Acho melhor prestar muita atenção ao artigo em questão que citei acima. É somente sobre o conteúdo dele que estaremos votando.
Nele NÃO consta que:
1. O Estado vai dispensar mais recursos com a segurança.
E não consta que vai dispensar menos, como muitos afirmam...
Continua não oferecendo uma compensação pela perda do direito de comprar (e portar) arma para se defender.
2. O Estado vai promover ação ostensiva para desarmar os bandidos.
Que eu saiba isso já acontece, talvez não de forma tão ostensiva quanto gostaríamos. Mas este também é dever da polícia.
Então que se faça isso antes de realizar o desarmamento da população com um todo, ou que pelo menos as taxas de criminalidade atinjam níveis aceitáveis, a ponto de podermos confiar nossa segurança totalmente às instituições estatais encarregadas disso.
3. A polícia vai ser "reaparelhada", "recapacitada" e nem que vai receber mais integrantes em seus quadros efetivos.
E não consta que será o contrário, como muitos fazem parecer.
Continua não oferecendo uma compensação pela perda do direito de comprar (e portar) arma para se defender.
O artigo 35 apenas diz, interpretando seu conteúdo, que:
O cidadão de bem (sem antecedentes criminais, psicologicamente saudável e exercendo atividade produtiva) não poderá mais usar arma de fogo como opção de se defender e o artigo não oferece outra compensação em troca.
Assim, na minha opinião pessoal, esse artigo é o mesmo de perguntar: "Vocês são trouxas e querem mesmo se danarem?"
Isso faz parecer que arma dá segurança. Onde estão os dados que comprovam isso?
O Brasil é um dos países que possuem o menor número de armas em domicílios privados. Só 3,5% de seus habitantes têm armas de fogo legalmente. Nos Estados Unidos, a cifra sobe para 52%, no Canadá para 30%, na Itália para 17%, na França para 24,5%, na Suécia para 15% e na Suíça para 35%. Nas mesmas estatísticas podemos observar o número de homicídios por 100 mil habitantes: nos Estados Unidos, apenas 6, no Canadá 3, na Itália 2, na França 1,5, na Suécia 1,5 e na Suécia 1,
e para não dar espaço ao argumento de que esses exemplos de países de primeiro-mundo não representam a realidade brasileira, cito a Argentina, onde essa taxa é de apenas 4,3 para cada 100 mil, e
onde cerca de 20% de domicílios possuem armas de fogo,
praticamente 6 vezes mais que aqui. No Brasil, todavia, em que
apenas 3,5% dos domicílios têm armas legais, o número de homicídios sobe para incríveis 27 assassinatos por cada 100 mil habitantes, ou seja, mais de 6 vezes do que na Argentina, 4 vezes e meia mais do que nos Estados Unidos, 9 vezes mais do que no Canadá, 13 vezes e meia mais do que na Itália, 18 vezes mais do que na França e Suécia e 27 vezes mais do que na Suíça. Todos esses países possuem no mínimo 5 vezes até 15 vezes mais armas de fogo, proporcionalmente, do que o Brasil e apresentam índices de homícidio igualmente proporcionalmente de 4 até 27 vezes inferiores aos do Brasil.
Fonte 1 e
Fonte 2Eu concluo com isso que o fato de haver comércio de armas para o "cidadão de bem" e conseqüentemente muitas residências com armas de fogo, que definitivamente não é o caso do Brasil, não está relacionado à alta incidência de homicídios, sendo mostrado inclusive o contrário.
Sim, seria maravilhoso se ninguém precisasse usar armas. Infelizmente a humanidade ainda não atingiu esse estágio.
Que tal começar?
Sim, claro, mas começando pelos bandidos. Quando comprovadamente eles estiverem desarmados eu abro mão do meu
direito de comprar arma para defender minha integridade física.
Da mesma forma se o cidadão com porte usar a arma em situação que não seja legitimada pela lei, paciência, a polícia deve se virar com isso e ele sofrerá conseqüências penais, incluindo a perda do porte.
Leia o outro texto, o que ele fala sobre legítima defesa. Não há legítima defesa de patrimônio.
Eu já comentei. Usar o argumento de que bandido poderá usar arma e "cidadão de bem" não, é tu quoque.
Pelo Estatuto do Desarmento, embora não haja exatamente o termo "Cidadão de Bem", o cidadão que pode portar uma arma deve possuir as características:
não possuir antecendentes criminais, não estar respondendo a processo, não fazer uso de substâncias químicas que possam interferir no juízo de suas ações, possuir capacidade psicológica e física para utilizar uma arma e exercer atividade produtiva para a sociedade, entre outros requisitos, ou seja, há uma distinção muito clara entre o "cidadão de bem"(ou melhor: o cidadão que pode portar uma arma) e o bandido regular.
Assim, diante do que escrevi acima,
não é "tu quoque", ao menos se você achar que
todo mundo é bandido, que pelo menos até agora isso é exceção entre a população, felizmente. Ainda assim, se persistir na linha do "tu quoque" as forças estatais então também deveriam se desarmar, fato este que pela simples observação da realidade sabemos se tratar de uma idéia totalmente irracional.
Finalizando, sabendo que a Constituição não dá amplo respaldo para a "legítima defesa", votar "NÃO" já seria um primeiro passo para essa situação possivelmente mudar futuramente, o que espero realmente acontecer, como um gesto de repúdio à lei atual.
Votando "SIM" estaremos apenas abrindo mão de mais um direito, sem contrapartida do governo, e sem qualquer garantia de que sem esse direito estaremos mais seguros. Ainda pessoalmente imagino a criminalidade aumentando substancialmente caso o "SIM" vença. Isso para mim é muito claro! Eu mesmo,
se fosse assaltante, me sentiria muito mais seguro para agir se o "SIM" ganhar. Por respeito à vida e à civilidade eu voto
NÃO.