Não existiria qualquer "evidência" em um jornal que usasse discurso assim: "Supondo que o ilegalmente grampeado disse isso, então ele concordaria que isso seria lícito". Evidências se referem somente a fatos
Sim, o fato crítico é Moro expressar que aquilo que foi atribuído a ele não é problemático, o que é controverso.
"Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado" não a suposições especulativas que sequer apelam ao conceito de "provavelmente verdadeiro".
Não é só "provavelmente verdadeiro" que Moro não veja problema na conduta a ele imputada; ele assim afirma, é fato.
É eticamente condenável publicar um material - fruto de um crime - que contenha uma não-improvável falsidade ideológica. Como Buckaroo tentou demonstrar que a presença de falsidade ideológica no material seria improvável? Obviamente, apelando ao tratamento da ausência de evidência como evidência de ausência.
ONDE eu "tentei demonstrar presença de falsidade ideológica seria improvável"?
Até argumentei mais na direção contrária.
Toda a forma como a coisa foi exposta já é muito digna de crítica. Requer muita generosidade não ver qualquer indício de segundas intenções questionáveis na forma como conduzem tudo. Poderia ter sido tudo tratado sem a fabricação de escândalo, com maior cautela e assunção de "boa fé" por parte de Moro e da LJ.
Apenas não há ainda evidência de adulteração, e tampouco negação específica de qualquer envolvido/citado.
Isso não quer dizer que não há falsidade ideológica, que não há nada eticamente questionável, mas isso também não anula o problema implícito em Moro afirmar não haver nada demais numa conduta que outros (além dos próprios jornalistas) apontam como indevida.
Não se pode publicar que é um fato que alguém concordou com um eu fictício. Ou o eu é demonstravelmente real ou não é.
A
concordância com o que
nem é alegadamente alegadamente "fictício" é o crítico.
"Fulano, o que você tem a dizer sobre esse seu suposto diálogo, onde, segundo especialistas é implícito você estar praticando XYZ?"
"Quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou XYZ da atuação enquanto eu fazia o que fazia."Não é nem uma negação direta do ato, há uma aceitação implícita do material, das citações, e discordância em configurar XYZ.
Mas também não há um "Moro fictício" e nem "alegadamente fictício"; Moro não afirmou em momento algum nada como, "isso eu nunca teria dito; é algo incorreto no qual eu jamais teria participação," tendo inclusive se evadido de fazer qualquer apontamento nesse sentido. Há portanto apenas um "Moro não admitido nem negado como verídico."
Caso contrário, um jornal poderia pegar uma opinião juridicamente polêmica que uma figura pública tem sobre um ato que ele considerasse legal e depois sair inventando infinitos diálogos dele a seu bel prazer para depois dizer cinicamente: "Mas ele concordaria que tudo isso seria lícito". Crime de falsidade ideológica de um jornal não é anulado somente porque existem algumas verdades na reportagem.
Não existe qualquer analogia. Não foi o jornal dizendo/inventando,
"Moro, se fosse perguntado sobre esses diálogos atribuídos a ele, certamente diria que não se vislumbraria qualquer anormalidade ou direcionamento de sua atuação enquanto magistrado;" Moro foi diretamente perguntado e respondeu, factualmente,
"quanto ao conteúdo das mensagens que me citam, não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado."