Bem, se as mulheres se especializando também culturalmente em reprodução têm mais filhos e filhas, também transmitem essa especialização cultural, para filhos, filhas, irmãs, amigas... que serão também mais numerosas... enquanto que se por acaso existissem famílias ou povoados em que as mulheres inventassem algum jeito primitivo de não engravidar tão freqüentemente, passariam essa cultura para menos filhos e filhas, ou menos amigas e parentes...
Basicamente você está dizendo: A cultura que faz a mulher ter mais filhos predomina, já que há mais representantes.
(..) Eu não estou dizendo que não sejam escolhas de consciências pensantes... mas são consciências formadas de acordo com os padrões da sociedade em que essa consciência se formou.
(...) Ou seja, além das pessoas que pensam diferentemente serem raras por causa da "maré" da sociedade que leva a maioria das pessoas, ainda esses poucos tem os problemas de ir contra a maré. A realidade não é tão simples como uma pessoa ter um pensamento totalmente individual e decidir o que quer para si, sem qualquer influência do contexto cultural..."
Concordo em parte, até adoto a mesma opinião. Mas pensar tudo apenas como reflexo cultural é o que não me satisfaz
. Penso que ter uma atitude reflexiva ou não é uma escolha ("ir ou não contra a maré").
Eu poderia imaginar outro exemplo de cultura:
Pensemos uma sociedade arcaica em que as mulheres são consideradas seres divinos. Ao homem cabe trabalhar (sempre uma tarefa específica sem questionar), lutar como soldado da fé e realizar os rituais divinos (que reforçam a dominação cultural). Toda a vida do homem é racionalizada pelas mulheres: tempo para dormir, para viver, para trabalhar, para os rituais, para procriar, etc. Toda a diversão do homem tem alguma ligação com a sua alienação cultural. As mulheres cabem as atividades contemplativas e administrativas da sociedade.
Parte das mulheres é responsável por gerar e cuidar das crianças em grandes centros infantis, o que permite que uma mulher cuide de várias crianças. Crianças do sexo feminino são criadas por mulheres. Crianças do sexo masculino depois de alguns anos nos centros de alienação recebem seus trabalhos (no início bem leve). E apenas alguns homens são escolhidos para a reprodução.
A responsabilidade da mulher de cuidar de seus filhos é praticamente tirada com os grandes centros de criação e com a "escravidão divina" do trabalho do homem que auxilia nos cuidados.
Se a cultura é o faz a mulher ficar em segundo plano, então a mulher também pode criar uma cultura que a faça predominar.
O que torna complicada a formação dessa sociedade imaginária é pensar sua origem. Realmente, no início dos tempos, antes do advento do mito ou da razão (meio para controle mental), o homem tinha vantagens sobre a mulher, e aos poucos foi consolidando seu domínio sobre ela e criando uma cultura difícil de ser destruída. Exemplo: Em toda cultura o exército que protege as leis é feito de homens. Bem, isso se pensar a cultura como uma sucessão de acontecimentos (o que muito historiador nega existir). Porém, não sei se uma cultura de alienação pode realmente paralisar o senso crítico, a liberdade de escolha e vontade de cada um (o que também acabaria com a minha sociedade imaginária
).
Bem, considerando novamente que tudo é uma questão cultural. Hoje em dia, o senso crítico, o ideal de liberdade e o racionalismo estão sendo mais valorizados e a mulher a cada dia ganha mais direitos e espaço na sociedade. Espero que essa tendência continue!
E tenho certeza que tudo está mudando devido à força de vontade da mulher que escolheu lutar, não foi uma liberdade dada pelos homens.
E este assunto já está pifando meus 3 neurônios!
Perdão se delirei muito neste tópico.