Meu caro Luis Dantas, tudo tranquilo? Então viva!
Tudo; sempre fico feliz em encontrar algo genuinamente nocivo para trazer à luz do dia.
A coisa é assim, tem lá no inconsciente do homem uma tal de intuição, e esta é que faz o homem lembrar do quanto deve, e assim não esquece por completo de seu débito, dos seus erros. E retornando ao mundo espiritual, ai sim lembra de tudo e reconhece seu aprendizado.
Você realmente acredita que isso aconteça? Em caso positivo, com qual frequência? A probabilidade de acontecer varia de acordo com algum parâmetro conhecido? Como se pode diferenciar esses casos hipotéticos de casos de esquizofrenia, megalomania e outras psicopatologias?
Vamos então há que entende realmente do assunto:
Tese de Doutorado
Título original "Fenomenologia das experiências mediúnicas, perfil e psicopatologia de médiuns espíritas"
Autor Almeida, Alexander Moreira de
E-mail alexma@usp.br
Unidade Faculdade de Medicina (FM)
Área de concentração Psiquiatria
Orientador ¤ Lotufo Neto, Francisco
Banca Examinadora ¤ Lotufo Neto, Francisco
¤ Caixeta, Leonardo Ferreira
¤ Dalgalarrondo, Paulo
¤ Menezes, Paulo Rossi
¤ Vallada Filho, Homero Pinto
Data da Defesa 22/02/2005
Palavras-chave ¤ classificação
¤ epidemiologia
¤ espiritismo
¤ espiritualismo
¤ etnologia
¤ psicologia
¤ religião e psicologia
¤ transtornos dissociativos
¤ transtornos psicóticos
Resumo Original
Objetivos: Definir o perfil sociodemográfico e a saúde mental em médiuns espíritas,bem como a fenomenologia e o histórico de suas experiências mediúnicas. Métodos: 115 médiuns em atividade foram selecionados aleatoriamente de centros espíritas de São Paulo. Numa primeira etapa foram aplicados os questionários: sociodemográfico e de atividade mediúnica, SRQ (Self-Report Psychiatric Screening Questionnaire) e EAS (Escala de Adequação Social). Todos os médiuns com provável psicopatologia pelo SRQ (n=12) e o mesmo número de controles foram entrevistados com base no DDIS (Dissociative Disorders Interview Schedule), SCAN (Schedules for Clinical Assessment in Neuropsychiatry) e através de uma entrevista qualitativa. Resultados: 76,5% da amostra eram mulheres, idade média 48,1 ± 10,7 anos, 2,7% de desemprego e 46,5% de escolaridade superior. Eram espíritas, em média, há 16,2 ± 12,7 anos e possuíam uma média de 3,5 tipos de mediunidade (incorporação 72%; psicofonia 66%; vidência 63%; audiência 32%; psicografia 23%). Cada modalidade mediúnica era exercitada entre 7 a 14 vezes por semana em média, não havendo diferença entre os sexos. 7,8% dos médiuns ficaram acima do ponto de corte para transtorno psiquiátrico menor pelo SRQ e a amostra alcançou uma pontuação de 1,85 ± 0,33 na EAS. Houve correlação significativa entre os escores de adequação social e de sintomas psiquiátricos pelo SRQ (r= 0,38 p<0,001). Não houve correlação entre a intensidade de atividade mediúnica e os escores SRQ e adequação social. Os médiuns diferiam das características de portadores de transtornos de identidade dissociativa e possuíam uma alta média (4) de sintomas Schneiderianos de primeira ordem para esquizofrenia, mas estes não se relacionaram aos escores do SRQ ou do EAS. Foram identificados quatro grupos de relatos de surgimento da mediunidade: sintomas isolados na infância ou na vida adulta, quadros de oscilação do humor e durante o curso de médiuns. A psicofonia/incorporação possui como pródromos uma sensação de presença, sintomas físicos diversos e sentimentos e sensações não reconhecidos como próprios do indivíduo. Posteriormente, é sentida uma pressão na garganta e mecanicamente começa-se a verbalizar um discurso não planejado. Aintuição foi caracterizada pelo surgimento de pensamentos ou imagens não reconhecidos como próprios. A audição e a vidência se caracterizaram pela percepção de imagens ou vozes no espaço psíquico interno ou objetivo externo. A psicofonia só ocorria no centro espírita, as demais modalidades mediúnicas ocorriam tanto dentro como fora dos centros espíritas Conclusões: Os médiuns estudados evidenciaram alto nível socioeducacional, baixa prevalência de transtornos psiquiátricos menores e razoável adequação social. A mediunidade provavelmente se constitui numa vivência diferente do transtorno de identidade dissociativa. A maioria teve o início de suas manifestações mediúnicas na infância, e estas, atualmente, se caracterizam por vivências de influência ou alucinatórias, que não necessariamente implicam num diagnóstico de esquizofrenia.¶