Dr. Manhattan, você cometeu uma pequena imprecisão no conceito de camada limite que na verdade é a região que marca a transição entre o regime de escoamento laminar e o turbulento, mas no caso do ventilador, de qualquer modo, ela deve estar mesmo bem próxima à superfície.
Nope, a camada limítrofe ocorre mesmo em um escoamento puramente laminar. Na verdade, quando ocorre a transição para um
regime turbulento, essa camada se "descola" da superfície. Olha só:
http://en.wikipedia.org/wiki/Boundary_layerOutra coisa é que a conclusão a que você chega é que o ventilador suga os grãos de poeira, em vez de soprá-los. Se colocamos uma tirinha de papel em frente ao ventilador ela será sugada ou soprada? Se ela é soprada é porque a pressão é maior perto das pás e menor longe delas.
Na verdade eu estava usando uma aproximação: eu considerei as pás como sendo bem planas. Em um ventilador real, as pás são
deformadas para poderem efetivamente empurrar o ar. Aí a análise fica mais complicada, mas a idéia é a mesma. É só que o
ar com um todo vai ser deslocado para frente (as lâminas vão ser dobradas na forma da pá), mas ainda vai haver a diferença de
pressão entre as camadas. É o tipo de coisa que só dá para explicar desenhando...

Abordando a questão de outra maneira: O ar "nas costas" do ventilador está a baixa velocidade, portanto a alta pressão. O ar à frente do ventilador está a alta velocidade, portanto a baixa pressão. É claro então que o fluxo de ar (e também de poeira) vai da zona de alta pressão às costas para a de baixa pressão, à frente do ventilador, que é o que é observado.
Correto, mas penso que esse seria um efeito adicional ao que citei, que pode ocorrer mesmo com pás planas.
Minha hipótese então para o acúmulo de poeira nas pás tem a ver com a sua, mas é ligeiramente modificada: a velocidade do ar não muda somente com a distância até a pá, mas como a pá está girando ela também muda radialmente. Enquanto no centro da pá a velocidade do ar é nula, nas bordas a velocidade é alta, então há também uma pressão do centro para as bordas. É o ar que se espalha radialmente que faz a poeira em suspensão se prender nas pás.
Interessante! Não tinha pensado nisso. Mas acho que esse também seria um efeito adicional.
É assim: vamos pensar em coordenadas cilíndricas: o ventilador está no plano z=0 "apontado" para cima. Existe então um gradiente de pressão na direção de z positivo, bem próximo à superfície das pás, por causa da diferença de velocidade das camadas; um gradiente
de pressão na direção z negativo, devido ao deslocamento de ar (para uma pá deformada), e um outro gradiente de pressão na direção
radial, devido ao movimento circular das pás.
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