O respeito a hierarquia é uma realidade, e é justo que assim seja. Mas não existem as dissidências, as rebeliões?
Tudo pode ter um uso bom ou mal, incluindo a hierarquia. No caso do experimento, foi mostrada que a capacidade humana de obedecer cegamente a ordens é bem maior do que se imagina. Em vez de uma análise sua do experimento, só vi palavras de ordem. É bem provável que muitos que jurem não fazer isso ou aquilo, o acabem fazendo. Aguardo seus comentários quanto ao fato impressionante relatado por Koch de a juventude nazista ter tido certo apelo entre o jovens judeus rejeitados por ela.
Se você pensar no ignorante sem instrução, eu concordo que ele tende a obedecer cegamente. Mas se pensar no filósofo, não concordo. São dois extremos, sem dúvida, e há inúmeros graus intermediários entre um e outro.
Quanto ao fato relatado por Koch, eu só tenho a dizer que paixão (eu não diria amor) e ódio andam muito próximos. O que acontece entre casais extremamente apaixonados quando um descobre a traição do outro? Há pessoas que até matam. Os jovens alemães podem ter tido o tal apelo pelos judeus, mas a propaganda nazista foi eficiente em destruir essa imagem, fazendo-os figurar como traidores ou usurpadores. Eles devem ter se sentido enganados e o ódio então explodiu. Mas não é que eram bons antes e maus depois. Sempre foram maus. Antes apenas apareciam com a capa da bondade e da virtude.
É inclusive nessas situações que se diferencia o homem de bem do homem que não é de bem. Qual a sua reação perante a traição? Como se comporta e o que deseja para os seus inimigos? Como se comporta quando os seus interesses são ameaçados? O que deseja para o assassino de um parente próximo seu? São essas as verdadeiras provas que podem diferenciar um homem de bem de outro "menos bom", digamos assim.
O que caracterizava o exército nazista não era o fato de existirem somente pessoas más, mas de a maioria ser má. Então o peso da opinião destes prevalecia. À medida que se substitui maus soldados por bons, o peso vai se equilibrando, até que finalmente se sobrepõe. Não é que não existam mais maus, mas, por serem minoria, se sentem deslocados e são obrigados a se camuflar. É isso que vemos hoje.
Mas a maldade não era uma característica só nazista; era principalmente lá. Dizem que a voz do governo representa os anseios do povo, pois este sempre fala aquilo que o povo quer ouvir. Se já assistiu ao documentário "Sob a Névoa da Guerra", com Robert McNamarra, há um trecho do filme em que se ouve uma gravação original, do presidente americano, em plena segunda grande guerra, mais ou menos assim (estou transcrevendo de memória):
"Neste Natal temos um milhão e setecentos mil soldados servindo no exterior. Em julho próximo, esse número será de cinco milhões. Os japoneses terão péssimas notícias num futuro não muito distante."
O Presidente falava daquela forma porque era isso que a população queria ouvir, ou seja, que os japoneses seriam massacrados e Pearl Harbor vingada. Ninguém se lembrou se haviam mulheres ou crianças por lá. Ninguém se importava; eram japoneses e deviam sofrer.
Então vc acaba, de certa forma, de dizer que os alemães do entre-guerras estavam dentro de alguns desvios padrões da média evolutiva do planeta. Apenas viviam num ambiente mais favorável à banda podre.
Sim, a questão do mal era um problema planetário, e não só um problema alemão. Os aliados também cometeram algumas atrocidades, como por exemplo, o que os Estados Unidos fizeram com o Japão. A Rússia e a China foram dominadas pelo mal durante décadas, etc... Mas eu continuo insistindo que isso era um problema da época, daquela geração, em grau muito menor, também um problema da geração atual e, segundo o que foi previsto, não será um problema das futuras gerações.
Uma das coisas que mais me chocam nos americanos da guerra, não foi o fato de jogarem a bomba atômica no Japão, mas o fato de nela antes escreverem palavrões. Isso mostra que não havia apenas o desejo de defesa, de vencer uma guerra justa, mas existia o ódio, o desejo de aniquilamento. Não havia respeito sequer pelas mulheres e crianças que sabiam que morreriam no ataque.
O que caracteriza a população são as massas. As massas são ignorantes? Se sim, elas são manipuláveis, como você sugeriu. Senão, elas cada vez mais deixam de o ser. Não vivemos o paraíso na Terra nesse sentido, mas programas como 100% das crianças na escola, e outros, nos acena um futuro onde as massas tomarão, individualmente, as rédeas de seu próprio destino, e não confiarão mais em Fürhers semi-deuses para resolverem todos os seus problemas. Já dizia a Bíblia: "maldito é o homem que confia no homem".
Já em 2001, quando um ataque similar, de outra fonte, atingiu o World Trade Center e Pentágono, qual foi a reação do governo americano? Guerra, sem dúvida, mas com o objetivo de erradicar o Talibã e implantar uma democracia no país (e talvez outros motivos menos nobres). Por mais imperialista que fosse a América, nunca se cogitou em despejar uma chuva de bombas sobre a população civil, como fizeram no Japão. Consegue imaginar a reação da sociedade americana se o Bush fosse à televisão dizer que o Afeganistão teria péssimas notícias num futuro não muito distante?
Há uma grande diferença de opinião pública entre as guerras mundiais e as do Vietnã em diante: TV. Os antigos sabiam que estavam fazendo m*. Mas não era capazes de se por nos pés dos outros pela distância. A TV eliminou isso. Outra grande diferença é o hedonismo: morrer pela pátria está fora de moda, que os emigrantes vão no meu lugar que eu viva toda minha expectativa de vida.
Tudo sinal de evolução moral. Você fala da propaganda. Mas Hitler também fazia larga propaganda. Ele falava em alto e bom som nos seus comícios que aniquilaria os judeus, e a população não só era simplesmente indiferente, mas concordava, apoiava e aplaudia. Hitler, pelo menos nesse sentido, não enganava ninguém.
Será que se o Bush fosse à televisão fazer uma propaganda similar contra os muçulmanos, dizendo que eles eram a causa dos principais problemas econômicos mundiais, e ameaçando destruir todos (o que, aliás, hoje, com as armas atômicas, ele tem poder para fazer fácil), a sociedade americana o apoiaria, assim como a sociedade alemã apoiou Hitler? Duvido.
Todos criticam os americanos por causa de seu suposto imperialismo. Mas eles não precisavam estar lá perdendo soldados e gastando dinheiro com Afeganistão e Iraque. Eles têm poder suficiente para fechar aquilo tudo e transformar num gueto, e ai de quem não se submetesse. Pergunto: a sociedade americana permitiria isso? Como mudou, não é mesmo?
A regra do bem e do mal não está aí. A regra do bem e do mal está na máxima do Cristo "fazer aos outros o que gostaria que nos fizessem; e não fazer aos outros o que gostaríamos que não nos fizessem".
Prendemos criminosos, violamos essa regra a nível individual para podermos sobreviver em sociedade.
Não violamos a regra. O objetivo da prisão, em tese, não é só punir o criminoso, mas reformá-lo. É claro que ainda estamos muito longe desse estado da arte, mas essa é a proposta. Também aí temos uma diferença entre a motivação para as prisões hoje e no passado.
Quando eu, em outras vidas, era criminoso, acho justo que tenha sido preso e condenado (analisando hoje, friamente). Portanto, acho justo que criminosos também sejam presos e condenados. Desejo ao outro o que desejaria para mim mesmo.
Mas a prisão deve ter como objetivo unicamente proteger a sociedade e/ou reformar o criminoso. As prisões por vingança, ou a pena de morte, é violar a regra do "fazer ao outro o que gostaríamos que nos fizesem".
O homem-bomba muçulmano não pensa no bem de quem ele explode, mas apenas no seu próprio bem ou do seu povo. É egoísta, pois pensa que está indo para o Paraíso e mandando ímpios para o inferno.
E fazendo algo justo em sua visão.
Não é justo, e isso não na visão espírita, mas na visão de todas as religiões. As religiões, qualquer uma, tem como princípio básico que devamos lutar contra o mal, e não contra os maus; que devemos desejar ao outro o que gostaríamos para nós mesmos. Isso é uma questão universal e dogmática, imutável, a qual todos estamos submetidos, até mesmo quem não tem religião.
A partir do momento que se deseja mal a um indivíduo, e não ao mal que ele carrega, ferimos essa lei universal e somos passíveis de punição. Ninguém, em qualquer religião ou sistema, pode se excusar de não conhecer essa lei. Muitos fazem é vista grossa para ela em função de outros interesses menos nobres; e pode estar certo que pagarão por isso.
"É justo na visão dele" porque não enxerga nada além de si mesmo e, quando muito, além de seu próprio povo. É egoísta. Se esquecem que Deus não olha apenas para os muçulmanos, mas para todos os seres racionais. Quando ele mata inocentes numa feira livre, por exemplo, ele pode estar retirando a chance de ir para o paraíso alguém que poderia mais tarde se converter ao islamismo. O problema deles é que se prendem ao acessório e esquecem o principal; e por interesse, talvez para encontrar as virgens do outro lado.
Os nazista idem; não pensavam no bem das raças inferiores, mas somente no bem deles próprios e do seu povo.
E eram bons e obedientes soldados.
Massa egoísta e ignorante, como já disse anteriormente.
Não podemos colocá-los no mesmo nível.
Talvez, mas ainda assim, eles possuem atributos comuns: tinham bravura suicida (Clemente de Alexandria teceu reprovações explícitas à posturas kamikazes de alguns), íntegros em suas opiniões, crentes que faziam o bem e combatiam o mal.
Combater o mal não é combater os maus. Eis a diferença. Em tudo, a intenção é a regra.
Todo mundo que tem um inimigo a quem odeia pode ser qualificado de mau. Os próprios cristãos atuais são maus porque odeiam a Satanás. Pensam no bem para si e para os seus, mas não se importam com a sorte dos demônios.
Bitolação sua. Muitos deles gostam e querem o melhor para nós. Só que para eles isto significa ser salvo, nos convertermos.
Não é isso que eu disse. Eles querem bem a Satanás? Aos demônios? Se não, o mal está ainda latente dentro do peito deles, esperando apenas uma oportunidade para se manifestar. Uma boa propaganda dizendo que determinada empresa ou indivíduo é satanista é suficiente para fazer com que seja execrado perante esses mesmos corações bondosos.
Ninguém é culpado pelo mal que desconhece. Mas somos culpados pela indiferença, quando está no nosso poder evitar.
O mercador sabia que traficava gente e lhes tolhia a liberdade. Não é o caso de quem assina uma sentença de morte por não ter lido o documento. Ele não sentia o sofrimento dos negros. Lembra do papel da TV na guerra moderna? A mesma coisa da juventude nazista: esculachavam judeus em suas reuniões, mas só sentiram o peso de suas palavras quando viram suas conseqüências de perto. Ou.... você acaba de inocentar boa parte dos alemães que acusa....
Que conseqüências? Por acaso eles se chocaram com os abusos que eram cometidos contra os judeus? Ou as conseqüências que sentiram foi o mal que fizeram se voltando contra eles mesmos? No primeiro caso eu os inocento parcialmente, pois se ressentiram pela dor alheia, apesar de estarem indiferentes num primeiro momento. No segundo não, pois se ressentiram foi somente com a própria dor.
Percebeu? Mais uma vez a regra para se diferenciar o mal do bem é a máxima do Cristo acima. Não se importavam com a sorte ou sofrimento alheio. Leia a questão 919 do LE. Essa questão explica como diferenciar o bem do mal nas nossas ações.
Baixe aqui.
Supondo que hoje eu sou muito rebelde, amarro uma bomba no corpo, e pego alguns refens e ameaço explodir. A polícia chega, e consegue me impedir, matando-me. Mais tarde, quando estiver mais esclarecido, não direi que o soldado que me matou me fez mal, mas um bem, protegendo-me de mim próprio e a outros. Eu defendo ações desse tipo, porque defenderia contra mim próprio, se fosse o agressor. Situação diversa é se ele tivesse me dominado e me matado na carceragem, covardemente. Entende a diferença?
Um policial mata um homem para preservar outros (violando a máxima do faça aos outros o que gostaria que fizessem contigo) ... um nazista mata um povo para preservar o mundo da ameaça contida nos protocolos de Sião. É fácil enviesar um raciocínio.
O direito de defesa não é impedido a ninguém. Se alguém nos ameaça, é um direito universal nos defendermos. Mas muitos confundem defesa com ataque. Muitos confundem defesa com vingança. Não somos contra a guerra. Somos contra é quem dá o primeiro tiro.
Não viraram. Já eram. Só não tinham tido a oportunidade de manifestar. Já disseram que, se quiser avaliar o caráter de uma pessoa, repare, não como ela lhe trata, mas como trata os que lhes estão abaixo (os garçons, faxineiros, motoristas, inimigos, etc...). E já disse que não era a totalidade do povo alemão, mas a maioria. Isso seria injustiça contra Einstein e contra os vários alemães que se insurgiram contra o regime.
Tiveram oportunidade de manifestar e manifestaram o bem. Trataram bem as crianças judias polonesas, vide o texto de Paul Jonhson que postei. Depois... mudaram...
O ser humano não é um ser inerte, imutável. Em muitos, a casca é mais estragada do que o miolo e, ao se depararem com conseqüências ruins ou opiniões mais sãs, se emendam. Tudo ainda é o problema da ignorância, que se coloca nas mãos de um "salvador", neste caso o "Fürher". Se o líder os conduz a bom termo, tudo bem. Caso contrário, o tranco os ajuda a acordarem para a realidade e racionalizarem.
O erro é o erro aonde quer que ele esteja. O nosso problema é que só enxergamos o erro aonde nos interessa.
Como você é capaz de enxergar o erro nos homens-bomba (ok), mas não nos cristãos primitivos. "Blink", entre outras coisas, busca justamente descobrir como nossos vieses surgem.
Um dos meus dogmas para enxergar erro e acerto é a máxima que diz que não devemos desejar ou fazer ao próximo aquilo que não desejamos para nós mesmos. Já outros enxergam como dogma que ninguém possa lhes opor interesses; outros que não possamos desobedecer aos seus deuses particulares, e assim sucessivamente. Mas ninguém, como já disse, pode se excusar de não conhecer a primeira.
Depende do nível de comprometimento dos alunos com o seu próximo. Alguém que não deseja mal ao próximo não cairia numa conversa dessas; assim como alguém que só se importa consigo mesmo talvez não visse sentido na minha versão de segunda aula. Tudo depende do ser humano que assistiria a aula.
Um abraço.
Quem está tendo uma lavagem cerebral, não se dá conta disso. 
Só ignorantes sofrem lavagem cerebral. Os não ignorantes apenas erram nos seus julgamentos.
Um abraço.