toda a mídia mundial e sem a respeitada Foreign Policy publicar dois artigos sugerindo intervenções militares no Brasil!
Tudo isso é culpa do mentecapto que parece entender como o mundo funciona ainda menos que vocês!
Não houve nada disso no governo Dilma e nem nas duas administrações do Lula, que, pelo contrário, conseguiram captar bilhões de dólares em ajuda ambiental e ainda receberam muitos elogios na ONU. E se conseguiram com uma política ambiental tão desastrosa quanto, então não há mais nada a explicar sobre o quão incompetentes são malucos olavistas que em apenas cem dias já foram capazes da proeza de pôr o mundo inteiro contra eles. Algo que nunca aconteceu em 20 anos de regime militar, nem com Sarney, Collor, Itamar, FHC, e muito menos durante os governos petistas.