Sobre a Hidroencefalia - ela não é uma doença tão extrema quanto a anencefalia, mas talvez seja muito mais cruel. Mas mesmo a anencefalia, que _normalmente_ mata o bebê antes dele nascer, pode levar a bebês que sobrevivem por horas, dias, ou em casos extremos até mesmo por doze anos.
Nem quero pensar no sofrimento que deve ser observar seu filho existir por doze anos sem ter chance nem de viver nem de morrer
e suspeito que é pior ainda para os pais de crianças com hidroencefalia, porque é basicamente a mesma situação, só que ainda menos definida e com a possibilidade da criança interagir com outros, ainda que de forma muito deficiente.
Acho que o melhor tratamento para problemas congênitos tão graves quanto essas duas doenças é, por uma questão de simples DECÊNCIA, maciçamente preventivo. Na medida em que for possível detectar probabilidades de má-formação (por exemplo, por predisposição genética) os pais em potencial devem ser amplamente informados e assessorados psicologicamente para fazerem a escolha mais lúcida possível. Não é vergonha nenhuma tentar evitar uma gravidez que tem chance maior do que a média de resultar em uma concepção trágica. Isso só não pode é ser imposto aos pais contra a vontade deles.
Voltando ao assunto aborto, me ocorreu que eu não sou favorável ao ato em si, pois acho sua moralidade duvidosa, ou pelo menos questionável. Mas sou ainda menos favorável ao uso de meios legais para reprimi-lo. Se a lei não se mete na minha decisão de tirar ou manter os dentes sisos, menos direito ainda tem de me dizer que eu não tinha o direito de escolher passar pela nada agradável experiência do aborto.