Ao que parece há um ruído nesta discussão porquê, tirando o (ao que parece, único) simpatizante petista do fCC, todos estão descrevendo e analisando corretamente um (ou mais) aspectos.
Do exterior, em especial da Europa, o que recebemos foram sinais de calhordice e hipocrisia explícitas. Os estados nacionais europeus não tem nenhuma moral ambiental para exigir comportamento de preservação de outros em diferentes continentes, porque é o continente com a menor cobertura vegetal original e com os biomas mais afetados. Adicionalmente, no caso da França, o que há é uma pressão política gigantesca do seu setor agrícola sobre o Macron, porquê eles sabem que a perda de mercado no agronegócio será inevitável. A defesa do Meio Ambiente é apenas uma desculpa e não uma convicção ética.
Por aqui, a calhordice e a hipocrisia não são menores. As taxas de queimadas e de desmatamento NUNCA foram zeradas em nenhum governo, e o que se observa, no gráfico postado pelo Agnoscético, é uma forte oscilação na taxa de desmatamento mas que, na média, vem ocorrendo uma redução desde 1996, ainda que em 2012 houve uma inflexão e a taxa começou a subir.
Dos cinco anos de maior desmatamento, considerando o ano inicial de 1988, dois foram em mandatos de FHC e três no de Lula. Ou seja, em termos práticos o bioma Floresta Amazônica continua sendo degradado, como ocorre com TODOS os demais principais biomas, em especial a Floresta de Mata Atlântica e o Cerrado em todos os governos pós-redemocratização.
A grande diferença entre a 'era do descalabro petista' e a 'atual era do descalabro' é a explicitude oficial do descaso com o Meio Ambiente. A 'orcrim vermelha' posava de defensora ambiental, incluindo uma maior fiscalização. Mas, na prática, as punições foram pouquíssimas, a maioria delas inócuas. Por exemplo, nesta
reportagem de abril de 2011, soubemos que apenas 0,75% das multas do IBAMa efetivamente eram cobradas, sendo que em 2010 (último ano do ladrão-mor) apenas 0,20% foi recebido. E tão grave quanto - no meu entender as informações mais conspícuas - o número de autuações e multas aplicadas caiu de 32.577 em 2005 para 18.686 em 2010, bem como os valores relacionados a essas multas. Em 2012 (no governo Dilma e sob pressão do ladrã-mor), o novo Código Florestal, feito sob medida para fazendeiros e grileiros, propiciou um afrouxamento nas restrições de uso e ocupação do solo, em especial nas áreas de biomas mais bem conservados.
Na era Bolsonaro foi oficializado o descaso, como mostrado pela reportagem transcrita na postagem do Pedro Reis, que elenca as ações contrárias ao Meio Ambiente e às pessoas e instituições que trabalham em prol dele. De forma bisonha, o atual presidente atacou instituições de pesquisa tradicionalmente apartidárias, duvidou (sem evidência nenhuma) dos dados tabulados provenientes de diversas fontes (inclusive da NASA e da NOAA) e, para piorar, apresentou teorias conspiratórias sobre a responsabilidade pelas queimadas baseadas em 'puro achismo' e 'cegueira ideológica'. Baseado no meu conhecimento pontual da área, proveniente de trabalhos de consultorias que fiz, eu não duvido que uma parte das queimadas não tenha sido feita por 'vermelhinhos' (em especial acólitos de partidos de esquerda, sindicalistas e membros de ONGs 'de fachada'). Mas a maior parte certamente vieram de grileiros e de fazendeiros sem pudor, estimulados pela posição explicitamente anti-Meio Ambiente do atual idiota que ocupa a presidência. Os idiotas que ocuparam a presidência anteriormente (Lula e Dilma) também não se interessavam pela defesa real dos biomas deste país. Mas disfarçavam muito bem a sua hipocrisia e mau-caratismo.