Como dizia o saudoso Sagan, "Ausência de evidência não é evidência da ausência." A única conclusão que se pode tirar da falta de evidência é que faltam evidências.
E você pode cobrar evidências do monstro do lago Ness ou do Chupa-cabra porque embora sejam entidades fantásticas, eles são seres materiais. Mas Deus, como eu disse, é o ad hoc dos ad hocs, ele é imaterial, invisível e indectável por definição. Ele mora em outra dimensão. É como o dragão invisível na garagem, para todos os efeitos práticos ele não existe. Mas você não pode cobrar evidências de Deus porque quando você fala em Deus está incluído no pacote a sua propriedade de ser indetectável.
O que eu penso disso? Eu penso que a hipótese Deus é uma tremenda desonestidade intelectual e um golpe sujo contra a razão. Ele se sustenta em falácias, mas o fato de um argumento ser falacioso não quer dizer necessariamente que ele está errado. Embora eu ache Deus uma tremenda viagem, um produto da ignorância e do medo, uma criação da imaginação do homem, nada disso quer dizer que ele não existe.
Aliás, eu não posso dizer nem que ele é improvável, afinal eu não sei como é que funcionam os bastidores do universo. A propósito, no tópico "Subvertendo o Clube Cético" você me criticou por afirmar que vida complexa fora da Terra deve ser bem improvável dizendo que só conhecemos a Terra como exemplo de planeta com vida. Da mesma forma nós só conhecemos o nosso universo como modelo de universo, então como podemos afirmar se Deus é improvável ou não?
Na verdade a idéia da existência de Deus não é nem tão ilógica assim, é até intuitiva, as pessoas pensam: "O universo existe. Ele deve ter surgido de algum lugar, mas de onde? Acho que alguém o criou." Simples assim.
Minha crítica a esse raciocínio é que Deus é um complicador a mais, não precisamos dele para explicar as coisas. Sendo bastante simplista, se saímos de um ponto de complexidade zero (o nada) e chegamos a um ponto de complexidade finita (o universo), não precisamos de um ponto de complexidade infinta no meio (Deus). Mas como eu já disse, Deus é um conceito muito flexível, afinal, não precisamos que ele tenha complexidade infinita mesmo... Dá para criar um Deus ao gosto do freguês que possa servir de intermediário para a criação. O motivo de eu não acreditar nele é o princípio da parcimônia, a navalha de Occam. Para quê complicar? Simplifique!
Mas a navalha de Occam não é prova da inexistência de Deus, é só um bom motivo para não acreditar nele. Então eu não tenho base nenhum para dizer categoricamente para alguém que o que quer que seja que ele chama de Deus não pode ter usado sua mão invisível para guiar todos os passos da origem e da evolução do universo. Eu também não posso dizer que não tem um duende invisível e sem massa sobre meu ombro, afinal, se eu não vejo e não sinto nada sobre meu ombro isso ainda não contradiz em nada a hipótese do duende. Mas eu continuo não acreditando nele.