O texto criacionista sobre eva mitocondrial tem diversos erros, tanto os de tradução automática, quanto os criacionistas mesmo. Vou tentar resumir a questão.
Eva mitocondrial não corrobora em nada alguma Eva bíblica, é só uma figura de linguagem. No decorrer dos estudos dessa questão da eva mitocontdrial houveram evidências que levariam a diferentes datações para essa Eva, e mesmo as datações mais jovens (não corroboradas por outros estudos, tem a ver com segmentos específicos do ADN com taxas mais elevadas de mutação e coisas assim) também não tem nada a ver com uma Eva que tenha qualquer coisa a ver com o literalismo bíblico, mesmo que a data tivesse calhado de coincidir.
Isso porque "eva mitocondrial" não é a mesma coisa que último ancestral comum (que é bem anterior), não quer dizer que foi a primeira mulher, como a Eva bíblica. E nem o último ancestral comum, de todos os humanos era um ser simiesco, como sugeriu o texto criacionista, mas era já um indivíduo da espécie humana, ainda que eventualmente, retrocedendo mais e mais, os humanos tivessem sim um ancestral individual que se poderia dizer ser um "macaco", e retrocedendo ainda mais todos mamíferos descendem de um único indivíduo mamífero.
A Eva mitocondrial foi um indivíduo que viveu numa população humana que já existia antes. Não é nem leva a conclusão de que só havia uma mulher e um homem, e/ou que todos os humanos atuais são descendentes dela apenas. Na verdade, é uma "posição", um "título" que muda de acordo com a população atual. No futuro, a Eva mitocondrial seria outra, mais recente. E se calculassem a Eva para várias gerações anteriores, ela também seria mais antiga. Ela não é um indivíduo específico, é meio como uma "mega-avó", que é referente a uma "geração", não uma "Fulana Beltrana da Silva", absoluta.
Humanos de hoje são descendentes também de outros indivíduos que viveram lado a lado, na mesma época, mas todos, menos ela, tiveram em algum momento apenas descendentes
homens (cujo ADN mitocondrial supõe-se não ser significativamente transmitido), ou seja, tiveram "quebradas" essas linhagens
mitocondriais, mas transmitiram os próprios genes, tiveram descendentes.
Achei uma ilustração que acho que torna mais fácil de entender:

As bolinhas são indivídios (mulheres). Se pode ver que, no começo, na primeira linha, há vários indivíduos, e vários deixando suas linhagens mitocondriais pela reprodução. Na última linha, todos são descendentes de uma única linhagem mitocondrial, como evidenciado por essa "iluminação" da linhagem. Eu não entendi totalmente as cores; as bolinhas cor de rosa são as que tiveram filhos, e as azuis as que não tiveram, mas não sei o que são as brancas (o que quer que sejam, aparentemente também não tiveram filhos, pelo que percebi).
O "Adão" do Cromossomo Y, igualmente não é um indivíduo "absoluto", e é mais recente (cerca de 30-90 mil anos) que a Eva mitocondrial mais consensual (de aproximadamente 200 mil anos), e muito mais velho que essa Eva mitocondrial anômala de um estudo que deu 6500 anos.
Eva mitocondrial não favorece a hipótese de origem multirregional, a hipótese de origem africana continua sendo a mais favorecida, e
também não tem nada a ver com Adão e Eva. Não tenho certeza, mas acho que mesmo se a eva mitocondrial fosse meio que refutada por herança de ADN mitocondrial paterno (se tem algumas evidências de que isso ocorra, em grau bem menor do que a herança das linhagens maternas, mas eu ao menos não sei se chega a ser insignificante, mas uns (acho que a maioria) defendem ser), isso favoreceria ainda mais a origem africana, uma vez que ama longa história de evolução multirregional de todo esse ADN mitocondrial paterno e materno iria resultar em muito mais divergência entre as populações; mas o estudo das migrações seria um pouco atrapalhado, por causa das possibilidades de "interferência" do ADN mitocondrial paterno.
Quanto as taxas de mutação. Taxas obtidas através de análise das diferenças em parentesco próximo, entre humanos, algo aceito pela maioria dos criacionistas, são um pouco maiores do que as que se pode ter observando grupos mais distantes, o que se supõe se dever a uma espécie de "correção" em longo prazo, por seleção natural, talvez recombinação, e acho (eu) que talvez meio análogo também a diferenças de tamanho de amostra na média - por exemplo, lançar um dado de 6 lados tem sempre as mesmas probabilidades para cada resultado, mas uma seqüência curta, digamos, de 10 jogadas, vai ser mais discrepante das probabilidades reais, que seriam talvez obtidas se fosse comparadas, sei lá 100 jogadas (claro que, se pode calcular as probabilidades apenas a partir de se saber que um dado de 6 lados é dado de 6 lados, mas estou imaginando uma estimativa feita a partir apenas dos resultados dos lances apenas, como exemplo).
Mas mesmo sendo maiores essas taxas, de qualquer forma, elas estão significativamente mais próximas da Eva mitocondrial a partir das taxas de mutações filogenéticas (entre espécies) do que dessa Eva mitocondrial anômala (que relembrando, não tem nada a ver com uma Eva bíblica, original), dariam algo como 50 mil anos.
Fora isso, há uma série diversa de outras linhas de evidência contra ama Eva bíblica ser mesmo uma primeira mulher, arqueológicas (culturas humanas anteriores a 6000 anos), genéticas (mais variação do que seria possível) e etc.