Uma inversão legal do ônus da prova, não?? Quem acredita que o cão fugiu não tem que provar nada, já que a mera inexistência do cachorro por lá é prova de que ele fugiu e não de que ele morreu...
Vamos para um nível mais básico: entender como funciona a questão do ônus da prova. Da wikipedia:
Sabemos então que o ônus da prova recai sempre sobre a afirmação primordial, a base de todo o raciocínio lógico. Enquanto essa afirmação primordial não for provada, todo o raciocínio deve ser desconsiderado. Porém mais uma vez, o funcionamento dessa ferramenta se assemelha a construção de um prédio. Quando uma afirmação é comprovada, o ônus é transferido então para a próxima afirmação. Ou seja, quando o primeiro andar já está construído, a questão agora é a construção do segundo. E assim por diante, em um processo aonde o ônus da prova sempre é transferido quando suas condições são satisfeitas.
Vamos entender então, como funciona exatamente a questão do ônus da prova. Para isso, é preciso entender que todo raciocínio parte de um princípio. Vamos chamar esse princípio de "afirmação primordial". Essa afirmação pode ser qualquer coisa que não seja baseada em um raciocínio anterior. Pode -e deve- ser baseada em fatos, mas não em outra afirmação. Em geral, são afirmações que fazem um julgamento de valor a respeito de um conceito, definindo ele como verdadeiro ou falso.
Um exemplo de afirmação primordial, é gravidade existe. Pegamos um conceito existente, e atribuimos a ele um valor de verdade. Agora, o ônus da prova recai sobre a pessoa que afirmou que essa gravidade existiria. Vamos supor que nesse momento, uma outra pessoa questiona essa afirmação, dizendo que "não há evidências que a gravidade existe". A quem cabe o ônus da prova nessa situação? A resposta, o ônus ainda cabe a pessoa que afirmou a existência da gravidade. A segunda pessoa fez uma contra-afirmação.
O ônus da prova só será transferido para a segunda pessoa a partir do momento em que a primeira afirmação for comprovada. A questão aqui, é que o ônus da prova sempre recai em uma afirmação que faz um juízo de valor a respeito de um conceito (sendo ele verdadeiro ou falso). Uma afirmação que responde a outra afirmação, é apenas um raciocínio derivado dela, e portanto, depende do fato da afirmação primordial ser ou não provada.
http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%94nus_da_prova
Qual foi a afirmação primordial no caso?
"Deixaram o cachorro morrer".
Com quem está o ônus?
Com quem disse que o cachorro morreu e não apresentou nada que corrobore a afirmação. Não há nenhum funcionário da galeria que confirme, e não há nenhuma pessoa que esteve na galeria e tenha visto o cachorro que confirme tal afirmação. Portanto, enquanto isso não ocorrer, não adianta perder tempo alegando que o comunicado é mentiroso ou "muito conveniente", porque a afirmação original ainda não foi provada e o ônus ainda está com quem insiste na morte do cachorro.
Como não se prova a morte do cachorro, para explicar o desaparecimento dele só teríamos duas opções:
1 - alguém levou o cachorro embora;
2 - o cachorro fugiu.
A princípio, as possibilidades são iguais. A questão é que
o segurança viu o cachorro fugir como já havia sido indicado, quando o Diego postou a nota da Galeria. Depois que o segurança noturno acabou de alimentá-lo, foi limpar a área externa, e o cachorro aproveitou essa hora para fugir. Se ele era o único que estava lá, se torna a única fonte fidedigna da história. Até porque não há razão para se duvidar da palavra dele.
Mas o que está acontecendo nesse caso, é que simplesmente estão afirmando que isso é mentira, sem perceber que isso piora a situação do ônus da prova. Porque não só não provaram que o cachorro morreu na exposição, como ainda têm que provar que o segurança mentiu. No momento em que fizerem isso, eu serei o primeiro a acreditar. Até lá...