Isso é ciência. Isso é o Princípio da Parcimônia.
que chique..... o homem sempre teve um fascinio pelo novo.....
Entia non sunt multiplicanda praeter necessitatem , ou em português, não se devem multiplicar os entes sem necessidade. Este é o enunciado inicial ( no jargão da Escolástica) do Princípio da Parcimônia e foi feito por Guilherme de Ockham ( 1288-1349).
Em linguagem moderna diriamos: deve-se sempre optar , entre as várias explicações para um fato,pela com o menor número de causas, termos ou variáveis.
Como se vê, só para você este princípio é novo...

Imagine que estamos examinando esta questão: não sabemos como o universo surgiu. Aí você fala que deus o criou. Quando perguntamos quem criou deus, que para criar o universo necessariamente terá que ser muito mais complexo que ele, você vem com a tese de que deus é "atemporal" e "não pode ser compreendido". Por que não, se criou um universo perfeitamente material? Mas você ainda vai mais longe, atribui a deus qualidades humanas como bondade, capacidade de julgamento, raciocinio, etc. E ainda de quebra qualidades sobrenaturais e contraditórias entre si, como onipotência e oniciência.
E para basear todo este raciocínio sobre este ser complexo só tem um livro de mais de 3.000 anos...
Se alguém tentasse te convencer de que Allá ou Krishna existe nestes termos, você provavelmente não acreditaria... como espera que em um fórum de céticos alguém acredite?
eu não espero nada, Fabricio......nem que alguem aqui enxerga, que de matéria inanimada, não pode surgir e evoluir vida. Este pensamento está acima da compreensão de um cético ateísta. Se você tem a convicção que o está pensando é o certo, continue acreditando, e sinta se perfeitamente a vontade nisto.
E porque a matéria animada não poderia surgir da inanimada? Para isso você teria que ter um princípio abstrato que as diferenciasse completamente , ou seja , teria que aceitar a hipótese vitalista da presença de uma "força" ou "energia" denominada Vida , que não pudesse ser reduzida aos componentes físicos do ser vivo.
Porém esta teoria já foi contestada desde 1828 ( para você isso é novo?) quando Friedrich Wöhler sintetizou uma molécula orgânica ,a Uréia, a partir dos componentes inorgânicos CVianeto de Potássio e sulfato de Amônio.
A vida não é uma entidade abstrata, um " sopro do Criador" , mas a maneira que a matéria em certo estágio e sob certas condições (como ocorreu em nosso planeta) se organiza adquirindo a capacidade de auto-replicação.
Enquanto a Física e a Química chegaram a uma união quase completa,no que diz respeito à estrutura da matéria,a Biologia lida com estruturas consideravelmente mais complexas e de um tipo um tanto diferente.É verdade que,apesar da unidade do organismo vivo,certamente não se pode fazer uma distinção estrita entre matéria viva e matéria inanimada.O desenvolvimento da Biologia forneceu-nos um grande número de exemplos,onde se pode ver que funções biológicas específicas são cumpridas por moléculas grandes e especiais,ou por aglomerados e cadeias de tais moléculas, e a Biologia moderna tem demonstrado uma crescente tendência de explicar os processo biológicos como sendo consequëncias das leis da Física e da Química.Todavia, o tipo de estabilidade exibido pelo organismo vivo é de natureza um tanto diversa da estabilidade de átomos e cristais:pois ele é mais uma estabilidade de reação ou de função do que uma estabilidade de forma.
Werner Heisenberg , Física e Filosofia , cap.9 , pags.214-215 , UnB, 1999
Cito o Heisenberg , já citado anteriormente por você ,para mostrar que um dos principais Físicos do sec. XX discorda frontalmente da sua afirmação. Aiás, sugiro que você leia este livro dele, embora escrito em 1956 (não tão novo...) talvez te interesse as observações que são feitas sobre o conhecimento da realidade e a relação com a metafísica e a o pensamento religioso.
Interessante que para apoiar a sua defesa da existência de Deus você tenha recorrido ao exemplo de Niels Bohr e e Herbert Spencer , só esqueceu de completar que eles não acreditavam na existência de um deus pessoal , como o descrito na Bíblia , e que é o deus em que você acredita. Para eles o conceito de deus é o de um princípio organizador da realidade , nada tendo a ver com o deus pessoal , legislador e interessado na vida humana descrito pelas religiões (inclusive a cristã). Seria mais honesto intelectualmente ter sinalizado este fato ( ou você não sabia?)
Senti falta de você citar Einstein , como um cientista que declarou publicamente acreditar em Deus...
Ah , mas é claro! Einstein foi bem claro: o deus em que ele acreditava era o deus como descrito por Spinoza , e aí , citá-lo seria realmente dar um tiro no pé

Uma última observação: os religiosos como você se preocupam muito em questionar o conceito de evolução biológica pelo óbvio fato de que destrói a pretensão humana de uma criação em separado dos demais animais ( na verdade do conceito de criação como um todo) , como se este fosse a única e grande ameaça à explicação religiosa do Homem..
Más notícias: as descobertas recentes das neurociências mostram evidência cumulativas de que a consciência é derivada do corpo . sendo uma função da estrutura cerebral. Traduzindo: o que os religioso denominam "alma humana" não é separada do corpo , mas derivada deste ,e ´portanto, não é imortal.
Leitura recomendada: O Mistério da Consciência - Antonio Damásio, Companhia das Letras.
Boa leitura.
