Autor Tópico: Sobre o cérebro humano  (Lida 37306 vezes)

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Offline Buckaroo Banzai

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #375 Online: 27 de Abril de 2010, 14:22:59 »
Tudo isso envolve ainda a misteriosa e talvez insolúvel questão dos qualia, sobre o qual já houveram ao menos alguns posts e mini-discussões por aqui. Simplesmente não sabemos o que produz a experiência subjetiva, então não sabemos ainda se, mesmo uma outra estrutura que realizasse um monte de processos diretamente correspondentes ao do cérebro, mas em outro substrato material, "produziria" uma experiência subjetiva como a que temos (se é que temos), ou se seria apenas um zumbi filosófico.

Offline Sr. Jesus

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #376 Online: 27 de Abril de 2010, 18:37:08 »
Suponhamos então que fosse possível criar um cérebro exatamente igual ao seu, não importa se orgânico ou não. As configurações imitam com exatidão perfeita tudo o que está ocorrendo dentro do seu cérebro nesse exato momento.
Isso significaria que você iria "acordar" nessa cópia?
Significaria que você estaria consciênte em dois lugares ao mesmo tempo?

Se não há "fantasma por detras da maquina" e com absoluta certeza não há, o que prenderia a consciência no cérebro e como seria a experiência de estar consciente em vários lugares ao mesmo tempo?

O que anda me intrigando é isso: afinal, a cosciência é algo ou apenas um processo? Acredito ser um processo, como a chuva. A água seria o cérebro, a chuva a consciência. Mas o que significa isso? E se "a chuva" puder ocorrer ao mesmo tempo em dois lugares, estariamos conscientes aqui e lá? Parando uma, a outra poderia continuar?

Para mim a religião quer que esse tipo de discussão seja ironizada, do tipo "viagem na maiones". No fundo os místicos não querem isso pois seria o fim da sua brincadeira de fantasmas, deuses, e bugabugas, e posam de realistas, sóbrios, mas no fundo estão na torcida do contra. Não querem a eternidade real pois ela ameaça seu mundinho de faz de conta. Os ateus não podem se influenciar com isso.

Gosto do trabalho do Daniel Dannet, embora não tenha conseguido acompanhar muito ultimamente. Ele é ironizado por muitos mas tem revelado coisas que podem dar um insight muito poderoso na questão.

O Objetivismo de Ayn Rand também pode ajudar, porque estabelece que consciência é consciência de algo, um processo de perceber os objetos da existência. Sem objetos, não há consciência, o que elimina totalmente um Deus criador ( problema da solidão divina, insolúvel para os teístas) ou espíritos que vem do além habitar cérebros dos fetos. Ao nascermos somos "tábula rasa".

Sem a morte da consciência o Céu e a espiritualidade perdem o sentido, e o próprio Deus, sendo consciência espiritual, vai pro espaço.

Se conseguirmos compreender isso, talvez coloquemos um fim definitivo nessa miséria mística que nos assola e começaremos uma fase brilhante, muito mais feliz, sem a angústica da aniquilação e as mazelas que ela causa.
« Última modificação: 27 de Abril de 2010, 18:46:36 por Sr. Jesus »
O sacrifício é a moralidade do imoral - Ayn Rand

Offline Adriano

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #377 Online: 28 de Abril de 2010, 02:42:08 »
Gosto do trabalho do Daniel Dannet, embora não tenha conseguido acompanhar muito ultimamente. Ele é ironizado por muitos mas tem revelado coisas que podem dar um insight muito poderoso na questão.
Também gosto muito da filosofia da mente de Dennett. Principalmente por ele aniquilar a idéia de qualia e consequentemente do zumbi filosófico, que é uma abordagem proposta por David Chalmers. O argumento do zumbi filosófico é uma versão mais sofisticada da idéia do fantasma na máquina iniciada por Descartes assim como o design inteligente é uma abordagem mais sofisticada do criacionismo.

Simplesmente não sabemos o que produz a experiência subjetiva
Sabemos muito bem. É o cérebro. O sujeito é o indivíduo humano que tem como principal componente estrutural as suas redes neurais.

Apesar de já em outro tópico abordarem as máquinas como os sujeitos responsáveis na produção de valor nas empresas.  :biglol:
« Última modificação: 28 de Abril de 2010, 03:16:54 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #378 Online: 28 de Abril de 2010, 03:17:13 »
Estou falando de toda questão dos qualia. É um assunto bem complicado, e como você disse, há quem pense mesmo que não existe, que somos zumbis filosóficos, não dotados de qualquer experiência subjetiva significativamente diferente daquela que [não] tem um computador ou uma samambaia, apesar de nossos sentidos, apesar da nossa ululante suposta ilusão de termos essa experiência. Complicado pacas se provar isso.

Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #379 Online: 28 de Abril de 2010, 03:22:45 »
Pedro Reis, e se juntarmos muitos e muitos destes processadores formando uma complexa e intrincada rede neural? Cada processador poderia fazer o papel de um conjunto de neurônios, optando por enviar ou não sinais elétricos baseando-se em um programa.

Se um cérebro operar de forma completamente digital (isto é, armazenando informação de forma discreta) e assumirmos que o cérebro gera consciência, teoricamente isso é possível. Entretanto, talvez o cérebro opere utilizando informação na forma analógica em alguns casos. Se isso acontecer, poderemos apenas simular um cérebro, mas sempre existirá perda de precisão na simulação que impediria uma replicação perfeita. É o que acontece no armazenamento de sons no computador. Como sons são analógicos, torna-se impossível representá-los digitalmente de maneira fiel.
 

Lembro de já ter discutido sobre isso por aqui em um tópico semelhante. Para mim a verdadeira natureza da consciência é o maior dos mistérios. Ainda maior que a origem da vida e do universo.

Acreditamos que coisas inanimadas não possuam consciência. Que água, ar, pedras e átomos não estejam de modo algum conscientes. No entanto a consciência surge em sistemas biológicos, e aparentemente em diferentes gradações: um macaco estaria mais consciente que uma galinha, e esta que uma formiga.

Mas é um grande mistério, como sinapses podem gerar consciência, e esta auto-percepção, a individualidade?

Como já mencionaram aí, um cérebro humano, apesar de extremamente complexo pode ser reduzido a processos físico-químicos, e eu sinceramente não vejo como processos físico-químicos possam produzir consciência. ( Não digo que não possam, apenas digo que não consigo imaginar como. )

Certamente estamos longe de reproduzir todas as funções do nosso cérebro em um computador digital, e nem mesmo sabemos se é possível, porém o sistema nervoso de uma barata é um objetivo bem menos ambicioso, mas pode estar certo que reproduzir as funções lógicas do sistema nervoso de um inseto não vai gerar neste dispositivo a consciência que um inseto parece possuir.

Sobre a sua proposta eu poderia dizer duas coisas:

1 - É facilmente demonstrável ( formalmente demonstrável ) que de um ponto de vista lógico não existe diferença entre a potencialidade funcional do "hardware" e do "software". Ou seja, podemos demonstrar que tudo que um "hardware" digital faz ( cujas funções lógicas possam ser executadas também por uma máquina de Turing, ou seja, todos os computadores conhecidos ) também podem ser executadas por um "software". Em outras palavras, qualquer programa de computador pode simular perfeitamente as funções de um computador. E vice-versa, é possível implementar em "hardware" qualquer programa.

Talvez você já tenha visto programas como o Wine que fazem exatamente isto. E um outro, que não me recordo o nome agora, para Linux, que simula não apenas o Windows mas um PC inteiro rodando Windows.

Portanto nós não precisaríamos construir uma rede neural com uma quantidade enorme de processadores. Seria mais prático ( e é o que estão fazendo ) desenvolver um software que implementasse esta rede neural. Na verdade os pesquisadores que se dedicam a tentar reproduzir funções do cérebro em computadores preferem o termo 'redes neuronais', para diferenciar de redes neurais, que já é uma abordagem de AI para a solução de vários problemas.

Então podemos agora raciocinar indutivamente, e usando um modelo mais simples,  para tentar responder a sua pergunta.

O que é um programa de computador? É uma sequência de instruções de máquina.

O que é uma instrução de máquina? Do ponto de vista físico, não lógico, seria um determinado padrão de bits armazenado em uma célula de memória. Quando esta célula de memória é conectada eletricamente ao processador através do barramento de dados -  conexão feita pelo barramento de endereços - este padrão de bits é eletricamente reproduzido em um registrador interno do processador, e dependendo desse padrão ( dependendo de qual é a instrução de máquina ), o processador executa uma função ou outra. Mas se olharmos mais de perto para a execução destas funções, ou seja, para o funcionamento de um processador, você verá que a decodificação e execução desta instrução é algo muito parecido com o que acontece na linha de produção automatizada de uma fábrica, apenas muito mais complexo. E com a diferença que as etapas são elétricas e não mecânicas.

Bom, deve ficar óbvio com esta descrição que a execução de uma instrução de máquina não torna um dispositivo de silício como um processador, consciente. Nem um pouco. Nem um pouquinho, nem com a consciência do nível de um mosquito ou menos. Tanto quanto ligar o botão que faz a linha de montagem de uma fábrica funcionar não torna esta fábrica um ente consciente, por mais complexa que seja esta linha de montagem.

Pois bem, se a primeira instrução executada não cria consciência no processador, tão pouco a instrução seguinte o fará. Ou uma sequência delas, ou seja, um programa. O que confunde a muitas pessoas é que sequências de instruções como estas podem ser executadas de modo a fazer com que a máquina realize funções "inteligentes", como jogar xadrez ou "compreender" textos. Então a aparência de inteligência leva a ilusão de inteligência. E o próximo passo desse engano é a ilusão de consciência.

Porém é certo que um processador é tão consciente do programa sendo executado quanto uma máquina de lavar está consciente das roupas que está lavando. Não há como, utilizando o paradigma atual de computador eletrônico, produzir-se consciência em qualquer nível. Inteligência artificial sim, nisto ainda vamos avançar muito, porém a idéia de que um computador rodando um programa de inteligência artificial muito sofisticado pode se tornar consciente é completamente absurda!

O Hal de 2001, Odisséia no Espaço, é pura fantasia. Uma impossibilidade. A não ser que aquela máquina tenha sido construída a partir de paradigmas computacionais atualmente desconhecidos.

O que nos leva a inevitável conclusão de que se o cérebro realmente está gerando a consciência através unicamente de processos físico-químicos então ele é um "computador" construído a partir de um paradigma ainda desconhecido e que não pode atualmente ser inteiramente simulado artificialmente em um computador digital.
« Última modificação: 28 de Abril de 2010, 03:26:04 por Pedro Reis »

Offline Adriano

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #380 Online: 28 de Abril de 2010, 03:29:28 »
Estou falando de toda questão dos qualia. É um assunto bem complicado, e como você disse, há quem pense mesmo que não existe, que somos zumbis filosóficos, não dotados de qualquer experiência subjetiva significativamente diferente daquela que [não] tem um computador ou uma samambaia, apesar de nossos sentidos, apesar da nossa ululante suposta ilusão de termos essa experiência. Complicado pacas se provar isso.

Dennett se baseia muito na evolução para embasar a sua filosofia. Os qualias são vistos como nomenclaturas dos nossos estados cerebrais cerebrais. Assim dizer que os qualias são algo determinante para a compreensão da consciência é algo que faz parte de um jogo de palavras e de pouca importancia. O zumbi filosófico também é entendido assim, já que a distinção na prática não existe, principalmente por este ser um exagero imaginativo dos seus propositores. Ele faz tudo que um homem faz, tem consciência de que é um homem porém não tem os qualias e por isso é considerado um zumbi filosófico  ::)
« Última modificação: 28 de Abril de 2010, 03:32:00 por Adriano »
Princípio da descrença.        Nem o idealismo de Goswami e nem o relativismo de Vieira. Realismo monista.

Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #381 Online: 28 de Abril de 2010, 03:40:17 »
Depende do que você entende por "retirar". Acho que é possível que no futuro possamos fazer cópias das nossas memórias em cérebros arficiais; talvez até mesmo uma forma de imortalidade seja possível assim.

Mas o seu Eu ainda estará confinado à sua caixa de matéria cinzenta e molhada, e ainda vai morrer junto com seu corpo, não importa quão fiel seja a sua cópia.

Muito embora o "outro" seu "eu", se, hipoteticamente, estivesse instalado em um corpo que parecesse inconfundível do seu corpo de verdade, nem desconfiaria que ele é um "outro eu" seu, e não você mesmo. Aliás, talvez algo parecido ocorra toda vez que a gente simplesmente dorme e acorda. Será que todos os processos que definem o nosso eu estão ativos durante o sono, ou durante algo mais grave como inconsciência, ou será que uma boa parte deles é desligado, sendo um novo "eu" criado toda vez que despertamos?

A abordagem do zen budismo é a de que este "novo eu" é criado a cada novo instante. Ou seja, a consciência só existe no instante, no momento presente.

Não é algo que perdure no tempo como um objeto. É um conceito um tanto difícil de se apreender em um primeiro momento, mas pense um pouco... Use a sua imaginação...

Lembre-se de alguma tarde na sua infância, em que você estivesse brincando despreocupadamente...

Procure agora se lembrar da sua consciência naquele momento, do que você pensava e sentia...

Agora, pense, é este menino de oito anos que está aí, agora, sentado, lendo estas palavras no computador? É aquela consciência que está aí? Ou é outra?

A vida eterna é impossível. A vida acontece apenas no momento presente.

Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #382 Online: 28 de Abril de 2010, 04:19:12 »
Estou falando de toda questão dos qualia. É um assunto bem complicado, e como você disse, há quem pense mesmo que não existe, que somos zumbis filosóficos, não dotados de qualquer experiência subjetiva significativamente diferente daquela que [não] tem um computador ou uma samambaia, apesar de nossos sentidos, apesar da nossa ululante suposta ilusão de termos essa experiência. Complicado pacas se provar isso.

Na minha humilde ignorância não acho que seja tão complicado. De certa forma me parece análogo, porém ao inverso, da metáfora do dragão invisível.

Qual a diferença entre um dragão indetectável por todos os meios possíveis e um dragão inexistente?

Um dragão indetectável é um dragão que não existe. Pelo menos neste universo.

Qual a diferença entre parecer que temos uma experiência subjetiva e de fato termos essa experiência subjetiva? Ou, em outras palavras, se você tivesse realmente esta experiência subjetiva como seria?

Exatamente igual ao que você experimenta ilusoriamente como sendo uma experiência subjetiva?

Ora, se é assim, então a proposição acima não passa de um jogo de palavras. Ter uma experiência subjetiva ou parecer ter ( de forma idêntica ao que seria se realmente tivessemos ) me parece bem a mesmíssima coisa.

Então, temos consciência ou somos apenas zumbis com a ilusão de que temos consciência, sendo que esta consciência ilusória é exatamente a mesma coisa que seria uma consciência real? Ou, ainda, podemos observar o quanto seria paradoxal ter a ilusão de algo sem estar consciente. Mais paradoxal ainda seria, portanto, uma "ilusão de consciência".

Isso me dá a impressão de ser apenas um estratagema lógico dos materialistas para contornar através de um sofisma a mais difícil das questões de serem abordadas por um ponto de vista puramente materialista.

Em tempo: eu mesmo me vejo como um materialista.

Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #383 Online: 28 de Abril de 2010, 06:36:32 »
Pedro Reis, e se juntarmos muitos e muitos destes processadores formando uma complexa e intrincada rede neural? Cada processador poderia fazer o papel de um conjunto de neurônios, optando por enviar ou não sinais elétricos baseando-se em um programa.

Se um cérebro operar de forma completamente digital (isto é, armazenando informação de forma discreta) e assumirmos que o cérebro gera consciência, teoricamente isso é possível. Entretanto, talvez o cérebro opere utilizando informação na forma analógica em alguns casos. Se isso acontecer, poderemos apenas simular um cérebro, mas sempre existirá perda de precisão na simulação que impediria uma replicação perfeita. É o que acontece no armazenamento de sons no computador. Como sons são analógicos, torna-se impossível representá-los digitalmente de maneira fiel.
 

Ih, eu ia dizer duas coisas e só disse uma.

A segunda seria esta:

2 - É verdade. Um sistema analógico não pode ser representado com precisão absoluta em um sistema digital. Mas, por outro lado, "precisão absoluta" é algo que não existe.

Creio que a informação no cérebro seja armazenada de forma assemelhada a de um sistema digital. Porém, mesmo que existam aspectos analógicos na fisiologia do cérebro - analógicos no sentido do processamento e representação da informação - será que esta é a diferença?

Será que é apenas por isso que cérebros são conscientes e computadores não?


Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #384 Online: 28 de Abril de 2010, 06:51:50 »
A ficção aborda essa questão no filme "O Sexto Dia", com Arnold Schwarzenegger. A consciência, segundo eu penso, ainda é um elemento complexo demais para que a nossa era possa compreende-la de modo a recria-la. De qualquer modo, mesmo que venhamos a dispor de tal ciência e tecnologia para tanto, duvido muito que se consiga codificar o que quer que seja responsável pelo "eu", mesmo que de uma mosca. Talvez se torne possível codificar e copiar lembranças, traços de personalidade e, quem sabe até, uma certa autonomia, ou seja, a mente. Mas, aquilo que nós entendemos como consciência, duvido muuuuitíssimo!

Também duvido. Pelo menos pelos próximos mil anos.

Concordo com você, implementar comportamento inteligente em máquinas ( o que você chamou de "mente" ) não é a mesma coisa que implementar consciência. Embora possamos imaginar que máquinas inteligentes cheguem a ser tão sofisticadas - até mesmo simulando padrões de personalidade - que para o observador menos avisado pareçam até ser conscientes.

Offline Dbohr

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #385 Online: 28 de Abril de 2010, 07:04:14 »
Se entendi direito, Manhattan, esse processo envolveria uma reconstrução do nosso próprio cérebro. Aí sim não haveria diferença nenhuma :-)

Estava me referindo a uma cópia downloadeada em algum outro sistema -- de silício ou de matéria cinzenta molhada, não importa. A cópia poderia ser tão perfeita que nunca se daria conta de não ser o original, mas teria existência independente deste.

Offline _tiago

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #386 Online: 28 de Abril de 2010, 10:19:33 »
Se entendi direito, Manhattan, esse processo envolveria uma reconstrução do nosso próprio cérebro. Aí sim não haveria diferença nenhuma :-)

Estava me referindo a uma cópia downloadeada em algum outro sistema -- de silício ou de matéria cinzenta molhada, não importa. A cópia poderia ser tão perfeita que nunca se daria conta de não ser o original, mas teria existência independente deste.

E na cópia perfeita desligada despejaríamos a nossa consciência o que causaria o desligamento do original?

Offline Dbohr

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #387 Online: 28 de Abril de 2010, 10:43:13 »
Isso é uma hipótese adicional :-)

Offline Barata Tenno

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #388 Online: 28 de Abril de 2010, 11:09:14 »
Teletransporte então seria a criação de um ser novo a cada viagem......
He who fights with monsters should look to it that he himself does not become a monster. And when you gaze long into an abyss the abyss also gazes into you. Friedrich Nietzsche

Offline Dbohr

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #389 Online: 28 de Abril de 2010, 11:23:23 »
De vez em quando eu penso que sim... mas o argumento do cara que acorda toda manhã não é lá muito diferente.

Offline _tiago

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #390 Online: 28 de Abril de 2010, 11:41:03 »
Existe uma história absolutamente brilhante de Greg Egan chamada "Learning to be me" que explora essa possibilidade:

Citação de: Wikipedia
Two stories, "Learning to Be Me" and "Closer", involve a different kind of neural implant called a "jewel"—a small computer inserted into the brain at birth that monitors its activity in order to learn how to mimic its behavior. By the time one reaches adulthood, the jewel's simulation is a near-perfect predictor of the brain's activity, and the jewel is given control of the person's body while the redundant brain is discarded. In this way, people with the jewel can eliminate the cognitive decline associated with aging by implementing their minds on a machine. Also, by transplanting the jewels into cloned bodies genetically altered to develop without brains, they can live youthfully forever.

"Learning to Be Me" explores the consequences of a man's jewel failing to synchronize with his brain, while in "Closer" a couple arranges to have the internal states of their jewels gradually made more similar so they can temporarily become a single person.

fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/Axiomatic_(story_collection)


Closer: http://eidolon.net/?story=Closer
Outros do cara: http://www.freesfonline.de/authors/Greg_Egan.html

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #391 Online: 28 de Abril de 2010, 14:03:44 »
Estou falando de toda questão dos qualia. É um assunto bem complicado, e como você disse, há quem pense mesmo que não existe, que somos zumbis filosóficos, não dotados de qualquer experiência subjetiva significativamente diferente daquela que [não] tem um computador ou uma samambaia, apesar de nossos sentidos, apesar da nossa ululante suposta ilusão de termos essa experiência. Complicado pacas se provar isso.

Na minha humilde ignorância não acho que seja tão complicado. De certa forma me parece análogo, porém ao inverso, da metáfora do dragão invisível.

Qual a diferença entre um dragão indetectável por todos os meios possíveis e um dragão inexistente?

Um dragão indetectável é um dragão que não existe. Pelo menos neste universo.

Qual a diferença entre parecer que temos uma experiência subjetiva e de fato termos essa experiência subjetiva? Ou, em outras palavras, se você tivesse realmente esta experiência subjetiva como seria?

Exatamente igual ao que você experimenta ilusoriamente como sendo uma experiência subjetiva?

Bem, a "experiência subjetiva ilusória da experiência subjetiva" me parece uma tremenda contradição, o que aponta uma tremenda dificuldade em negar que temos essa experiência.

Mas deixando esse trecho de lado, um exemplo interessante vindo de alguns casos exóticos da neurociência. Todos nós vemos as coisas, vemos as cores, e então alguns filósofos, apontam que essa percepção última delas não é "a realidade", não é algo que deriva automaticamente da interação física com uma dada faixa do espectro de ondas eletromagnéticas, chamado de luz visível. É uma coisa artificial que nossa mente cria para "ilustrar" o mundo para nosso "eu" poder agir de acordo com essas informações do mundo ao nosso redor. Tanto que, daltônicos não têm alguns desses "qualia", ou os "usam" para diferentes faixas do espectro visível. Aquilo que vemos como qualias distintos, vermelho e verde, por exemplo, para um daltônico, é um mentalmente "rotulado" como um qualia apenas.

Poderia inclusive ser que, mesmo os não-daltônicos na verdade tivessem qualias todos trocados, variando de pessoa para pessoa, mas contanto que não tivessem daltonismo, não teríamos como perceber ou comprovar isso, não há como vermos pelo "olho mental" de outra pessoa.

Se não me engano, Dennett tenta argumentar algo como que, isso apenas prova mais uma vez que a experiência subjetiva não existe, porque, se isso fosse algo passível de ser manipulado por um sádico neurocirurgião, que então nos fizesse ver, por exemplo, em negativo, não teríamos como saber se no fim das contas ele manipulou a nossa rotulação atual de qualias ou toda a memória dos qualias passados.

Eu acho isso extremamente ingênuo, pode muito bem se conceber programas que interagem, e trocam informações a respeito de outras informações no seu "ambiente", informações essas que, no seu processamento interno, são "rotuladas" diferentemente, são atribuídas a variáveis com diferentes nomes usadas por cada programa (esses seriam análogos aos "qualia" dos programas). No entanto, a interação entre os dois programas poderia ser tal que, eles não têm "ciência" das diferentes variáveis internas que usam para trabalhar com essa informação, que então "efetivamente" não existe, "logo" não existe de verdade.

Uma versão sutilmente modificada dessa analogia, seria  ocm os diferentes formatos de arquivo de imagem. Enquanto que para nossa percepção, as imagens que eles codificam podem ser simplesmente indistinguíveis, eles de fato, existem, são diferentes representações que os computadores usam para armazenar e reproduzir uma mesma imagem. No entanto, não tendo conhecimento suficiente de informática, são todos "arquivos de imagem", e portanto a mesma coisa, "logo", poderia se supor, as diferentes representações internas do computador "não existem", a imagem, ou o arquivo de imagem, é algo "irredutível" como tal, e qualquer computador ou programa está "vendo" a imagem da mesma forma.

Mas mais interessante talvez seja algo menos análogo, diretamente relacionado a biologia e a nossa percepção. Algumas pessoas, sofrem alguns tipos de lesão no cérebro, e ficam cegas. Perdem, ou do ponto de vista do Dennett, supõem perder, a experiência subjetiva da visão (que na verdade não existiria). No entanto, seus olhos estão ainda funcionais, recebem luz, e emitem sinais nervosos para o cérebro, apenas essas informações são perdidas em algum ponto antes de chegarem ao ponto onde "supostamente" é criada nossa experiência subjetiva deles. Mas não do cérebro todo. De alguma forma descobriram que, apesar disso, essas pessoas podem ver, ainda que inconscientemente.

Coloca-se uma delas diante de um quadro branco com um ponto preto, e pede-se para que tente colocar o dedo no ponto preto. Ela pensa tentar fazer isso ao acaso, cética de sua capacidade, e no entanto acerta mais do que o esperado por pura sorte (idealmente também fizeram os testes com as mesmas pessoas e outras pessoas apenas com olhos vendados, mas não sei). Há outros indícios disso, embora não me lembre quais. Ah, um é o dessas pessoas "perceberem" que as pessoas estão alegres ou tristes, embora tenham que andar por aí de bengala para tatear as coisas. Isso porque as imagens de seus rostos, apesar de não ser representada em "hipotéticos" qualias visuais, ainda vai de alguma forma parar na parte do cérebro que reconhece as expressões faciais.

Então essas pessoas (e disléxicos são análogos mais fracos para os hipotéticos "qualias" auditivos) são verdadeiros "zumbis filosóficos", só que parciais. E no entanto, não são indistinguíveis dos reais. Talvez até pelo fato de serem meramente parciais, não sei.

O que aconteceria houvesse um indivíduo que desde o nascimento, tivesse "obstáculos" similares à informação sensorial, de todos os sentidos, sendo processados em outras áreas do cérebro, mas nunca chegando ao processo/área que resulta nas nossas "hipotéticas" experiências subjetivas? Acho que seria possível que ele fosse indistinguível de uma pessoa normal, supondo que a partir das nossas experiências subjetivas não surge algo mais crucial para o nosso comportamento final, ou para nossas capacidades.

Poderia ser que implicasse em alguma forma de retardamento mental, por exemplo, porque as informações que vão fazer parte de nossas experiências subjetivas seriam então trabalhadas de forma dependente delas, poderia ser. Mas hipoteticamente, sem considerar qualquer "uso" especial para a "hipotética" representação subjetiva das informações que "aparentemente" percebemos, essa pessoa poderia se comportar de forma completamente normal, e, ao que parece, iria reportar ter sim uma experiência subjetiva, ainda que, no caso dele, esse fenômeno fosse talvez mais ou menos análogo a um programa de computador que escreve na tela "eu senti que você pressionou a tecla X", quando se pressionar a tecla X. Ou como um sistema consistindo de um gravador, um interruptor, ao lado de uma peça de dominó que, quando cai, liga o gravador, que toca uma gravação dizendo "eu senti a peça de dominó cair".



Tomara que eu não tenha sido confuso, é bem difícil falar, até pensar, sobre esse assunto. Mas basicamente é isso, acho que é ingênuo se imaginar que as coisas não existem apenas por poderem aparentemente ser "descartáveis", por não serem imediatamente ou facilmente detectáveis, facilmente distinta uma hipotética situação onde elas existiriam e não existiriam. Durante a maior parte da história humana, o átomo e suas subpartículas, os fenômenos eletromagnéticos, e outras coisas diversas, se encaixariam aí.  



Ora, se é assim, então a proposição acima não passa de um jogo de palavras. Ter uma experiência subjetiva ou parecer ter ( de forma idêntica ao que seria se realmente tivessemos ) me parece bem a mesmíssima coisa.

Então, temos consciência ou somos apenas zumbis com a ilusão de que temos consciência, sendo que esta consciência ilusória é exatamente a mesma coisa que seria uma consciência real? Ou, ainda, podemos observar o quanto seria paradoxal ter a ilusão de algo sem estar consciente. Mais paradoxal ainda seria, portanto, uma "ilusão de consciência".

Bem, foi até por aí que eu comecei, antes de terminar de ler a mensagem. O problema é que, se não me engano, Dennett então não conclui que a consciência existe, sendo possível falar de uma ilusão, mas que não existe, que é uma ilusão.


Isso me dá a impressão de ser apenas um estratagema lógico dos materialistas para contornar através de um sofisma a mais difícil das questões de serem abordadas por um ponto de vista puramente materialista.

Em tempo: eu mesmo me vejo como um materialista.

Offline Buckaroo Banzai

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #392 Online: 29 de Abril de 2010, 03:50:47 »
Suponha que num futuro médio, seja possível realizar transplantes de mentes. Não estou falando do cérebro em si, mas de suas configurações eletroquímicas e neuronais que formam nossos sentimentos, lembranças, personalidade, instintos, etc que formariam a nossa consciência, ou seja, o nosso "eu". Então a coisa seria mais ou menos assim: Um homem em idade avançada e com a saúde física debilitada poderia então transplantar sua consciência para um corpo jovem, talvez clone dele, porém desprovido de mente. Assim, ele poderia dormir como um velho e acordar em um corpo onde tudo seria novo (inclusive o cérebro). Dessa forma, sua consciência seria preservada e a repetição desse processo poderia em teoria possibilitá-lo viver "para sempre". Esta idéia é bem representada nos filmes "Freejack" (com Emílio Estevez) e "O sexto dia" (com Arnold Schwarzeneger).

Agora, imagine se, ao invés da consciência do sujeito fosse "recortada" (tranplantada de um corpo para outro), ela fosse "copiada", ou seja, uma cópia da mente do sujeito fosse implantada em outro corpo permanecendo o sujeito original intacto. Neste caso, qual dos dois sujeitos seria o "eu" original? O que teve a mente copiada? O clone? Ou os dois?
Será que existiria dois "eus", ou apenas um? Como isso seria? Pensem bem: Os dois teriam as mesmas lembranças, personalidade e sentimentos. Cada um se acharia o próprio "eu". Então, como fica? Se fizessem uma "cópia mental" de você, quem seria o você consciente: Você (o "original") ou o seu clone?
Se por acaso alguém achar que apenas o sujeito "original" manteria a antiga consciência do "eu", enquanto o clone seria como se fosse uma outra pessoa, então nesse caso a cópia e/ou transferência de consciência não ocorreria. Isto não apenas impossibilitaria a possibilidade de viver indefinidamente por esse método, mas implicaria que a consciência não seria apenas uma mera configuração neuronal passível de cópia, mas algo "inato" e intrasferível (além de estranho e imcompreensível). Este modo de pensar daria margens para a admissão de algo como uma "alma" sendo responsável pela consciência.

Então, o que acham sobre o caso do clone de consciência? Como ficaria?

Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #393 Online: 29 de Abril de 2010, 04:12:37 »
Citação de: Buckaroo Banzai
Todos nós vemos as coisas, vemos as cores, e então alguns filósofos, apontam que essa percepção última delas não é "a realidade", não é algo que deriva automaticamente da interação física com uma dada faixa do espectro de ondas eletromagnéticas, chamado de luz visível. É uma coisa artificial que nossa mente cria para "ilustrar" o mundo para nosso "eu" poder agir de acordo com essas informações do mundo ao nosso redor. Tanto que, daltônicos não têm alguns desses "qualia", ou os "usam" para diferentes faixas do espectro visível. Aquilo que vemos como qualias distintos, vermelho e verde, por exemplo, para um daltônico, é um mentalmente "rotulado" como um qualia apenas.

Acho difícil alguém desenvolver um argumento que invalide essa interpretação filosófica. É claro que tudo, absolutamente tudo, que chamamos de "realidade" não passa de uma representação da realidade, criada pela mente.

Ou não.

Alguns preferem brincar com a hipótese "Matrix", de que tudo poderia ser um sonho ou que talvez estas representações que confundimos com o real estejam sendo induzidas artificialmente e como, em última instãncia, tudo é criação da mente, não há como distinguir entre o que é representação mental de algo que efetivamente existe no mundo real e uma ilusão de que uma tal representação esteja ocorrendo.

Em outras palavras, quando vejo uma maçã jamais poderei ter 100% de certeza se a imagem criada pela minha mente é de fato a representação de algo que tem existência própria, independentemente de estar sendo representada no meu mundo mental, ou se a própria maçã é algo totalmente abstrato, criado pela minha mente. E se fosse assim nem adiantaria perguntar a outras pessoas se elas também estão vendo a maçã porque estas próprias "pessoas" poderiam não existir, sendo também puras criações mentais, assim como a maçã.

Portanto a crença na existência de uma realidade objetiva se resume a uma questão de fé. Eu, como a maioria das pessoas, tenho fé que esta realidade exista. Que maçãs de fato existam, independentemente da minha mente estar ou não representando-as de alguma forma. No entanto eu jamais poderei saber como esta realidade é, jamais poderei ter contato direto com a realidade, sendo apenas capaz de interagir com a sua representação.

Ou seja, eu compreendo que tudo seja subjetivo, abstrato, todas as minhas experiências. Que tocar uma maçã é tão abstrato e subjetivo quanto a memória de ter tocado uma maçã, ou sonhar com isso. Porém acredito que parte das minhas experiências subjetivas são provocadas por eventos reais, externos à minha mente, e que possuem existência própria. Acredito que a maçã exista e que eu saiba diferenciar a representação de uma maçã de uma memória dessa representação.

Então, para mim, o fato da minha existência acontecer 100% em um plano subjetivo não significa que a realidade objetiva não exista. Porém considerações dessa natureza podem apenas nos levar a questionamentos sobre se a realidade objetiva existe ou não, ou se é tudo um sonho.

Mas não a questionar se a consciência existe ou não. Veja, a consciência É A ÚNICA COISA com a qual temos esse "contato" direto. É a única coisa que experimentamos como realmente é, e não a sua representação. Portanto, eu diria, a consciência é a única certeza.

Citação de: Buckaroo Banzai
Se não me engano, Dennett tenta argumentar algo como que, isso apenas prova mais uma vez que a experiência subjetiva não existe, porque, se isso fosse algo passível de ser manipulado por um sádico neurocirurgião, que então nos fizesse ver, por exemplo, em negativo, não teríamos como saber se no fim das contas ele manipulou a nossa rotulação atual de qualias ou toda a memória dos qualias passados.

Sim, então, como em Matrix, manipularam as minhas representação da realidade. Nem seria preciso um neurocirurgião, drogas alucinógenas poderiam fazer isto temporariamente ( em algumas pessoas permanentemente ), porém a minha consciência continua presente, assistindo a tudo, apenas com a diferença que agora ela está sendo iludida sobre o que é uma representação do real e o que foi artificialmente induzido para ser confundido com uma representação do real.

Citação de: Buckaroo Banzai
Eu acho isso extremamente ingênuo, pode muito bem se conceber programas que interagem, e trocam informações a respeito de outras informações no seu "ambiente", informações essas que, no seu processamento interno, são "rotuladas" diferentemente, são atribuídas a variáveis com diferentes nomes usadas por cada programa (esses seriam análogos aos "qualia" dos programas). No entanto, a interação entre os dois programas poderia ser tal que, eles não têm "ciência" das diferentes variáveis internas que usam para trabalhar com essa informação, que então "efetivamente" não existe, "logo" não existe de verdade.

É mesmo um raciocínio equivocado. Duplamente equivocado. Primeiro porque, como já discuti acima, o fato de representarmos a informação ( nós ou um programa ), ou mesmo dessa informação poder ser representada de diferentes maneiras, não significa necessariamente que esta informação não tenha sido originada por um evento real, com existência própria e independente de estar ou não sendo representado em algum sistema.

E aí, então, se posteriormente alguém ou algo corrompe esta representação da informação isto de forma alguma faz com que o evento real que a originou se corrompa também, pois ele é real, tem existência própria, não é algo como o retrato de Dorian Gray, que faria Dorian Gray sempre jovem enquanto exibisse uma imagem jovem.

O segundo equívoco, que é o que interessa mais, é que esta argumentação, em última análise, apenas questiona a existência ou não de algo que poderia ser chamado de realidade objetiva. Não serve para questionar a existência da consciência.

 
Citação de: Buckaroo Banzai
Mas mais interessante talvez seja algo menos análogo, diretamente relacionado a biologia e a nossa percepção. Algumas pessoas, sofrem alguns tipos de lesão no cérebro, e ficam cegas. Perdem, ou do ponto de vista do Dennett, supõem perder, a experiência subjetiva da visão (que na verdade não existiria). No entanto, seus olhos estão ainda funcionais, recebem luz, e emitem sinais nervosos para o cérebro, apenas essas informações são perdidas em algum ponto antes de chegarem ao ponto onde "supostamente" é criada nossa experiência subjetiva deles. Mas não do cérebro todo. De alguma forma
descobriram que, apesar disso, essas pessoas podem ver, ainda que inconscientemente. Coloca-se uma delas diante de um quadro branco com um ponto preto, e pede-se para que tente colocar o dedo no ponto preto.

Ela pensa tentar fazer isso ao acaso, cética de sua capacidade, e no entanto acerta mais do que o esperado por pura sorte (idealmente também fizeram os testes com as mesmas pessoas e outras pessoas apenas com olhos vendados, mas não sei). Há outros indícios disso, embora não me lembre quais. Ah, um é o dessas pessoas "perceberem" que as pessoas estão alegres ou tristes, embora tenham que andar por aí de bengala para tatear as coisas. Isso porque as imagens de seus rostos, apesar de não ser representada em "hipotéticos" qualias visuais, ainda vai de alguma forma parar na parte do cérebro que reconhece as expressões faciais.

Sim, talvez seja isso. Embora os impulsos nervosos provenientes dos olhos não estejam chegando na área do cérebro que processa a visão podem estar chegando a alguma outra parte do cérebro. Então a CONSCIÊNCIA não tem a sua disposição uma representação em imagem do objeto, que ainda assim pode estar sendo representado em alguma outra área do cérebro, também envolvida na decodificação de impulsos elétricos provenientes do nervo óptico.

Não tinha conhecimento destes casos mas são bastante úteis para ilustrar algo que eu gostaria de dizer mas que a muitos poderia parecer esotérico ou místico, e portanto interpretado com certa desconfiança.

Há, creio eu, uma clara dicotomia entre cérebro e consciência. Ou mesmo entre os processos cerebrais e a consciência, embora a princípio se creia que a consciência seja fruto destes processos.

Assim como estes casos de "visão cega" que você relata a maioria das funções realizadas pelo nosso sistema nervoso não são percebidas de forma imediata pela nossa consciência. Assim como esta pessoa cega não tem consciência de estar vendo o ponto negro, você também não tem consciência de quando seu cérebro altera o seu batimento cardíaco, e de inúmeras outras funções. Mas é sabido que algumas pessoas, através da yoga e meditação, conseguem ter acesso consciente a estas funções e controla-las conscientemente da mesma forma que controlamos os movimentos do nosso braço.

Mas não é preciso ser um yogue avançado ou ter atingido o nirvana várias vezes para obter alguma prática com meditação transcendental. Com um pouco de perserverança você pode atingir um ponto em que é capaz de observar a mente "de fora", como se a sua consciência fosse algo independente dela. É possível examinar em meditação o que acontece com o seu cérebro e perceber que ele ( o cérebro ) não é o seu "eu", mas apenas algo que você tem. Não algo que você é.

Da mesma forma que o seu estômago é algo que você tem.

Porque a consciência é capaz de observar o cérebro funcionando da mesma forma que você observa o seu estômago funcionando ( quando ele ronca, por exemplo ). É possível observar os seus próprios pensamentos se formando e se dissolvendo, observar as suas emoções sendo geradas pelo cérebro sem que a consciência se envolva com elas... e perceber por experiência própria que estas coisas que normalmente confundimos com o "eu" são externas a consciência, são apenas produtos do funcionamento do cérebro, assim como o controle do seu sistema digestivo é uma função do cérebro.

A diferença é que temos acesso consciente a algumas destas funções do cérebro ( as que são úteis à consciência, como o pensamento ) mas não temos acesso consciente a outras. Então normalmente confundimos estas funções a que a consciência tem acesso ( como pensamento e emoções ) com a própria consciência.

E é aí que o Dennet erra! Estas pessoas não são zumbis parciais, desprovidas de consciência, apenas porque seus cérebros estão realizando algo que não está sendo reportado à consciência. Ora, nosso cérebro faz "zilhões" de coisas que não são reportadas à consciência e sempre se soube disso. Esse experimento é análogo a concluir que se o seu cérebro ordena às suas glândulas salivares para entrar em ação ao receber a imagem de uma torta de morango - e não é uma ordem consciente - então, logo, a sua consciência não existe! 

Citação de: Buckaroo Banzai
O que aconteceria houvesse um indivíduo que desde o nascimento, tivesse "obstáculos" similares à informação sensorial, de todos os sentidos, sendo processados em outras áreas do cérebro, mas nunca chegando ao processo/área que resulta nas nossas "hipotéticas" experiências subjetivas? Acho que seria possível que ele fosse indistinguível de uma pessoa normal, supondo que a partir das nossas experiências subjetivas não surge algo mais crucial para o nosso comportamento final, ou para nossas capacidades.

Meu palpite: a consciência dele existiria em uma espécie de limbo, talvez como a de alguém que vivesse em um estado muito profundo de meditação. Ou então, talvez a consciência dele passasse a ter acesso a estas outras áreas do cérebro onde as representações e decisões estão se realizando, e então ele seria como qualquer pessoa só que represetando internamente a realidade de alguma outra forma. Sem que ninguém, nem mesmo ele, jamais soubesse disso.

Online Pedro Reis

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Re: Retirando a consciência do cérebro
« Resposta #394 Online: 29 de Abril de 2010, 04:26:04 »
Suponha que num futuro médio, seja possível realizar transplantes de mentes. Não estou falando do cérebro em si, mas de suas configurações eletroquímicas e neuronais que formam nossos sentimentos, lembranças, personalidade, instintos, etc que formariam a nossa consciência, ou seja, o nosso "eu". Então a coisa seria mais ou menos assim: Um homem em idade avançada e com a saúde física debilitada poderia então transplantar sua consciência para um corpo jovem, talvez clone dele, porém desprovido de mente. Assim, ele poderia dormir como um velho e acordar em um corpo onde tudo seria novo (inclusive o cérebro). Dessa forma, sua consciência seria preservada e a repetição desse processo poderia em teoria possibilitá-lo viver "para sempre". Esta idéia é bem representada nos filmes "Freejack" (com Emílio Estevez) e "O sexto dia" (com Arnold Schwarzeneger).

Agora, imagine se, ao invés da consciência do sujeito fosse "recortada" (tranplantada de um corpo para outro), ela fosse "copiada", ou seja, uma cópia da mente do sujeito fosse implantada em outro corpo permanecendo o sujeito original intacto. Neste caso, qual dos dois sujeitos seria o "eu" original? O que teve a mente copiada? O clone? Ou os dois?
Será que existiria dois "eus", ou apenas um? Como isso seria? Pensem bem: Os dois teriam as mesmas lembranças, personalidade e sentimentos. Cada um se acharia o próprio "eu". Então, como fica? Se fizessem uma "cópia mental" de você, quem seria o você consciente: Você (o "original") ou o seu clone?
Se por acaso alguém achar que apenas o sujeito "original" manteria a antiga consciência do "eu", enquanto o clone seria como se fosse uma outra pessoa, então nesse caso a cópia e/ou transferência de consciência não ocorreria. Isto não apenas impossibilitaria a possibilidade de viver indefinidamente por esse método, mas implicaria que a consciência não seria apenas uma mera configuração neuronal passível de cópia, mas algo "inato" e intrasferível (além de estranho e imcompreensível). Este modo de pensar daria margens para a admissão de algo como uma "alma" sendo responsável pela consciência.

Então, o que acham sobre o caso do clone de consciência? Como ficaria?

Bom, acho que já dei indiretamente minha opinião no "post" anterior. A consciência, o "eu", não parece ser pensamento, memória, emoções, etc... Acredito que a consciência seja algo independente, de outra natureza, e inclusive capaz de ser um "observador externo e desinteressado" de todas estas funções do cérebro citadas.

Offline calvino

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Re:Sobre o cérebro humano
« Resposta #395 Online: 27 de Julho de 2010, 12:04:25 »
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Maior nível de escolaridade protege cérebro contra sintomas de demência


Diversos estudos indicam que quanto maior o nível de escolaridade, menor o risco de uma pessoa sofrer de demência. Mas uma nova pesquisa publicada na revista Brain sugere que os mais estudados têm o cérebro tão afetado por doenças neurodegenerativas quanto os demais. A diferença é que, nesses pacientes, as manifestações físicas da demência são mais brandas.

Os cientistas analisaram o cérebro de 872 pessoas envolvidas em três grandes estudos europeus sobre o envelhecimento que, antes de morrer, preencheram questionários sobre seu nível de educação, o momento em que abandonaram a escola e se frequentaram a universidade ou não. A única diferença significativa encontrada entre aqueles com maior grau de escolaridade foi o tamanho do cérebro. Cada ano adicional de estudo resultou numa chance 10% maior de o órgão estar no seu tamanho máximo na hora da morte, ou seja, ter perdido menos neurônios.

"Nosso estudo mostra que o ensino durante a juventude permite que algumas pessoas lidem com muitas mudanças em seus cérebros antes de apresentarem sintomas de demência", afirmou a pesquisadora da Universidade Cambridge Hanna Keage.

Uma educação mais avançada, continua Hanna, não está relacionada a diferenças nos danos ao cérebro, mas as pessoas que estudaram por mais tempo se mostram capazes de lidar melhor com tais danos.

Para o neurologista Cícero Coimbra, da Universidade Federal de São Paulo, isso pode ser explicado pelo fato de que novos neurônios são produzidos quando aprendemos uma nova habilidade. "O cérebro possui células-tronco que, quando estimuladas, transformam-se em novos neurônios. Esse processo pode ocorrer a qualquer momento da vida, mesmo com 90 anos", diz.

Esse novos neurônios, diz Coimbra, migram para as áreas do cérebro que normalmente são mais utilizadas pela pessoa. Isso ajudaria a repor as células nervosas afetadas pela doença.

A geriatra Rossana Funari, do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, explica que em pessoas com baixa escolaridade, principalmente naquelas que realizam atividades mecânicas, a parte do cérebro em atividade é menor. Por isso, quando essas pessoas são afetadas por doenças neurodegenerativas, os sintomas aparecem mais rápido. "Além disso, é mais difícil fazer o diagnóstico de demência em pessoas com mais escolaridade, pois elas sabem disfarçar mais os sintomas", conta.

A demência está relacionada à morte de neurônios. Entre as causas estão problemas vasculares, alterações metabólicas, tumores e infecções. Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 35 milhões de pessoas sofram com o problema, número que deve crescer com o envelhecimento da população. Como não há tratamentos eficazes, o desenvolvimento de maneiras de prevenir a demência está se tornando cada vez mais importante para os governos de todo o mundo. "Países em desenvolvimento, como o Brasil, vão sofrer mais, por causa da baixa escolaridade de sua população", alerta Rossana. / COM REUTERS


PRESTE ATENÇÃO

1. Intelecto. Manter um alto nível de atividade intelectual ajuda a proteger o cérebro. Vale quebra-cabeça, jogos, palavras cruzadas, novos idiomas.

2. Risco. Pesquisas indicam que a diabete tipo 2 e a hipertensão aumentam o risco de desenvolver alguns tipos de demência, como Alzheimer.

3. Alimentação. Uma dieta saudável auxilia na prevenção. Recomenda-se ingerir peixes, frutas, legumes, vegetais e ácidos graxos ômega 3.

4. Emoções. Tanto o estresse quanto a depressão bloqueiam a síntese de novos neurônios e aceleram a manifestação de demências.

5. Incidência. Em todo o mundo, o Alzheimer, um dos principais tipos de demência, afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos.


Fonte: http://migre.me/10hTj
 
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Offline Geotecton

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Re:Sobre o cérebro humano
« Resposta #396 Online: 27 de Julho de 2010, 13:30:30 »
Dado o meu QI elevadíssimo eu felizmente não terei problemas de..... dããã..... hunn..... aquela cadeira está me olhando de um jeito muito, mas muito esquisito! :biglol:
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Offline Wolfischer

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Re:Sobre o cérebro humano
« Resposta #397 Online: 28 de Julho de 2010, 21:26:05 »
Espero que minha escolaridade e educação complementar continuada e multifacetada permitam-me chegar à modesta idade de 120 anos em bom estado.

Offline calvino

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Re:Sobre o cérebro humano
« Resposta #398 Online: 29 de Julho de 2010, 00:47:04 »
já eu, 65, 70 no máximo está ótimo.
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Offline Unknown

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Pesquisadores identificam parte crucial da arquitetura do cérebro
« Resposta #399 Online: 28 de Dezembro de 2010, 02:04:06 »
Pesquisadores identificam parte crucial da arquitetura do cérebro

Trabalhando com tecido cerebral humano removido numa cirurgia, pesquisadores identificaram os componentes de uma parte crucial da arquitetura do cérebro: a sinapse --ou a junção onde um neurônio se conecta a outro.

O trabalho deve ajudar a entender como a sinapse funciona no estabelecimento de memórias, assim como a base das muitas doenças causadas por defeitos no delicado mecanismo das sinapses.

A equipe de pesquisa, conduzida por Seth Grant do Instituto Sanger, próximo a Cambridge, Inglaterra, compilou o primeiro inventário exato de todos os componentes protéicos do mecanismo sináptico de processamento de informações. Nada menos que 1.461 proteínas são envolvidas nesse mecanismo biológico, segundo relatam na edição atual de "Nature Neuroscience".

Eles amarraram seu catálogo à sequência do genoma humano, conectando cada proteína ao gene que contém instruções para sua produção. Isso lhes permitiu comparar suas descobertas em humanos com outras espécies cujos genomas já foram sequenciados, como o Neandertal. "[Ele] teria sofrido da mesma variedade de doenças psiquiátricas que os humanos'', afirmou Grant.

Cada neurônio no cérebro humano faz uma média de mil conexões com outros neurônios. Temos mais de 100 bilhões de neurônios, então o cérebro provavelmente contém 100 trilhões de sinapses - sua peça mais crucial de funcionamento.

Ao lado de uma sinapse do neurônio que está transmitindo, um sinal elétrico chega e libera pacotes químicos. Os químicos se espalha rapidamente ao longo do intervalo entre os neurônios, e chega aos receptores na superfície do neurônio que está recebendo.

Esses receptores alimentam o sinal recebido a um delicado complexo de máquinas protéicas, que processam e armazenam a informação.

O complexo de proteínas envolvido nesse processamento de informações é conhecido por anatomistas como "densidade pós-sináptica", pois as proteínas se unem como uma bolha visível. Mas o nome faz pouca justiça à sua função crucial.

Os 1.461 genes que especificam essas proteínas sinápticas constituem mais de 7% dos 20 mil genes de codificação de proteínas do genoma humano, uma indicação da complexidade e da importância da sinapse.

Grant acredita que as proteínas estejam provavelmente unidas para formar diversas máquinas biológicas, que processam a informação e alteram as propriedades físicas do neurônio como forma de estabelecer uma memória.

DOENÇAS

As tolerâncias dessas máquinas parecem ser muito suaves, pois quase qualquer mutação nos genes subjacentes leva a uma proteína disforme e, consequentemente, a doenças. Observando uma lista padrão de doenças mendelianas, que são aquelas causadas por alterações num único gene, a equipe de Sanger descobriu que as mutações em 169 dos genes sinápticos levavam a 269 doenças humanas diferentes.

O novo catálogo de proteínas sinápticas deve abrir uma nova e importante janela às doenças mentais, disse Jeffrey Noebels, especialista na genética da epilepsia da Faculdade de Medicina Baylor. "Nós podemos entrar lá, buscar sistematicamente por caminhos de doenças e encontrar alvos que possam ser atacados com medicamentos."

As doenças mendelianas, aquelas que Grant relacionou ao seu grupo de genes sinápticos, são --em sua maioria-- raras e obscuras, mas elas podem acabar se sobrepondo às doenças mentais comuns em termos de seus sintomas e caminhos de causa, caso em que alguns tratamentos também poderiam se sobrepor.

O tecido cerebral analisado pela equipe de Grant foi extraído por um cirurgião, Ian Whittle, da Universidade de Edimburgo. Para atingir certas regiões profundas do cérebro, ele teve de remover um fino tubo de tecido --que, com o consentimento do paciente, foi imediatamente congelado e enviado a Grant.

http://www1.folha.uol.com.br/ciencia/851236-pesquisadores-identificam-parte-crucial-da-arquitetura-do-cerebro.shtml

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