OK. Compreendo. Mas, as antigas verdades eram tidas como certa por muita gente, não?
Só por aquelas que não entendiam o processo científico
Eu vejo muito cético dizendo "então prove isso, prove aquilo", mas uma prova ciêntifica não garante 100% de certeza, porque ela pode virar uma antiga verdade, certo?
Acho que você está confundindo duas coisas aqui - certeza com verdade e evidência experimental com fato acabado.
O cientista observa um fenômeno e tenta enquadrá-lo numa teoria. A partir dessa teoria ele pode fazer previsões sobre coisas que ainda não foram observadas. Se mais tarde essas previsões se confirmarem, a teoria ganha força e, vá lá, um status de "certeza".
Para ilustrar, considere a física de Newton. Ele observou a queda dos corpos e deduziu a lei da Gravitação Universal e as leis do Movimento, usada não apenas para descrever os corpos aqui na Terra, mas também os movimentos dos astros no céu. As previsões da teoria de Newton foram se confirmando uma a uma por mais de duzentos anos. Mas não eram capazes de explicar uma anomalia na órbita de Mercúrio, por mais que se tentasse. Faltava algo.
Veio Einstein e realizou uma correção na mecânica newtoniana. Explicou a anomalia de Mercúrio. Newton estava errado? Não! Pois a mecânica newtoniana continua a dar resultados compatíveis com as observações cotidianas. Mas a mecânica relativista de Einstein é mais precisa. E as previsões de Einstein - como verificadas no eclipse de Sobral, por exemplo - tornaram a Relatividade muito bem aceita.
Newton não é uma "velha verdade". É uma boa teoria, que sofreu um ajuste e continua tão válida hoje como sempre foi. Tanto que o movimento dos planetas continua sendo previsto com precisão de frações de segundo.
Em contrapartida, a teoria do flogisto caiu completamente por terra, como caíram também o Lamarckismo e o Lisenkoismo na Biologia. E caíram por quê? Porque suas previsões falharam em se confirmar através da experimentação e observação. Nesse sentido, elas também não eram "velhas verdades", porque nunca foram verdadeiras para começar.
Então, não posso nunca afirmar, com segurança, que o que está "provado" é verdade. Certo?
Einstein dizia que 100 experimentos com sucesso não poderiam confirmar a Relatividade, enquanto que apenas um bastaria para mostrar que ela estava errada em algum detalhe.
Isso vale para qualquer teoria. Isso ilustra o mecanismo de auto-correção da ciência. Quando se descobre que uma coisa nova que não se encaixa no modelo, lá vamos nós corrigir o modelo para que ele possa explicar essa coisa nova.
A grande força da ciência é essa: o modelo tem que ser escravo da observação, nunca a observação ser distorcida para se encaixar no modelo.
Partindo disso, posso dizer que não existe uma verdade absoluta, mas sim hipoteses bem fundamentadas?
De novo, você confunde as coisas.
Nenhuma teoria se pretende A Verdade Final e Absoluta. Isso é dogma, não ciência. Toda teoria, por mais que seja fundamentada pela observação pode ser, no máximo, uma aproximação da verdade.
Agora, se existe ou não uma tal coisa como Verdade Absoluta, é uma questão que eu deixo aos Filósofos