Muito do que aqui tenho lido faz-me lembrar certos circulos teistas fundamentalistas.
A inflexibilidade, o rápido julgamento, a avaliação precipitada do carácter de uma pessoa em função dos seus actos sem fazer a mínima ideia de quais foram as causas.
Lena, será que você não está esperando demais de uma discussão sobre um tema moral como a traição em um ambiente eminentemente impessoal como um fórum PHP?
Nós não temos condições de avaliar os contextos - aliás, acho que praticamente nenhum de nós tem, independentemente da postura que assuma diante da questão. Penso eu que há neste tópico tanto preconceito no sentido de relativizar e justificar a traição quanto de condená-la.
Nem poderia ser diferente tendo apenas alguns parágrafos de texto e nossas próprias histórias de vida para basear nossas colocações e opiniões.
É claro que o caráter de uma pessoa deve ser julgado, e é igualmente claro que para tal se deve observar seus atos. Nada mais natural ou adequado.
Oh sim, o contexto e a história contam e muito, concordo. E as causas dificilmente serão compreendidas por alguém de fora. Eu sei disso até por sentir na pele.
Mas ainda assim, se o tema em questão é traição, não vejo como se poderia deixar a questão da validade moral de lado. E não vejo tampouco como se poderia compreender devidamente o contexto e as causas sem uma vivência pessoal.
Parte-se do pouco que se sabe e especula-se sobre o resto, inventam-se conjecturas, constroem-se cenários, generaliza-se, conclui-se e, por último, dá-se a sentença. Interessante…
Isso aconteceu nos dois sentidos, como eu já disse; foi feita a condenação da traição (o que não deveria surpreender a ninguém que conheça o conceito de traição) e foi feita (antes até) a apologia da mesma.
Ambas são sentenças impessoais e precipitadas. E de fato, pouco valor tem diante das situações concretas e complexas que se encontra.
Mas o que mais poderia razoavelmente acontecer em um tópico de fórum?
Não é nada que não se esperasse. Gostaria somente que fizessem uma pequena reflexão sobre a validade dos julgamentos praticados.
Estimo sinceramente que os que aqui usam de tanta inflexibilidade nunca tenham de praticar a maior de todas as infedilidades - trair-se a si próprio.
Por que você condena a inflexibilidade apenas? A relativização moral não é igualmente condenável?