Oie. Erivelton, essa msg ficou meio grande, mas vamos lá!
Forma, tamanho e função de alguma estrutura são determinas por dois fatores, genéticos e ambientais. Por exemplo, os genes de um indivíduo determinam que ele terá um tamanho X, mas esse só será alcançado se o ambiente fornecer os nutrientes básicos pra isso; a forma geral do organismo, como citei no último post, é determinado por um grupo de genes chamados homeoboxes, além de uma série de outros genes que codificam diferentes proteínas estruturais, por exemplo, actina, miosina, colágeno, queratina, quitina, e outras. A função já é diferente, pois nem sempre uma estrutura possui uma função, ela surge simplesmente, algumas vezes por acidente, se é deletéria, é eliminada, se vantajosa, permanece. Um exemplo disso é o famoso “polegar” do panda, que é uma aberração no desenvolvimento de um osso das mãos e torna os movimentos desse bicho bastante limitados, mas o organismo arrumou uma função alternativa pra ele. Essa seria a pressão seletiva. A pressão exercida numa determinada característica que faz que ela seja mantida ou não.
Tudo indica que o andar característico do homem, o bipedalismo, é consequencia da complexidade de nosso cérebro e sistema nervoso em geral. É bom lembrar que, embora sejamos os únicos mamíferos exclusivamente bípedes, outros animais também usam o bipedalismo para facilitar o manuseio de ferramentas, ou durante a defesa! Esse bipedalismo facultativo é bastante comum em Grandes macacos (ou seja, orangotango, chimpanzé e gorila), mas seus joelhos são muito afastados para favorecer esse andar durante mais tempo. Os óssos de um ascestral Astralopithecus afarensis, mostram um padrão de joelhos bastante similar ao de chimpanzés; já de Homo erectus mostra mais similaridades como os nossos joelhos, com eixo voltado pra frente. Se você lembrar que um indivíduo com características de corredor tem mais facilidade de sobreviver na savana africana, irá entender melhor esse processo.
A. afarensis embora vivesse mais em terra que em árvores, ainda tinha o meio arbóreo pra se defender de predadores, mas à medida que alguns indivíduos apresentaram diferenciação no modo nos joelhos e pés, aos poucos perderam seu meio natural, mas em compensação liberaram os braços pra construir ferramentas, com o aumento do eixo corporal (agora vertical), agora poderam ter mais visão de predadores e caças, e poderam usar as pernas pra conquistar áreas cada vez maiores. Um dado interessante é que, a partir do momento em que observamos mudanças nos fósseis, da forma bípede facultativa (como a Lucy), e totalmente bípede, como H.erectus, percebemos maior dispersão ao longo do globo.
Mas apesar disso, inda sofremos as conseqüências de um rápido bipelismo: nossa coluna vertebral com os anos acumula uma série de lesões, principalmente nos discos intervertebrais, algumas dessas lesões pressionam os nervos, e normalmente ficam mais achatados no final do dia; embora passamos mais tempo em pé do que as outras espécies, precisamos descansar nossas pernas e coluna vertebral várias vezes; nosso desenvolvimento do sistema nervoso e o andar bípede é relativamente lento no Homem; a coluna e pernas de um bebê humano demoram cerca de 1,6 ano pra obter uma relativa rigidez.