Alguns atributos de um "posivel Deus" :
• Deus é a suprema e soberana inteligência.
A inteligência de Deus, abarcando o infinito, deve ser infinita. Se a supuséssemos limitada em um ponto qualquer, poder-se-ia conceber um ser ainda mais inteligente, capaz de compreender e de fazer o que o outro não faria, e, assim sucessivamente, até o infinito.
• Deus é eterno.
Deus não teve começo e não terá fim. Se houvesse tido um começo, teria saído do nada; o nada não sendo nada, nada pode produzir; ou bem ele haveria sido criado por um ser anterior e, então, esse ser é que seria Deus. Lhe supondo um começo ou um fim, poder-se-á, pois, conceber um ser tendo existido antes dele, ou podendo existir depois dele, e, assim sucessivamente, até o infinito.
• Deus é imutável.
Se estivesse sujeito a mudanças, as leis que regem o universo não teriam nenhuma estabilidade.
• Deus é imaterial.
Sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria; de outro modo, não seria imutável, porque estaria sujeito às transformações da matéria.
• Deus é todo-poderoso.
Se não tivesse o supremo poder, poder-se ia conceber um ser mais poderoso, e, assim, sucessivamente, até que se encontrasse o ser que nenhum outro poderia superar em poder, e este é que seria Deus.
• Deus é soberanamente justo e bom.
A sabedoria providencial das leis divinas se revela tanto nas pequenas coisas como nas maiores, e essa sabedoria não permite duvidar-se, nem da sua justiça, nem da sua bondade.
O infinito de uma qualidade exclui a possibilidade da existência de uma qualidade contrária que a diminuiria ou a anularia. Deus não poderia, pois, ser ao mesmo tempo, bom e mau, porque, então, não possuindo nem uma nem outra dessas qualidades no grau supremo, não seria Deus. Não poderia, pois, ser senão infinitamente bom ou infinitamente mau; ora, tendo em vista que suas obras testemunham a sua sabedoria, sua bondade e sua solicitude, é preciso disso concluir que, não podendo ser, ao mesmo tempo, bom e mau sem deixar de ser Deus, Ele deve ser infinitamente bom.
• Deus é infinitamente perfeito.
É impossível conceber Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, já que se poderia sempre conceber um ser possuindo o que lhe faltasse. Para que nenhum ser possa superá-lo, é preciso que seja infinito em tudo.
• Deus é único.
A unidade de Deus é a conseqüência do infinito das perfeições. Um outro deus não poderia existir senão com a condição de ser igualmente infinito em todas as coisas; porque se houvesse, entre eles, a mais leve diferença, um ser seria inferior ao outro, subordinado ao seu poder, e não seria Deus. Se houvesse, entre eles, igualdade absoluta, seria de toda a eternidade um mesmo pensamento, uma mesma vontade, um mesmo poder; assim, confundidos em sua identidade, não seriam, em realidade, senão um único Deus.
Em resumo, Deus não pode ser Deus senão com a condição de não ser superado, em nada, por outro ser; porque, então, o ser que o superasse, no que quer que seja, não fora senão na espessura de um fio de cabelo, seria o verdadeiro Deus. Por isso, é preciso que seja infinito em todas as coisas.