Olá, Pessoal! Dando uma passada, mas não foi possível não postar neste tópico, pois já discuti muito a respeito desta desastrosa entrevista. Contudo, a coisa não começou aqui, e é bem mais triste do que aparenta. Vamos ver se consigo esclarecer:
OBS: o que segue, são fatos históricos.
1- POINCARÉ: o nobre matemático NUNCA (eu disse NUNCA) compreendeu um dos aspectos MAIS BÁSICOS da Relatividade. Em 1909, ou seja 4 ANOS depois de Einstein ter apresentado seus trabalhos, Poincaré deu uma série de conferências em Goettingen. A última intitulava-se “La Mécanique Nouvelle”, ou Nova Mecânica, onde ele expunha suas idéias sobre as questões de Relatividade.
Nessa apresentação, não havia NENHUMA referência a Einstein, por um simples motivo: ele NÃO descrevia a Teoria de Einstein, e sim, outra coisa (o mesmo trabalho que foi apresentado em 1905).
Esse trabalho baseava-se em TRÊS Princípios e não dois, como o trabalho de Einstein. Os Princípios eram:
a) Velocidade da Luz como limite.
b) As Leis Físicas são as mesmas para todos os Referenciais Inerciais.
Estes dois, são os mesmos da Relatividade de Einstein. Mas então, ele apresenta o TERCEIRO PRINCÍPIO, nas palavras de Poincaré:
c) Um corpo em movimento de translação sofre uma deformação na direção em que se desloca (!!!!).
Este terceiro é nada menos que a famosa Contração de Fitzgerald/Lorentz, e mesmo em 1909, ele DESCONHECIA que tal efeito era DEDUTÍVEL dos outros dois princípios, coisa que somente Einstein apresentou.
Segundo o professor waldyr, são iguais
Então, o Waldyr está errado! Já foi dito que, na teoria de Poincaré/Lorentz, os efeitos eram DINÂMICOS, enquanto que na de Einstein, são CINEMÁTICOS. Além disso, por Einstein, se observarmos réguas, em uma espaçonave que se afasta da Terra, veremos elas se encolherem. Contudo, podemos dizer que é a Terra que se afasta e que a astronave está parada, então, se observarmos as réguas na Terra, veremos o mesmo efeito.
Contudo, se repetirmos tal exercício mental, agora sob o prisma dos conceitos da teoria de Poincaré/Lorentz, na segunda situação, quando observamos as réguas na Terra, o que vemos? NADA!!!! Não há encolhimento porque, sob a ótica deste trabalho, como já foi dito, os efeitos eram FÍSICOS, e não dependentes do observador. Em Poincaré/Lorentz, os elétrons das réguas “sabiam” quando estava em movimento (na espaçonave) e se “encolhiam”; e “sabiam” quando NÃO estavam (na Terra) e, portanto, ficavam “quietinhos” em seus lugares, ou seja, NADA acontecia!
Portanto, NÃO são iguais. Talvez o Waldyr tenha... se esquecido deste detalhe. Por sinal, Waldyr, que foi vizinho de Lattes, é um defensor/pesquisador de... Ondas Supraluminais (!!), e escreveu um livro de Matemática, em 2007, sobre umas idéias de 1999, no qual, nas palavras dele, “reescreve as equações que fundamentam três campos da Física, o eletromagnetismo (Maxwell), a teoria dos elétrons (Dirac) e da gravitação (Einstein) de modo que possam ser representadas por objetos da mesma natureza matemática”.
Ao que parece, tal livro não deu em nada, nem causou o estardalhaço que os autores imaginaram.
2- LATTES: antes de tudo, respeito o trabalho, mérito e importância de Lattes. Não há como não fazê-lo e que isso fique bem claro. Ainda assim, não o considero o maior físico brasileiro. Se fosse para citar, fico com José Leite Lopes e Mário Schenberg.
Muitos aqui disseram que Lattes, à época desta entrevista, estava senil, mas imagino que poucos saibam, é que talvez sua senilidade tenha começado muito mais cedo. Eu vivenciei, em meados da década de 70, este senhor dando entrevistas (quase que diariamente era publicado algum comentário nos jornais) e fazendo um estardalhaço (motivo de vergonha para quem conhecia Física!!) de como ele iria “provar” que Einstein estava errado, e de que havia chegado a esta “brilhante” conclusão, por que o CACHORRO dele (sim, você não leu errado, era ao CACHORRO dele que ele estava se referindo!!) NÃO SABIA LER HORAS!!!!!!!
Nem é preciso ir longe para deduzir o final destas declarações bizarras, que aconteceu um ou dois meses depois do início, com sua retratação de que havia “cometido um erro”. Depois deste fato lamentável, só vim ouvir algo a respeito de Lattes nesta entrevista, onde as bobagens só pioram.
Disso tudo, apenas consigo concluir que não foi só Poincaré, que nunca compreendeu um dos aspectos mais básicos da Relatividade; Lattes também! E pelo visto, inclua-se o ex-vizinho Waldyr!!