Os corpos influenciam, mas não são decisivos. Coloque espíritos bastante adiantados encarnando numa raça selvagem, e em pouco tempo verá avanços que parecerão milagres.
Parece que não mandaram ninguém para os tasmanianos (e outros).
Exato.
O oposto também se verifica. É só observar o que aconteceu na Alemanha Nazista, onde uma grande parte de espíritos inferiores e maus habitaram naquela raça em certo tempo.
Maus (moralmente atrasados) até eram. Inferiores (intectualmente atrasados), não. O holocausto só atingiu uma escala industrial devido à ciência e organização metódicas. Ciência, técnica e disciplina eles tinham...
Para o Espiritismo, a superioridade é medida em moralidade e intelectualidade, e não só em intelectualidade. Quando os textos espíritas falam em banimento dos espíritos inferiores da Terra, eles se referem aos inteligentes e maus, ou seja, aqueles que têm consciência plena do mal que praticam; e não aos ignorantes.
Para que na Terra sejam felizes os homens, preciso se faz que somente a povoem Espíritos bons, encarnados e desencarnados, que unicamente ao bem aspirem. Como já chegou esse tempo, uma grande emigração neste momento se opera entre os que a habitam. Os que praticam o mal pelo mal, alheios ao sentimento do bem, dela se verão excluídos, porque lhe acarretariam novamente perturbações e confusões que constituiriam obstáculo ao progresso. Irão expiar o seu endurecimento em mundos inferiores, aos quais levarão os conhecimentos que adquiriram, tendo por missão fazê-los adiantar-se. Substituí-los-ão na Terra Espíritos melhores que farão reinem entre si a justiça, a paz, a fraternidade.
(..) Não haverá, pois, exclusão definitiva, senão dos Espíritos substancialmente rebeldes, daqueles que o orgulho e o egoísmo, mais do que a ignorância, tornaram surdos aos apelos do bem e da razão. Esses mesmos, porém, não estarão votados a perene inferioridade. Dia virá em que repudiarão o passado e abrirão os olhos para a luz.
Obras Póstumas - Regeneração da Humanidade - 25/04/1866Podemos olhar para trás e supor o que houve, mas o problema é que para frente nunca sabemos que gênero de espíritos Deus reserva à cada raça (ou etnia), em determinado período de tempo e, por isso, os preconceitos são equivocados. Voltando ainda ao caso da Alemanha, não podemos dizer que os alemães hoje são maus só porque seus antepassados o eram.
Assim como mudanças culturais podem ocorrer por razões bem terrenas, também.
As razões sempre poderão ser terrenas, pois os homens são terrenos, os espíritos encarnados são terrenos. Qualquer coisa que coloque para tentar justificar o que houve sob o ponto de vista terreno eu não poderei refutar e, por isso, eu nem me dei ao trabalho de responder às suas colocações anteriores. Como já disse, eu não tenho a intenção de me aprofundar por hora na verdade final dos fatos, mas apenas tentar mostrar aos que quiserem ver que, uma das hipóteses que explicam os fatos (a espírita), não é imoral e racista como querem fazer crer.
Contudo, eu vou lhe refazer a mesma pergunta que fiz acima. Responda por você mesmo: se você nascesse na Alemanha nazista, teria acreditado na propaganda de Hitler e teria sido cruel com os judeus? Você não passa de um produto do seu meio? Neste caso, porque não é mais espírita, já que, ao que parece, nasceu e foi criado nesse meio? Será que se nascesse no Afeganistão teria 4 esposas e seria adepto do terrorismo e candidato ao suicídio?
As pessoas são o que são. Um espírito superior, em contato com essas coisas, pode até se deixar influenciar num primeiro instante, mas por indiferença. Mas ao entrar pela primeira vez em contato com um ínfimo facho de luz, ele o segue. Já um espírito inferior não. Você mostra a luz e ele não a segue. Você tenta explicar que matar pessoas inocentes, crianças, etc... é errado e ele arruma mil e uma justificativas para praticar o mal contra elas. Por isso o nazismo prosperou na Alemanha e definhou em outros países onde surgiram movimentos similares.
Os corpos, segundo o Espiritismo, também evoluiriam pelos corpos, mas não sairiam do lugar ao longo do tempo. O que realmente daria impulso ao melhoramento das raças seria a evolução do espírito. Se a partir de certo ponto só ocorresse a evolução corporal, pela genética, ainda seríamos semelhantes aos habitantes das cavernas, se é que teríamos chegado a esse ponto algum dia.
No fundo é isso que diz o artigo sobre a frenologia, e a Teoria da Beleza. Precisa ler nas entrelinhas.
O exame frenológico dos povos pouco inteligentes constata a predominância das faculdades instintivas, e a atrofia dos órgãos da inteligência. O que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças. Por que isto? É uma injusta preferência? Não, é a sabedoria. A Natureza é sempre previdente; nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos ainda crianças, podendo-se assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes. Que faria, pois, o Espírito de um Hotentote no corpo de um Arago? Seria como aquele que não sabe a música diante de um excelente piano. Por uma razão inversa, que faria o Espírito de Arago no corpo de um Hotentote? Seria como Liszt diante de um piano que não teria senão algumas más cordas falsas, às quais seu talento jamais chegaria a dar sons harmoniosos. Arago entre os selvagens, com todo o seu gênio, seria tão inteligente, talvez, quanto pode sê-lo um selvagem, mas nada de mais; jamais seria, sob uma pele negra, membro do Instituto. Seu Espírito levá-lo-ia ao desenvolvimento dos órgãos? De órgãos fracos, sim; de órgãos rudimentares, não(1(1)Vede a Revista Espírita de outubro de 1861: Os Cretinos. )
Em analogia: num caso temos alguém que não sabe música com um instrumento maravilhoso. Noutro um bom músico com instrumento desafinado. Seria necessária adequação do espírito ao corpo, segundo Kardec. Não seria tão viável “reconfigurar” povos inteiros no intervalo de uma geração. De certa forma, toda a Europa sempre teve algum grau de anti-semitismo, que os nazistas potencializaram. Entretanto, a Alemanha parecia um lar para os judeus de alguns anos antes. A brusca mudança entre uma guerra mundial e outra é que foi impressionante!
Quando as tropas alemãs, tendo derrotado o exército russo em Tannenberg, investiram pela Polônia russa, foram saudadas pelos judeus da região como seus salvadores. Esse foi o caso de Ze’ev Dov Begin, pai de um futuro primeiro-ministro de Israel. Além do hebraico e do iídiche, ele falava alemão, em vez do polonês, que ele chamava de “a língua do anti-semitismo” Ele falou para o jovem Begin e sua irmã (mais tarde Sra. Halperin): “Vejam, os alemães chegarão, é uma cultura diferente, não é a Rússia”. O exército russo, na sua retirada, cercou comunidades judaicas inteiras e arrastou-as, a golpes de chicote, para a Sibéria – um prenúncio sinistro da política de Stálin para as minorias. Os Begins viram os cossacos destruírem pelo fogo aldeias judaicas. Quando os alemães chegaram, a senhora Halperin mais tarde recordou, eles “trataram os judeus maravilhosamente ... Eles deram a cada criança doces e biscoitos. Eles eram alemães diferentes, em um período diferente”.
Mesmo nos assentamentos judeus da Palestina o alemão tendia a ser a língua franca. Muitos dos colonos preferiam que o alemão, em vez do hebraico, fosse a língua adotada na educação escolar. O alemão foi aceito, sem discussões, como a língua oficial dos congressos sionistas. O escritório do movimento, em Berlim, acabou se vendo na condição de quartel-general do movimento, a nível mundial, e seus componentes pediam um protetorado alemão sobre os judeus e sobre todo o Islã. Muitos acreditavam que foi a grande comunidade judaica de Salonica que havia ajudado a empurrar a Turquia para a guerra ao lado dos alemães.
Paul Johnson, A História dos Judeus, Imago, parte seis.
Porém, muitos dos que viveram a I Guerra ainda deviam estar vivos ainda em 1933, em especial as mulheres, que não enfrentaram o front tanto quanto os homens. Foram esses sobreviventes “mais elevados” que educaram a geração (de espíritos inferiores) que usou a suástica. Acho que eles operaram nenhum avanço que parecesse milagre.
Em primeiro lugar, em quase 20 anos de diferença pode passar muita água debaixo da ponte. Se a expectativa de vida fosse 60 anos, significaria que, em média, um terço da população já seria constituída de elementos novos. Mas em se tratando de exército, a mudança é ainda mais radical, pois os soldados são em sua grande maioria constituídos de pessoas jovens. Somente os generais são mais antigos. Eram crianças ou nem tinham nascido em 1914 e eram soldados ou militantes nazistas em 1933. Isso sem falar que muitos morreriam a partir de 1914, que era somente o início da guerra.
Em segundo lugar, anti-semitismo é anti-semitismo. O que muda são os alvos. Tinham simpatia pelos judeus, mas ódio pelos russos. A propaganda nazista só fez com que o ódio também se estendesse aos judeus. Já aquele que não é anti-semita, não odiará a russos, judeus, negros ou a qualquer grupo etnico a que seja incitado contra.
Logo, esse seu argumento não se sustenta como refutação à tese espírita.
É claro que corpos não habituados a exercer determinada faculdade, ao nele encarnar-se um espírito que queira e saiba utilizá-la, este teria dificuldades pelo menos iniciais. Essa é a única maneira que o corpo efetivamente influenciaria. O LE inclusive tem uma questão (a 220) que afirma que um espírito pode querer "desabilitar" uma faculdade numa existência para exercitar outra. Isso só é possível através do corpo físico, que teria que não ser capaz de desenvolver a tal faculdade. Mas ainda aí, a fonte primária de tudo seria o Espírito.
Os corpos, contudo, não têm o poder de transformar em mau alguém que não o é de fato.
Um abraço.
Por essa lógica, talvez espíritos elevados, de fato, tenham encarnado entre os tasmanianos. Porém, manifestaram sua bondade, mas não foram capazes de manifestar sua inteligência... 
Segundo a lógica espírita, nenhum espírito é abandonado por Deus. Lá, mesmo isolados, devem ter tido as suas oportunidades de progresso.
Um abraço.