1) Estou num labirinto, e tenho de escolher uma das três portas da sala.
Não existem razões para escolher qualquer uma delas, por isso a escolha será irracional. Mas se quero atingir a saída do labirindo, a atitude racional é fazer uma escolha. Posso usar um sistema metódico por tentativas, ou seja, faço uma busca por algoritmo ou heurística (os computadores fazem isso). Apesar das escolhas serem irracionais, não existe fé na escolha, pois será indiferente em relação às outras escolhas. Um céptico faz decisões irracionais.
2) Posso gostar muito de uma comida em particular. Sinto adrenalina em várias situações, sinto prazer em ver filmes (inclusivé os violentos) e tenho desejos sexuais.
Não houve racionalização para esses sentimentos, não encontrei razões para tê-los, por isso são irracionais. Se quero comer, recordo-me das experiências sobre a situação e sigo os passos semelhantes. Muitas vezes as acções são automizadas, e deixam de ser quando é encontrada uma situação nova.
Gosto de gelados e chocolate, mas devido à minha doença não posso comê-los. Também não ando a violar e a violentar as pessoas.
3) Os dogmas, por natureza, são irracionais.
Apesar de um fanático ser dogmático, ele pode ser muito racional.
Para fazer proseletismo com uma razoável taxa de sucesso é preciso aprender com a experiência e raciocionar sobre o melhor método para a situação encontrada. Há até manuais e cursos para o efeito.
Um fanático suicida pode ser muito inteligente, conhecendo com profundidade a tecnologia que manipula. Os "kamikazes" que atingiram as torres gémeas sabiam pilotar aviões e tiveram de ser muito calculistas para conseguirem os seus intentos.
4) Na aprendizagem há crenças provisórias. O indivíduo acredita que há determinado efeito se agir de algum modo, e faz uma experiência para confirmar (como em 1) ). Ou pode ter uma determinada crença por ter feito determinada observação.
Ao fazer várias experiências com sucesso, a crença torna-se mais forte, e é feita generalizações. Se houver insucessos, a crença é alterada e torna-se mais fraca.
http://en.wikipedia.org/wiki/Fuzzy_logic5)
Não dá para saber tudo, conhecer tudo, entender tudo. A gente, geralmente, se especializa em uma área. E existem milhares.
E se eu for pensar, comparar as coisas que entendo, pelo menos um pouco, com as que não tenho informação suficiente para entender, eu sou uma pessoa de muita fé.

Não podemos experimentar tudo, por isso
acreditamos na palavra de pessoas que supostamente fizeram essa experiência (temos fé nas pessoas).
Supostamente, uma ideia de um cientista é avaliada por outros cientistas com a mesma especialização, ou até mesmo por outros ramos com relação à ideia, e podem revelar enganos e fraudes. A polémica causada por Woo-Suk Hwang é um exemplo recente. Assumimos que assim seja, e em princípio acreditamos nos cientistas.
Mas isso não significa que acreditamos incondicionalmente. Muitos de nós interessamo-nos sobre determinados assuntos, e investigamos com alguma profundidade sobre eles. Também há imensos assuntos que não dominamos, mas que ouvimos dizer que há erros; nesse caso um céptico examina. Muitos de nós escrevemos no fórum sobre assuntos que não dominamos.

6) Não acreditamos apenas em especialistas.
Muitas vezes temos de colocar uma certa medida de fé nas pessoas que socializamos. Por exemplo, se temos um projecto com um grupo, agimos como se tivéssemos um certo grau de fé nas pessoas. O peso dessa fé aumenta consoante a experiência e credibilidade mostrada pelas pessoas. Essa fé é racionalizada, pois é pragmática.
Também há muitas situações que temos de nos sujeitar a outrém, como o médico, o bombeiro, e até mesmo quando a única ou melhor maneira de nos salvarmos é pelos outros. Essa é também uma fé racional.