Voltando a geologia
Como que acontece a deriva continental?
Estava lendo sobre tectônica de placas e uma analogia feita é que a crosta atua como uma esteira rolante e os continentes são as malas em cima dela.
Mas não saquei como que os continentes se deslocam, pois o que "bóia" é a placa tectônica não o continente.
Simplificadamente:
O planeta é recoberto por uma camada rígida formada por dois tipos de crosta (a oceânica e a continental) e a parte superior do manto, tudo denominado de astenosfera.
A crosta continental é composta por rochas magmáticas, metamórficas e sedimentares, enquanto que a oceânica é composta principalmente por rochas magmáticas do tipo MORB.
Os continentes estão sobre e ocupam a maior parte da crosta continental, enquanto que os oceanos estão sobre e ocupam a maior parte da crosta oceânica. Algumas ilhas também estão sobre crosta oceânica, como é o caso do Hawaí.
Logo abaixo da astenosfera está a parte média do manto superior, que é composto por magma na qual a viscosidade varia do elevado (estado quase-sólido) ao bem baixo (praticamente um líquido).
Do manto ao núcleo, há uma intensa produção de calor derivado da desintegração nuclear de elementos químicos radioativos, no qual o urânio é o principal, e do atrito nas interfaces núcleo interno / núcleo externo e núcleo externo / manto inferior.
Devido a anisotropia do manto e ao seu aquecimento diferencial, surgem correntes convectivas que se comportam analogamente ao que ocorre quando um dado volume de água é aquecido em uma panela, ou seja, a parte mais quente sobe, chega na superfície, resfria e desce. O mesmo ocorre com o magma que está mais aquecido, no qual ele sobe, choca-se com a parte inferior da astenosfera, espraia-se, resfria e aí desce rumo ao manto inferior. No trajeto ele vai aquecendo até o momento em que ascenderá novamente, se 'cair' em outra grande corrente convectiva.
Quando o magma ascende, a sua viscosidade aumenta porquê a temperatura dele reduz. Ao chocar-se e espraiar-se na base da astenosfera, aquele acaba 'arrastando' esta, que por sua vez 'conduz' as crostas continental e oceânica que é a sua parte externa (mais rígida), gerando a chamada 'deriva continental'. A taxa de deslocamento é pequena, de no máximo 25 cm por ano (média de 7 cm por ano).
Então, como a costa brasileira se desprendeu da Africa se o limite entre as placas não é o mesmo do "encaixe"?
[...]
No Pangeia todos os continentes estavam unidos. A cerca de 250 milhões de anos este supercontinente se fragmentou em dois supercontinentes menores, a Laurásia e o Gondwana (que continha a América do Sul, a África, a Austrália, a Antártica e a Índia). E a cerca de 200 milhões de anos o Gondwana começou a se fragmentar, resultando nos modernos continentes supramencionados e no oceano Atlântico.
E os atuais limites não coincidem e deixaram de coincidir no grau de 'perfeição' que gostaríamos há muito tempo. E há várias razões para isto, das quais vou citar apenas duas.
Primeira, que no início, o encaixe era quase que perfeito porque não havia sido formada ainda a crosta oceânica, isto é, o oceano Atlântico ainda não havia surgido, de tal modo que era possível estar do lado da América do Sul e 'quase tocar' na África. Isto é observado hoje na parte norte-oriental da África, no qual está ocorrendo a separação ao longo da junção tríplice chamado de Vale Rift. Esta
foto mostra uma linha de falha associada à abertura do Vale Rift na África. O surgimento de crosta oceânica modifica o contorno original, deformando-a ruptilmente.
A segunda causa é que os contornos originais dos continentes foram desgastados pela erosão e alguns foram submetidos a novos processos tectônicos, como é o caso da colisão da Índia com a Ásia, que formou a cordilheira do Himalaia e continua em ação até hoje.