Pedro, meu 2º filho nasceu com anemia falciforme e sofri com ele durante 20 anos quando veio a falecer.
Penso que enterrar um filho é uma das piores coisas. Prefiro sempre que seja eu a sofrer do que os meus irmãos e pais, por isso nem imagino o que seria perder um filho.
Por outro lado há muito tempo que não choro, a não ser por causa de grandes alegrias, como um filho que faz as pazes ao pai, ou ao imaginar certos dilemas alheios, como um filho que está a pensar como resolver a situação com o pai. Nunca chora por mim, mas já o fiz muito em criança.
Acho que se soubesse que um filho estivesse a morrer, tentaria que ele vivesse a vida, viajasse comigo, tirava fotografias dele, procurava conhecer mais sobre a sua doença, divulgava informações sobre ela e preparava a sua morte.
Mesmo nas desgraças devemos pensar em viver o melhor possível e encarar a vida com alegria. E muitas vezes isso ajuda a sobreviver.
Informei-me sobre a minha própria doença, escrevi um artigo sobre ela na Wikipedia, li vários livros, desenhei e escrevi poemas. No meu testemento doarei o meu corpo à ciência e à medicina (acho que deveriam fazer o mesmo, em vez de queimar ou enterrar, tornando o cadáver útil para salvar vidas). E gostaria que os meus amigos ouvissem o "Always Look On The Bright Side Of Life" ["Vejam sempre o lado brilhante da vida"], dos Monty Python.
Um senhor com cancro e vários tumores, em vez de entrar em depressão, viajou, fez palestras e mostrou que estava em forma, com flexões e abdominais, fotograva e filma as situações em que está com os seus filhos, vivendo a vida com alegria e preparando a sua morte. Os registos fotográficos e em vídeo (até mesmo as suas palestras são filmadas) são para os seus filhos recordarem. (agora estou a tentar conter as lágrimas nessa última frase, a pensar no seu gesto nobre) Ele espera morrer antes da próxima Páscoa.
Conheci esse caso pela revista portuguesa "Sábado" (que é distribuída nas quintas :-p).
Esse é o exemplo a seguir.
Foi durante seu sofrimento em vida que passei a professar o ateísmo por algumas vezes.
A Madre Teresa também teve dúvidas de fé e não se considera que foi ateia nesses momentos.
É ridículo tornar-se ateu por causa disso, e seria imoral um ateu aproveitar essa situação (como o AmazingAtheist no YouTube disse há pouco tempo, e penso que a maioria dos ateus acredita nisso). A atitude pragmática seria permitir que nos momentos de fraqueza os amigo mantenham as suas crenças que reconfortam, e acho que é assim que muitos ateus agem.
Ninguém torna-se bom nem racional só por ser ateu. No meu caso o ateísmo não é um fim, mas uma ideia que considero ser racional até mostrar estar errada - é isso que fazemos com a maioria das ideias (acreditas que unicórnios, fadas, gnomos, o Papão e Papai Noel existem?). Não se deve a qualquer pessoa.
Quando era criança testei Deus (um crime?). Fazia testes com cartas, abrindo páginas da Bíblia ao acaso para ver o que dava e dizendo "se existes, então que apareça a carta X", ou "se existes, que a Bíblia responda-me a X", ou "se existes, então faz-me esse simples sinal". E era muito sincero. E nada aconteceu. Se nada aconteceu, não existe, ou não quer que se conheça ou não tem poderes para se fazer se conhecer.
Tornar-se ateu porque um filho morreu é irracional. E também é adoptar uma religião e fanatismo ao redor do fanatismo. É como ser racista porque alguém de outra raça assaltou-te. Podem existir e existem ateus religiosos e fanáticos, como os comunistas que amam o seu líder (mas há, por exemplo, um padre comunista que se candidatou à Câmara da Madeira - nem sei se segue essa característica de fanáticos).
Até usas o termo "professar", um termo muito relacionado com religião como "fé", mas quem diz: "professa o homossexualismo". E se odiavas ou culpavas Deus, então não foste ateu; quanto muito foste satânico.
Após a sua morte, intensifiquei meus estudos em relação a Deus e alguns conceitos científicos.
Lamento, mas a verdade é que esses alguns conceitos científicos só podem ser seleccionados e aldrabados consoante os interesses, e parcos,
como os conceitos dos criacionistas fundamentalistas, como a Creation Science Evangelism, a Answers Genesis, Kent Hovind, VenomFangX, as Testemunhas de Jeová, A Sociedade da Terra Plana, etc.
Por exemplo, Kent Hovind prega uma ciência bíblica, diz ser cientista, mas a única universidade que frequentou não é creditada e prega a Bíblia. Está preso por fuga ao fisco (diz que o dinheiro do seu museu é de Deus). VenomFangX no YouTube divulga as suas ideias, copiando as palestras, e tem muitos seguidores que o elogiam imenso no seu canal. Diz que tem provas científicas, mas acredita que os dinossauros existiam quando o Homem caminhava na Terra, e que são herbívoros. No YouTube existem vários contra-argumentos, mas não são respondidos. VenomFangX censura o seu canal, e remove vídeos humilhantes. E a Creation Science Evangelism tentou remover vídeos que criticavam Kent Hovind e que expõem-no ao ridículo. Num vídeo onde coloquei uma crítica um apoiante só soube dizer que "Hovind é uma bom homem"; disse (traduzido): "É? Diz-me mais sobre isso LOL".
Quem acha que as suas ideias que acredita são científicas, então deve expô-las ao público sem censurar as críticas. Que sejam avaliadas pelo crivo da dúvida e expostas ao público, como qualquer hipótese e teoria científica.
Ler sobre ciência em literatura prosélita
é mesmo conhecer alguns conceitos científicos e distorcê-los. Ler só trechos de literatura científica também (pelo menos só conhece alguns). E devemos perguntar-nos como chegaram às conclusões, e avaliar tudo com espírito crítico. Seguir alguém só porque tem uma bata é muitíssimo perigoso: