Deixe eu ver se entendi... Kardec errou profundamente, ou seja, era mesmo racista. Pode ser que tenha mil explicações para isso, frenologia, ou outra qualquer. Mas o fato incontestável é que as idéias expressadas por ele são claramente racistas.
Sei lá viu... Eu não acho que Kardec tenha sido um indivíduo racista. Ele mesmo rejeita o preconceito racial em textos que eu trouxe anteriormente. Isso não diminui o fato de que se a suposição dele fosse verdadeira, haveria discriminação, mesmo que o Espiritismo não recomendasse isso. Todos olhariam para os não-brancos com um pensamento do tipo "ah tadinho, deixa ele, ainda é uma criança".
Na minha opinião, Kardec formulou essa suposição somente para explicar o porquê de a Frenologia (que era Ciência) concluir a existência de uma superioridade da raça branca em comparação com as demais. Porque, se para o Espiritismo Deus é justo, então não poderiam haver privilégios, nem para brancos e nem para negros. Se a Frenologia conclui que o corpo dos brancos são superiores, só se poderia admitir que Deus não é justo ou que a superioridade do corpo era efeito cuja causa era a superioridade moral/intelectual do espírito.
Vejo o "racismo" dele dessa forma, e não como preconceito gratuito.
Neste ponto estou de acordo com ele. Mas aí eu pergunto: se Kardec errou tão redondamente neste ponto, como confiar no que ele diz? O cara é a base da DE, onde estavam os tão sábios espíritos superiores que não desfizeram uma idéia tão discriminatória? Aliás, se entendi bem no outro tópico, na verdade a DE considera este conceito como verdadeiro...
Nem poderia, haja visto que a ciência provou a falsidade da Frenologia.
Sua indagação é totalmente pertinente Fabrício. Eu já mostrei esses e outros fatos para alguns espíritas na tentativa de demonstrar que o Espiritismo não é infalível. Ora, se essa idéia é errônea, embora não sendo princípio espírita, porque permitiram sua propagação, já que Kardec era ajudado por espíritos ditos superiores?
Uma vez, quando espírita, eu estava numa sala com várias pessoas debatendo sobre o Espiritismo. Por um motivo que agora não me lembro qual, acabamos entrando na questão do grau de confiança que tais comunicações teriam. Um colega havia lembrado que na questão 46 do Livro dos Espíritos, o espírito afirma que ainda existem seres que nasciam espontâneamente e deu um exemplo copiado de Aristóteles (que já havia sido provado como falso).
O coordenador do debate disse que o espírito não havia dito aquilo, mas eu fui incisivo dizendo que havia dito sim e que aquilo era uma heresia científica. Pra que eu fui dizer isso? Todos começaram a olhar pra minha cara como se eu fosse um arrogante. Mesmo assim eu fiquei tranquilo e expliquei tim tim por tim tim o motivo daquela questão estar errada. Um dos motivos da minha calma era que no recinto tinha uma bióloga com mestrado em Microbiologia.
Mas minha calma foi por água abaixo quando ela disse pra mim: "ele não está afirmando isso que você está dizendo aqui não". Eu quase fui a loucura. Eu a rebati até onde pude mas ninguém me deu ouvidos, afinal, eu era um arrogante, que criticava o Espiritismo e que estava querendo discutir biologia com uma bióloga. Inclusive, na hora, disseram bem baixinho "po, mas ela é bióloga né gente...".
Na hora foi muito difícil aguentar serenamente esse apelo à autoridade!
Depois eu vi que isso não dava pra mim, porque a imensa maioria dos espíritas não suporta esse tipo de questionamento. Se a ciência provar que o Espiritismo possui erros, a imensa maioria vai inventar os
Ad Hocs mais mirabolantes para insinuar que a ciência não pode provar A ou B. Esse questionamento que você fez eu também já fiz, e nenhuma resposta satisfatória me deram. Infelizmente a realidade é essa.
É como um castigo, se você ainda não evoluiu o bastante, vai lá na terra ser negro. O dia que merecer, aí sim pode encarnar em um caucasiano! Acho incrível que o K1rk e o Leafar não vejam a discriminação gritante neste conceito.
A questão não é assim como você descreveu. Para o Espiritismo isso seria questão de evolução natural. Se a ciência dava evidências disso, então deveria haver explicação. Foi o que Kardec tentou fazer.
Podem inventar mil firulas e ad hocs, mas o fato é que esta "teoria" é sim EXTREMAMENTE RACISTA e é vergonhoso que pessoas com um minimo de compreensão tentem justificar este absurdo.
Respeito sua opinião, apesar de, pessoalmente, não crer em má-fé da parte de Kardec. Pra mim, o motivo pelo qual ele fez isso foi buscar explicações espirituais, e não um pretexto para o racismo.
Abraços