Eu estranhei porque isso é novidade para mim. Estranhei muito, na verdade. Me preocupou. Sei que não lembramos com precisão dos fatos, mas não achei que chegasse nesse nível. Por algum motivo, achava que nos lembrávamos ao menos das coisas que inventamos. Isso é assustador, pensando bem.
Já vi algo sobre como que as pessoas podem se enganar de maneira até muito mais "crédula" que essa.
Como, fazer um teste de QI/algo do tipo, onde tem as respostas na mesma folha, e junto do gabarito ainda tem outras questões, algo assim -- ou algo que meio que "legitimasse", "desculpasse" que eles de vez em quando passassem os olhos por cima das respostas, sem ser exatamente trapaça. Era no entanto pedido que eles não consultassem o gabarito para dar as respostas.
Mas as pessoas não conseguem evitar de bater o olho, e racionalizam algo como, "ah, eu já sabia mesmo, estava na ponta da minha língua", "ah, no fundo eu sabia que era essa mesma, e não aquela que eu me convenci que devia responder", e colocam ou corrigem a resposta, sem ver o que estão fazendo como trapaça.
O experimento então prossegue pedindo para a pessoa auto-avaliar o quanto ela acertaria em um outro teste, onde o gabarito não seria visível. A correspondência dessa auto-avaliação com o resultado real é premiada em dinheiro. Então você imaginaria que as pessoas tenderiam a pensar algo como, "bem, talvez o fato de eu ter visto as respostas tenha realmente feito com que eu acertasse mais do que acertaria normalmente", e apostassem mais baixo em si mesmos. Mas não, as pessoas se convencem de que o resultado é merecido, e apostam alto neles mesmos, para então quebrar a cara numa prova em que não podem trapacear.
Vi isso em texto ou reportagem sobre pesquisa do Dan Ariely ou Daniel Kahneman, ou um deles comentando sobre pesquisa relacionada de outros.
E sobre esse outro tipo de mentira, "narrativa", acho que já vi algo como que realmente acreditar nela faria das pessoas melhores mentirosas... conseguem ser mais convincentes se elas mesmas acabam acreditando...