Protestos contra charges de Muhammad deixam 13 mortos Publicidade
da Folha Online
A polícia no Afeganistão [formada por policiais locais e membros da Otan] voltou a agir com violência nesta quarta-feira contra manifestantes que protestam contra a exibição das charges do profeta Muhammad, matando mais quatro pessoas. Após três dias de protestos, o saldo de mortos chega a 13. Ações de repúdio continuam em vários países.
Nesta terça-feira, outros quatro manifestantes foram mortos por membros da Otan (aliança miliotar ocidental) no país Afeganistão. Outras três pessoas morreram no Afeganistão na segunda-feira, além de uma na Somália e outra no Líbano.
O confronto desta quarta-feira ocorreu na cidade de Qalat (sul), quando a polícia atirou contra uma multidão de centenas de manifestantes, matando quatro deles e ferindo outros 11, segundo a polícia da Província. Pedras atiradas por manifestantes feriram oito policiais e um soldado afegão.
Segundo a polícia, os manifestantes tentavam escalar o prédio da base do Exército americano. Três tanques de gasolina que seriam entregues à base foram queimados. O porta-voz do Exército dos EUA, Mike Cody, se recusou a fornecer detalhes sobre o confronto.
Autoridades afegãs dizem suspeitar de que a rede terrorista Al Qaeda e a milícia Taleban possam estar explorando a indignação com as charges de Muhammad para incitar a violência.
Protestos
Os violentos protestos continuam, apesar de um comunicado divulgado pela maior organização muçulmana do mundo --a Organização da Conferência Islâmica-- condenando a violência e fazendo um apelo por calma.
Em Bangladesh, mais de mil manifestantes queimaram bandeiras da Dinamarca e marcharam pelas ruas da capital, Dacca. A multidão pretendia chegar até o prédio da Embaixada italiana, mas foi impedida pela polícia.
Cerca de 300 manifestantes foram às ruas da capital da Turquia, e marcharam em direção ao prédio da Embaixada dinamarquesa em Ancara.
Na Indonésia, cerca de 600 manifestantes foram às ruas em Surabaya. Protestos de menor proporção também aconteceram na capital Jacarta e em ao menos outras duas cidades, segundo a imprensa local.
Na Índia, centenas de muçulmanos protestaram na região da Caxemira. O protesto teve início com uma procissão de cerca de 300 muçulmanos para marcar os 700 anos da morte do imã Hussein, neto de Muhammad. No entanto, a marcha se transformou em protesto contra as charges.
A polícia-- que lançou gás lacrimogêneo para dispersar os cerca de 500 manifestantes nesta terça-feira-- não impediu a manifestação de hoje. Dezenas de muçulmanos também protestaram nas ruas de Srinagar.
Cisjordânia
Cerca de 300 palestinos atacaram uma missão de observação internacional na cidade de Hebron, na Cisjordânia, nesta quarta-feira, atirando pedras, quebrando janelas e tentando atear fogo ao prédio em protesto contra as charges.
Sessenta membros da missão estavam no prédio no momento do ataque, segundo Gunhild Forselv, porta-voz da Presença Internacional Temporária em Hebron (TIPH, na sigla em inglês). Onze membros dinamarqueses da missão deixaram o país há uma semana, após o início dos protestos.
A multidão foi dispersada pela polícia palestina, mas quase todas as janelas do prédio já haviam sido quebradas e três veículos foram danificados.
Charges
As charges foram publicadas pela primeira vez em um jornal dinamarquês em 30 de setembro.
As caricaturas foram reproduzidas em jornais da África do Sul, Alemanha, Austrália, Bulgária, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Fiji, Holanda, Hungria, Iêmen, Itália, Japão, Jordânia, Malásia, Nova Zelândia, Noruega, Polônia, Suíça e Ucrânia.
A tradição islâmica proíbe a reprodução de imagens de seus profetas.[/list]