Autor Tópico: Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas  (Lida 1016110 vezes)

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Offline SnowRaptor

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10851 Online: 12 de Novembro de 2013, 02:23:58 »
Quando digito clube ceitico no google e clique no link correto do clube cético, encontrado pelo google, o administrador deste site sabe que vim do buscador google, e pesquisei pelo nome clube ceitico.

Se por acaso eu recebo um email de um forista, com o link do clube cético, e clico neste link, o administrador recebe alguma informação com algum dado do meu e-mail? Tipo, dá para saber se vc veio do asdfasdf@hotmail.com?

Nunca vai aparecer seu endereço. Pode ser que apareça que você veio direcionado do hotmail.com, mas isso depende do jeito que seu servidor de email est[a configurado para mostrar os links. A maioria "oculta" a origem, então parece ou um proxy maluco tipo feedproxy.com ou comose o usuário tivesse digitado na barra de endereços, mesmo.

Mas nunca vai msotrar seu endereço de email. São coisas completamente diferentes.
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
arte.”

-- François Jacob, 1997

Offline Bolsonaro neles

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10852 Online: 12 de Novembro de 2013, 10:14:57 »
Como a seleção natural privilegiou o cérebro humano?

Esse maeu avatar é uma ilustração do homo sapiens idaltu. O homo imediatamente anterior a sapiens sapiens, que viveu há 100 mil anos atrás. Ele teria uma suposta inteligência inferior. Ora, se em 100 mil anos ele evoluiu para o sapiens sapiens, será que daqui há uns 10 mil anos não estaremos mais inteligentes que hoje? Pelo menos 10% da diferença entre o sapiens idaltu e o sapiens sapiens.

Isso quer dizer que os menos inteligentes serão eliminados? Mesmo com nossas políticas sociais que são altamente tolerantes com pessoas portadoras de deficiência mental?

Acho que a tecnologia impede a seleção natural nos homens...

Offline Mussain!

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10853 Online: 12 de Novembro de 2013, 10:44:01 »
Advogado é mesmo um saco... Lamento que ao entrar em contato com meu advogado via e-mail (Só assim pra falar com o infeliz), ele me informou valores da sentença um pouco equivocado rsrsrsrsrs.... Bem menos do que realmente saiu... A desgraça já ta de olho no meu dinheirinho...

Só que... Maldita internet que me faz ter a sentença completa do juiz, assim como quase todos os documentos envolvidos no meu processo, e já saiba de tudo rsrsrsrs. O e-mail para ele foi só um teste, já que não confio no infeliz.

Agora uma coisa que eu nao sabia e li na senteça do juiz: Deve-se pagar apenas 15% sobre o valor da condenação. Só que desde o início ele me fez assinar um acordo de 30%.

Alguém aí sabe dizer se isso ta certo mesmo?



Ah, fora que a causa era para ser o dobro, só não foi porque o bendito não me disse que podia levar cartas, ao invés das testemunhas que estavam inibidas.... Só fiquei sabendo conversando com outro advogado no último dia para fechar tudo....



« Última modificação: 12 de Novembro de 2013, 10:47:21 por Mussain! »

Offline Diegojaf

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10854 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:13:23 »
Advogado é mesmo um saco... Lamento que ao entrar em contato com meu advogado via e-mail (Só assim pra falar com o infeliz), ele me informou valores da sentença um pouco equivocado rsrsrsrsrs.... Bem menos do que realmente saiu... A desgraça já ta de olho no meu dinheirinho...

Só que... Maldita internet que me faz ter a sentença completa do juiz, assim como quase todos os documentos envolvidos no meu processo, e já saiba de tudo rsrsrsrs. O e-mail para ele foi só um teste, já que não confio no infeliz.

Agora uma coisa que eu nao sabia e li na senteça do juiz: Deve-se pagar apenas 15% sobre o valor da condenação. Só que desde o início ele me fez assinar um acordo de 30%.

Alguém aí sabe dizer se isso ta certo mesmo?



Ah, fora que a causa era para ser o dobro, só não foi porque o bendito não me disse que podia levar cartas, ao invés das testemunhas que estavam inibidas.... Só fiquei sabendo conversando com outro advogado no último dia para fechar tudo....

Os honorários de sucumbência são diferentes dos honorários contratuais. Se você assinou, 30% do valor da causa, são 30% do que você ganhou. Os 15% são da outra parte, da sucumbência.

Não é golpe, é assim mesmo.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

http://umzumbipordia.blogspot.com - Porque a natureza te odeia e a epidemia zumbi é só a cereja no topo do delicioso sundae de horror que é a vida.

Offline Mussain!

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10855 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:29:19 »
Ahhhhhh bom.

Cara, eu to putinho aqui... O cara cobrou coisa que eu nem pedi, informou pagamentos que eu recebi como se não tivesse recebido, não me informou que eu poderia levar uma carta assinada pelas testemunhas, esse cara me fudeu  :lol:

Offline Diegojaf

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10856 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:33:38 »
Ahhhhhh bom.

Cara, eu to putinho aqui... O cara cobrou coisa que eu nem pedi, informou pagamentos que eu recebi como se não tivesse recebido, não me informou que eu poderia levar uma carta assinada pelas testemunhas, esse cara me fudeu  :lol:

E foi você quem pagou... você é praticamente uma prostituta russa. :)
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Offline Mussain!

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10857 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:34:27 »
Advogado é mesmo um saco... Lamento que ao entrar em contato com meu advogado via e-mail (Só assim pra falar com o infeliz), ele me informou valores da sentença um pouco equivocado rsrsrsrsrs.... Bem menos do que realmente saiu... A desgraça já ta de olho no meu dinheirinho...

Só que... Maldita internet que me faz ter a sentença completa do juiz, assim como quase todos os documentos envolvidos no meu processo, e já saiba de tudo rsrsrsrs. O e-mail para ele foi só um teste, já que não confio no infeliz.

Agora uma coisa que eu nao sabia e li na senteça do juiz: Deve-se pagar apenas 15% sobre o valor da condenação. Só que desde o início ele me fez assinar um acordo de 30%.

Alguém aí sabe dizer se isso ta certo mesmo?



Ah, fora que a causa era para ser o dobro, só não foi porque o bendito não me disse que podia levar cartas, ao invés das testemunhas que estavam inibidas.... Só fiquei sabendo conversando com outro advogado no último dia para fechar tudo....

Os honorários de sucumbência são diferentes dos honorários contratuais. Se você assinou, 30% do valor da causa, são 30% do que você ganhou. Os 15% são da outra parte, da sucumbência.

Não é golpe, é assim mesmo.

Ei, ei, peraê. No total são 30 + 15 que vou perder nesse história?

Offline Diegojaf

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10858 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:37:05 »
Advogado é mesmo um saco... Lamento que ao entrar em contato com meu advogado via e-mail (Só assim pra falar com o infeliz), ele me informou valores da sentença um pouco equivocado rsrsrsrsrs.... Bem menos do que realmente saiu... A desgraça já ta de olho no meu dinheirinho...

Só que... Maldita internet que me faz ter a sentença completa do juiz, assim como quase todos os documentos envolvidos no meu processo, e já saiba de tudo rsrsrsrs. O e-mail para ele foi só um teste, já que não confio no infeliz.

Agora uma coisa que eu nao sabia e li na senteça do juiz: Deve-se pagar apenas 15% sobre o valor da condenação. Só que desde o início ele me fez assinar um acordo de 30%.

Alguém aí sabe dizer se isso ta certo mesmo?



Ah, fora que a causa era para ser o dobro, só não foi porque o bendito não me disse que podia levar cartas, ao invés das testemunhas que estavam inibidas.... Só fiquei sabendo conversando com outro advogado no último dia para fechar tudo....

Os honorários de sucumbência são diferentes dos honorários contratuais. Se você assinou, 30% do valor da causa, são 30% do que você ganhou. Os 15% são da outra parte, da sucumbência.

Não é golpe, é assim mesmo.

Ei, ei, peraê. No total são 30 + 15 que vou perder nesse história?

Não. Os 30% você vai pagar porque assinou no contrato. Os 15% quem paga é a outra parte.
"De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto." - Rui Barbosa

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10859 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:41:54 »
Ai, que alívio kkkkkkkkkk

Offline Mussain!

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10860 Online: 12 de Novembro de 2013, 11:52:29 »
Advogado é mesmo um saco... Lamento que ao entrar em contato com meu advogado via e-mail (Só assim pra falar com o infeliz), ele me informou valores da sentença um pouco equivocado rsrsrsrsrs.... Bem menos do que realmente saiu... A desgraça já ta de olho no meu dinheirinho...

Só que... Maldita internet que me faz ter a sentença completa do juiz, assim como quase todos os documentos envolvidos no meu processo, e já saiba de tudo rsrsrsrs. O e-mail para ele foi só um teste, já que não confio no infeliz.

Agora uma coisa que eu nao sabia e li na senteça do juiz: Deve-se pagar apenas 15% sobre o valor da condenação. Só que desde o início ele me fez assinar um acordo de 30%.

Alguém aí sabe dizer se isso ta certo mesmo?



Ah, fora que a causa era para ser o dobro, só não foi porque o bendito não me disse que podia levar cartas, ao invés das testemunhas que estavam inibidas.... Só fiquei sabendo conversando com outro advogado no último dia para fechar tudo....

Os honorários de sucumbência são diferentes dos honorários contratuais. Se você assinou, 30% do valor da causa, são 30% do que você ganhou. Os 15% são da outra parte, da sucumbência.

Não é golpe, é assim mesmo.

Ei, ei, peraê. No total são 30 + 15 que vou perder nesse história?

Não. Os 30% você vai pagar porque assinou no contrato. Os 15% quem paga é a outra parte.

Não teria como a Lua responder por mim caso eu precise outra vez não?  :lol:


Offline Dr. Manhattan

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10861 Online: 12 de Novembro de 2013, 12:08:49 »
Como a seleção natural privilegiou o cérebro humano?

Esse maeu avatar é uma ilustração do homo sapiens idaltu. O homo imediatamente anterior a sapiens sapiens, que viveu há 100 mil anos atrás. Ele teria uma suposta inteligência inferior. Ora, se em 100 mil anos ele evoluiu para o sapiens sapiens, será que daqui há uns 10 mil anos não estaremos mais inteligentes que hoje? Pelo menos 10% da diferença entre o sapiens idaltu e o sapiens sapiens.

Inteligência é algo um tanto complicado de definir. Se usarmos para propósito de discussão o critério do QI, que é um parâmetro objetivo, quer dizer, algo que realmente pode ser medido sem ambiguidade, e que parece estar correlacionado com aquilo que entendemos como inteligência, então essa "inteligência" já estaria crescendo, e rapidamente. Esse é o chamado "efeito Flynn", por causa do pesquisador que o descobriu. Até onde sabemos, ele é resultado de melhorias na educação, na alimentação e do fato de que as crianças de hoje vivem em um ambiente mais rico em informação (posso estar errado - esse assunto é um tanto controverso ainda). Assim, podemos dizer que sim, talvez o homem do futuro seja mais inteligente que o homem atual, mas isso não tem provavelmente nada a ver com a evolução por seleção natural - pois esse mecanismo costuma operar numa escala de milhões de anos.


Isso quer dizer que os menos inteligentes serão eliminados? Mesmo com nossas políticas sociais que são altamente tolerantes com pessoas portadoras de deficiência mental?

Ver acima.

Acho que a tecnologia impede a seleção natural nos homens...

Muita gente pensa assim, mas isso provavelmente é falso. Mas antes de tentar justificar essa afirmação, vale lembrar que evolução é diferente de aprimoramento. Os seres evoluem para se adaptar a um dado ambiente e a um dado nicho ecológico. O que é melhor para um dado contexto ambiental pode ser pior em outro. Além disso, a evolução não privilegia necessariamente a solução "ótima", ou seja, a melhor possível, mas sim a que permite que o ser deixe descendentes e supere a concorrência.

Agora, porque (creio eu) a tecnologia não impede a evolução? Porque esta não se baseia apenas na seleção natural. Existem outros mecanismos, como a deriva genética e a seleção sexual, que não necessariamente são afetados pela tecnologia. Vamos imaginar o seguinte cenário: vamos supor que todas as mulheres tenham controle sobre a escolha de seus parceiros sexuais e que elas os escolham de forma judiciosa. Em média, as mulheres (pelo menos as ocidentais) preferem homens mais altos, com cabelos lisos e morenos. Isso indica que, nesse cenário, haveria uma pressão seletiva por homens com esses traços. Outro cenário: existe uma correlação entre nível de escolaridade e renda, e atraso na reprodução (em outras palavras, pessoas com mais educação e dinheiro têm filhos mais tarde). Assim, conforme o nível de escolaridade e renda da população aumenta, haveria uma pressão seletiva por pessoas que se mantém férteis por mais tempo.
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Offline Gaúcho

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10862 Online: 13 de Novembro de 2013, 01:49:08 »
Amigo me mandou esse texto e achei interessante.

Citar
Excelente texto extraído do blog de Daniel Duclos, brasileiro que atualmente mora na Holanda. De uma lucidez impressionante.

A sociedade holandesa tem dois pilares muito claros: liberdade de expressão e igualdade. Claro, quando a teoria entra em prática, vários problemas acontecem, e há censura, e há desigualdade, em alguma medida, mas esses ideais servem como norte na bússola social holandesa.

Um porteiro aqui na Holanda não se acha inferior a um gerente. Um instalador de cortinas tem tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada impede de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem suas Heinekens juntos. Ninguém olha pra baixo e ninguém olha por cima. A profissão não define o valor da pessoa – trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado. Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”.

Profissões especializadas pagam mais, mas não muito mais. Igualdade social significa menor distância social: todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não há muito alto. Um lixeiro não ganha muito menos do que um analista de sistemas. O salário mínimo é de 1300 euros/mês. Um bom salário de profissão especializada, é uns 3500, 4000 euros/mês. E ganhar mais do que alguém não torna o alguém teu subalterno: o porteiro não toma ordens de você só porque você é gerente de RH. Aliás, ordens são muito mal vistas. Chegar dando ordens abreviará seu comando. Todos ali estão em um time, do qual você faz parte tanto quanto os outros (mesmo que seu trabalho dentro do time seja de tomar decisões).

Esses conceitos são basicamente inversos aos conceitos da sociedade brasileira, fundada na profunda desigualdade. Entre brasileiros que aqui vêm para trabalhar e morar é comum – há exceções -  estranharem serem olhados no nível dos olhos por todos – chefe não te olha de cima, o garçom não te olha de baixo. Quando dão ordens ou ignoram socialmente quem tem profissão menos especializadas do que a sua, ficam confusos ao encontrar de volta hostilidade em vez de subserviência. Ficam ainda mais confusos quando o chefe não dá ordens – o que fazer, agora?

Os salários pagos para profissão especializada no Brasil conseguem tranquilamente contratar ao menos uma faxineira diarista, quando não uma empregada full time. Os salários pagos à mesma profissão aqui não são suficientes pra esse luxo, e é preciso limpar o banheiro sem ajuda – e mesmo que pague (bem mais do que pagaria no Brasil a) um ajudante, ele não ficará o dia todo a te seguir limpando cada poerinha sua, servindo cafézinho. Eles vêm, dão uma ajeitada e vão-se a cuidar de suas vidas fora do trabalho, tanto quanto você. De repente, a ficha do que realmente significa igualdade cai: todos se encontram no meio, e pra quem estava no Brasil na parte de cima, encontrar-se no meio quer dizer descer de um pedestal que julgavam direito inquestionável (seja porque “estudaram mais” ou “meu pai trabalhou duro e saiu do nada” ou qualquer outra justificativa pra desigualdade).

Porém, a igualdade social holandesa tem um outro efeito que é muito atraente pra quem vem da sociedade profundamente desigual do Brasil: a relativa segurança. É inquestionável que a sociedade holandesa é menos violenta do que a brasileira. Claro que aqui há violência – pessoas são assassinadas, há roubos. Estou fazendo uma comparação, e menos violenta não quer dizer “não violenta”.

O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.

Eu, pessoalmente, acho excelente os dois efeitos. Primeiro porque acredito firmemente que a profissão de alguém não têm qualquer relação com o valor pessoal. O fato de ter “estudado mais”, ter doutorado, ou gerenciar uma equipe não te torna pessoalmente melhor que ninguém, sinto muito. Não enxergo a superioridade moral de um trabalho honesto sobre outro, não importa qual seja. Por trabalho honesto não quero dizer “dentro da lei” -  não considero honesto matar, roubar, espalhar veneno, explorar ingenuidade alheia, espalhar ódio e mentira, não me importa se seja legalizado ou não. O quanto você estudou pode te dar direito a um salário maior – mas não te torna superior a quem não tenha estudado (por opção, ou por falta dela). Quem seu paí é ou foi não quer dizer nada sobre quem você é. E nada, meu amigo, nada te dá o direito de ser cuzão. Um doutor que é arrogante e desonesto tem menos valor do que qualquer garçom que trata direito as pessoas e não trapaceia ninguém. Profissão não tem relação com valor pessoal.

Não gosto mais do que qualquer um de limpar banheiro. Ninguém gosta – nem as faxineiras no Brasil, obviamente. Também não gosto de ir ao médico fazer exames. Mas é parte da vida, e um preço que pago pela saúde. Limpar o banheiro é um preço a pagar pela saúde social. E um preço que acho bastante barato, na verdade.

Como vou fazer uma breve visita por lá, fiquei curioso sobre isso. Alguém que já passou/viveu/vive por lá (Oi, Snow!) confirma o que diz o texto?
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Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10863 Online: 13 de Novembro de 2013, 02:42:53 »
Como a seleção natural privilegiou o cérebro humano?

Esse maeu avatar é uma ilustração do homo sapiens idaltu. O homo imediatamente anterior a sapiens sapiens, que viveu há 100 mil anos atrás. Ele teria uma suposta inteligência inferior. Ora, se em 100 mil anos ele evoluiu para o sapiens sapiens, será que daqui há uns 10 mil anos não estaremos mais inteligentes que hoje? Pelo menos 10% da diferença entre o sapiens idaltu e o sapiens sapiens.

Isso quer dizer que os menos inteligentes serão eliminados? Mesmo com nossas políticas sociais que são altamente tolerantes com pessoas portadoras de deficiência mental?

Acho que a tecnologia impede a seleção natural nos homens...

Idaltu é de 150 mil anos atrás. Acho que não existe nenhuma "suposição" muito séria/universalmente aceita sobre sapiens idaltu ter sido significativamente menos inteligente. Na verdade não é nem bem como se fosse um grupo taxonômico "de verdade", nesse nível. Muitos, a maioria, deve considerar ele essencialmente idêntico aos humanos atuais (ou talvez apenas intermediário razoavelmente mais para o lado sapiens, comparado a outros espécimes classificados algumas vezes como sapiens arcaicos ou pré-sapiens), e até dentro da variação atual em inteligência. Existe alguma disputa sobre a natureza e origem do comportamento moderno, de qualquer forma, uns achando que foi mais súbita e recente (há 50 mil anos) e há quem ache que foi mais gradual, começando desde antes do sapiens idaltu, há 200 mil anos. Mas de qualquer forma não acho que o conhecimento da área seja útil a ponto de se poder tomar como referência para futura evolução da inteligência humana.


Não sei se existe uma explicação simples para a evolução da inteligência humana. Acho que de modo geral, era muito útil para "carnívoros obrigatórios" que tinham perdido força física, garras, e presas. E também pode ter havido significativo reforço por seleção sexual, se não tiver sido o papel principal ("a mente seletiva", de Geoffrey Miller).


A tecnologia pode relaxar a seleção natural, algum grau, ou certos aspectos. Mas não cessa completamente.

E tem mesmo quem tenha esse temor por "disgenia", acredita que a sociedade ruma para algo meio como o filme "idiocracia", numa versão realista.

Eu particularmente não sei, devem haver modelos indicando todas as possibilidades. A preocupação com disgenia talvez seja infundada pelos humanos aparentemente já praticarem esse tipo de solidariedade há bastante tempo (desde sapiens idaltu, ou até antes), e no entanto a inteligência parece só aumentar, ainda que o que se observa em décadas recentes não deva ter causas inatas, e não é mutuamente excludente a uma redução do potencial inato. Aqueles que questionavam a eugenia na época em que isso não era tão mal visto apontavam que as pessoas com deficiência mental, ou menos inteligência ainda normal, tendem a ter menos filhos, ou não ter filho algum.

Offline Buckaroo Banzai

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10864 Online: 13 de Novembro de 2013, 03:08:36 »
Agora, porque (creio eu) a tecnologia não impede a evolução? Porque esta não se baseia apenas na seleção natural. Existem outros mecanismos, como a deriva genética e a seleção sexual, que não necessariamente são afetados pela tecnologia. Vamos imaginar o seguinte cenário: vamos supor que todas as mulheres tenham controle sobre a escolha de seus parceiros sexuais e que elas os escolham de forma judiciosa. Em média, as mulheres (pelo menos as ocidentais) preferem homens mais altos, com cabelos lisos e morenos. Isso indica que, nesse cenário, haveria uma pressão seletiva por homens com esses traços. Outro cenário: existe uma correlação entre nível de escolaridade e renda, e atraso na reprodução (em outras palavras, pessoas com mais educação e dinheiro têm filhos mais tarde). Assim, conforme o nível de escolaridade e renda da população aumenta, haveria uma pressão seletiva por pessoas que se mantém férteis por mais tempo.

Esse último caso principalmente seria seleção natural "soft". Acho estranho se falar em "pressão". Acho que ficaria mais apropriado se pensar em "oportunidade", uma vez que outros genes não estão em desvantagem significativa/sofrendo seleção natural negativa.

Mas a tecnologia realmente causa uma situação de seleção relaxada, e isso deve dificultar um bocado a seleção, ainda mais a "soft", acho (realmente não sei). As populações são "inundadas" com mais diversidade genética, o que deve acabar interferindo com a seleção em algum grau, na medida que podem existir uma miríade de variações genéticas conferindo as mesmas hipotéticas vantagens e desvantagens, e com a complexidade das interações genéticas também multiplicada tremendamente. Isso é, não são só os alelos A, B e C que causam uma pequena vantagem reprodutiva, mas também variadas combinações de A a Z, algumas delas tendo também o efeito contrário, reduzindo a vantagem dos alelos que seriam vantajosos "sozinhos".

Offline Liddell Heart

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10865 Online: 13 de Novembro de 2013, 04:01:38 »
Na opinião de vocês, a ciência entende a realidade ou entende a sua realidade? Isto é, não há diferença entre o discurso científico (tradução de dados para os signos humanos) e a produção científica em si?

Aliás, a realidade científica é a mesma realidade percebida pelo ser humano?

Visualizar vida em objetos materiais é errado mesmo se meu conceito de vida não estiver relacionado ao conceito biológico, mas apenas à minha percepção de mundo?

Acho que essas são as maiores perguntas da filosofia da ciência (pós)moderna.
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Offline DDV

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10866 Online: 13 de Novembro de 2013, 04:29:01 »
Na opinião de vocês, a ciência entende a realidade ou entende a sua realidade?

Depende. Quem tenta o segundo caso é a ciência chamada "psicologia".

Citação de: Liddel Heart
Isto é, não há diferença entre o discurso científico (tradução de dados para os signos humanos) e a produção científica em si?

Não entendi a pergunta.

Citação de: Liddel Heart
Aliás, a realidade científica é a mesma realidade percebida pelo ser humano?

Depende.

Citação de: Lidell Heart
Visualizar vida em objetos materiais é errado mesmo se meu conceito de vida não estiver relacionado ao conceito biológico, mas apenas à minha percepção de mundo?

Não.

As artes e religiões existem justamente para isso.

Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

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Offline DDV

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10867 Online: 13 de Novembro de 2013, 04:34:05 »
Amigo me mandou esse texto e achei interessante.

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Excelente texto extraído do blog de Daniel Duclos, brasileiro que atualmente mora na Holanda. De uma lucidez impressionante.

A sociedade holandesa tem dois pilares muito claros: liberdade de expressão e igualdade. Claro, quando a teoria entra em prática, vários problemas acontecem, e há censura, e há desigualdade, em alguma medida, mas esses ideais servem como norte na bússola social holandesa.

Um porteiro aqui na Holanda não se acha inferior a um gerente. Um instalador de cortinas tem tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada impede de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem suas Heinekens juntos. Ninguém olha pra baixo e ninguém olha por cima. A profissão não define o valor da pessoa – trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado. Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”.

Profissões especializadas pagam mais, mas não muito mais. Igualdade social significa menor distância social: todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não há muito alto. Um lixeiro não ganha muito menos do que um analista de sistemas. O salário mínimo é de 1300 euros/mês. Um bom salário de profissão especializada, é uns 3500, 4000 euros/mês. E ganhar mais do que alguém não torna o alguém teu subalterno: o porteiro não toma ordens de você só porque você é gerente de RH. Aliás, ordens são muito mal vistas. Chegar dando ordens abreviará seu comando. Todos ali estão em um time, do qual você faz parte tanto quanto os outros (mesmo que seu trabalho dentro do time seja de tomar decisões).

Esses conceitos são basicamente inversos aos conceitos da sociedade brasileira, fundada na profunda desigualdade. Entre brasileiros que aqui vêm para trabalhar e morar é comum – há exceções -  estranharem serem olhados no nível dos olhos por todos – chefe não te olha de cima, o garçom não te olha de baixo. Quando dão ordens ou ignoram socialmente quem tem profissão menos especializadas do que a sua, ficam confusos ao encontrar de volta hostilidade em vez de subserviência. Ficam ainda mais confusos quando o chefe não dá ordens – o que fazer, agora?

Os salários pagos para profissão especializada no Brasil conseguem tranquilamente contratar ao menos uma faxineira diarista, quando não uma empregada full time. Os salários pagos à mesma profissão aqui não são suficientes pra esse luxo, e é preciso limpar o banheiro sem ajuda – e mesmo que pague (bem mais do que pagaria no Brasil a) um ajudante, ele não ficará o dia todo a te seguir limpando cada poerinha sua, servindo cafézinho. Eles vêm, dão uma ajeitada e vão-se a cuidar de suas vidas fora do trabalho, tanto quanto você. De repente, a ficha do que realmente significa igualdade cai: todos se encontram no meio, e pra quem estava no Brasil na parte de cima, encontrar-se no meio quer dizer descer de um pedestal que julgavam direito inquestionável (seja porque “estudaram mais” ou “meu pai trabalhou duro e saiu do nada” ou qualquer outra justificativa pra desigualdade).

Porém, a igualdade social holandesa tem um outro efeito que é muito atraente pra quem vem da sociedade profundamente desigual do Brasil: a relativa segurança. É inquestionável que a sociedade holandesa é menos violenta do que a brasileira. Claro que aqui há violência – pessoas são assassinadas, há roubos. Estou fazendo uma comparação, e menos violenta não quer dizer “não violenta”.

O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.

Eu, pessoalmente, acho excelente os dois efeitos. Primeiro porque acredito firmemente que a profissão de alguém não têm qualquer relação com o valor pessoal. O fato de ter “estudado mais”, ter doutorado, ou gerenciar uma equipe não te torna pessoalmente melhor que ninguém, sinto muito. Não enxergo a superioridade moral de um trabalho honesto sobre outro, não importa qual seja. Por trabalho honesto não quero dizer “dentro da lei” -  não considero honesto matar, roubar, espalhar veneno, explorar ingenuidade alheia, espalhar ódio e mentira, não me importa se seja legalizado ou não. O quanto você estudou pode te dar direito a um salário maior – mas não te torna superior a quem não tenha estudado (por opção, ou por falta dela). Quem seu paí é ou foi não quer dizer nada sobre quem você é. E nada, meu amigo, nada te dá o direito de ser cuzão. Um doutor que é arrogante e desonesto tem menos valor do que qualquer garçom que trata direito as pessoas e não trapaceia ninguém. Profissão não tem relação com valor pessoal.

Não gosto mais do que qualquer um de limpar banheiro. Ninguém gosta – nem as faxineiras no Brasil, obviamente. Também não gosto de ir ao médico fazer exames. Mas é parte da vida, e um preço que pago pela saúde. Limpar o banheiro é um preço a pagar pela saúde social. E um preço que acho bastante barato, na verdade.

Como vou fazer uma breve visita por lá, fiquei curioso sobre isso. Alguém que já passou/viveu/vive por lá (Oi, Snow!) confirma o que diz o texto?

Acho que de longe o principal fator que leva um país à igualdade social é a pouca população disponível para atender às muitas demandas da economia, se esta for diversificada o suficiente*. O principal tradutor disso é a renda per capita.


*Se a economia depender de poucos produtos ou serviços, pode ainda haver grande desigualdade mesmo que a renda per capita seja alta, dado que uma boa parte da população, mesmo sendo pouca, pode ficar "excluída" da economia.


Não acredite em quem lhe disser que a verdade não existe.

"O maior vício do capitalismo é a distribuição desigual das benesses. A maior virtude do socialismo é a distribuição igual da miséria." (W. Churchill)

Offline _Juca_

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10868 Online: 13 de Novembro de 2013, 08:37:05 »
Amigo me mandou esse texto e achei interessante.

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Excelente texto extraído do blog de Daniel Duclos, brasileiro que atualmente mora na Holanda. De uma lucidez impressionante.

A sociedade holandesa tem dois pilares muito claros: liberdade de expressão e igualdade. Claro, quando a teoria entra em prática, vários problemas acontecem, e há censura, e há desigualdade, em alguma medida, mas esses ideais servem como norte na bússola social holandesa.

Um porteiro aqui na Holanda não se acha inferior a um gerente. Um instalador de cortinas tem tanto valor quanto um professor doutor. Todos trabalham, levam suas vidas, e uma profissão é tão digna quanto outra. Fora do expediente, nada impede de sentarem-se todos no mesmo bar e tomarem suas Heinekens juntos. Ninguém olha pra baixo e ninguém olha por cima. A profissão não define o valor da pessoa – trabalho honesto e duro é trabalho honesto e duro, seja cavando fossas na rua, seja digitando numa planilha em um escritório com ar condicionado. Um precisa do outro e todos dependem de todos. Claro que profissões mais especializadas pagam mais. A questão não é essa. A questão é “você ganhar mais porque tem uma profissão especializada não te torna melhor que ninguém”.

Profissões especializadas pagam mais, mas não muito mais. Igualdade social significa menor distância social: todos se encontram no meio. Não há muito baixo, mas também não há muito alto. Um lixeiro não ganha muito menos do que um analista de sistemas. O salário mínimo é de 1300 euros/mês. Um bom salário de profissão especializada, é uns 3500, 4000 euros/mês. E ganhar mais do que alguém não torna o alguém teu subalterno: o porteiro não toma ordens de você só porque você é gerente de RH. Aliás, ordens são muito mal vistas. Chegar dando ordens abreviará seu comando. Todos ali estão em um time, do qual você faz parte tanto quanto os outros (mesmo que seu trabalho dentro do time seja de tomar decisões).

Esses conceitos são basicamente inversos aos conceitos da sociedade brasileira, fundada na profunda desigualdade. Entre brasileiros que aqui vêm para trabalhar e morar é comum – há exceções -  estranharem serem olhados no nível dos olhos por todos – chefe não te olha de cima, o garçom não te olha de baixo. Quando dão ordens ou ignoram socialmente quem tem profissão menos especializadas do que a sua, ficam confusos ao encontrar de volta hostilidade em vez de subserviência. Ficam ainda mais confusos quando o chefe não dá ordens – o que fazer, agora?

Os salários pagos para profissão especializada no Brasil conseguem tranquilamente contratar ao menos uma faxineira diarista, quando não uma empregada full time. Os salários pagos à mesma profissão aqui não são suficientes pra esse luxo, e é preciso limpar o banheiro sem ajuda – e mesmo que pague (bem mais do que pagaria no Brasil a) um ajudante, ele não ficará o dia todo a te seguir limpando cada poerinha sua, servindo cafézinho. Eles vêm, dão uma ajeitada e vão-se a cuidar de suas vidas fora do trabalho, tanto quanto você. De repente, a ficha do que realmente significa igualdade cai: todos se encontram no meio, e pra quem estava no Brasil na parte de cima, encontrar-se no meio quer dizer descer de um pedestal que julgavam direito inquestionável (seja porque “estudaram mais” ou “meu pai trabalhou duro e saiu do nada” ou qualquer outra justificativa pra desigualdade).

Porém, a igualdade social holandesa tem um outro efeito que é muito atraente pra quem vem da sociedade profundamente desigual do Brasil: a relativa segurança. É inquestionável que a sociedade holandesa é menos violenta do que a brasileira. Claro que aqui há violência – pessoas são assassinadas, há roubos. Estou fazendo uma comparação, e menos violenta não quer dizer “não violenta”.

O curioso é que aqueles brasileiros que queixam-se amargamente de limpar o próprio banheiro, elogiam incansavelmente a possibilidade de andar à noite sem medo pelas ruas, sem enxergar a relação entre as duas coisas. Violência social não é fruto de pobreza. Violência social é fruto de desigualdade social. A sociedade holandesa é relativamente pacífica não porque é rica, não porque é “primeiro mundo”, não porque os holandeses tenham alguma superioridade moral, cultural ou genética sobre os brasileiros, mas porque a sociedade deles tem pouca desigualdade. Há uma relação direta entre a classe média holandesa limpar seu próprio banheiro e poder abrir um Mac Book de 1400 euros no ônibus sem medo.

Eu, pessoalmente, acho excelente os dois efeitos. Primeiro porque acredito firmemente que a profissão de alguém não têm qualquer relação com o valor pessoal. O fato de ter “estudado mais”, ter doutorado, ou gerenciar uma equipe não te torna pessoalmente melhor que ninguém, sinto muito. Não enxergo a superioridade moral de um trabalho honesto sobre outro, não importa qual seja. Por trabalho honesto não quero dizer “dentro da lei” -  não considero honesto matar, roubar, espalhar veneno, explorar ingenuidade alheia, espalhar ódio e mentira, não me importa se seja legalizado ou não. O quanto você estudou pode te dar direito a um salário maior – mas não te torna superior a quem não tenha estudado (por opção, ou por falta dela). Quem seu paí é ou foi não quer dizer nada sobre quem você é. E nada, meu amigo, nada te dá o direito de ser cuzão. Um doutor que é arrogante e desonesto tem menos valor do que qualquer garçom que trata direito as pessoas e não trapaceia ninguém. Profissão não tem relação com valor pessoal.

Não gosto mais do que qualquer um de limpar banheiro. Ninguém gosta – nem as faxineiras no Brasil, obviamente. Também não gosto de ir ao médico fazer exames. Mas é parte da vida, e um preço que pago pela saúde. Limpar o banheiro é um preço a pagar pela saúde social. E um preço que acho bastante barato, na verdade.

Como vou fazer uma breve visita por lá, fiquei curioso sobre isso. Alguém que já passou/viveu/vive por lá (Oi, Snow!) confirma o que diz o texto?

Mas em certa medida, é assim em praticamente todos os países desenvolvidos. É um texto que vai de encontro com aquele da "meritocracia burocrática" da classe média brasileira e de parte do sistema social.
« Última modificação: 13 de Novembro de 2013, 08:39:32 por _Juca_ »

Offline Mussain!

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10869 Online: 13 de Novembro de 2013, 11:32:00 »
Qual o site vcs compram os perfumes de vcs? E as roupas?

Offline Liddell Heart

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10870 Online: 13 de Novembro de 2013, 11:43:57 »
Na opinião de vocês, a ciência entende a realidade ou entende a sua realidade?

Depende. Quem tenta o segundo caso é a ciência chamada "psicologia".


"Sua realidade" era sobre a realidade da ciência.  "A ciência explica o mundo ou só o mundo científico", tipo.

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Citação de: Liddel Heart
Isto é, não há diferença entre o discurso científico (tradução de dados para os signos humanos) e a produção científica em si?

Não entendi a pergunta.


Vocês acham que há diferença entre o resultado de uma produção científica e o processo de traduzir ela para conceitos humanos? Tipo, deve ser possível explicar a TR apenas por uma linguagem físico-matemática, mas muito tem se feito para traduzi-la para o idioma leigo.

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Offline SnowRaptor

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10871 Online: 13 de Novembro de 2013, 11:59:36 »
Eu não vi tanta desigualdade na holanda. Andando na rua, você não sabe dizer se fulano é faxineiro, jornalista ou analista de sistemas. Se eu visse na rua o cara que era dono do apartamento onde eu morava (e de metade daquela rua), e alguém me dissesse que ele era entregador de pizza, eu acreditaria.

Gente pedalando pro trabalho na rua, com um sanduíche numa mão e um iPhone na outra (é!) pode ser o faxineiro, o caixa da pizzaria ou o o professor emérito que acumula prêmios acadêmicos.

Mas tem algumas diferenças, claro. Uma das conversas mais engraçadas que eu tive foi com um lixeiro que estava consertando o contêiner subterrâneo de lixo que eu precisava usar, porque fazia uns dois dias que ele não abria quando eu passava meu cartão. Ele falava holandês, eu não. Eu arranhava alemão, ele arranhava menos e ele não falava inglês. A gente ficou uns 2 minutos falando "Werkt nicht? Nee! Kaputt? Kaputt! Es is nog kaputt! Es var Kaputt!" :biglol:
Elton Carvalho

Antes de me apresentar sua teoria científica revolucionária, clique AQUI

“Na fase inicial do processo [...] o cientista trabalha através da
imaginação, assim como o artista. Somente depois, quando testes
críticos e experimentação entram em jogo, é que a ciência diverge da
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-- François Jacob, 1997

Offline SnowRaptor

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10872 Online: 13 de Novembro de 2013, 12:19:16 »
Na opinião de vocês, a ciência entende a realidade ou entende a sua realidade?

A ciência não entende a realidade. A ciência desenvolve modelos com o objetivo que sejam compatíveis com observações da realidade. Em ciência, a gente nunca entende que algo é de determinado jeito, mas sim que algo se comporta como se fosse de determinado jeito. Não há respostas e descrições definitivas em ciência, há o melhor modelo até agora.

Então, usando as suas palavras, a ciência entende sua própria realidade e seu objetivo é que sua própria realidade seja o mais próximo possível da real realidade.

Isto é, não há diferença entre o discurso científico (tradução de dados para os signos humanos) e a produção científica em si? 

Não entendi como esta pergunta pode ser um "isto é" da outra  :|

Você está tentando perguntar se há diferença entre o que sai escrito no paper e o que realmente foi descoberto? :hein:

Aliás, a realidade científica é a mesma realidade percebida pelo ser humano?

Há gente importante que diz que só pode ser isso (fonte):
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A few years ago the city council of Monza, Italy, barred pet owners from keeping goldfish in curved bowls. The measure's sponsor explained the measure in part by saying that it is cruel to keep a fish in a bowl with curved sides because, gazing out, the fish would have a distorted view of reality. But how do we know we have the true, undistorted picture of reality?

The goldfish view is not the same as our own, but goldfish could still formulate scientific laws governing the motion of the objects they observe outside their bowl. For example, due to the distortion, a freely moving object would be observed by the goldfish to move along a curved path. Nevertheless, the goldfish could formulate laws from their distorted frame of reference that would always hold true. Their laws would be more complicated than the laws in our frame, but simplicity is a matter of taste.

Read more: Book Excerpt: Stephen Hawking's 'The Grand Design' - TIME http://content.time.com/time/arts/article/0,8599,2017262,00.html#ixzz2kXEUFMhD

Visualizar vida em objetos materiais é errado mesmo se meu conceito de vida não estiver relacionado ao conceito biológico, mas apenas à minha percepção de mundo?

Acho que utilizar definições "incomuns" de palavras em prol de um argumento consiste em uma falácia lógica.

Acho que essas são as maiores perguntas da filosofia da ciência (pós)moderna.
A primeira não é. A filosofia da ciência, há muito tempo, entende que a ciência não descreve a realidade, ams sim um modelo compatível com ela.

A segunda eu não entendi.

A terceira, sim.

A última não tem nada a ver com filosofia da ciência.
« Última modificação: 13 de Novembro de 2013, 12:23:34 por SnowRaptor »
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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10873 Online: 13 de Novembro de 2013, 12:25:10 »
Qual o site vcs compram os perfumes de vcs? E as roupas?

Não uso perfume. Calças eu compro em uma loja na Pio XI e as camisetas eu compro na Hering mesmo. Único lugar onde eu acho polo sem estampa.
Elton Carvalho

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Offline Mussain!

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Re:Perguntas idiotas (ou não!) que não merecem um tópico só para elas
« Resposta #10874 Online: 13 de Novembro de 2013, 12:41:31 »
Qual o site vcs compram os perfumes de vcs? E as roupas?

Não uso perfume. Calças eu compro em uma loja na Pio XI e as camisetas eu compro na Hering mesmo. Único lugar onde eu acho polo sem estampa.

Mas vc compra de forma online pela Herning?



 

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